Trabalhar é humilhante

21-09-2016
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E por que é que José Sócrates obrigou os desempregados que recebem subsídio a apresentar-se? Estava doido? É um perigoso neoliberal? Não. Sócrates e o seu Governo quiseram combater a fraude à Segurança Social.

A conversa da humilhação vem a propósito de Catarina Martins e o Bloco de Esquerda defenderem que a apresentação quinzenal tinha de acabar, com o argumento de que era humilhante para os desempregados. Vamos lá esmiuçar isto.

Foi o Governo socialista de José Sócrates que inventou a obrigatoriedade de os desempregados se apresentarem quinzenalmente na respetiva junta de freguesia. Mas não todos os desempregados: apenas aqueles que recebem subsídio de desemprego. Ou seja, um desempregado apresentar-se é a contrapartida para poder receber um subsídio.

E por que é que José Sócrates obrigou os desempregados que recebem subsídio a apresentar-se? Estava doido? É um perigoso neoliberal? Não. Sócrates e o seu Governo quiseram combater a fraude à Segurança Social.

Muitos desempregados querem trabalhar na economia paralela, ou emigrar, e ao mesmo tempo receber o subsídio de desemprego. Isto é fraude. A fraude consiste em enganar o Estado, enganar a Segurança Social, enganar quem trabalha, enganar quem paga impostos.

Vieira da Silva, ministro de Sócrates e atual ministro da tutela, conhece bem a situação. Ainda há pouco apresentou um plano para combater a fraude na Segurança Social.

Eis senão quando Catarina Martins se lembra que as reversões não podiam ser apenas para os outros. O PS também deveria ser obrigado a ‘reverter-se’. Sócrates e Vieira da Silva, que tinham legislado bem neste caso, parecem de repente o condutor abstémio ajuizado que vai a conduzir mas leva ao lado, no lugar do morto, um bêbado que se julga um ás do volante – e que, sendo o dono do carro, resolve (contra o combinado) ser ele a conduzir.

Forçaram o Governo a reverter a lei e a acabar com as apresentações. É claro que a nova versão da lei promete o reforço das medidas de acompanhamento técnico. Só há um pequeno detalhe: acabaram de reduzir o horário na Função Pública de 40 para 35 horas.

A ‘geringonça’ parece-se mais com isto a cada dia que passa: há gente ajuizada naquele carro, mas vai o bêbado a conduzir.

Voltando à questão: é humilhante?

Estar desempregado é mau, só quem passou por isso sabe dar valor. Mas a apresentação não é humilhante.

Acresce que trabalhar é para muitos uma humilhação diária. Quando os chefes e as entidades empregadoras nos assediam sexual ou moralmente. Ou quando somos mulheres, sempre a ganhar muito menos do que os nossos colegas homens. Ou quando nos ‘emprateleiram’, enfiando-nos numa sala sem nos darem trabalho. Ou quando, como sucede com muitos portugueses, apesar de trabalharem, continuam pobres e sem conseguir pagar as contas.

De uma coisa estou certa: houve uma humilhação. Mas não se passou numa junta de freguesia, passou-se na Assembleia da República: foi infligida por Catarina Martins a todo o Partido Socialista.

E por que é que José Sócrates obrigou os desempregados que recebem subsídio a apresentar-se? Estava doido? É um perigoso neoliberal? Não. Sócrates e o seu Governo quiseram combater a fraude à Segurança Social.

A conversa da humilhação vem a propósito de Catarina Martins e o Bloco de Esquerda defenderem que a apresentação quinzenal tinha de acabar, com o argumento de que era humilhante para os desempregados. Vamos lá esmiuçar isto.

Foi o Governo socialista de José Sócrates que inventou a obrigatoriedade de os desempregados se apresentarem quinzenalmente na respetiva junta de freguesia. Mas não todos os desempregados: apenas aqueles que recebem subsídio de desemprego. Ou seja, um desempregado apresentar-se é a contrapartida para poder receber um subsídio.

E por que é que José Sócrates obrigou os desempregados que recebem subsídio a apresentar-se? Estava doido? É um perigoso neoliberal? Não. Sócrates e o seu Governo quiseram combater a fraude à Segurança Social.

Muitos desempregados querem trabalhar na economia paralela, ou emigrar, e ao mesmo tempo receber o subsídio de desemprego. Isto é fraude. A fraude consiste em enganar o Estado, enganar a Segurança Social, enganar quem trabalha, enganar quem paga impostos.

Vieira da Silva, ministro de Sócrates e atual ministro da tutela, conhece bem a situação. Ainda há pouco apresentou um plano para combater a fraude na Segurança Social.

Eis senão quando Catarina Martins se lembra que as reversões não podiam ser apenas para os outros. O PS também deveria ser obrigado a ‘reverter-se’. Sócrates e Vieira da Silva, que tinham legislado bem neste caso, parecem de repente o condutor abstémio ajuizado que vai a conduzir mas leva ao lado, no lugar do morto, um bêbado que se julga um ás do volante – e que, sendo o dono do carro, resolve (contra o combinado) ser ele a conduzir.

Forçaram o Governo a reverter a lei e a acabar com as apresentações. É claro que a nova versão da lei promete o reforço das medidas de acompanhamento técnico. Só há um pequeno detalhe: acabaram de reduzir o horário na Função Pública de 40 para 35 horas.

A ‘geringonça’ parece-se mais com isto a cada dia que passa: há gente ajuizada naquele carro, mas vai o bêbado a conduzir.

Voltando à questão: é humilhante?

Estar desempregado é mau, só quem passou por isso sabe dar valor. Mas a apresentação não é humilhante.

Acresce que trabalhar é para muitos uma humilhação diária. Quando os chefes e as entidades empregadoras nos assediam sexual ou moralmente. Ou quando somos mulheres, sempre a ganhar muito menos do que os nossos colegas homens. Ou quando nos ‘emprateleiram’, enfiando-nos numa sala sem nos darem trabalho. Ou quando, como sucede com muitos portugueses, apesar de trabalharem, continuam pobres e sem conseguir pagar as contas.

De uma coisa estou certa: houve uma humilhação. Mas não se passou numa junta de freguesia, passou-se na Assembleia da República: foi infligida por Catarina Martins a todo o Partido Socialista.

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