JORNAL DIGITAL LUSO: "OS SEM ABRIGO, DOM TARTUFO E JORNALISTAS"

02-04-2019
marcar artigo

Portugal

A descida de Marcelo ao "Bronx" dos sem-abrigo em Lisboa

08:41

por Lusa

14

O Presidente da República desceu no
sábado à realidade dos sem-abrigo em Lisboa, entre a Baixa e Santa
Apolónia, onde vivem dezenas de pessoas em zonas a fazer lembrar o
Bronx, em Nova Iorque.

Numa
noite fria, mas menos fria dos que as anteriores, com temperaturas à
volta de 6º/7º graus Celsius, Marcelo Rebelo de Sousa andou, encasacado,
com gravata, cachecol e boné a ver o que está o Governo e a câmara de
Lisboa a fazer nestes dias para proteger os sem-abrigo.

.

Apesar
do cenário, Marcelo tentou manter um discurso positivo, afirmando que a
meta para erradicar o problema dos sem-abrigo em 2023, que o próprio
definiu, continua válida, e "a ser trabalhada", embora admita cenários
mais recuados.

.

"Quando dizemos erradicar até 2023 significa reduzir o mais drasticamente possível", afirmou. Se
junto ao Teatro Nacional D. Maria II Marcelo teve de dividir as
atenções entre as "selfies" de quem passava, incluindo turistas
incrédulos por andar ali o Presidente português, e os próprios
sem-abrigo, quando chegou a Santa Apolónia o ambiente tornou-se mais
pesado.

.

Nas
arcadas do Museu Militar, um sem-abrigo perguntou, em voz alta, se
alguém queria passar ali a noite, "para ver como era" e repetia que se
só se lembravam deles no Natal. Os poucos que ali estavam, uns
descansavam, outros ouviam música num rádio a pilhas roufenho, outros
não queriam ser filmados pelos jornalistas que acompanhavam a visita
presidencial.
.

Marcelo
falava com uma mulher sentada no chão, com um discurso repetitivo e com
uma garrafa de vinho ao lado, contando que é angolana e vivera na
Suíça. Rebelo de Sousa ouvia e pedia a uma adjunta da Presidência para
tomar notas e conversava com a secretária de Estado da Segurança Social,
Cláudia Joaquim.
.

Dali,
da estação de Santa Apolónia, o próprio Marcelo deu "ordem de marcha"
para - "são cinco minutos a pé" – irem até aos viadutos onde dezenas de
pessoas dormem dentro de tendas, barracas feitas de papelão, plástico e
mantas – um cenário a fazer lembrar o Bronx, em Nova Iorque,
imortalizado pelos filmes.
.

Debaixo
da luz amarelada da iluminação pública, debaixo das mantas, veem-se pés
de umas quantas pessoas a dormir. A uns metros, alguém grita, por
várias vezes, que só se lembram deles nestas alturas, mas que eles vivem
ali "365 dias por ano".
.

Longe
dos microfones e das câmaras dos jornalistas, o Presidente falou com um
nepalês, recém-chegado a Portugal. Uns metros à frente, há uma barraca
que chama a atenção por ter um cão de loiça junto à "porta". Foi aí que
Marcelo falou longamente com um homem, ladeado por toda a comitiva.
.

Passara já uma hora e meia desde o início da visita e o Presidente fez uma espécie de balanço.
.

O
fenómeno sofreu alterações nos últimos dias relativamente à Baixa de
Lisboa, onde, disse-o agora, esteve na noite de Natal, notou que não
existem diferenças.
.

Marcelo
admitiu que é difícil combater este fenómeno e que existem pessoas que,
por diversos motivos, "porque tentaram e não conseguiram antes" ou
porque estão "mais velhos", não querem deixar a rua.
.

O
próprio disse ser difícil saber qual o número, "entre os três mil e tal
no país, entre os 300 a 400 em Lisboa, que não querem sair da rua".
.

Da
noite, o Chefe do Estado disse guardar na memória os problemas
psicológicos de algumas pessoas, as dificuldades de um jovem conseguir
emprego por causa dos dentes podres ou ainda o caso de um homem, a viver
há quatro meses na rua e que tem um nível de formação "formidável".
.


sem jornalistas, Marcelo foi ver núcleos de sem abrigo em Xabregas,
debaixo da pala do pavilhão de Portugal na Expo e, por fim, à Gare do
Oriente.

1 / 7O
Presidente da República desceu no sábado à r

Portugal

A descida de Marcelo ao "Bronx" dos sem-abrigo em Lisboa

08:41

por Lusa

14

O Presidente da República desceu no
sábado à realidade dos sem-abrigo em Lisboa, entre a Baixa e Santa
Apolónia, onde vivem dezenas de pessoas em zonas a fazer lembrar o
Bronx, em Nova Iorque.

Numa
noite fria, mas menos fria dos que as anteriores, com temperaturas à
volta de 6º/7º graus Celsius, Marcelo Rebelo de Sousa andou, encasacado,
com gravata, cachecol e boné a ver o que está o Governo e a câmara de
Lisboa a fazer nestes dias para proteger os sem-abrigo.

.

Apesar
do cenário, Marcelo tentou manter um discurso positivo, afirmando que a
meta para erradicar o problema dos sem-abrigo em 2023, que o próprio
definiu, continua válida, e "a ser trabalhada", embora admita cenários
mais recuados.

.

"Quando dizemos erradicar até 2023 significa reduzir o mais drasticamente possível", afirmou. Se
junto ao Teatro Nacional D. Maria II Marcelo teve de dividir as
atenções entre as "selfies" de quem passava, incluindo turistas
incrédulos por andar ali o Presidente português, e os próprios
sem-abrigo, quando chegou a Santa Apolónia o ambiente tornou-se mais
pesado.

.

Nas
arcadas do Museu Militar, um sem-abrigo perguntou, em voz alta, se
alguém queria passar ali a noite, "para ver como era" e repetia que se
só se lembravam deles no Natal. Os poucos que ali estavam, uns
descansavam, outros ouviam música num rádio a pilhas roufenho, outros
não queriam ser filmados pelos jornalistas que acompanhavam a visita
presidencial.
.

Marcelo
falava com uma mulher sentada no chão, com um discurso repetitivo e com
uma garrafa de vinho ao lado, contando que é angolana e vivera na
Suíça. Rebelo de Sousa ouvia e pedia a uma adjunta da Presidência para
tomar notas e conversava com a secretária de Estado da Segurança Social,
Cláudia Joaquim.
.

Dali,
da estação de Santa Apolónia, o próprio Marcelo deu "ordem de marcha"
para - "são cinco minutos a pé" – irem até aos viadutos onde dezenas de
pessoas dormem dentro de tendas, barracas feitas de papelão, plástico e
mantas – um cenário a fazer lembrar o Bronx, em Nova Iorque,
imortalizado pelos filmes.
.

Debaixo
da luz amarelada da iluminação pública, debaixo das mantas, veem-se pés
de umas quantas pessoas a dormir. A uns metros, alguém grita, por
várias vezes, que só se lembram deles nestas alturas, mas que eles vivem
ali "365 dias por ano".
.

Longe
dos microfones e das câmaras dos jornalistas, o Presidente falou com um
nepalês, recém-chegado a Portugal. Uns metros à frente, há uma barraca
que chama a atenção por ter um cão de loiça junto à "porta". Foi aí que
Marcelo falou longamente com um homem, ladeado por toda a comitiva.
.

Passara já uma hora e meia desde o início da visita e o Presidente fez uma espécie de balanço.
.

O
fenómeno sofreu alterações nos últimos dias relativamente à Baixa de
Lisboa, onde, disse-o agora, esteve na noite de Natal, notou que não
existem diferenças.
.

Marcelo
admitiu que é difícil combater este fenómeno e que existem pessoas que,
por diversos motivos, "porque tentaram e não conseguiram antes" ou
porque estão "mais velhos", não querem deixar a rua.
.

O
próprio disse ser difícil saber qual o número, "entre os três mil e tal
no país, entre os 300 a 400 em Lisboa, que não querem sair da rua".
.

Da
noite, o Chefe do Estado disse guardar na memória os problemas
psicológicos de algumas pessoas, as dificuldades de um jovem conseguir
emprego por causa dos dentes podres ou ainda o caso de um homem, a viver
há quatro meses na rua e que tem um nível de formação "formidável".
.


sem jornalistas, Marcelo foi ver núcleos de sem abrigo em Xabregas,
debaixo da pala do pavilhão de Portugal na Expo e, por fim, à Gare do
Oriente.

1 / 7O
Presidente da República desceu no sábado à r

marcar artigo