Governo quer pôr Portugal no top da Europa em competências digitais

21-04-2017
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A Iniciativa Nacional Competências Digitais pretende acabar com atraso face à média europeia

Garantir a “literacia e a inclusão digitais para o exercício pleno da cidadania”, estimular a “especialização em tecnologias e aplicações digitais” para qualificar o emprego e tornar a economia mais competitiva, e “produzir novos conhecimentos científicos” através da cooperação internacional, são os três objetivos da “Iniciativa Nacional Competências Digitais e.2030” (Portugal INCoDe.2030), que vai ser lançada a 3 de abril em Lisboa.

São, para já, 33 medidas e ações (ver caixa) destinadas a colocar todas as habitações em Portugal com acesso à internet em 2030, cerca de 90% da população a usar frequentemente a rede, 80% dos portugueses com competências digitais básicas ou mais do que básicas, 250 mil diplomados do Ensino Superior entre os 20 e os 29 anos nesta área, 80% dos empregados a usar computadores com ligação à internet no local de trabalho ou 90% dos consumidores nacionais a utilizar a internet para aceder à banca eletrónica.

O novo programa integrado será apresentado pelos ministros da Ciência, Manuel Heitor; da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques; da Educação, Tiago Brandão Rodrigues; e do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, numa sessão que terminará com uma intervenção de António Costa. “Temos um gap evidente em relação à média da UE no que diz respeito ao uso das tecnologias e aplicações digitais, apesar dos avanços que foram alcançados nos últimos anos”, reconhece Manuel Heitor (ver entrevista).

“Portugal tem boas redes e bons serviços”

A mobilização de um leque alargado de atores sociais para o programa “Portugal INCoDe.2030” vai caber ao “Fórum Permanente para as Competências Digitais”, que será presidido por Rogério Carapuça. O presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC) afirma ao Expresso que “Portugal tem boas infraestruturas digitais, boas redes, e bons serviços públicos e privados”. Ou seja, “no que diz respeito aos indicadores de acesso estamos bem no contexto europeu”.

O problema está na utilização dessas redes e serviços, “em que estamos abaixo da média da UE, porque os portugueses não têm as qualificações necessárias para tirar partido delas”. Por isso, “as competências digitais têm de ser fortemente aumentadas”, o que poderá ter “um impacto muito positivo na competitividade do país”. E tal só será possível “se houver mais investimento da sociedade civil, em particular das empresas”, sublinha o presidente da APDC. Rogério Carapuça espera que “até 2030 se consiga inverter esta situação, porque o programa que vai ser lançado pelo Governo é de largo espectro”, ou seja, envolve uma grande diversidade de áreas de atividade e de grupos da população portuguesa, desde os que têm necessidades básicas em competências digitais aos que fazem investigação avançada nas universidades.

O Fórum vai realizar uma conferência anual pública — a primeira está marcada para outubro — onde será feito o ponto da situação quanto à concretização do programa e apresentados os casos nacionais e internacionais de sucesso e de boas práticas nas competências digitais. Ao longo do ano serão ainda organizados seminários e workshops especializados nestas áreas. “O objetivo é dar visibilidade pública aos resultados alcançados pela iniciativa”, explica Rogério Carapuça.

Pedro Guedes de Oliveira, coordenador global do “Portugal INCoDe.2030”, assinala que “a pirâmide de qualificações digitais em Portugal é invertida: no topo é mais larga, porque nas licenciaturas, mestrados e doutoramentos estamos bem em comparação com as médias da UE, mas na base estamos mal, há grandes debilidades, porque faltam competências digitais básicas a uma parte importante da população”.

O professor emérito da Universidade do Porto e investigador do instituto INESC TEC adianta que “quase 30% dos portugueses nunca acederam à internet, o que é uma situação muito limitadora da inclusão das populações e da desmaterialização de processos na Administração Pública, empresas e organizações, que tem um grande impacto económico”.

Cativar jovens para as áreas tecnológicas

O investigador destaca também “o número crescente de jovens que estão a escolher a via profissional no Ensino Secundário”, porque “é preciso fazer um grande esforço para cativar estes jovens para as áreas tecnológicas”. Com efeito, as ofertas de emprego nestas áreas “têm vindo a aumentar de forma significativa e temos de dar resposta adequada a esta tendência do mercado”.

O conceito de competências digitais adotado na “Iniciativa Portugal INCoDe.2030” inclui, antes de mais, o processamento de informação, a comunicação e interação, e o desenvolvimento e produção de conteúdos digitais. Mas vai mais longe, porque está também ligado ao uso das tecnologias digitais na conceção de novas soluções para problemas muito diversificados, à integração de conhecimento interdisciplinar e análise de dados, à utilização intensiva de Inteligência Artificial, ao recurso a instrumentação avançada e a redes de comunicação e sistemas móveis, o que envolve também a aquisição de conhecimentos de eletrónica, automação e robótica.

A Iniciativa Nacional Competências Digitais pretende acabar com atraso face à média europeia

Garantir a “literacia e a inclusão digitais para o exercício pleno da cidadania”, estimular a “especialização em tecnologias e aplicações digitais” para qualificar o emprego e tornar a economia mais competitiva, e “produzir novos conhecimentos científicos” através da cooperação internacional, são os três objetivos da “Iniciativa Nacional Competências Digitais e.2030” (Portugal INCoDe.2030), que vai ser lançada a 3 de abril em Lisboa.

São, para já, 33 medidas e ações (ver caixa) destinadas a colocar todas as habitações em Portugal com acesso à internet em 2030, cerca de 90% da população a usar frequentemente a rede, 80% dos portugueses com competências digitais básicas ou mais do que básicas, 250 mil diplomados do Ensino Superior entre os 20 e os 29 anos nesta área, 80% dos empregados a usar computadores com ligação à internet no local de trabalho ou 90% dos consumidores nacionais a utilizar a internet para aceder à banca eletrónica.

O novo programa integrado será apresentado pelos ministros da Ciência, Manuel Heitor; da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques; da Educação, Tiago Brandão Rodrigues; e do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, numa sessão que terminará com uma intervenção de António Costa. “Temos um gap evidente em relação à média da UE no que diz respeito ao uso das tecnologias e aplicações digitais, apesar dos avanços que foram alcançados nos últimos anos”, reconhece Manuel Heitor (ver entrevista).

“Portugal tem boas redes e bons serviços”

A mobilização de um leque alargado de atores sociais para o programa “Portugal INCoDe.2030” vai caber ao “Fórum Permanente para as Competências Digitais”, que será presidido por Rogério Carapuça. O presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC) afirma ao Expresso que “Portugal tem boas infraestruturas digitais, boas redes, e bons serviços públicos e privados”. Ou seja, “no que diz respeito aos indicadores de acesso estamos bem no contexto europeu”.

O problema está na utilização dessas redes e serviços, “em que estamos abaixo da média da UE, porque os portugueses não têm as qualificações necessárias para tirar partido delas”. Por isso, “as competências digitais têm de ser fortemente aumentadas”, o que poderá ter “um impacto muito positivo na competitividade do país”. E tal só será possível “se houver mais investimento da sociedade civil, em particular das empresas”, sublinha o presidente da APDC. Rogério Carapuça espera que “até 2030 se consiga inverter esta situação, porque o programa que vai ser lançado pelo Governo é de largo espectro”, ou seja, envolve uma grande diversidade de áreas de atividade e de grupos da população portuguesa, desde os que têm necessidades básicas em competências digitais aos que fazem investigação avançada nas universidades.

O Fórum vai realizar uma conferência anual pública — a primeira está marcada para outubro — onde será feito o ponto da situação quanto à concretização do programa e apresentados os casos nacionais e internacionais de sucesso e de boas práticas nas competências digitais. Ao longo do ano serão ainda organizados seminários e workshops especializados nestas áreas. “O objetivo é dar visibilidade pública aos resultados alcançados pela iniciativa”, explica Rogério Carapuça.

Pedro Guedes de Oliveira, coordenador global do “Portugal INCoDe.2030”, assinala que “a pirâmide de qualificações digitais em Portugal é invertida: no topo é mais larga, porque nas licenciaturas, mestrados e doutoramentos estamos bem em comparação com as médias da UE, mas na base estamos mal, há grandes debilidades, porque faltam competências digitais básicas a uma parte importante da população”.

O professor emérito da Universidade do Porto e investigador do instituto INESC TEC adianta que “quase 30% dos portugueses nunca acederam à internet, o que é uma situação muito limitadora da inclusão das populações e da desmaterialização de processos na Administração Pública, empresas e organizações, que tem um grande impacto económico”.

Cativar jovens para as áreas tecnológicas

O investigador destaca também “o número crescente de jovens que estão a escolher a via profissional no Ensino Secundário”, porque “é preciso fazer um grande esforço para cativar estes jovens para as áreas tecnológicas”. Com efeito, as ofertas de emprego nestas áreas “têm vindo a aumentar de forma significativa e temos de dar resposta adequada a esta tendência do mercado”.

O conceito de competências digitais adotado na “Iniciativa Portugal INCoDe.2030” inclui, antes de mais, o processamento de informação, a comunicação e interação, e o desenvolvimento e produção de conteúdos digitais. Mas vai mais longe, porque está também ligado ao uso das tecnologias digitais na conceção de novas soluções para problemas muito diversificados, à integração de conhecimento interdisciplinar e análise de dados, à utilização intensiva de Inteligência Artificial, ao recurso a instrumentação avançada e a redes de comunicação e sistemas móveis, o que envolve também a aquisição de conhecimentos de eletrónica, automação e robótica.

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