Catarina Martins: “No PS há quem esteja zangado com estes quatro anos”

30-09-2019
marcar artigo

Na Feira de Espinho, Catarina Martins teve uma receção como não conhecera ainda nesta campanha. Foi mesmo recebida por algumas vendedoras como se uma velha amiga se tratasse. Ofereceram-lhe flores (proteas), ouviu mimos (“Catarininha!”), teve muitas palavras de incentivo. Mas as palmadinhas nas costas e o colinho popular não a desconcentraram nem afetaram a pontaria na hora de atirar cirurgicamente às mais recentes críticas do PS.

Foi-lhe pedido um comentário sobre a declaração deste domingo do ministro Augusto Santos Silva, que alertou contra a “força desmedida” do Bloco. Em questões de dimensões e de escalas, Catarina Martins fez questão de lembrar aos socialistas o tamanho que tinham quando o Bloco permitiu que chegassem ao poder. “Há quatro anos, o PS não ganhou eleições e mesmo assim foi possível governar”, afirmou.

De seguida, arrumou numa simples expressão as declarações de Santos Silva, como se as metesse em qualquer das bancas de produtos frescos do mercado que estavam à sua volta: “São fruta da época”, afirmou. Voltaria depois à carga: “Estamos em período eleitoral, há uma fruta de época”.

Mais tarde, repetiu o lembrete aos socialistas, recordando-lhes que “governaram mesmo sem ter ganhos eleições” (e porque houve o apoio de BE e PCP).

Questionada depois se acha que o PS trata o Bloco como “adversário”, iludiu a pergunta e passou outra vez a mensagem que levava preparada: “No PS parece que estão zangados. Quem não gostou destes quatro anos, quer recuar”, sublinhou.

Ao contrário do que diz sobre o PS, o Bloco “não está zangado” com a geringonça, garante Catarina, reclamando que o seu partido “é a força que impede uma maioria absoluta”.

"Não há cá costas!"

Em Espinho, já com os primeiros vendedores de castanhas à porta do mercado, Catarina Martins percorreu uma parte da feira acompanhada pelo deputado do Bloco por Aveiro, Moisés Ferreira, do número dois da lista, Nelsón Peralta, e do deputado e cabeça de lista por Coimbra, José Manuel Pureza.

O primeiro contacto deixou antever o que se passaria nos metros e minutos seguintes. “Eu disse que voltava cá!”, exclamou Catarina, quando caiu nos braços da primeira vendedora de fruta. Depois, foi sendo saudada por várias feirantes como se de uma velha amiga se tratasse.

Entre as transeuntes que saudaram a líder do Bloco, uma não se quis ficar pelas palavras de circunstância. Ana Cordeiro, 54 anos, quis tirar uma foto com a líder do Bloco. “Eu depois faço a propaganda no Facebook. Eu sou perita nisso. Lavar roupa suja é comigo”, afirmou, disparando ainda: “Não há cá costas!”.

Pouco antes, Ana comparara Catarina a Lady Di. A analogia suscitou a natural curiosidade de jornalistas: “O gesto e a maneira dela fazem-me lembrar [Diana]. É muito humana e muito correta”, afirmou Ana Cordeiro, que revelou ainda que faz “muito voluntariado para a Caritas”.

Poucos metros depois, as palavras de incentivo a Catarina, lançadas por um homem, também são feitas à custa do primeiro-ministro, visado de modo implícito: “Coloque-o na linha, porque ele está a abusar”.

Tanto quanto é possível escrutinar nas ações de rua desta campanha (e na verdade não é, porque no amontoado de gente que rodeia a líder do Bloco escapa sempre qualquer coisa a cada um dos jornalistas), nunca numa iniciativa do Bloco foram tão audíveis recados a Catarina Martins sobre António Costa.

Frentes de batalha bem definidas

O guião que a líder do Bloco levou preparado para a manhã desta segunda-feira em Espinho estava bem circunscrito ao novelo enrolado por Santos Silva.

Com efeito, no ponto politicamente mais sensível para o Governo e para António Costa (os estilhaços de Tancos), Catarina mostrou uma evidente cautela. Questionada pelos jornalistas já no final do passeio pela feira, a líder do BE esvaziou o mais possível o tema. “O Bloco já se pronunciou: é um caso para a Justiça”. Ou seja, ao contrário da direita, recusa-se a meter da equação qualquer alusão a eventuais responsabilidades políticas do primeiro-ministro.

Depois de um dia de silêncio bloquista no jogo do gato e do rato em que Bloco e PS se têm envolvido nos últimos dias (depois da fase de guerra aberta que ecoava há uma semana), Catarina levava a lição bem estudada para a feira de Espinho.

Ao ataque mais belicista de Santos Silva, simples “fruta da época”, a líder bloquista respondeu com um um cardápio mais “gourmet”. E ccm alguns temperos de crueldade, lembrando ao PS que fala, fala, fala,... mas há quatro anos nem sequer ganhou as eleições.

Antes do início da campanha, há uma dezena de dias, um alto dirigente do Bloco reconhecia ao Expresso que às luvas de boxe do PS o Bloco responderia com luva branca. A imagem teve uma cabal aplicação na feira de Espinho, na manhã desta segunda-feira.

Na Feira de Espinho, Catarina Martins teve uma receção como não conhecera ainda nesta campanha. Foi mesmo recebida por algumas vendedoras como se uma velha amiga se tratasse. Ofereceram-lhe flores (proteas), ouviu mimos (“Catarininha!”), teve muitas palavras de incentivo. Mas as palmadinhas nas costas e o colinho popular não a desconcentraram nem afetaram a pontaria na hora de atirar cirurgicamente às mais recentes críticas do PS.

Foi-lhe pedido um comentário sobre a declaração deste domingo do ministro Augusto Santos Silva, que alertou contra a “força desmedida” do Bloco. Em questões de dimensões e de escalas, Catarina Martins fez questão de lembrar aos socialistas o tamanho que tinham quando o Bloco permitiu que chegassem ao poder. “Há quatro anos, o PS não ganhou eleições e mesmo assim foi possível governar”, afirmou.

De seguida, arrumou numa simples expressão as declarações de Santos Silva, como se as metesse em qualquer das bancas de produtos frescos do mercado que estavam à sua volta: “São fruta da época”, afirmou. Voltaria depois à carga: “Estamos em período eleitoral, há uma fruta de época”.

Mais tarde, repetiu o lembrete aos socialistas, recordando-lhes que “governaram mesmo sem ter ganhos eleições” (e porque houve o apoio de BE e PCP).

Questionada depois se acha que o PS trata o Bloco como “adversário”, iludiu a pergunta e passou outra vez a mensagem que levava preparada: “No PS parece que estão zangados. Quem não gostou destes quatro anos, quer recuar”, sublinhou.

Ao contrário do que diz sobre o PS, o Bloco “não está zangado” com a geringonça, garante Catarina, reclamando que o seu partido “é a força que impede uma maioria absoluta”.

"Não há cá costas!"

Em Espinho, já com os primeiros vendedores de castanhas à porta do mercado, Catarina Martins percorreu uma parte da feira acompanhada pelo deputado do Bloco por Aveiro, Moisés Ferreira, do número dois da lista, Nelsón Peralta, e do deputado e cabeça de lista por Coimbra, José Manuel Pureza.

O primeiro contacto deixou antever o que se passaria nos metros e minutos seguintes. “Eu disse que voltava cá!”, exclamou Catarina, quando caiu nos braços da primeira vendedora de fruta. Depois, foi sendo saudada por várias feirantes como se de uma velha amiga se tratasse.

Entre as transeuntes que saudaram a líder do Bloco, uma não se quis ficar pelas palavras de circunstância. Ana Cordeiro, 54 anos, quis tirar uma foto com a líder do Bloco. “Eu depois faço a propaganda no Facebook. Eu sou perita nisso. Lavar roupa suja é comigo”, afirmou, disparando ainda: “Não há cá costas!”.

Pouco antes, Ana comparara Catarina a Lady Di. A analogia suscitou a natural curiosidade de jornalistas: “O gesto e a maneira dela fazem-me lembrar [Diana]. É muito humana e muito correta”, afirmou Ana Cordeiro, que revelou ainda que faz “muito voluntariado para a Caritas”.

Poucos metros depois, as palavras de incentivo a Catarina, lançadas por um homem, também são feitas à custa do primeiro-ministro, visado de modo implícito: “Coloque-o na linha, porque ele está a abusar”.

Tanto quanto é possível escrutinar nas ações de rua desta campanha (e na verdade não é, porque no amontoado de gente que rodeia a líder do Bloco escapa sempre qualquer coisa a cada um dos jornalistas), nunca numa iniciativa do Bloco foram tão audíveis recados a Catarina Martins sobre António Costa.

Frentes de batalha bem definidas

O guião que a líder do Bloco levou preparado para a manhã desta segunda-feira em Espinho estava bem circunscrito ao novelo enrolado por Santos Silva.

Com efeito, no ponto politicamente mais sensível para o Governo e para António Costa (os estilhaços de Tancos), Catarina mostrou uma evidente cautela. Questionada pelos jornalistas já no final do passeio pela feira, a líder do BE esvaziou o mais possível o tema. “O Bloco já se pronunciou: é um caso para a Justiça”. Ou seja, ao contrário da direita, recusa-se a meter da equação qualquer alusão a eventuais responsabilidades políticas do primeiro-ministro.

Depois de um dia de silêncio bloquista no jogo do gato e do rato em que Bloco e PS se têm envolvido nos últimos dias (depois da fase de guerra aberta que ecoava há uma semana), Catarina levava a lição bem estudada para a feira de Espinho.

Ao ataque mais belicista de Santos Silva, simples “fruta da época”, a líder bloquista respondeu com um um cardápio mais “gourmet”. E ccm alguns temperos de crueldade, lembrando ao PS que fala, fala, fala,... mas há quatro anos nem sequer ganhou as eleições.

Antes do início da campanha, há uma dezena de dias, um alto dirigente do Bloco reconhecia ao Expresso que às luvas de boxe do PS o Bloco responderia com luva branca. A imagem teve uma cabal aplicação na feira de Espinho, na manhã desta segunda-feira.

marcar artigo