O ano de A a Z. Como chegámos aqui

15-01-2019
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A

Alcochete O ano não correu de feição ao Sporting, que em maio viveu um dos momentos mais negros da sua história. No dia 15 desse mês, cerca de 50 adeptos do Sporting invadiram a Academia de Alcochete e agrediram jogadores e equipa técnica durante um treino. O número de detidos foi aumentando e, em meados de novembro, Bruno de Carvalho, ex-presidente do clube, e Nuno Mendes, mais conhecido por Mustafá - líder da claque Juve Leo - foram mesmo detidos. Mas uma semana depois o Tribunal do Barreiro decidiu que podiam aguardar julgamento em liberdade. Segundo a acusação do Ministério Público (MP), Bruno de Carvalho terá tido conhecimento do “plano delineado”, sendo ainda suspeito de ter incentivado os agressores à prática dos “crimes de ameaça, ofensa à integridade física e sequestro” da equipa, ao lado de Mustafá e de Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos. O caso conta com 44 arguidos, acusados de 4441 crimes.

B

Brasil A vitória do capitão na reserva Jair Messias Bolsonaro foi a grande surpresa do ano no Brasil. Bolsonaro, que foi vítima de esfaqueamento durante a campanha, derrotou o candidato do PT, Fernando Haddad, na segunda volta. O presidente eleito toma posse já amanhã e garante que o Brasil não será o mesmo no final do seu mandato.

C

Coletes AmarelosHá 18 meses no Palácio do Eliseu, Emmanuel Macron viu as ruas e estradas francesas serem palco da maior contestação desde o Maio de 68, quando o antigo presidente Charles De Gaulle teve de fugir do mesmo palácio de helicóptero. O movimento dos coletes amarelos começou por protestar contra o aumento dos impostos nos combustíveis, mas rapidamente as suas reivindicações se alargaram, exigindo o aumento do salário mínimo e o acolhimento de refugiados. Macron prometeu aumentar o salário mínimo em 100 euros e a força dos protestos diminuiu. No entanto, a frustração contra a presidência mantém-se na sociedade francesa e a popularidade do chefe de Estado atingiu mínimos históricos - 20%.

D

Donald Trump A cimeira com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em Singapura, não produziu o avanço para a desnuclearização que Trump esperava. Os republicanos perderam a Câmara dos Representantes nas eleições intercalares e vários membros da administração, entre os quais o secretário de Defesa, Jim Mattis, demitiram-se. A investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a intereferência da Rússia nas eleições de 2016 aproximou-se cada vez mais do chefe de Estado.

E

E-toupeira Outro processo que abalou o futebol português este ano. Mas desta vez foi o Benfica que tremeu. Segundo a acusação do Ministério Público, Paulo Gonçalves, antigo assessor jurídico do clube, terá oferecido a dois oficiais de justiça bilhetes e camisolas do Benfica, em troca de informações sobre processos que se encontravam em segredo de justiça e que envolviam o Benfica e os seus adversários. Foram constituídos quatro arguidos: Paulo Gonçalves, a SAD do Benfica e dois oficiais de justiça. Contudo, a juíza Ana Peres - responsável pela fase de instrução - decidiu ilibar a SAD benfiquista de todos os crimes que lhe eram imputados. Apenas Paulo Gonçalves e um funcionário judicial vão seguir para julgamento, acusados pelos crimes de corrupção, violação de segredo de justiça, acesso indevido e peculato.

F

Fogos Depois das tragédias vividas no ano passado, 2018 ficou marcado pelo incêndio que deflagrou em Monchique, em agosto, e que lavrou durante uma semana. As chamas provocaram 42 feridos e destruíram 27 mil hectares, tornando-se no maior incêndio sem registo de vítimas mortais em toda a Europa. Assim, Portugal passou a ocupar o topo da lista europeia relativamente ao total de área ardida, superando o Reino Unido (17 682 hectares), Suécia (21 448 hectares) e Grécia (9681 hectares), que este ano também enfrentaram fogos violentos.

G

Greves Uma das palavras do ano. Em Portugal, contam-se as greves na saúde, na educação, na justiça, nos transportes, na polícia, sem esquecer os estivadores, as repartições de Finanças e os Bombeiros Voluntários. Os enfermeiros conseguiram adiar cirurgias para reivindicar as decisões do Governo sobre a progressão na carreira. Os professores saíram à rua e pediram que fosse contado todo o tempo de serviço durante os anos de congelamento. Já os Bombeiros Voluntários deixaram de comunicar com a Proteção Civil e os juízes não compareceram nos tribunais para exigir a revisão dos estatutos. O próximo ano promete ser também de greve, já que muitas das reivindicações ainda não foram satisfeitas.

H

Helicóptero Na reta final de 2018, um helicóptero do INEM colide com uma antena de rádio em Valongo e faz quatro vítimas mortais. A antena estaria sinalizada devidamente? Os meios de socorro foram eficientes? A aeronave caiu às 18h40 do dia 15 de dezembro e os meios demoraram cerca de sete horas a encontrar os destroços que ficaram espalhados pela Serra de Santa Justa. São questões que não ficaram arrumadas este ano e vão, certamente, saltar para 2019, já que o relatório final da ANPC ainda não foi divulgado.

I

Irregularidades O Parlamento viveu um ano de 2018 difícil com polémicas sobre o registo de moradas de deputados ou do pagamento de ajudas de custos para os deputados eleitos pela Madeira e os Açores. A situação levou o presidente do Parlamento a criar um grupo de trabalho para rever as regras de subsídios. Alguns casos estão a ser avaliados pelo Ministério Público, tal como o do registo de presenças do deputado do PSD José Silvano.

J

Joana Marques Vidal O ano de 2018 começou com um aviso da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, à então Procuradora-Geral da República (PGR), Joana Marques Vidal: “A Constituição prevê um mandato longo e único. Historicamente é a ideia subjacente ao mandato”. Depois de meses de especulação, a confirmação da saída da mulher que mudou o Ministério Público chegou. Em setembro, o primeiro-ministro confirmava que Lucília Gago, atual PGR, tinha sido a sua primeira escolha. O Presidente da República também decidiu manifestar a sua posição quanto aos mandatos dos PGR. Disse que “sempre defendeu a limitação de mandatos, em homenagem à vitalidade da democracia, à afirmação da credibilidade das instituições e à renovação de pessoas e estilos, ao serviço dos mesmos valores e princípios”. Lucília Gago tem sido discreta, mas já causou polémica: ameaçou demitir-se caso a alegada intenção do PS e do PSD de alterar a composição do Conselho Superior do Ministério Público fosse para a frente.

K

Khashoggi

Em outubro, o jornalista saudita Jamal Khashoggi, entrou na embaixada da Arábia Saudita na Turquia para tratar de documentos para o seu casamento e já não saiu vivo. Crítico assumido do regime, Khashoggi foi assassinado no edifício da embaixada e o seu corpo foi desmembrado. Este foi, aliás, um ano negro para os jornalistas: o número de profissionais mortos em todo o mundo - 34 - quase duplicou em relação ao ano passado.

L

Leslie Um ano depois dos incêndios de outubro,a natureza voltou a fazer estragos, desta vez com o furacão Leslie. Treze distritos em alerta amarelo para um furacão imprevisível que, no final, deixou 61 pessoas desalojadas e mais de 300 mil sem eletricidade. Figueira da Foz e Soure, no distrito de Coimbra, foram as zonas mais afetadas.

M

Mapplethorpe Num ano em que a Cultura tinha já estado no centro da atenção mediática com a polémica em torno dos concursos dos apoios à produção artística da DGArtes, também a aguardadíssima exposição que o Museu de Serralves dedicou a Robert Mapplethorpe deu que falar - pelas piores razões. Em setembro, logo após a inauguração de “Robert Mapplethorpe: Pictures” (que é possível visitar por mais uns dias, até 6 de janeiro) o curador da exposição, João Ribas, demitiu-se do cargo de diretor artístico do museu, que assumira em fevereiro. Tudo por alegadas interferências da administração, presidida por Ana Pinho, no conteúdo da mostra que, remontada várias vezes, acabaria por ser inaugurada sem a totalidade das fotografias encomendadas - e com parte do material exposto numa sala com entrada reservada a maiores de 18 anos.

N

Natalidade António Costa apontou a demografia como um dos grandes desafios do país. Este ano nasceram mais cem bebés por mês do que em 2017. Ainda assim, um crescimento de pouco mais de mil bebés. Guarda, Viana do Castelo, Santarém e Portalegre foram os distritos que registaram um aumento mais significativo, enquanto em Bragança e em Évora se verificou uma diminuição dos nascimentos. E porque falamos de natalidade: João voltou ao pódio dos nomes mais populares.

O

Orçamento do Estado O último orçamento deste governo chegou muito perto da meia noite do dia 15 de outubro, ou seja, praticamente em cima do limite previsto na lei. Mário Centeno apresentou-o como um orçamento “histórico”, justificando o adjetivo com o facto de as contas apresentadas deixarem Portugal muito perto de alcançar o equilíbrio. Entre as principais promessas está um défice muito próximo de zero. No entanto, o valor parece não convencer os menos otimistas. Várias instituições nacionais e internacionais preveem valores acima da meta do governo (0,2%).

P

Pedreira A 19 de novembro, o Alentejo e o país ficaram em choque com o desabamento da estrada municipal 255 que ligava Borba a Vila Viçosa. Três pessoas pessoas que por ali passavam de carro e dois trabalhadores das pedreiras foram vitimados pela derrocada. Responsabilidades? Ainda não foram apuradas, mas um relatório preliminar aponta o dedo ao município, que não fechou a estrada ao tráfico, apesar de os riscos serem conhecidos. O Estado, mesmo sem assumir “qualquer responsabilidade pelo acidente” decidiu já indemnizar as famílias das vítimas.

Q

Queda do governo de Mariano Rajoy Aliando-se ao Unidos Podemos, catalães e nacionalistas bascos, o PSOE de Pedro Sánchez apresentou uma moção de censura contra o governo popular de Mariano Rajoy, levando à sua queda. O novo governo socialista passou a governar negociando cada medida com os seus aliados parlamentares, confrontando-se com o independentismo catalão. A direita espanhola reorganizou-se e, nas eleições regionais da Andaluzia, o Vox, da extrema-direita, entrou em grande na política espanhola ao eleger 12 deputados. Nas sondagens, PP, Ciudadanos e Vox já obtêm a maioria absoluta.

R

Rui Rio O presidente do PSD venceu as eleições de Janeiro, mas cedo se percebeu que seria difícil garantir a união dentro do partido. A desfiliação do seu mais direto adversário, Pedro Santana Lopes, e a criação do novo partido Aliança, serviram de mote para ampliar as divisões internas. O presidente do PSD chegou a sugerir a saída de críticos do partido que não concordassem ‘estruturalmente’ com a estratégia social-democrata. No verão, Rui Rio optou por tirar férias boa parte do mês de Agosto e os seus silêncios geraram desconforto, desilusão ou, simplesmente, aumentaram a tensão interna. O ano de Rui Rio na liderança do PSD ficou ainda marcado pela apresentação de propostas para a natalidade, mas também para a Justiça além de ter perdido um secretário-geral por problemas no currículo e ter segurado o sucessor por causa das falsas presenças no Parlamento.

S

Sócrates A operação Marquês - que tem como principal arguido José Sócrates, ex-primeiro-ministro - sofreu novos desenvolvimentos este ano: o juiz Ivo Rosa ganhou o sorteio de atribuição do processo. Mas a polémica instalou-se quando o juiz Carlos Alexandre, numa entrevista dada à “RTP”, disse que o sorteio de atribuição não tinha sido 100% aleatório. O Conselho Superior de Magistratura abriu um processo disciplinar ao juiz, que defendeu que as suas declarações foram descontextualizadas, mas o conselho manteve o processo.

T

Tancos A investigação à forma como as armas roubadas dos paióis de Tancos foram encontradas - chamada de operação Húbris - fez tremer a área da Defesa. Os investigadores acreditam que a Polícia Judiciária Militar (PJM) tinha como objetivo abafar a investigação sobre o roubo, tentando desviar as atenções de forma a poder negociar a entrega do material com os criminosos. Na altura em que o material foi encontrado, a PJM recebeu uma chamada anónima a dar conta de onde se encontrava o material roubado. Agora, as autoridades acreditam que essa chamada terá sido forjada pela própria PJM, para assim ganhar os louros pela descoberta e não entregar os verdadeiros responsáveis. A operação Húbris levou à detenção do diretor e de outros três elementos da PJM, um civil, e três funcionários do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé. Poucos dias depois, o antigo porta-voz da PJM, Vasco Brazão, foi detido e alegou que Azeredo Lopes tinha conhecimento de todo o processo de recuperação do material. As acusações levaram a que Azeredo Lopes, então ministro da Defesa, apresentasse a demissão, bem como o Chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte.

U

União Europeia As negociações entre Londres e Bruxelas arrastaram-se e resultaram num acordo que colhe poucos apoios no Reino Unido. O cenário de um Brexit sem acordo é cada vez mais provável. Ao mesmo tempo, partidos de extrema-direita ganharam renovada força na Europa e governos autoritários, como o polaco e o húngaro, continuaram a desafiar Bruxelas com leis que colocam em causa princípios fundamentais do projeto europeu.

V

Vinte anos da Expo 98 Em 1998, a vasta área industrial da Lisboa orientaldeu lugar à zona mais dinâmica da cidade. Há vinte anos, o Gil recebeu de braços abertos os 143 países e 14 organizações internacionais que participaram no evento. A comemoração do aniversário, em maio, coincidiu com a realização da final do FestivalEurovisão da Canção na Altice Arena, transmitida para todo o mundo e vista por mais de maisde 300 milhões de pessoas.

W

Web Summit Pelo terceiro ano consecutivo, Portugal recebeu o maior evento de tecnologia do mundo. E parece que assim vai continuar, pelo menos durante mais dez anos. O pavilhão Altice Arena recebeu cerca de 70 mil pessoas durante três dias e foram 200 as startups portugueses que promoveram as suas ideias e trocaram contactos. Falando de números, o Ministério da Economia estima que a última edição da Web Summit tenha gerado cerca de 124 milhões de euros. Cerca de 600 oradores distribuídos por 21 palcos, estiveram focados em áreas que foram desde o desporto à educação e saúde, tudo em modo tecnológico. Mas durante o evento não ficou esquecido um dos temas mais importantes do ano: a proteção de dados e os limites da internet. O rápido avanço da tecnologia é mesmo um bem necessário? Está a transformar a sociedade? António Guterres, secretário geral da ONU, Paddy Cosgrave, CEO da Web Summit, e Margrethe Vestager, comissária europeia da Concorrência, abordaram estas e outras questões.

X

Xi Jinping. O presidente chinês continuou, em 2018, a consolidar o seu poder à frente do gigante asiático. Com o projeto “Uma Faixa, uma Rota” no horizonte - uma estratégia para ligar, por terra e por mar, a economia chinesa à mundial - o chefe de Estado chinês visitou Portugal, reunindo-se com Marcelo e com António Costa. Portugal irá colaborar na iniciativa chinesa e foi anunciada a assinatura de vários acordos. O que mais deu que falar, no entanto, foram os gastos do presidente chinês: dois milhões de euros só para alugar o hotel Ritz. Ainda em 2018 Xi Jinping fez frente aos EUA na guerra comercial, um conflito que continua aceso e ameaça mergulhar a economia mundial numa nova crise.

Y

Youtube Foi já nos últimos meses do ano que o Youtube começou a estar nas luzes da ribalta. Wuant, um dos Youtubers mais conhecidos no país, fez um vídeo em novembro a explicar que a legislação designada de “Artigo 13” pode vir a mudar o panorama atual da internet. O artigo 13 diz que plataformas como o YouTube ou o Facebook vão passar a ter mecanismos automáticos para impedir a publicação de imagens ou vídeos protegidos por direitos de autor. Por exemplo, se publicar uma fotografia de uma pessoa com uma camisola que tenha estampada a marca de uma empresa com direitos de autor, essa mesma empresa poderá processá-lo.

Z

Zenú Depois de ser exonerado pelo presidente angolano João Lourenço, José Filomeno dos Santos, filho do antigo presidente José Eduardo dos Santos, foi colocado em prisão preventiva pela Justiça angolana. É acusado de ter participado no desvio de 500 milhões de dólares do erário público angolano. Zenú é o rosto mais proeminente do combate à corrupção defendido e levado a cabo por João Lourenço.

A

Alcochete O ano não correu de feição ao Sporting, que em maio viveu um dos momentos mais negros da sua história. No dia 15 desse mês, cerca de 50 adeptos do Sporting invadiram a Academia de Alcochete e agrediram jogadores e equipa técnica durante um treino. O número de detidos foi aumentando e, em meados de novembro, Bruno de Carvalho, ex-presidente do clube, e Nuno Mendes, mais conhecido por Mustafá - líder da claque Juve Leo - foram mesmo detidos. Mas uma semana depois o Tribunal do Barreiro decidiu que podiam aguardar julgamento em liberdade. Segundo a acusação do Ministério Público (MP), Bruno de Carvalho terá tido conhecimento do “plano delineado”, sendo ainda suspeito de ter incentivado os agressores à prática dos “crimes de ameaça, ofensa à integridade física e sequestro” da equipa, ao lado de Mustafá e de Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos. O caso conta com 44 arguidos, acusados de 4441 crimes.

B

Brasil A vitória do capitão na reserva Jair Messias Bolsonaro foi a grande surpresa do ano no Brasil. Bolsonaro, que foi vítima de esfaqueamento durante a campanha, derrotou o candidato do PT, Fernando Haddad, na segunda volta. O presidente eleito toma posse já amanhã e garante que o Brasil não será o mesmo no final do seu mandato.

C

Coletes AmarelosHá 18 meses no Palácio do Eliseu, Emmanuel Macron viu as ruas e estradas francesas serem palco da maior contestação desde o Maio de 68, quando o antigo presidente Charles De Gaulle teve de fugir do mesmo palácio de helicóptero. O movimento dos coletes amarelos começou por protestar contra o aumento dos impostos nos combustíveis, mas rapidamente as suas reivindicações se alargaram, exigindo o aumento do salário mínimo e o acolhimento de refugiados. Macron prometeu aumentar o salário mínimo em 100 euros e a força dos protestos diminuiu. No entanto, a frustração contra a presidência mantém-se na sociedade francesa e a popularidade do chefe de Estado atingiu mínimos históricos - 20%.

D

Donald Trump A cimeira com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em Singapura, não produziu o avanço para a desnuclearização que Trump esperava. Os republicanos perderam a Câmara dos Representantes nas eleições intercalares e vários membros da administração, entre os quais o secretário de Defesa, Jim Mattis, demitiram-se. A investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a intereferência da Rússia nas eleições de 2016 aproximou-se cada vez mais do chefe de Estado.

E

E-toupeira Outro processo que abalou o futebol português este ano. Mas desta vez foi o Benfica que tremeu. Segundo a acusação do Ministério Público, Paulo Gonçalves, antigo assessor jurídico do clube, terá oferecido a dois oficiais de justiça bilhetes e camisolas do Benfica, em troca de informações sobre processos que se encontravam em segredo de justiça e que envolviam o Benfica e os seus adversários. Foram constituídos quatro arguidos: Paulo Gonçalves, a SAD do Benfica e dois oficiais de justiça. Contudo, a juíza Ana Peres - responsável pela fase de instrução - decidiu ilibar a SAD benfiquista de todos os crimes que lhe eram imputados. Apenas Paulo Gonçalves e um funcionário judicial vão seguir para julgamento, acusados pelos crimes de corrupção, violação de segredo de justiça, acesso indevido e peculato.

F

Fogos Depois das tragédias vividas no ano passado, 2018 ficou marcado pelo incêndio que deflagrou em Monchique, em agosto, e que lavrou durante uma semana. As chamas provocaram 42 feridos e destruíram 27 mil hectares, tornando-se no maior incêndio sem registo de vítimas mortais em toda a Europa. Assim, Portugal passou a ocupar o topo da lista europeia relativamente ao total de área ardida, superando o Reino Unido (17 682 hectares), Suécia (21 448 hectares) e Grécia (9681 hectares), que este ano também enfrentaram fogos violentos.

G

Greves Uma das palavras do ano. Em Portugal, contam-se as greves na saúde, na educação, na justiça, nos transportes, na polícia, sem esquecer os estivadores, as repartições de Finanças e os Bombeiros Voluntários. Os enfermeiros conseguiram adiar cirurgias para reivindicar as decisões do Governo sobre a progressão na carreira. Os professores saíram à rua e pediram que fosse contado todo o tempo de serviço durante os anos de congelamento. Já os Bombeiros Voluntários deixaram de comunicar com a Proteção Civil e os juízes não compareceram nos tribunais para exigir a revisão dos estatutos. O próximo ano promete ser também de greve, já que muitas das reivindicações ainda não foram satisfeitas.

H

Helicóptero Na reta final de 2018, um helicóptero do INEM colide com uma antena de rádio em Valongo e faz quatro vítimas mortais. A antena estaria sinalizada devidamente? Os meios de socorro foram eficientes? A aeronave caiu às 18h40 do dia 15 de dezembro e os meios demoraram cerca de sete horas a encontrar os destroços que ficaram espalhados pela Serra de Santa Justa. São questões que não ficaram arrumadas este ano e vão, certamente, saltar para 2019, já que o relatório final da ANPC ainda não foi divulgado.

I

Irregularidades O Parlamento viveu um ano de 2018 difícil com polémicas sobre o registo de moradas de deputados ou do pagamento de ajudas de custos para os deputados eleitos pela Madeira e os Açores. A situação levou o presidente do Parlamento a criar um grupo de trabalho para rever as regras de subsídios. Alguns casos estão a ser avaliados pelo Ministério Público, tal como o do registo de presenças do deputado do PSD José Silvano.

J

Joana Marques Vidal O ano de 2018 começou com um aviso da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, à então Procuradora-Geral da República (PGR), Joana Marques Vidal: “A Constituição prevê um mandato longo e único. Historicamente é a ideia subjacente ao mandato”. Depois de meses de especulação, a confirmação da saída da mulher que mudou o Ministério Público chegou. Em setembro, o primeiro-ministro confirmava que Lucília Gago, atual PGR, tinha sido a sua primeira escolha. O Presidente da República também decidiu manifestar a sua posição quanto aos mandatos dos PGR. Disse que “sempre defendeu a limitação de mandatos, em homenagem à vitalidade da democracia, à afirmação da credibilidade das instituições e à renovação de pessoas e estilos, ao serviço dos mesmos valores e princípios”. Lucília Gago tem sido discreta, mas já causou polémica: ameaçou demitir-se caso a alegada intenção do PS e do PSD de alterar a composição do Conselho Superior do Ministério Público fosse para a frente.

K

Khashoggi

Em outubro, o jornalista saudita Jamal Khashoggi, entrou na embaixada da Arábia Saudita na Turquia para tratar de documentos para o seu casamento e já não saiu vivo. Crítico assumido do regime, Khashoggi foi assassinado no edifício da embaixada e o seu corpo foi desmembrado. Este foi, aliás, um ano negro para os jornalistas: o número de profissionais mortos em todo o mundo - 34 - quase duplicou em relação ao ano passado.

L

Leslie Um ano depois dos incêndios de outubro,a natureza voltou a fazer estragos, desta vez com o furacão Leslie. Treze distritos em alerta amarelo para um furacão imprevisível que, no final, deixou 61 pessoas desalojadas e mais de 300 mil sem eletricidade. Figueira da Foz e Soure, no distrito de Coimbra, foram as zonas mais afetadas.

M

Mapplethorpe Num ano em que a Cultura tinha já estado no centro da atenção mediática com a polémica em torno dos concursos dos apoios à produção artística da DGArtes, também a aguardadíssima exposição que o Museu de Serralves dedicou a Robert Mapplethorpe deu que falar - pelas piores razões. Em setembro, logo após a inauguração de “Robert Mapplethorpe: Pictures” (que é possível visitar por mais uns dias, até 6 de janeiro) o curador da exposição, João Ribas, demitiu-se do cargo de diretor artístico do museu, que assumira em fevereiro. Tudo por alegadas interferências da administração, presidida por Ana Pinho, no conteúdo da mostra que, remontada várias vezes, acabaria por ser inaugurada sem a totalidade das fotografias encomendadas - e com parte do material exposto numa sala com entrada reservada a maiores de 18 anos.

N

Natalidade António Costa apontou a demografia como um dos grandes desafios do país. Este ano nasceram mais cem bebés por mês do que em 2017. Ainda assim, um crescimento de pouco mais de mil bebés. Guarda, Viana do Castelo, Santarém e Portalegre foram os distritos que registaram um aumento mais significativo, enquanto em Bragança e em Évora se verificou uma diminuição dos nascimentos. E porque falamos de natalidade: João voltou ao pódio dos nomes mais populares.

O

Orçamento do Estado O último orçamento deste governo chegou muito perto da meia noite do dia 15 de outubro, ou seja, praticamente em cima do limite previsto na lei. Mário Centeno apresentou-o como um orçamento “histórico”, justificando o adjetivo com o facto de as contas apresentadas deixarem Portugal muito perto de alcançar o equilíbrio. Entre as principais promessas está um défice muito próximo de zero. No entanto, o valor parece não convencer os menos otimistas. Várias instituições nacionais e internacionais preveem valores acima da meta do governo (0,2%).

P

Pedreira A 19 de novembro, o Alentejo e o país ficaram em choque com o desabamento da estrada municipal 255 que ligava Borba a Vila Viçosa. Três pessoas pessoas que por ali passavam de carro e dois trabalhadores das pedreiras foram vitimados pela derrocada. Responsabilidades? Ainda não foram apuradas, mas um relatório preliminar aponta o dedo ao município, que não fechou a estrada ao tráfico, apesar de os riscos serem conhecidos. O Estado, mesmo sem assumir “qualquer responsabilidade pelo acidente” decidiu já indemnizar as famílias das vítimas.

Q

Queda do governo de Mariano Rajoy Aliando-se ao Unidos Podemos, catalães e nacionalistas bascos, o PSOE de Pedro Sánchez apresentou uma moção de censura contra o governo popular de Mariano Rajoy, levando à sua queda. O novo governo socialista passou a governar negociando cada medida com os seus aliados parlamentares, confrontando-se com o independentismo catalão. A direita espanhola reorganizou-se e, nas eleições regionais da Andaluzia, o Vox, da extrema-direita, entrou em grande na política espanhola ao eleger 12 deputados. Nas sondagens, PP, Ciudadanos e Vox já obtêm a maioria absoluta.

R

Rui Rio O presidente do PSD venceu as eleições de Janeiro, mas cedo se percebeu que seria difícil garantir a união dentro do partido. A desfiliação do seu mais direto adversário, Pedro Santana Lopes, e a criação do novo partido Aliança, serviram de mote para ampliar as divisões internas. O presidente do PSD chegou a sugerir a saída de críticos do partido que não concordassem ‘estruturalmente’ com a estratégia social-democrata. No verão, Rui Rio optou por tirar férias boa parte do mês de Agosto e os seus silêncios geraram desconforto, desilusão ou, simplesmente, aumentaram a tensão interna. O ano de Rui Rio na liderança do PSD ficou ainda marcado pela apresentação de propostas para a natalidade, mas também para a Justiça além de ter perdido um secretário-geral por problemas no currículo e ter segurado o sucessor por causa das falsas presenças no Parlamento.

S

Sócrates A operação Marquês - que tem como principal arguido José Sócrates, ex-primeiro-ministro - sofreu novos desenvolvimentos este ano: o juiz Ivo Rosa ganhou o sorteio de atribuição do processo. Mas a polémica instalou-se quando o juiz Carlos Alexandre, numa entrevista dada à “RTP”, disse que o sorteio de atribuição não tinha sido 100% aleatório. O Conselho Superior de Magistratura abriu um processo disciplinar ao juiz, que defendeu que as suas declarações foram descontextualizadas, mas o conselho manteve o processo.

T

Tancos A investigação à forma como as armas roubadas dos paióis de Tancos foram encontradas - chamada de operação Húbris - fez tremer a área da Defesa. Os investigadores acreditam que a Polícia Judiciária Militar (PJM) tinha como objetivo abafar a investigação sobre o roubo, tentando desviar as atenções de forma a poder negociar a entrega do material com os criminosos. Na altura em que o material foi encontrado, a PJM recebeu uma chamada anónima a dar conta de onde se encontrava o material roubado. Agora, as autoridades acreditam que essa chamada terá sido forjada pela própria PJM, para assim ganhar os louros pela descoberta e não entregar os verdadeiros responsáveis. A operação Húbris levou à detenção do diretor e de outros três elementos da PJM, um civil, e três funcionários do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé. Poucos dias depois, o antigo porta-voz da PJM, Vasco Brazão, foi detido e alegou que Azeredo Lopes tinha conhecimento de todo o processo de recuperação do material. As acusações levaram a que Azeredo Lopes, então ministro da Defesa, apresentasse a demissão, bem como o Chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte.

U

União Europeia As negociações entre Londres e Bruxelas arrastaram-se e resultaram num acordo que colhe poucos apoios no Reino Unido. O cenário de um Brexit sem acordo é cada vez mais provável. Ao mesmo tempo, partidos de extrema-direita ganharam renovada força na Europa e governos autoritários, como o polaco e o húngaro, continuaram a desafiar Bruxelas com leis que colocam em causa princípios fundamentais do projeto europeu.

V

Vinte anos da Expo 98 Em 1998, a vasta área industrial da Lisboa orientaldeu lugar à zona mais dinâmica da cidade. Há vinte anos, o Gil recebeu de braços abertos os 143 países e 14 organizações internacionais que participaram no evento. A comemoração do aniversário, em maio, coincidiu com a realização da final do FestivalEurovisão da Canção na Altice Arena, transmitida para todo o mundo e vista por mais de maisde 300 milhões de pessoas.

W

Web Summit Pelo terceiro ano consecutivo, Portugal recebeu o maior evento de tecnologia do mundo. E parece que assim vai continuar, pelo menos durante mais dez anos. O pavilhão Altice Arena recebeu cerca de 70 mil pessoas durante três dias e foram 200 as startups portugueses que promoveram as suas ideias e trocaram contactos. Falando de números, o Ministério da Economia estima que a última edição da Web Summit tenha gerado cerca de 124 milhões de euros. Cerca de 600 oradores distribuídos por 21 palcos, estiveram focados em áreas que foram desde o desporto à educação e saúde, tudo em modo tecnológico. Mas durante o evento não ficou esquecido um dos temas mais importantes do ano: a proteção de dados e os limites da internet. O rápido avanço da tecnologia é mesmo um bem necessário? Está a transformar a sociedade? António Guterres, secretário geral da ONU, Paddy Cosgrave, CEO da Web Summit, e Margrethe Vestager, comissária europeia da Concorrência, abordaram estas e outras questões.

X

Xi Jinping. O presidente chinês continuou, em 2018, a consolidar o seu poder à frente do gigante asiático. Com o projeto “Uma Faixa, uma Rota” no horizonte - uma estratégia para ligar, por terra e por mar, a economia chinesa à mundial - o chefe de Estado chinês visitou Portugal, reunindo-se com Marcelo e com António Costa. Portugal irá colaborar na iniciativa chinesa e foi anunciada a assinatura de vários acordos. O que mais deu que falar, no entanto, foram os gastos do presidente chinês: dois milhões de euros só para alugar o hotel Ritz. Ainda em 2018 Xi Jinping fez frente aos EUA na guerra comercial, um conflito que continua aceso e ameaça mergulhar a economia mundial numa nova crise.

Y

Youtube Foi já nos últimos meses do ano que o Youtube começou a estar nas luzes da ribalta. Wuant, um dos Youtubers mais conhecidos no país, fez um vídeo em novembro a explicar que a legislação designada de “Artigo 13” pode vir a mudar o panorama atual da internet. O artigo 13 diz que plataformas como o YouTube ou o Facebook vão passar a ter mecanismos automáticos para impedir a publicação de imagens ou vídeos protegidos por direitos de autor. Por exemplo, se publicar uma fotografia de uma pessoa com uma camisola que tenha estampada a marca de uma empresa com direitos de autor, essa mesma empresa poderá processá-lo.

Z

Zenú Depois de ser exonerado pelo presidente angolano João Lourenço, José Filomeno dos Santos, filho do antigo presidente José Eduardo dos Santos, foi colocado em prisão preventiva pela Justiça angolana. É acusado de ter participado no desvio de 500 milhões de dólares do erário público angolano. Zenú é o rosto mais proeminente do combate à corrupção defendido e levado a cabo por João Lourenço.

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