Os deputados também vão a visitas de estudo

28-11-2015
marcar artigo

Da esquerda para a direita: Tiago Brandão Rodrigues, Porfírio Silva, Diogo Leão e Alexandre Quintanilha na varanda principal da Assembleia da República Um elemento das relações públicas mostra os promenores do hemicíclo a Quintanilha, enquanto os mais novos registam o momento nos seus smartphones Alexandre Quintanilha e António Sales, num momento de descontração… na bancada do PSD O ainda líder parlamentar explicou que o monitor também pode servir como instrumento de protesto no fim das votações de sexta-feira Ferro Rodrigues explica aos novos deputados de onde sai o monitor do computador e como se entra no sistema

Há 34 rostos (eleitos pelo Partido Socialista) a entrar, pela primeira vez, no Parlamento, enquanto deputados. Alexandre Quintanilha, físico de renome internacional, de 70 anos, tem lá ido todos os meses, para reuniões da Comissão Nacional para a Procriação Medicamente Assistida, mas nada como assumir o seu lugar no hemiciclo, onde nunca tinha entrado. “É mais pequeno e tinha a ideia que era mais inclinado”, diz, depois de passar os olhos pelas bancadas, a clarabóia ou a mesa da Presidência com uma curiosidade quase infantil.

O deputado mais velho da sessão legislativa que arranca na sexta feira não descansou até saciar a curiosidade. Perguntou a quem “pertencia” a mesa frente do púlpito [está reservada ao secretariado], subiu as escadas da bancada e até experimentou as cadeiras… da bancada do PSD. Uma gaffe que daria grandes notícias, daqui a uns tempos, mas que por ora não passa de um lapso – nada que não se aprenda se perceba, com a prática.

Não foi o único. Naquela primeira visita “de estudo”, pensada por António Costa e encabeçada pelo ainda líder parlamentar, Ferro Rodrigues, para pôr os seus “novatos” confortáveis no seu novo habitat, as dúvidas eram mais que muitas. “E de manhã, ao entrar, entro por onde?”, perguntava a ex-vereadora da Câmara de Lisboa, Graça Fonseca. “A Presidência do Conselho de Ministros também cá está?”, questionava Tiago Brandão Rodrigues, o investigador português que deixou Cambridge para encabeçar a lista do PS por Viana do Castelo.

A visita dos novos deputados decorreu em clima descontraído, depois de uma reunião com Ferro Rodrigues e mais uns poucos de veteranos (onde foi explicado aos debutantes o funcionamento geral da Assembleia) e de um almoço de confraternização onde também se falou da situação política do País. Não foram todos, mas foram muitos. Alguns tinham outros afazeres. Manuel Caldeira Cabral, por exemplo, cabeça de lista por Braga, teve “falta justificada” por ter sido chamado para uma “reunião económica” (decorriam ainda as negociações com a esquerda e a direita).

No plenário (o local mais fotografado pelos caloiros, não ele fosse património nacional), foi-lhes explicado onde se sentam os deputados de outras bancadas, os assessores do governo, os jornalistas. Ferro Rodrigues mostrou de onde saem os computadores, em que cada um entra com a sua palavra-passe para votar, e explicou a lógica dos lugares na bancada: “Há uns artistas que, para aparecerem na televisão, se sentam na segunda fila. Eu bem tentei, quando cheguei [à liderança parlamentar] que deixassem a segunda fila para a direção [da bancada], mas não consegui. Deve ser para mostrarem, lá em casa, que estão mesmo aqui…”

Palmilharam o palácio com Quintanilha de olhos postos (também) nos quadros. Percorreram a biblioteca, descobriram a sala do Senado, os Passos Perdidos, a escadaria principal, a cafetaria, os correios, o multibanco, o gabinete médico, as salas das comissões, os gabinetes dos deputados e assessores.

Ao chegar aos aposentos da direção, Maria José Ribeiro apontou para a sala à direita e diz “Aqui é o gabinete do Dr. Ferro Rodrigues”, mas Ferro não perdeu tempo a corrigi-la: “do líder parlamentar!”. Um prenúncio do que se viria a confirmar dias depois, no final da conferência de líderes de hoje, quarta feira: Ferro está, “há muito tempo”, segundo disse, disponível para se candidatar à Presidência da Assembleia da República. O presidente do PS, Carlos César, também estará interessado no lugar, mas essas são outras andanças, que merecerão discussão mais tarde. Para os debutados inscritos na visita guiada, esse não passava de um pormenor. Na sua cara, o que se denotava era desnorte.

Habituado, enquanto investigador, a encontrar soluções para problemas concretos, Tiago Brandão Rodrigues ainda sugeriu a criação de uma app que os guiasse dentro do palácio de São Bento. Mas Ferro descansou-os a todos: “Antes de perceberem tudo, vão ter de se perder pelo menos três vezes. Só houve um deputado que se perdeu e nunca foi encontrado. Mas foi só uma vez”, gracejou.

Sexta feira, às 10 da manhã, lá estarão os 34 debutantes, a entrar no hemiciclo, e a partilhar uma bancada para todos os gostos, onde, entre 86, cabem históricos socialistas (como António Costa, Ferro Rodrigues, Carlos César, Capoulas Santos, Jorge Lacão, Edite Estrela, João Soares, Alberto Martins ou Eduardo Cabrita), ex-autarcas (José Manuel Carpinteira, Maria da Luz Rosinha ou Joaquim Raposo), presidentes de estruturas distritais (Joaquim Barreto, Hortense Martins, José Miguel Medeiros, Luís Testa ou António Gameiro), fiéis seguristas e membros do Secretariado Nacional de António Costa. Um grupo heterogéneo que, a prazo, deverá ser dirigido por um líder parlamentar também renovado: Pedro Nuno Santos ou Ana Catarina Mendes, duas caras da nova geração socialista, são os dois nomes que têm corrido com maior insistência.

A renovação socialista vem de todo o País

Aqui fica a lista daqueles que, por distrito, se estreiam nas lides parlamentares. Se tiver curiosidade, poderá ver as suas caras e breves notas curriculares em www.parlamento.pt

Dos Açores: Lara Martinho e João Castro

De Aveiro: Fernando Rocha Andrade e Porfírio Silva

De Braga: Manuel Caldeira Cabral, Joaquim Barreto, Domingos Pereira, Maria Augusta Santos e Luís Soares

De Bragança: Jorge Gomes

De Castelo Branco: Eurico Brilhante Dias

De Coimbra: Helena Freitas e Pedro Coimbra

De Faro: António Eusébio e Luís Graça

De Leiria: António Lacerda Sales

De Lisboa: Mário Centeno, Graça Fonseca e Diogo Leão

Da Madeira: Carlos Pereira e Luís Vilhena

De Portalegre: Luís Testa

Do Porto: Alexandre Quintanilha, João Torres, Tiago Barbosa Ribeiro e Pedro Bacelar de Vasconcelos

De Setúbal: Paulo Trigo Pereira e Ricardo Mourinho

De Viana do Castelo. Tiago Brandão Rodrigues e José Manuel Carpinteira

De Vila Real: Francisco Rocha

E de Viseu: Maria Manuel Leitão Marques, Amtónio Leitão Borges e João Paulo Loureiro Rebelo

Da esquerda para a direita: Tiago Brandão Rodrigues, Porfírio Silva, Diogo Leão e Alexandre Quintanilha na varanda principal da Assembleia da República Um elemento das relações públicas mostra os promenores do hemicíclo a Quintanilha, enquanto os mais novos registam o momento nos seus smartphones Alexandre Quintanilha e António Sales, num momento de descontração… na bancada do PSD O ainda líder parlamentar explicou que o monitor também pode servir como instrumento de protesto no fim das votações de sexta-feira Ferro Rodrigues explica aos novos deputados de onde sai o monitor do computador e como se entra no sistema

Há 34 rostos (eleitos pelo Partido Socialista) a entrar, pela primeira vez, no Parlamento, enquanto deputados. Alexandre Quintanilha, físico de renome internacional, de 70 anos, tem lá ido todos os meses, para reuniões da Comissão Nacional para a Procriação Medicamente Assistida, mas nada como assumir o seu lugar no hemiciclo, onde nunca tinha entrado. “É mais pequeno e tinha a ideia que era mais inclinado”, diz, depois de passar os olhos pelas bancadas, a clarabóia ou a mesa da Presidência com uma curiosidade quase infantil.

O deputado mais velho da sessão legislativa que arranca na sexta feira não descansou até saciar a curiosidade. Perguntou a quem “pertencia” a mesa frente do púlpito [está reservada ao secretariado], subiu as escadas da bancada e até experimentou as cadeiras… da bancada do PSD. Uma gaffe que daria grandes notícias, daqui a uns tempos, mas que por ora não passa de um lapso – nada que não se aprenda se perceba, com a prática.

Não foi o único. Naquela primeira visita “de estudo”, pensada por António Costa e encabeçada pelo ainda líder parlamentar, Ferro Rodrigues, para pôr os seus “novatos” confortáveis no seu novo habitat, as dúvidas eram mais que muitas. “E de manhã, ao entrar, entro por onde?”, perguntava a ex-vereadora da Câmara de Lisboa, Graça Fonseca. “A Presidência do Conselho de Ministros também cá está?”, questionava Tiago Brandão Rodrigues, o investigador português que deixou Cambridge para encabeçar a lista do PS por Viana do Castelo.

A visita dos novos deputados decorreu em clima descontraído, depois de uma reunião com Ferro Rodrigues e mais uns poucos de veteranos (onde foi explicado aos debutantes o funcionamento geral da Assembleia) e de um almoço de confraternização onde também se falou da situação política do País. Não foram todos, mas foram muitos. Alguns tinham outros afazeres. Manuel Caldeira Cabral, por exemplo, cabeça de lista por Braga, teve “falta justificada” por ter sido chamado para uma “reunião económica” (decorriam ainda as negociações com a esquerda e a direita).

No plenário (o local mais fotografado pelos caloiros, não ele fosse património nacional), foi-lhes explicado onde se sentam os deputados de outras bancadas, os assessores do governo, os jornalistas. Ferro Rodrigues mostrou de onde saem os computadores, em que cada um entra com a sua palavra-passe para votar, e explicou a lógica dos lugares na bancada: “Há uns artistas que, para aparecerem na televisão, se sentam na segunda fila. Eu bem tentei, quando cheguei [à liderança parlamentar] que deixassem a segunda fila para a direção [da bancada], mas não consegui. Deve ser para mostrarem, lá em casa, que estão mesmo aqui…”

Palmilharam o palácio com Quintanilha de olhos postos (também) nos quadros. Percorreram a biblioteca, descobriram a sala do Senado, os Passos Perdidos, a escadaria principal, a cafetaria, os correios, o multibanco, o gabinete médico, as salas das comissões, os gabinetes dos deputados e assessores.

Ao chegar aos aposentos da direção, Maria José Ribeiro apontou para a sala à direita e diz “Aqui é o gabinete do Dr. Ferro Rodrigues”, mas Ferro não perdeu tempo a corrigi-la: “do líder parlamentar!”. Um prenúncio do que se viria a confirmar dias depois, no final da conferência de líderes de hoje, quarta feira: Ferro está, “há muito tempo”, segundo disse, disponível para se candidatar à Presidência da Assembleia da República. O presidente do PS, Carlos César, também estará interessado no lugar, mas essas são outras andanças, que merecerão discussão mais tarde. Para os debutados inscritos na visita guiada, esse não passava de um pormenor. Na sua cara, o que se denotava era desnorte.

Habituado, enquanto investigador, a encontrar soluções para problemas concretos, Tiago Brandão Rodrigues ainda sugeriu a criação de uma app que os guiasse dentro do palácio de São Bento. Mas Ferro descansou-os a todos: “Antes de perceberem tudo, vão ter de se perder pelo menos três vezes. Só houve um deputado que se perdeu e nunca foi encontrado. Mas foi só uma vez”, gracejou.

Sexta feira, às 10 da manhã, lá estarão os 34 debutantes, a entrar no hemiciclo, e a partilhar uma bancada para todos os gostos, onde, entre 86, cabem históricos socialistas (como António Costa, Ferro Rodrigues, Carlos César, Capoulas Santos, Jorge Lacão, Edite Estrela, João Soares, Alberto Martins ou Eduardo Cabrita), ex-autarcas (José Manuel Carpinteira, Maria da Luz Rosinha ou Joaquim Raposo), presidentes de estruturas distritais (Joaquim Barreto, Hortense Martins, José Miguel Medeiros, Luís Testa ou António Gameiro), fiéis seguristas e membros do Secretariado Nacional de António Costa. Um grupo heterogéneo que, a prazo, deverá ser dirigido por um líder parlamentar também renovado: Pedro Nuno Santos ou Ana Catarina Mendes, duas caras da nova geração socialista, são os dois nomes que têm corrido com maior insistência.

A renovação socialista vem de todo o País

Aqui fica a lista daqueles que, por distrito, se estreiam nas lides parlamentares. Se tiver curiosidade, poderá ver as suas caras e breves notas curriculares em www.parlamento.pt

Dos Açores: Lara Martinho e João Castro

De Aveiro: Fernando Rocha Andrade e Porfírio Silva

De Braga: Manuel Caldeira Cabral, Joaquim Barreto, Domingos Pereira, Maria Augusta Santos e Luís Soares

De Bragança: Jorge Gomes

De Castelo Branco: Eurico Brilhante Dias

De Coimbra: Helena Freitas e Pedro Coimbra

De Faro: António Eusébio e Luís Graça

De Leiria: António Lacerda Sales

De Lisboa: Mário Centeno, Graça Fonseca e Diogo Leão

Da Madeira: Carlos Pereira e Luís Vilhena

De Portalegre: Luís Testa

Do Porto: Alexandre Quintanilha, João Torres, Tiago Barbosa Ribeiro e Pedro Bacelar de Vasconcelos

De Setúbal: Paulo Trigo Pereira e Ricardo Mourinho

De Viana do Castelo. Tiago Brandão Rodrigues e José Manuel Carpinteira

De Vila Real: Francisco Rocha

E de Viseu: Maria Manuel Leitão Marques, Amtónio Leitão Borges e João Paulo Loureiro Rebelo

marcar artigo