Jesus tinha dois pais, Maria Luís tem dois empregos

06-09-2019
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Ora aqui está um cartaz que o Bloco podia fazer. Um cartaz a reforçar junto da opinião pública que significativa parte dos nossos deputados exerce funções paralelas que encerram em si conflitos de interesses. E a política portuguesa está cheia de exemplos desses. Eles são os deputados que integram a comissão de saúde de manhã e que aprovam aquisições de serviços a empresas da área da saúde para quem trabalham à tarde, outros que se sentam na comissão de obras públicas num dia, para no dia seguinte se sentarem no conselho de administração de grandes construtoras, enfim, toda uma festa de promiscuidade que se estende a todas as comissões parlamentares e que explica décadas de danças de cadeiras entre governos, Parlamento, bancos e grandes empresas nacionais e estrangeiras a operar em Portugal. E não se passa nada.

O caso Maria Luís Albuquerque é mais um desses casos em que a linha que separa a legalidade do clientelismo e do tráfico de influências é ténue demais para ser ignorada. Maria Luís Albuquerque foi, durante o período em que exerceu funções nas Finanças, responsável máxima pelas decisões tomadas pelo principal accionista do Banif, o Estado Português. Agora, quatro meses após abandonar funções governativas, passará a acumular as funções de deputada com as de administradora não-executiva do grupo Arrow Global, com o qual negociou créditos de risco e activos tóxicos, do Banif. Quem nos garante que este convite não terá sido feito enquanto ocupava o cargo de ministra das Finanças e até que tal hipotético convite não terá condicionado decisões passadas? Diga o que disser a lei, se isto não é uma situação de incompatibilidade, não sei o que será.

De pouco vale ao PSD ou aos ideólogos do ministério da propaganda virem agora em defesa da ex-ministra. Estas movimentações até podem ser legais, ou não fosse a lei portuguesa altamente permeável a este tipo de promiscuidade, mas há aqui um grau de imoralidade e de absoluta falta de ética que não podem ser branqueadas. E se tudo isto era grave caso Maria Luís tivesse abandonado as suas funções políticas, mais grave se torna quando percebemos que as novas funções acumulam com as de deputada, que lhe dão acesso a informação privilegiada que, com toda a certeza, será do maior interesse para o seu novo empregador. E no dia em que o novo empregador quiser essa ou qualquer outro tipo de informação, nomeadamente a que Maria Luís Albuquerque acumulou durante o período em que foi ministra, alguém acredita que o interesse nacional será salvaguardado?

Imagem via O Cão Danado no Twitter

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Ora aqui está um cartaz que o Bloco podia fazer. Um cartaz a reforçar junto da opinião pública que significativa parte dos nossos deputados exerce funções paralelas que encerram em si conflitos de interesses. E a política portuguesa está cheia de exemplos desses. Eles são os deputados que integram a comissão de saúde de manhã e que aprovam aquisições de serviços a empresas da área da saúde para quem trabalham à tarde, outros que se sentam na comissão de obras públicas num dia, para no dia seguinte se sentarem no conselho de administração de grandes construtoras, enfim, toda uma festa de promiscuidade que se estende a todas as comissões parlamentares e que explica décadas de danças de cadeiras entre governos, Parlamento, bancos e grandes empresas nacionais e estrangeiras a operar em Portugal. E não se passa nada.

O caso Maria Luís Albuquerque é mais um desses casos em que a linha que separa a legalidade do clientelismo e do tráfico de influências é ténue demais para ser ignorada. Maria Luís Albuquerque foi, durante o período em que exerceu funções nas Finanças, responsável máxima pelas decisões tomadas pelo principal accionista do Banif, o Estado Português. Agora, quatro meses após abandonar funções governativas, passará a acumular as funções de deputada com as de administradora não-executiva do grupo Arrow Global, com o qual negociou créditos de risco e activos tóxicos, do Banif. Quem nos garante que este convite não terá sido feito enquanto ocupava o cargo de ministra das Finanças e até que tal hipotético convite não terá condicionado decisões passadas? Diga o que disser a lei, se isto não é uma situação de incompatibilidade, não sei o que será.

De pouco vale ao PSD ou aos ideólogos do ministério da propaganda virem agora em defesa da ex-ministra. Estas movimentações até podem ser legais, ou não fosse a lei portuguesa altamente permeável a este tipo de promiscuidade, mas há aqui um grau de imoralidade e de absoluta falta de ética que não podem ser branqueadas. E se tudo isto era grave caso Maria Luís tivesse abandonado as suas funções políticas, mais grave se torna quando percebemos que as novas funções acumulam com as de deputada, que lhe dão acesso a informação privilegiada que, com toda a certeza, será do maior interesse para o seu novo empregador. E no dia em que o novo empregador quiser essa ou qualquer outro tipo de informação, nomeadamente a que Maria Luís Albuquerque acumulou durante o período em que foi ministra, alguém acredita que o interesse nacional será salvaguardado?

Imagem via O Cão Danado no Twitter

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