Sublinhado a amarelo

21-12-2018
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O movimento dos Coletes Amarelos, que teve manifestações violentas nas últimas semanas em França, inspirou protestos que estão já a ter lugar em vários pontos de Portugal. O Governo está preocupado e a polícia atenta a algo que verdadeiramente ninguém sabe o que será, escreve-se na edição diária do Expresso. Há alertas em pelo menos 17 autarquias. Para prevenir, antes de ser forçada a remediar, a polícia proibiu o protesto que estaria a ser preparado para bloquear os acessos rodoviários a Lisboa a partir das portagens de Alverca da A1 (sentido Norte-Sul) e para evitar que passasse pela cabeça de algum dos organizadores do protesto replicar o sucedido ontem no aeroporto londrino de Gatwick (onde um "ataque de drones", ainda de origem e objetivos desconhecidos, obrigou ao cancelamento de 800 voos e deixou 100 mil passageiros em terra), a Autoridade Aeronáutica Nacional decretou zonas de exclusão aérea (num raio de seis quilómetros) junto ao aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, entre as 6h e as 18h00.

A montanha pode parir um rato e, até à hora em que escrevo este Curto, assim parecia: se havia um dia em que "praticamente normal" faria manchete é hoje o dia - pelo menos no site do Expresso; no Público as contas, às 8h15, indicavam que "há mais polícias do que coletes amarelos" e, felizmente, só há registos de pequenos desacatos.Confesso que me surpreenderia o contrário. As razões do protesto são tantas e tão variadas (do combate à corrupção à diminuição da carga fiscal, do igual tratamento na Justiça à dotação de meios e recursos para a Saúde, Educação ou Segurança, como se pode ler aqui) que se arriscam a não ser levadas a sério a não ser por aqueles (não se sabe ao certo quantos) que lhes deram a forma do Manifesto Vamos Parar Portugal posto a circular nas redes sociais. Um deles foi ontem à Edição da Noite da SIC Notícias e estabeleceu uma fasquia para o sucesso da iniciativa, dizendo que se metade das pessoas que saíram à rua em 2004 (quando a selecção nacional de futebol chegou à final do campeonato europeu), saísse esta sexta-feira vestindo um colete amarelo em sinal de protesto contra o sistema, ficaria satisfeito.

O secretário-geral da CGTP, esta sim uma organização profissional de 'manifs', não poupa nas críticas a uma manifestação que considera contaminada pela extrema-direita. Em entrevista esta noite à TSF, Arménio Carlos diz que esta é uma manifestação "deslocada das necessidades e anseios dos trabalhadores", cujo verdadeiro valor "é um aproveitamento da extrema-direita para ocupar espaço." Uma reflexão de que o Presidente da República não discordará por completo, a avaliar pelas palavras que utilizou ontem, durante a sessão de cumprimentos de Boas Festas do Governo, em Belém: Marcelo Rebelo de Sousa apelou à defesa da democracia contra o "aventureirismo de realidades fora do sistema", considerando que Portugal deve recordar-se da experiência da ditadura para "não querer ensaiá-la outra vez".

Seja o que for que resulte dos "gilets jaunes" à portuguesa, se ainda não saiu de casa e quiser juntar-se aos manifestantes, ou simplesmente evitá-los, é consultar o mapa divulgado pela PSP.

OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...

Manuel Pinho esteve ontem na Assembleia da República, na Comissão Parlamentar de Inquérito às Rendas Excessivas mas, tal como em julho (quando estivera na Comissão de Economia), refugiou-se no segredo de justiça (das matérias que o Ministério Público está a investigar e que o apontam como suspeito de corrupção passiva por parte da EDP) para se recusar a responder ou dar apenas respostas vagas às perguntas que os deputados queriam ver respondidas. Pinho garantiu que enquanto ministro da Economia agiu "sempre e exclusivamente em prol do interesse público, não tendo favorecido quaisquer interesses particulares, não tendo sido corrompido, nem recebido de ninguém pagamentos ou convites indevidos”. Foram, ainda assim, mais de cinco horas de uma audição que o deputado do PSD Paulo Rios considerou "cheirar a BES".

A ministra da Saúde, Marta Temido, recebe às 10h a Federação Nacional dos Médicos, um dia depois de se saber que foi autorizada a abertura do segundo concurso deste ano para a contratação de médicos recém-especialistas. São 413 vagas que permitirão dar médico de família a 170 mil pessoas. Hoje também reúne-se finalmente com representantes do movimento da "greve cirúrgica" dos enfermeiros. Estes pretendem "fazer à ministra da Saúde um retrato real da profissão", numa altura em que já estão em greve há mais de um mês (provocando o adiamento de 500 cirurgias por mês) e até 31 de dezembro e ameaçam estender a paralisação para janeiro.

O Presidente da República anunciou ontem que já tem na sua secretária o Orçamento do Estado para 2019. A promulgação do documento aguarda-se agora a qualquer momento.

Se não for novamente adiada, é hoje (foi-no, pela segunda vez, de ontem para hoje), às 14h30, que se conhece a decisão instrutória do processo e-toupeira, em que são acusados de corrupção, a SAD do Benfica, o seu antigo assessor jurídico Paulo Gonçalves e dois funcionários judiciais.

Hoje também, pelas 16:00h, será feita a leitura do acórdão do julgamento dos vistos gold, em que o ex-ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, é um dos 17 arguidos - acusado de prevaricação e tráfico de influências.

É uma história sórdida, daquelas que nos fazem reequacionar o conceito de Humanidade: um casal foi detido ontem no Porto, suspeito de ter vendido quatro filhos recém-nascidos, entre 2011 e 2017, a troco de 20 mil euros cada um. A polícia está "convencida de que as crianças eram geradas com o objetivo de serem vendidas". Faz as manchetes do Correio da Manhã e do Jornal de Notícias.

No Desporto, hoje fica a saber-se as combinações de equipas para os quartos e as meias finais da Taça de Portugal. O sorteio é ao início da tarde. Os diários da especialidade estão sintonizados nas contratações que Marcel Kaiser está a fazer para o Sporting: "Ao ataque", "Devoradores" e "Insaciáveis", escrevem em letras garrafais nas primeiras páginas, a propósito das "compras de inverno" do treinador leonino.

...E LÁ FORA

O alegado mentor do ataque terrorista ao jornal francês Charlie Hebdo foi detido esta quinta-feira no Djibouti, no nordeste africano. Peter Chérif, também conhecido como Abou Hamza,36 anos, era um dos terroristas mais procurados do mundo desde 2011 e acredita-se que estará por trás do ataque de 7 de janeiro de 2015, que vitimou 12 pessoas e feriu 11.

Não são "chalecos amarillos" mas ameaçam paralisar a área metropolitana de Barcelona e isolar a Catalunha do resto do mundo neste 21 de dezembro. O diário digital El Español detalha "o mapa da revolta" que se está a preparar na Catalunha, em protesto pelo facto de o Governo espanhol ter decidido realizar a reunião semanal do Conselho de Ministros em Barcelona. A iniciativa de Pedro Sanchez só aumentou a tensão com o Governo regional e os movimentos separatistas da região, que prometem ações não apenas nas ruas mas também no campo digital, com uma série de ataques cibernéticos a infraestruturas vitais. Na reunião, o Executivo de Sanchez vai aprovar a já anunciada subida do salário mínimo nacional para os 900 euros e também um aumento de 2,5% nos vencimentos dos funcionários públicos.

Quem não só não vai ter aumentos mas pode mesmo não vir a ter ordenado nos próximos tempos são os funcionários governamentais norte-americanos. A confirmar-se, o "shutdown" tem efeitos já a partir de amanhã uma ameaça real, depois de ontem Donald Trump ter feito saber que não assina o Orçamento estatal (que tinha sido aprovado na véspera no Senado), que financiaria todas as agências governamentais até 8 de fevereiro, a não ser que este inclua os 5 mil milhões de dólares que o presidente dos EUA reclama para a construção do muro fronteiriço com o México.

Isto no mesmo dia em que se soube que o secretário da Defesa de Trump, Jim Mattis, apresentou a sua demissão por discordar do Presidente na decisão deste retirar as tropas norte-americanas da Síria e ponderar a redução dos efetivos no Afeganistão. "Uma vez que o senhor tem o direito de ter um secretário da Defesa com perspetivas mais bem alinhadas com as suas, sobre este e outros assuntos, acredito que devo sair", escreveu Mattis.A carta de demissão pode ser lida, na íntegra, aqui.

Ainda sobre o Presidente dos EUA vale a pena ler este artigo da Politico sobre "O dia em que Trump aprendeu a tweetar". "O momento em que descobri que Trump conseguia ele próprio fazer tweets foi comparável aquele momento do Parque Jurássico em que o Dr. Grant se apercebe de que os velociraptors conseguem abrir portas", conta Justin McConney, que geriu as redes sociais para Trump entre 2011 e 2017.

AS MANCHETES DOS JORNAIS E REVISTAS

"Emigrantes compravam bebés às prestações em Portugal" (Jornal de Notícias)

"Universidades podem construir residências sem concurso público" (Público)

"Entrevista surpreendente a Bagão Felix: "Todos os dias acordo a pensar na finitude da vida"" (i)

"Caçadores e armeiros temem aumento do mercado ilegal de armas" (Diário de Notícias - edição digital)

"Mãe vende quatro bebés por 100 mil euros" (Correio da Manhã)

"2018 F for Fake" (Jornal de Negócios)

"Ao ataque" (A Bola)

"Devoradores" (Record)

"Insaciáveis" (O Jogo)

O QUE ANDO A LER E A VER

"Uma guerra pessoal" estreou nas salas de cinema em meados de novembro. É (uma parte d)a história da jornalista americana Marie Colvin, que morreu na Síria, em 2012, ao serviço do jornal inglês The Sunday Times. Durante duas horas não há escapatória nem botão de fast forward: somos mesmo obrigados a confrontar-nos com a realidade brutal dos cenários de guerra e, sobretudo, com a estupidez e a gratuitidade do conflito sírio que, quase oito anos depois de ter começado, já fez mais de meio milhão de mortos. O filme é um murro no estômago para qualquer pessoa, mas também uma lição de humildade para quem, sendo jornalista, sabe que não o é, nem nunca o será, como Colvin o foi: por inteiro e até ao último minuto, recusando-se a estar noutro local que não fosse "lá", na linha da frente. Marie Colvin não sabia (aliás, não queria) fazer de outra forma: "Vamos para zonas remotas de guerra para relatar o que está a acontecer. As pessoas têm o direito de saber o que os nossos Governos e as nossas Forças Armadas fazem em nosso nome. A nossa missão é falar a verdade ao poder. Mandamos para casa aquele primeiro esboço de história. Podemos e fazemos a diferença ao expor os horrores da guerra e, em particular, as atrocidades que vitimam civis". O filme conduziu-me ao livro "On the front line", publicado após a morte da jornalista, que reúne muitas das reportagens que escreveu, de Timor ao Afeganistão, de Gaza a Homs (onde perdeu a vida). Não são contos de Natal. E a temática tão pouco condiz com as luzes que abrilhantam esta época de esperança e fé em Deus e nos homens. Ainda assim, transmite uma certa atmosfera de Advento: é jornalismo puro, redentor dos valores de que tantas vezes (cada vez mais?) duvidamos.

Ainda só consegui ver a primeira das duas horas e meia que dura "Springsteen on broadway", o filme-concerto do The Boss que estreou no Netflix no último domingo, um dia depois de Bruce Springsteen ter dado o derradeiro de 236 solilóquios-concertos, sempre com lotação esgotada, no Walter Kerr Theatre, em Nova Iorque. É para fãs da música e do homem que "nasceu para fugir" ("Born to run", título de um dos seus maiores êxitos, dá também o nome à sua autobiografia, publicada em 2016 e a inspiração deste espectáculo) dos subúrbios de New Jersey, mas hoje vive "a 10 minutos" da cidade-natal. "Mas quem compraria um disco chamado "nascido para voltar"?", pergunta ele com o humor desarmante que o caracteriza. Pode ler críticas de quem já viu tudo aqui e aqui.

Quase em 2019, é ainda tempo de balanço de 2018. Nos sites da SIC do Expresso decorrem duas votações online para as figuras e acontecimentos do ano e pode contribuir com o seu voto até à hora de almoço (13h no caso da SIC; 14h no caso do Expresso). Amanhã, na edição semanal do Expresso, pode ler as razões que levaram a redação do jornal a escolher Joana Marques Vidal como figura nacional e a derrocada da estrada de Borba como acontecimento nacional do ano.

E por aqui me fico, neste solstício de inverno, data que marca o início desta estação do ano, mas é também o dia mais curto do ano (a partir de hoje os dias voltam a crescer). Feliz Natal.

O movimento dos Coletes Amarelos, que teve manifestações violentas nas últimas semanas em França, inspirou protestos que estão já a ter lugar em vários pontos de Portugal. O Governo está preocupado e a polícia atenta a algo que verdadeiramente ninguém sabe o que será, escreve-se na edição diária do Expresso. Há alertas em pelo menos 17 autarquias. Para prevenir, antes de ser forçada a remediar, a polícia proibiu o protesto que estaria a ser preparado para bloquear os acessos rodoviários a Lisboa a partir das portagens de Alverca da A1 (sentido Norte-Sul) e para evitar que passasse pela cabeça de algum dos organizadores do protesto replicar o sucedido ontem no aeroporto londrino de Gatwick (onde um "ataque de drones", ainda de origem e objetivos desconhecidos, obrigou ao cancelamento de 800 voos e deixou 100 mil passageiros em terra), a Autoridade Aeronáutica Nacional decretou zonas de exclusão aérea (num raio de seis quilómetros) junto ao aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, entre as 6h e as 18h00.

A montanha pode parir um rato e, até à hora em que escrevo este Curto, assim parecia: se havia um dia em que "praticamente normal" faria manchete é hoje o dia - pelo menos no site do Expresso; no Público as contas, às 8h15, indicavam que "há mais polícias do que coletes amarelos" e, felizmente, só há registos de pequenos desacatos.Confesso que me surpreenderia o contrário. As razões do protesto são tantas e tão variadas (do combate à corrupção à diminuição da carga fiscal, do igual tratamento na Justiça à dotação de meios e recursos para a Saúde, Educação ou Segurança, como se pode ler aqui) que se arriscam a não ser levadas a sério a não ser por aqueles (não se sabe ao certo quantos) que lhes deram a forma do Manifesto Vamos Parar Portugal posto a circular nas redes sociais. Um deles foi ontem à Edição da Noite da SIC Notícias e estabeleceu uma fasquia para o sucesso da iniciativa, dizendo que se metade das pessoas que saíram à rua em 2004 (quando a selecção nacional de futebol chegou à final do campeonato europeu), saísse esta sexta-feira vestindo um colete amarelo em sinal de protesto contra o sistema, ficaria satisfeito.

O secretário-geral da CGTP, esta sim uma organização profissional de 'manifs', não poupa nas críticas a uma manifestação que considera contaminada pela extrema-direita. Em entrevista esta noite à TSF, Arménio Carlos diz que esta é uma manifestação "deslocada das necessidades e anseios dos trabalhadores", cujo verdadeiro valor "é um aproveitamento da extrema-direita para ocupar espaço." Uma reflexão de que o Presidente da República não discordará por completo, a avaliar pelas palavras que utilizou ontem, durante a sessão de cumprimentos de Boas Festas do Governo, em Belém: Marcelo Rebelo de Sousa apelou à defesa da democracia contra o "aventureirismo de realidades fora do sistema", considerando que Portugal deve recordar-se da experiência da ditadura para "não querer ensaiá-la outra vez".

Seja o que for que resulte dos "gilets jaunes" à portuguesa, se ainda não saiu de casa e quiser juntar-se aos manifestantes, ou simplesmente evitá-los, é consultar o mapa divulgado pela PSP.

OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...

Manuel Pinho esteve ontem na Assembleia da República, na Comissão Parlamentar de Inquérito às Rendas Excessivas mas, tal como em julho (quando estivera na Comissão de Economia), refugiou-se no segredo de justiça (das matérias que o Ministério Público está a investigar e que o apontam como suspeito de corrupção passiva por parte da EDP) para se recusar a responder ou dar apenas respostas vagas às perguntas que os deputados queriam ver respondidas. Pinho garantiu que enquanto ministro da Economia agiu "sempre e exclusivamente em prol do interesse público, não tendo favorecido quaisquer interesses particulares, não tendo sido corrompido, nem recebido de ninguém pagamentos ou convites indevidos”. Foram, ainda assim, mais de cinco horas de uma audição que o deputado do PSD Paulo Rios considerou "cheirar a BES".

A ministra da Saúde, Marta Temido, recebe às 10h a Federação Nacional dos Médicos, um dia depois de se saber que foi autorizada a abertura do segundo concurso deste ano para a contratação de médicos recém-especialistas. São 413 vagas que permitirão dar médico de família a 170 mil pessoas. Hoje também reúne-se finalmente com representantes do movimento da "greve cirúrgica" dos enfermeiros. Estes pretendem "fazer à ministra da Saúde um retrato real da profissão", numa altura em que já estão em greve há mais de um mês (provocando o adiamento de 500 cirurgias por mês) e até 31 de dezembro e ameaçam estender a paralisação para janeiro.

O Presidente da República anunciou ontem que já tem na sua secretária o Orçamento do Estado para 2019. A promulgação do documento aguarda-se agora a qualquer momento.

Se não for novamente adiada, é hoje (foi-no, pela segunda vez, de ontem para hoje), às 14h30, que se conhece a decisão instrutória do processo e-toupeira, em que são acusados de corrupção, a SAD do Benfica, o seu antigo assessor jurídico Paulo Gonçalves e dois funcionários judiciais.

Hoje também, pelas 16:00h, será feita a leitura do acórdão do julgamento dos vistos gold, em que o ex-ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, é um dos 17 arguidos - acusado de prevaricação e tráfico de influências.

É uma história sórdida, daquelas que nos fazem reequacionar o conceito de Humanidade: um casal foi detido ontem no Porto, suspeito de ter vendido quatro filhos recém-nascidos, entre 2011 e 2017, a troco de 20 mil euros cada um. A polícia está "convencida de que as crianças eram geradas com o objetivo de serem vendidas". Faz as manchetes do Correio da Manhã e do Jornal de Notícias.

No Desporto, hoje fica a saber-se as combinações de equipas para os quartos e as meias finais da Taça de Portugal. O sorteio é ao início da tarde. Os diários da especialidade estão sintonizados nas contratações que Marcel Kaiser está a fazer para o Sporting: "Ao ataque", "Devoradores" e "Insaciáveis", escrevem em letras garrafais nas primeiras páginas, a propósito das "compras de inverno" do treinador leonino.

...E LÁ FORA

O alegado mentor do ataque terrorista ao jornal francês Charlie Hebdo foi detido esta quinta-feira no Djibouti, no nordeste africano. Peter Chérif, também conhecido como Abou Hamza,36 anos, era um dos terroristas mais procurados do mundo desde 2011 e acredita-se que estará por trás do ataque de 7 de janeiro de 2015, que vitimou 12 pessoas e feriu 11.

Não são "chalecos amarillos" mas ameaçam paralisar a área metropolitana de Barcelona e isolar a Catalunha do resto do mundo neste 21 de dezembro. O diário digital El Español detalha "o mapa da revolta" que se está a preparar na Catalunha, em protesto pelo facto de o Governo espanhol ter decidido realizar a reunião semanal do Conselho de Ministros em Barcelona. A iniciativa de Pedro Sanchez só aumentou a tensão com o Governo regional e os movimentos separatistas da região, que prometem ações não apenas nas ruas mas também no campo digital, com uma série de ataques cibernéticos a infraestruturas vitais. Na reunião, o Executivo de Sanchez vai aprovar a já anunciada subida do salário mínimo nacional para os 900 euros e também um aumento de 2,5% nos vencimentos dos funcionários públicos.

Quem não só não vai ter aumentos mas pode mesmo não vir a ter ordenado nos próximos tempos são os funcionários governamentais norte-americanos. A confirmar-se, o "shutdown" tem efeitos já a partir de amanhã uma ameaça real, depois de ontem Donald Trump ter feito saber que não assina o Orçamento estatal (que tinha sido aprovado na véspera no Senado), que financiaria todas as agências governamentais até 8 de fevereiro, a não ser que este inclua os 5 mil milhões de dólares que o presidente dos EUA reclama para a construção do muro fronteiriço com o México.

Isto no mesmo dia em que se soube que o secretário da Defesa de Trump, Jim Mattis, apresentou a sua demissão por discordar do Presidente na decisão deste retirar as tropas norte-americanas da Síria e ponderar a redução dos efetivos no Afeganistão. "Uma vez que o senhor tem o direito de ter um secretário da Defesa com perspetivas mais bem alinhadas com as suas, sobre este e outros assuntos, acredito que devo sair", escreveu Mattis.A carta de demissão pode ser lida, na íntegra, aqui.

Ainda sobre o Presidente dos EUA vale a pena ler este artigo da Politico sobre "O dia em que Trump aprendeu a tweetar". "O momento em que descobri que Trump conseguia ele próprio fazer tweets foi comparável aquele momento do Parque Jurássico em que o Dr. Grant se apercebe de que os velociraptors conseguem abrir portas", conta Justin McConney, que geriu as redes sociais para Trump entre 2011 e 2017.

AS MANCHETES DOS JORNAIS E REVISTAS

"Emigrantes compravam bebés às prestações em Portugal" (Jornal de Notícias)

"Universidades podem construir residências sem concurso público" (Público)

"Entrevista surpreendente a Bagão Felix: "Todos os dias acordo a pensar na finitude da vida"" (i)

"Caçadores e armeiros temem aumento do mercado ilegal de armas" (Diário de Notícias - edição digital)

"Mãe vende quatro bebés por 100 mil euros" (Correio da Manhã)

"2018 F for Fake" (Jornal de Negócios)

"Ao ataque" (A Bola)

"Devoradores" (Record)

"Insaciáveis" (O Jogo)

O QUE ANDO A LER E A VER

"Uma guerra pessoal" estreou nas salas de cinema em meados de novembro. É (uma parte d)a história da jornalista americana Marie Colvin, que morreu na Síria, em 2012, ao serviço do jornal inglês The Sunday Times. Durante duas horas não há escapatória nem botão de fast forward: somos mesmo obrigados a confrontar-nos com a realidade brutal dos cenários de guerra e, sobretudo, com a estupidez e a gratuitidade do conflito sírio que, quase oito anos depois de ter começado, já fez mais de meio milhão de mortos. O filme é um murro no estômago para qualquer pessoa, mas também uma lição de humildade para quem, sendo jornalista, sabe que não o é, nem nunca o será, como Colvin o foi: por inteiro e até ao último minuto, recusando-se a estar noutro local que não fosse "lá", na linha da frente. Marie Colvin não sabia (aliás, não queria) fazer de outra forma: "Vamos para zonas remotas de guerra para relatar o que está a acontecer. As pessoas têm o direito de saber o que os nossos Governos e as nossas Forças Armadas fazem em nosso nome. A nossa missão é falar a verdade ao poder. Mandamos para casa aquele primeiro esboço de história. Podemos e fazemos a diferença ao expor os horrores da guerra e, em particular, as atrocidades que vitimam civis". O filme conduziu-me ao livro "On the front line", publicado após a morte da jornalista, que reúne muitas das reportagens que escreveu, de Timor ao Afeganistão, de Gaza a Homs (onde perdeu a vida). Não são contos de Natal. E a temática tão pouco condiz com as luzes que abrilhantam esta época de esperança e fé em Deus e nos homens. Ainda assim, transmite uma certa atmosfera de Advento: é jornalismo puro, redentor dos valores de que tantas vezes (cada vez mais?) duvidamos.

Ainda só consegui ver a primeira das duas horas e meia que dura "Springsteen on broadway", o filme-concerto do The Boss que estreou no Netflix no último domingo, um dia depois de Bruce Springsteen ter dado o derradeiro de 236 solilóquios-concertos, sempre com lotação esgotada, no Walter Kerr Theatre, em Nova Iorque. É para fãs da música e do homem que "nasceu para fugir" ("Born to run", título de um dos seus maiores êxitos, dá também o nome à sua autobiografia, publicada em 2016 e a inspiração deste espectáculo) dos subúrbios de New Jersey, mas hoje vive "a 10 minutos" da cidade-natal. "Mas quem compraria um disco chamado "nascido para voltar"?", pergunta ele com o humor desarmante que o caracteriza. Pode ler críticas de quem já viu tudo aqui e aqui.

Quase em 2019, é ainda tempo de balanço de 2018. Nos sites da SIC do Expresso decorrem duas votações online para as figuras e acontecimentos do ano e pode contribuir com o seu voto até à hora de almoço (13h no caso da SIC; 14h no caso do Expresso). Amanhã, na edição semanal do Expresso, pode ler as razões que levaram a redação do jornal a escolher Joana Marques Vidal como figura nacional e a derrocada da estrada de Borba como acontecimento nacional do ano.

E por aqui me fico, neste solstício de inverno, data que marca o início desta estação do ano, mas é também o dia mais curto do ano (a partir de hoje os dias voltam a crescer). Feliz Natal.

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