Francisco George: “Não concordo com greves de médicos nem de enfermeiros”

18-04-2019
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“Não concordo com paralisações nem de médicos nem de enfermeiros”, atira Francisco George, antigo diretor-geral da Saúde, em entrevista ao “Público” e à “Renascença” esta quinta-feira.

As greves de médicos e enfermeiros “não fazem sentido, não podem existir. Sou a favor de movimentos grevistas, quando são justos, e sobretudo quando são contra patrões. Acontece que o doente não é o patrão do grevista. E esta é que é a grande diferença. O grevista lesa o patrão, mas quando o grevista é médico ou enfermeiro não está a lesar o patrão, está a lesar o doente. Nenhum doente, a meu ver, devia ser molestado, devia ser desassossegado quando vai a uma consulta e vê que há greve. E depois são mais seis meses. Isto é inaceitável, intolerável no plano de ética que eu observo”, justifica.

Francisco George confessa-se mesmo “chocado” com as paralisações dos últimos meses. “No meu entendimento, a greve não é um direito para médicos e enfermeiros. Porquê? Porque quem é prejudicado não é o patronato, é o doente”, reafirma.

Ainda na mesma entrevista, elogia o trabalho feito por Marta Temido, a ministra da Saúde que veio suceder a Adalberto Campos. “A resposta é muito positiva à pasta que tem, com as dificuldades que tem. Há poucas mulheres jovens como ela, com capacidade intelectual, de conhecimento, para gerir uma pasta como a da Saúde. Durante três anos em que trabalhámos juntos no Ministério da Saúde, eu como diretor-geral e ela presidente da Administração que geria nove mil milhões de euros por ano, que geriu de forma absolutamente vertical e notável”, diz.

ADSE. “Defendo mais do que o fim”

Em entrevista ao “Público” e à “Renascença”, Francisco George defende a dissolução da ADSE. “A ADSE devia ter sido dissolvida em 1979, quando os outros subsistemas foram. A ADSE é criada por Salazar em 1963, numa altura em que os funcionários públicos ganhavam muito pouco, mas Salazar não queria que fossem mendigos. E então arranjou ali uma forma de eles terem acesso a médicos privados. Surge assim o seguro para os funcionários públicos poderem ir a médicos privados e não terem que ir ao hospital público. Aliás, na altura nem havia Serviço Nacional de Saúde nem sequer hospitais…”, lembrou.

Segundo George, a ADSE existiu numa altura em que os funcionários públicos não tinham outros meios e os hospitais não existiam. “Hoje temos um serviço que cobre o litoral, o interior, o norte, o sul, as regiões autónomas e os funcionários públicos não são o mesmo. Repare: 600 milhões de euros para pagar a serviços privados prestados pelos médicos que vêm do público e fazem umas horas no privado. Com a agravante de os hospitais privados terem ido buscar os melhores…”, diz.

“Não concordo com paralisações nem de médicos nem de enfermeiros”, atira Francisco George, antigo diretor-geral da Saúde, em entrevista ao “Público” e à “Renascença” esta quinta-feira.

As greves de médicos e enfermeiros “não fazem sentido, não podem existir. Sou a favor de movimentos grevistas, quando são justos, e sobretudo quando são contra patrões. Acontece que o doente não é o patrão do grevista. E esta é que é a grande diferença. O grevista lesa o patrão, mas quando o grevista é médico ou enfermeiro não está a lesar o patrão, está a lesar o doente. Nenhum doente, a meu ver, devia ser molestado, devia ser desassossegado quando vai a uma consulta e vê que há greve. E depois são mais seis meses. Isto é inaceitável, intolerável no plano de ética que eu observo”, justifica.

Francisco George confessa-se mesmo “chocado” com as paralisações dos últimos meses. “No meu entendimento, a greve não é um direito para médicos e enfermeiros. Porquê? Porque quem é prejudicado não é o patronato, é o doente”, reafirma.

Ainda na mesma entrevista, elogia o trabalho feito por Marta Temido, a ministra da Saúde que veio suceder a Adalberto Campos. “A resposta é muito positiva à pasta que tem, com as dificuldades que tem. Há poucas mulheres jovens como ela, com capacidade intelectual, de conhecimento, para gerir uma pasta como a da Saúde. Durante três anos em que trabalhámos juntos no Ministério da Saúde, eu como diretor-geral e ela presidente da Administração que geria nove mil milhões de euros por ano, que geriu de forma absolutamente vertical e notável”, diz.

ADSE. “Defendo mais do que o fim”

Em entrevista ao “Público” e à “Renascença”, Francisco George defende a dissolução da ADSE. “A ADSE devia ter sido dissolvida em 1979, quando os outros subsistemas foram. A ADSE é criada por Salazar em 1963, numa altura em que os funcionários públicos ganhavam muito pouco, mas Salazar não queria que fossem mendigos. E então arranjou ali uma forma de eles terem acesso a médicos privados. Surge assim o seguro para os funcionários públicos poderem ir a médicos privados e não terem que ir ao hospital público. Aliás, na altura nem havia Serviço Nacional de Saúde nem sequer hospitais…”, lembrou.

Segundo George, a ADSE existiu numa altura em que os funcionários públicos não tinham outros meios e os hospitais não existiam. “Hoje temos um serviço que cobre o litoral, o interior, o norte, o sul, as regiões autónomas e os funcionários públicos não são o mesmo. Repare: 600 milhões de euros para pagar a serviços privados prestados pelos médicos que vêm do público e fazem umas horas no privado. Com a agravante de os hospitais privados terem ido buscar os melhores…”, diz.

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