Olho de Gato: Zandinguices*

13-10-2019
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* Texto publicado hoje no Jornal do Centro

1. Escrevo este texto no dia em que Cavaco Silva indigitou, perdão, no dia em que o PR decidiu “indicar” António Costa para primeiro-ministro.

Também se acabam de saber os nomes dos ministros socialistas. Sem surpresa, Maria Manuel Leitão Marques, a cabeça de lista de Viseu pelo PS, vai ser ministra “Simplex 2.0”, deixando vago o seu lugar de deputada. Vai entrar a quarta da lista.

Ora, este “descer” na lista de Viseu, que pode não ficar por aqui, vai ser um patético “cair-para-baixo”. O PS fez mal em só se ter preocupado com a qualidade dos três primeiros nomes.

Editada a partir de uma fotografia de Enric Vives-Rubio (Público)

2. A “pergunta de um milhão de euros” agora é a seguinte: quanto tempo vai conseguir aguentar-se o governo de António Costa?

Mesmo sabendo-se que a direita vai eleger Marcelo, mesmo sabendo-se da “legitimidade” atribulada deste governo, mesmo assim Costa só deverá ter sérios problemas no outono de 2017, na discussão do orçamento para o ano seguinte.

É que o Bloco de Esquerda é pragmático como o Syriza — tanto vota primeiro na desausteridade como a seguir na austeridade; não quer é eleições já porque receia perder metade dos deputados.

É que o PCP, mesmo com a segurança dos seus fiéis 400 mil votos, cumpre a sua parte desde que seja revertida a privatização dos transportes de Lisboa e do Porto.

É que o BCE vai continuar a mesma política monetária e dar respaldo às emissões de dívida pública.

É que os portugueses são mais sensatos que os seus políticos. O pequeno ganho de poder de compra das famílias em 2016 vai para poupança e não para consumo; ele não vai comprometer as nossas contas externas nem inquietar os mercados.

3. Termino com um precautério, estas zandinguices que nunca nos façam esquecer o grande João Pinto: «prognósticos só no fim do jogo».

É difícil prever a dois meses quanto mais a dois anos. Quem é que podia adivinhar, em 4 de Outubro, que uma derrota nada poucochinha de António Costa ia pô-lo a primeiro-ministro?


* Texto publicado hoje no Jornal do Centro

1. Escrevo este texto no dia em que Cavaco Silva indigitou, perdão, no dia em que o PR decidiu “indicar” António Costa para primeiro-ministro.

Também se acabam de saber os nomes dos ministros socialistas. Sem surpresa, Maria Manuel Leitão Marques, a cabeça de lista de Viseu pelo PS, vai ser ministra “Simplex 2.0”, deixando vago o seu lugar de deputada. Vai entrar a quarta da lista.

Ora, este “descer” na lista de Viseu, que pode não ficar por aqui, vai ser um patético “cair-para-baixo”. O PS fez mal em só se ter preocupado com a qualidade dos três primeiros nomes.

Editada a partir de uma fotografia de Enric Vives-Rubio (Público)

2. A “pergunta de um milhão de euros” agora é a seguinte: quanto tempo vai conseguir aguentar-se o governo de António Costa?

Mesmo sabendo-se que a direita vai eleger Marcelo, mesmo sabendo-se da “legitimidade” atribulada deste governo, mesmo assim Costa só deverá ter sérios problemas no outono de 2017, na discussão do orçamento para o ano seguinte.

É que o Bloco de Esquerda é pragmático como o Syriza — tanto vota primeiro na desausteridade como a seguir na austeridade; não quer é eleições já porque receia perder metade dos deputados.

É que o PCP, mesmo com a segurança dos seus fiéis 400 mil votos, cumpre a sua parte desde que seja revertida a privatização dos transportes de Lisboa e do Porto.

É que o BCE vai continuar a mesma política monetária e dar respaldo às emissões de dívida pública.

É que os portugueses são mais sensatos que os seus políticos. O pequeno ganho de poder de compra das famílias em 2016 vai para poupança e não para consumo; ele não vai comprometer as nossas contas externas nem inquietar os mercados.

3. Termino com um precautério, estas zandinguices que nunca nos façam esquecer o grande João Pinto: «prognósticos só no fim do jogo».

É difícil prever a dois meses quanto mais a dois anos. Quem é que podia adivinhar, em 4 de Outubro, que uma derrota nada poucochinha de António Costa ia pô-lo a primeiro-ministro?

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