Mário Centeno e os “politicões”

07-09-2019
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Era fácil perceber que os ministros-académicos estariam na mira dos ataques dos “políticões” que agora passaram para a oposição. Chamo-lhes “politicões” para não se confundirem com os políticos a sério, que os há em todas as bancadas parlamentares. Os “politicões” são uma espécie intermédia, não são bem políticos, no que a política tem de conhecimento, experiência, arte, técnica e carisma. Os “politicões” são, no fundo, os que se servem da política para fazer politiquice.

Dos ministros-académicos espera-se que no governo coloquem o seu saber e conhecimentos científicos ao serviço das políticas do governo a que aceitaram pertencer. O governo de António Costa integra, a par de políticos experientes, um conjunto de académicos de grande gabarito que constituem uma mais-valia na actividade do governo se não se deixarem cair na tentação e no enredo do jogo político puro e do dichote parlamentar gratuito, muito apreciado pelos media mas descredibilizador do trabalho sério.

Era previsível que Mário Centeno seria o alvo predilecto da oposição, como se viu logo na campanha eleitoral, com Paulo Portas a acusá-lo de ter caído de pára-quedas no PS vindo directamente de Oxford. Havia naquele ataque um quase desprezo de Portas (tido como um político profissional, especialista em sound bites) por um outsider com a veleidade de chegar a ministro e logo para uma pasta em que ele, Portas, também sempre quis meter o bedelho. Na discussão do programa do governo, Cecília Meireles seguiu a cartilha do chefe e tentou embaraçar Centeno e o seu cenário macroeconómico, a que chamou “muito científico”.

Por seu turno, o PSD foi buscar um ex-assessor de Passos Coelho, Miguel Morgado, para fazer chicana, depois do próprio Passos e do grande intelectual do partido, Marco António Costa, terem chorado a rir com as respostas de Centeno sobre o Novo Banco.

É óbvio que o novo ministro das Finanças, como a maior parte dos académicos , não estão treinados no tipo de discussão que ocorre nos debates parlamentares em que o que conta é a capacidade de resposta curta e incisiva, “assassina” quanto baste, de modo a pôr o adversário KO. Geralmente os “politicões” são bons nisso. Mário Centeno, manifestamente, não o é, nem precisa de o ser.

Lembremos-nos de Vítor Gaspar, nos seus discursos e intervenções iniciais. Primeiro, os jornalistas estranharam o estilo mas depois “entranharam” o homem o estilo. Vítor Gaspar fez do País o seu laboratório pessoal de experimentação de teorias bebidas nos tempos em que era funcionário europeu, para o que contou com o apoio de um primeiro-ministro impreparado e dos seus colegas da troika. Gaspar tinha um confessado desprezo pelos políticos como demonstrou aqui.

Mário Centeno devia ler tudo o que se escreveu sobre Vítor Gaspar para não cometer os mesmos erros embora em sentido contrário. Sendo afável e simpático, Centeno não pode cair na tentação de querer ser mais um político, porque não o sendo, corre o risco de ser um político a mais. As funções de ministro das finanças dão-lhe palco permanente, a nível nacional e internacional. Qualquer palavra fora do tempo e do espaço enfraquece a sua posição e permite que os “politicões” o ataquem por não ser tão “bom” como eles no jogo parlamentar. Sem deixar a afabilidade e a cortesia que tem revelado, Centeno deve centrar-se nas questões concretas da sua área de governação e deixar as respostas políticas aos políticos e aos politicões.

Era fácil perceber que os ministros-académicos estariam na mira dos ataques dos “políticões” que agora passaram para a oposição. Chamo-lhes “politicões” para não se confundirem com os políticos a sério, que os há em todas as bancadas parlamentares. Os “politicões” são uma espécie intermédia, não são bem políticos, no que a política tem de conhecimento, experiência, arte, técnica e carisma. Os “politicões” são, no fundo, os que se servem da política para fazer politiquice.

Dos ministros-académicos espera-se que no governo coloquem o seu saber e conhecimentos científicos ao serviço das políticas do governo a que aceitaram pertencer. O governo de António Costa integra, a par de políticos experientes, um conjunto de académicos de grande gabarito que constituem uma mais-valia na actividade do governo se não se deixarem cair na tentação e no enredo do jogo político puro e do dichote parlamentar gratuito, muito apreciado pelos media mas descredibilizador do trabalho sério.

Era previsível que Mário Centeno seria o alvo predilecto da oposição, como se viu logo na campanha eleitoral, com Paulo Portas a acusá-lo de ter caído de pára-quedas no PS vindo directamente de Oxford. Havia naquele ataque um quase desprezo de Portas (tido como um político profissional, especialista em sound bites) por um outsider com a veleidade de chegar a ministro e logo para uma pasta em que ele, Portas, também sempre quis meter o bedelho. Na discussão do programa do governo, Cecília Meireles seguiu a cartilha do chefe e tentou embaraçar Centeno e o seu cenário macroeconómico, a que chamou “muito científico”.

Por seu turno, o PSD foi buscar um ex-assessor de Passos Coelho, Miguel Morgado, para fazer chicana, depois do próprio Passos e do grande intelectual do partido, Marco António Costa, terem chorado a rir com as respostas de Centeno sobre o Novo Banco.

É óbvio que o novo ministro das Finanças, como a maior parte dos académicos , não estão treinados no tipo de discussão que ocorre nos debates parlamentares em que o que conta é a capacidade de resposta curta e incisiva, “assassina” quanto baste, de modo a pôr o adversário KO. Geralmente os “politicões” são bons nisso. Mário Centeno, manifestamente, não o é, nem precisa de o ser.

Lembremos-nos de Vítor Gaspar, nos seus discursos e intervenções iniciais. Primeiro, os jornalistas estranharam o estilo mas depois “entranharam” o homem o estilo. Vítor Gaspar fez do País o seu laboratório pessoal de experimentação de teorias bebidas nos tempos em que era funcionário europeu, para o que contou com o apoio de um primeiro-ministro impreparado e dos seus colegas da troika. Gaspar tinha um confessado desprezo pelos políticos como demonstrou aqui.

Mário Centeno devia ler tudo o que se escreveu sobre Vítor Gaspar para não cometer os mesmos erros embora em sentido contrário. Sendo afável e simpático, Centeno não pode cair na tentação de querer ser mais um político, porque não o sendo, corre o risco de ser um político a mais. As funções de ministro das finanças dão-lhe palco permanente, a nível nacional e internacional. Qualquer palavra fora do tempo e do espaço enfraquece a sua posição e permite que os “politicões” o ataquem por não ser tão “bom” como eles no jogo parlamentar. Sem deixar a afabilidade e a cortesia que tem revelado, Centeno deve centrar-se nas questões concretas da sua área de governação e deixar as respostas políticas aos políticos e aos politicões.

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