Aumento de alunos nas instituições do Interior foi residual

10-09-2018
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A redução de 5% de vagas em Lisboa e no Porto não foi suficiente para um aumento equivalente nas instituições do Interior do país. Divulgados os resultados do acesso ao Ensino Superior, há um aumento residual de 0,7% de estudantes colocados nas zonas de maior pressão demográfica do país. Os números são ligeiramente mais altos quando se vê quantos estudantes preferiram as instituições destas zonas como 1.ª opção: mais 1,2% de candidatos do que no concurso de 2017.

O facto do Interior não ter absorvido os 5% de vagas que se perderam nas instituições de Lisboa e Porto era previsível. Embora o espírito da medida seja levar mais alunos para as regiões de menor pressão demográfica, não foram apenas essas a poder aumentar as vagas. As universidades e politécnicos do Litoral também puderam aproveitar a redução de Lisboa e Porto, o que canibaliza o potencial crescimento no Interior.

Aliás, esse tinha sido o aviso feito por Pedro Dominguinhos, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), na altura em que a medida avançou. Para o Interior crescer, o Litoral não poderia aumentar as vagas.

À posição intermédia chegou-se com muitas cedências. Quando o ministro anunciou a intenção de reduzir vagas em Lisboa e no Porto foi bombardeado com críticas, quer de reitores das duas cidades, quer da oposição política no Parlamento. Na capital e na Invicta, que tradicionalmente representam mais de 40% das vagas nacionais, a notícia foi muito mal recebida. Em contrapartida, no Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos pedia-se a Manuel Heitor que fosse mais além e que não permitisse às instituições do Litoral aproveitarem os 5% perdidos nas duas metrópoles.

Ao Observador, o ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, disse então ter a convicção de que é possível cortar vagas também no Litoral numa próxima fase para conseguir aumentar o fluxo de alunos para o Interior: “É possível cortar vagas no Litoral? Possível é. Se se avança para isso ou não, é preciso estudar primeiro. Não pode haver mudanças radicais e as alterações nas vagas do concurso ao Ensino Superior têm de ser resultado de um diálogo com as instituições. Este ano ficámos numa posição intermédia. Mas a minha sensibilidade é que poderemos avançar. Para já, é preciso serenidade e monitorizar os resultados.”

Conhecidas as colocações, os números são claros. O aumento de estudantes colocados no Interior aconteceu, mas o valor de 0,7% é residual. Mais significativo é o crescimento de quem procura as instituições daquelas zonas do país como primeira escolha, embora o aumento de 1,2% esteja longe do que seria desejável para acabar com disparidades regionais.

Os dados divulgados pelo Ministério do Ensino Superior mostram que foi sobretudo em Tomar, Portalegre, Bragança, Beja, Santarém, Castelo Branco, Setúbal, Vila Real e Guarda que houve um maior aumento de alunos colocados em 1.ª opção. Para a tutela, estes valores “indiciam uma maior perceção da alternativa de qualidade que estas instituições de ensino [do Interior] podem representar”.

Feitas as contas, a universidade que mais viu aumentar o número de alunos colocados foi a de Trás-os-Montes (mais 82 estudantes), seguindo-se o Instituto Politécnico de Bragança (63) e a Universidade do Minho (59). As que mais perderam foram as instituições obrigadas a reduzir em 5% as suas vagas: a Universidade de Lisboa perde 382 e a do Porto perde 215.

Mas há outras quedas nas duas cidades. Houve um decréscimo de 3033 alunos entre os que escolheram instituições do ensino superior de Lisboa e do Porto como primeira opção. A tutela associa esta diminuição “à redução de 3072 candidatos à 1.ª fase do concurso nacional de acesso”.

Números gerais, a redução de alunos colocados em instituições de Lisboa e Porto foi de 1,3% quando comparado com o concurso de 2017.

Concluída a 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior, ficaram colocados 43.992 alunos, o que corresponde a uma taxa de sucesso na colocação de 89,1%. Entre os alunos que conseguiram lugar nos estabelecimentos do Ensino Superior, mais de metade (54,7%) foram admitidos na sua primeira opção. Este ano, sobraram 7.290 vagas para a 2.ª fase do concurso de acesso ao Ensino Superior.

Os resultados estão disponíveis no site da Direção Geral do Ensino Superior, podendo também ser consultados através da aplicação ES Acesso.

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A redução de 5% de vagas em Lisboa e no Porto não foi suficiente para um aumento equivalente nas instituições do Interior do país. Divulgados os resultados do acesso ao Ensino Superior, há um aumento residual de 0,7% de estudantes colocados nas zonas de maior pressão demográfica do país. Os números são ligeiramente mais altos quando se vê quantos estudantes preferiram as instituições destas zonas como 1.ª opção: mais 1,2% de candidatos do que no concurso de 2017.

O facto do Interior não ter absorvido os 5% de vagas que se perderam nas instituições de Lisboa e Porto era previsível. Embora o espírito da medida seja levar mais alunos para as regiões de menor pressão demográfica, não foram apenas essas a poder aumentar as vagas. As universidades e politécnicos do Litoral também puderam aproveitar a redução de Lisboa e Porto, o que canibaliza o potencial crescimento no Interior.

Aliás, esse tinha sido o aviso feito por Pedro Dominguinhos, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), na altura em que a medida avançou. Para o Interior crescer, o Litoral não poderia aumentar as vagas.

À posição intermédia chegou-se com muitas cedências. Quando o ministro anunciou a intenção de reduzir vagas em Lisboa e no Porto foi bombardeado com críticas, quer de reitores das duas cidades, quer da oposição política no Parlamento. Na capital e na Invicta, que tradicionalmente representam mais de 40% das vagas nacionais, a notícia foi muito mal recebida. Em contrapartida, no Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos pedia-se a Manuel Heitor que fosse mais além e que não permitisse às instituições do Litoral aproveitarem os 5% perdidos nas duas metrópoles.

Ao Observador, o ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, disse então ter a convicção de que é possível cortar vagas também no Litoral numa próxima fase para conseguir aumentar o fluxo de alunos para o Interior: “É possível cortar vagas no Litoral? Possível é. Se se avança para isso ou não, é preciso estudar primeiro. Não pode haver mudanças radicais e as alterações nas vagas do concurso ao Ensino Superior têm de ser resultado de um diálogo com as instituições. Este ano ficámos numa posição intermédia. Mas a minha sensibilidade é que poderemos avançar. Para já, é preciso serenidade e monitorizar os resultados.”

Conhecidas as colocações, os números são claros. O aumento de estudantes colocados no Interior aconteceu, mas o valor de 0,7% é residual. Mais significativo é o crescimento de quem procura as instituições daquelas zonas do país como primeira escolha, embora o aumento de 1,2% esteja longe do que seria desejável para acabar com disparidades regionais.

Os dados divulgados pelo Ministério do Ensino Superior mostram que foi sobretudo em Tomar, Portalegre, Bragança, Beja, Santarém, Castelo Branco, Setúbal, Vila Real e Guarda que houve um maior aumento de alunos colocados em 1.ª opção. Para a tutela, estes valores “indiciam uma maior perceção da alternativa de qualidade que estas instituições de ensino [do Interior] podem representar”.

Feitas as contas, a universidade que mais viu aumentar o número de alunos colocados foi a de Trás-os-Montes (mais 82 estudantes), seguindo-se o Instituto Politécnico de Bragança (63) e a Universidade do Minho (59). As que mais perderam foram as instituições obrigadas a reduzir em 5% as suas vagas: a Universidade de Lisboa perde 382 e a do Porto perde 215.

Mas há outras quedas nas duas cidades. Houve um decréscimo de 3033 alunos entre os que escolheram instituições do ensino superior de Lisboa e do Porto como primeira opção. A tutela associa esta diminuição “à redução de 3072 candidatos à 1.ª fase do concurso nacional de acesso”.

Números gerais, a redução de alunos colocados em instituições de Lisboa e Porto foi de 1,3% quando comparado com o concurso de 2017.

Concluída a 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior, ficaram colocados 43.992 alunos, o que corresponde a uma taxa de sucesso na colocação de 89,1%. Entre os alunos que conseguiram lugar nos estabelecimentos do Ensino Superior, mais de metade (54,7%) foram admitidos na sua primeira opção. Este ano, sobraram 7.290 vagas para a 2.ª fase do concurso de acesso ao Ensino Superior.

Os resultados estão disponíveis no site da Direção Geral do Ensino Superior, podendo também ser consultados através da aplicação ES Acesso.

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