Feira do Livro. Ministra da Cultura anuncia medidas de apoio ao sector

07-07-2019
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A 89.ª edição da Feira do Livro de Lisboa abriu hoje, no Parque Eduardo VII, com um número recorde de 328 pavilhões, mais 32 do que no ano passado, e contando com 25 novos participantes, a organização decidiu criar um espaço próprio para os reunir. Perto da entrada sul, junto à Praça Marquês de Pombal, do lado esquerdo, uma nova área acolhe livrarias, editoras, museus e outras instituições, como a Ler Devagar, Fundação EDP/MAAT, Stolen Books e Museu Coleção Berardo.

Co-organizada pela APEL e pela Câmara de Lisboa, um dos aspectos centrais desta edição é a defesa da sustentabilidade e a preservação do ambiente. Para isso, foi estabelecida uma parceira com a Navigator Company, que vai distribuir 60 mil sacos de papel, com o intuito de promovê-los como suporte natural, renovável, reciclável e biodegradável. Haverá também um parque para estacionar bicicletas, para quem decidir utilizar transportes amigos do ambiente em vez de trazer o carro para aquela zona já congestionada da cidade. Merece destaque ainda a utilização de utensílios biodegradáveis na zona da restauração – uma área com 42 opções, mais oito do que em 2018, e que vão das doces farturas à comida saudável – e a substituição dos mil metros de alcatifa, normamente utilizada, por um piso feito a partir de 180 pneus, com menos impacto ambiental.

Na cerimónia de abertura, esta tarde, a ministra da Cultura congratulou-se pelo facto de, ao fim de quase 90 anos, a Feira do Livro de Lisboa ter provado com esta edição que tem conseguido adaptar-se às transformações e aos novos hábitos de leitura. Graça Fonseca aproveitou ainda a cerimónia para anunciar algumas políticas públicas que o governo pensa adoptar de forma a impulsionar a edição de autores portugueses e o sector livreiro. Eis o discurso na íntegra:

É com grande prazer que regresso à Feira do Livro de Lisboa, este momento-chave da cidade e um dos mais relevantes acontecimentos do Livro e da Leitura realizados em Portugal.

Regresso sempre enquanto leitora e lisboeta, mas permitam-me que realce o quão especial que é para mim, regressar, hoje, no exercício destas funções governativas na área da Cultura, depois de, em 2017 e noutras funções, termos apresentado aqui na Feira do Livro o Orçamento Participativo Portugal. Nesta iniciativa pioneira, é sempre importante referir que os projetos de âmbito cultural foram os que reuniram o maior número de propostas validadas, algumas na área do livro, como a plataforma Livrar.

A Feira do Livro de Lisboa é também isto, um espaço em redor do qual a cidade, os que nela moram e os que, por esta altura, a visitam constroem as suas memórias a partir dos livros que aqui compram, dos autores que aqui conhecem, das leituras que aqui ouvem.

Memórias pessoais, como as que tenho de aqui vir com os meus pais, quando a Feira estreava este cenário emblemático do Parque Eduardo VII. Mas também uma imagem inapagável de Lisboa e da história que a cidade e a Feira partilham, desde que em 1930 a Semana do Livro teve a sua primeira edição na Praça D. Pedro V.

A Feira do Livro é, por isto, guardiã de uma memória única de Lisboa. E um exemplo de persistência e continuidade, mesmo nas mais complexas e exigentes circunstâncias, mesmo nos momentos de maior convulsão. Ao longo de quase 90 anos de história, houve sempre Feira do Livro de Lisboa.

Um pouco como a leitura, que se constrói como memória comunicável, mas também como um gesto de persistência e resistência, de quem, contra todas as circunstâncias, contra todos os ruídos do mundo, pega num livro e o lê. A leitura é uma forma participativa de cidadania. Na íntima solidão da leitura nada se fecha, é o mundo e toda a sua diversidade que se oferecem aos olhos do leitor.

Por isso, para o Governo e, em especial, para a área da Cultura, as políticas públicas na área do livro, da leitura e da tradução têm uma centralidade inquestionável.

Não se trata apenas de uma afirmação de circunstância. Ao longo do mandato implementámos e continuamos a implementar um conjunto de medidas com impacto nas diversas áreas desse trabalho em rede que é o livro, construído numa parceria entre autores, editores, livreiros e leitores. São exemplo disso os programas de Apoio à Criação e Edição, seja através das Bolsas de Criação Literária - reativadas por este Governo em 2017, depois de quinze anos de interrupção - seja através dos diversos prémios literários e de design por nós implementados ou apoiados.

Assim, com o objetivo de preservar, enriquecer e difundir o património bibliográfico português, fomenta-se a publicação de obras que contribuam para a diversificação da oferta cultural na área do livro.

Estas medidas devem ser acompanhadas de uma estratégia concertada e integrada de promoção internacional da literatura em língua portuguesa e, assim, da nossa cultura. Um aspeto fundamental desta estratégia é o programa de apoio à tradução de autores portugueses, destinado a todos os editores que publiquem em línguas estrangeiras obras de autores portugueses.

Com um mesmo objetivo e procurando estimular a tradução em países estrangeiros de autores de língua portuguesa, o Ministério da Cultura vai estabelecer um protocolo tripartido com o Instituto Camões e a Imprensa Nacional da Casa da Moeda, que permitirá a conceção, edição, publicação e divulgação do catálogo que servirá como uma mostra de literatura em língua portuguesa.

Este Catálogo consiste num livro, físico e digital, de publicação anual, composto por excertos traduzidos em inglês, espanhol e francês de obras de autores de língua portuguesa, para promoção e divulgação internacional do nosso património bibliográfico.

Queria terminar dando os meus parabéns às diversas entidades, públicas e privadas, que tornam possível esta Feira do Livro, em especial, à Câmara Municipal de Lisboa e à Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.

A Feira tem-se conseguido atualizar, sem nunca deixar de ser aquilo sempre deverá ser, um lugar privilegiado do livro e um espaço que se quer, como muitas das iniciativas deste ano nos recordam, sustentável e acessível, em especial, a todos os leitores, mas também a todos os editores e livreiros, independentemente da dimensão e do poder económico. A Feira, como o livro, é um espaço para todos.

A 89.ª edição da Feira do Livro de Lisboa abriu hoje, no Parque Eduardo VII, com um número recorde de 328 pavilhões, mais 32 do que no ano passado, e contando com 25 novos participantes, a organização decidiu criar um espaço próprio para os reunir. Perto da entrada sul, junto à Praça Marquês de Pombal, do lado esquerdo, uma nova área acolhe livrarias, editoras, museus e outras instituições, como a Ler Devagar, Fundação EDP/MAAT, Stolen Books e Museu Coleção Berardo.

Co-organizada pela APEL e pela Câmara de Lisboa, um dos aspectos centrais desta edição é a defesa da sustentabilidade e a preservação do ambiente. Para isso, foi estabelecida uma parceira com a Navigator Company, que vai distribuir 60 mil sacos de papel, com o intuito de promovê-los como suporte natural, renovável, reciclável e biodegradável. Haverá também um parque para estacionar bicicletas, para quem decidir utilizar transportes amigos do ambiente em vez de trazer o carro para aquela zona já congestionada da cidade. Merece destaque ainda a utilização de utensílios biodegradáveis na zona da restauração – uma área com 42 opções, mais oito do que em 2018, e que vão das doces farturas à comida saudável – e a substituição dos mil metros de alcatifa, normamente utilizada, por um piso feito a partir de 180 pneus, com menos impacto ambiental.

Na cerimónia de abertura, esta tarde, a ministra da Cultura congratulou-se pelo facto de, ao fim de quase 90 anos, a Feira do Livro de Lisboa ter provado com esta edição que tem conseguido adaptar-se às transformações e aos novos hábitos de leitura. Graça Fonseca aproveitou ainda a cerimónia para anunciar algumas políticas públicas que o governo pensa adoptar de forma a impulsionar a edição de autores portugueses e o sector livreiro. Eis o discurso na íntegra:

É com grande prazer que regresso à Feira do Livro de Lisboa, este momento-chave da cidade e um dos mais relevantes acontecimentos do Livro e da Leitura realizados em Portugal.

Regresso sempre enquanto leitora e lisboeta, mas permitam-me que realce o quão especial que é para mim, regressar, hoje, no exercício destas funções governativas na área da Cultura, depois de, em 2017 e noutras funções, termos apresentado aqui na Feira do Livro o Orçamento Participativo Portugal. Nesta iniciativa pioneira, é sempre importante referir que os projetos de âmbito cultural foram os que reuniram o maior número de propostas validadas, algumas na área do livro, como a plataforma Livrar.

A Feira do Livro de Lisboa é também isto, um espaço em redor do qual a cidade, os que nela moram e os que, por esta altura, a visitam constroem as suas memórias a partir dos livros que aqui compram, dos autores que aqui conhecem, das leituras que aqui ouvem.

Memórias pessoais, como as que tenho de aqui vir com os meus pais, quando a Feira estreava este cenário emblemático do Parque Eduardo VII. Mas também uma imagem inapagável de Lisboa e da história que a cidade e a Feira partilham, desde que em 1930 a Semana do Livro teve a sua primeira edição na Praça D. Pedro V.

A Feira do Livro é, por isto, guardiã de uma memória única de Lisboa. E um exemplo de persistência e continuidade, mesmo nas mais complexas e exigentes circunstâncias, mesmo nos momentos de maior convulsão. Ao longo de quase 90 anos de história, houve sempre Feira do Livro de Lisboa.

Um pouco como a leitura, que se constrói como memória comunicável, mas também como um gesto de persistência e resistência, de quem, contra todas as circunstâncias, contra todos os ruídos do mundo, pega num livro e o lê. A leitura é uma forma participativa de cidadania. Na íntima solidão da leitura nada se fecha, é o mundo e toda a sua diversidade que se oferecem aos olhos do leitor.

Por isso, para o Governo e, em especial, para a área da Cultura, as políticas públicas na área do livro, da leitura e da tradução têm uma centralidade inquestionável.

Não se trata apenas de uma afirmação de circunstância. Ao longo do mandato implementámos e continuamos a implementar um conjunto de medidas com impacto nas diversas áreas desse trabalho em rede que é o livro, construído numa parceria entre autores, editores, livreiros e leitores. São exemplo disso os programas de Apoio à Criação e Edição, seja através das Bolsas de Criação Literária - reativadas por este Governo em 2017, depois de quinze anos de interrupção - seja através dos diversos prémios literários e de design por nós implementados ou apoiados.

Assim, com o objetivo de preservar, enriquecer e difundir o património bibliográfico português, fomenta-se a publicação de obras que contribuam para a diversificação da oferta cultural na área do livro.

Estas medidas devem ser acompanhadas de uma estratégia concertada e integrada de promoção internacional da literatura em língua portuguesa e, assim, da nossa cultura. Um aspeto fundamental desta estratégia é o programa de apoio à tradução de autores portugueses, destinado a todos os editores que publiquem em línguas estrangeiras obras de autores portugueses.

Com um mesmo objetivo e procurando estimular a tradução em países estrangeiros de autores de língua portuguesa, o Ministério da Cultura vai estabelecer um protocolo tripartido com o Instituto Camões e a Imprensa Nacional da Casa da Moeda, que permitirá a conceção, edição, publicação e divulgação do catálogo que servirá como uma mostra de literatura em língua portuguesa.

Este Catálogo consiste num livro, físico e digital, de publicação anual, composto por excertos traduzidos em inglês, espanhol e francês de obras de autores de língua portuguesa, para promoção e divulgação internacional do nosso património bibliográfico.

Queria terminar dando os meus parabéns às diversas entidades, públicas e privadas, que tornam possível esta Feira do Livro, em especial, à Câmara Municipal de Lisboa e à Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.

A Feira tem-se conseguido atualizar, sem nunca deixar de ser aquilo sempre deverá ser, um lugar privilegiado do livro e um espaço que se quer, como muitas das iniciativas deste ano nos recordam, sustentável e acessível, em especial, a todos os leitores, mas também a todos os editores e livreiros, independentemente da dimensão e do poder económico. A Feira, como o livro, é um espaço para todos.

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