Bem-vindos à campanha. Pode ser que ainda se fale de Europa

22-05-2019
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Bom dia.

Bem-vindo à campanha das europeias. Pela frente temos duas semanas em que pode contar com ataques políticos sortidos, críticas abundantes ao atual Governo, e igualmente abundantes ao anterior, e ao Governo antes desse, bate-bocas infinitos, e apelos a que sejam mostrados cartões amarelos, verdes e vermelhos à esquerda e à direita, ao poder e à oposição. O que não é assim tão provável é que se discuta a União Europeia ou os temas que vão moldar e definir o seu futuro - sobretudo por parte dos maiores partidos. Mas como a esperança é a última a morrer e ainda faltam duas semanas de campanha, talvez ainda se oiça falar do que é mesmo importante para o futuro da Europa.

Ontem, último dia de pré-campanha, foi dia de fazer contas sobre o que ganham os eurodeputados: recebem entre 15 mil e 20 mil euros, e só os eleitos do BE e do PCP assumem com todas as letras que é um valor “imoral” ou demasiado “elevado”, como conta a Susana Frexes, a partir de Bruxelas. Por junto, a máquina europeia custa 1€ por dia a cada europeu.

Com as caravanas de campanha já na estrada, foi isto que ficou do último dia de pré-campanha:

No PS, apela-se ao eleitorado para “punir” e “sancionar” a direita. António Costa discursou sem mencionar Pedro Marques (para quem não saiba, é o cabeça de lista do PS), e Frans Timmerman, o candidato socialista à presidência da Comissão Europeia, classificou Paulo Rangel como “candidato fake”. Entre um beirão, um holandês e um “amazing man”, o cabeça de lista socialista continuou igual a si próprio: apagado.

No PSD, Paulo Rangel pediu um “cartão amarelo” para o Governo (lá está…) e desafiou o primeiro-ministro a "pensar seriamente" na manutenção de Carlos Moedas como comissário europeu. Moedas, por seu lado, apesar de ser mandatário de Rangel, deu uma entrevista ao DN e à TSF em que fez rasgados elogios ao atual governo, nomeadamente por ter “mantido o rumo” da coligação PSD-CDS. Já Rui Rio não vê nada elogiável no Governo, a quem acusou, pelo meio de um ataque de tosse, de ser “a ponte para a extrema-esquerda”.

No CDS, Assunção Cristas acha que os seus candidatos são “engraçadinhos”, ao contrário do cabeça de lista do PS, que tem “má cara”.

No BE, Catarina Martins confessou que “não é fácil lutar pelos de baixo” quando há maiorias absolutas.

Na CDU, Jerónimo de Sousa juntou-se a João Ferreira para acusar o PS de estar “a fazer cálculos eleitorais [e] a tentar libertar-se” dos partidos que compõem a geringonça.

No Livre, o primeiro da lista, Rui Tavares, diz-se “cada vez mais” convencido de que desta vez será eleito.

Esta segunda-feira, Pedro Marques anda por Braganca, João Ferreira faz campanha no distrito de Setúbal e Nuno Melo em Viana do Castelo. Por Lisboa estarão Marisa Matias e Paulo Sande (Aliança).

Paulo Rangel passa o dia no distrito de Aveiro, incluindo uma visita à Feira de Espinho - é na terra de Luís Montenegro e este lá estará, no arranque oficial da campanha, para o tradicional número do PSD-unido-em-tempo-de-eleições.

OUTRAS NOTÍCIAS

Fica tudo adiado para a última jornada. Benfica e Porto cumpriram a sua obrigação, venceram, e continuam separados por dois pontos quando só falta uma jornada para acabar o campeonato. Ao Benfica basta um ponto para fazer a festa no Marquês de Pombal. Pode ler aqui a crónica da Tribuna Expresso sobre a vitória sofrida dos encarnados, e aqui sobre o triunfo tranquilo do Porto.

Segundo a Sport TV, a última jornada de Benfica e Porto será no sábado às 18h30.

Em Inglaterra também foi assim: só ontem, na reta da meta, se ficou a conhecer o campeão. O Manchester City ganhou e levantou a taça. O Liverpool também venceu, mas os rapazes de Jürgen Klopp precisavam de um deslize, que não aconteceu, da equipa de Guardiola. Assim, o treinador catalão continua a puxar o brilho ao currículo: depois de três campeonatos espanhóis e três títulos na Bundesliga, conquistou a Premier pela segunda vez.

Quarenta e dois anos depois, o Sporting sagrou-se ontem campeão europeu de hóquei em patins. A vítima foi o FC Porto.

As coisas estão a aquecer: Lisboa, Leiria e Setúbal estão sob aviso amarelo por causa do calor, com temperaturas que esta segunda-feira podem chegar aos 36º. Duas patrulhas de fuzileiros já foram destacadas para vigilância e prevenção de incêndios.

Ontem à noite, na SIC, Luís Marques Mendes avançou com a informação de que o Governo está a negociar a compra do SIRESP, o sistema de comunicações de emergência. Os partidos à esquerda têm defendido a nacionalização, Mendes assegura que o Executivo ponderou essa possibilidade, mas optou por procurar “um acordo amigável”.

No Burkina Fasso, um grupo terrorista matou seis pessoas à saída da missa. Foi o segundo ataque contra uma igreja cristã em duas semanas.

O cardeal Konrad Krajewski, um colaborador do Papa Francisco, desafiou as autoridades italianas e arrancou um selo policial para poder restabelecer o fornecimento de eletricidade a um edifício de Roma onde vivem mais de 450 sem-abrigo, entre eles cerca de cem crianças. O grupo estava sem água nem eletricidade desde 6 de maio, e no sábado Krajewski dirigiu-se ao local e resolveu num “gesto de desespero”, segundo o próprio. O The Guardian conta que Matteo Salvini, o líder da extrema-direita italiana e ministro da Administração Interna, já prometeu mandara a conta da luz para o colaborador do Papa.

Segundo o mesmo jornal britânico, Steve Bannon, o guru de Donald Trump que decidiu vir pregar para a Europa, já aconselhou Salvini a eleger o Papa Francisco como seu principal inimigo.

Para se perceber o papel de Bannon na nova vaga de extremismos que está a corroer o projeto europeu, vale a pena ler este ensaio do Ricardo Costa que fez a capa da revista do Expresso no sábado passado.

Na Venezuela, a oposição denunciou o desaparecimento do vice-presidente do Parlamento, Edgar Zambrano. Há mais de oitenta horas que ninguém sabe do paradeiro do braço-direito de Juan Guaidó, e a sua filha divulgou um vídeo exigindo ao Governo provas de que o seu pai esteja vivo.

A crise política em torno das carreiras dos professores foi a enterrar na sexta-feira passada, mas pode ter deixado marcas. As sondagens são o primeiro indicador disso: de acordo com um estudo da Aximage que faz a manchete de hoje do Jornal de Negócios, o PS subiu ligeiramente nas intenções de voto, mas a grande diferença está na avaliação dos líderes partidários: António Costa foi o único a capitalizar simpatias, e é escolhido pela maioria dos inquiridos como melhor primeiro-ministro. Ao invés, Rui Rio e sobretudo Assunção Cristas viram a sua popularidade cair.

Em linha com estes dados, Marques Mendes dizia ontem à noite na SIC que “Costa é claramente o ganhador [desta crise], embora não a 100%, porque queria eleições antecipadas”.

“Pulp Fiction”, o filme-cometa de Tarantino, estreou-se em Cannes há 25 anos, celebrados ontem. O João Bonifácio recorda o filme que mudou o cinema. E convém não esquecer que esta semana Tarantino volta a Cannes, para a estreia mundial de “Once Upon a Time... in Hollywood”.

AS MANCHETES DE HOJE

Público: “Todos os dias são detidas cinco pessoas pelo crime de violência doméstica”

Jornal de Notícias: “Preço das comunicações desce na União Europeia e aumenta em Portugal”

i: “Rixa entre grupos rivais no Tamaris”

Diário de Notícias: “Marcações para renovar cartão de cidadão já só em agosto”

Negócios: “Crise política ajuda Costa e castiga Cristas e Rui Rio”

Correio da Manhã: “Condenado por morte de filha em acidente”

A Bola: “Está quase”

Record: “Falta 1 ponto”

O Jogo: “Luz e sombras”

O QUE ANDO A LER

O Diário de Notícias tem prestado um excelente serviço à democracia, à transparência e ao jornalismo com as investigações do Paulo Pena sobre fake news e campanhas negras nas redes sociais.

Este sábado, pela primeira vez neste conjunto de investigações, Paulo Pena liga um dos partidos estruturantes da democracia portuguesa a estas práticas. A reportagem que pode ler aqui, e que fazia a manchete da edição em papel do DN, estabelece e demonstra a relação entre um colaborador de Rui Rio e uma série de perfis falsos que alimentam campanhas de ódio contra adversários políticos do líder do PSD e outros alvos entendidos como incómodos ou hostis a Rio. São os casos, por exemplo, de Marques Mendes, por conta dos seus comentários semanais na SIC, e de Francisco Pinto Balsemão, presidente do conselho de administração do grupo Impresa, proprietário do Expresso e da SIC, dois órgãos de comunicação social que Rio vê como seus adversários.

Tanto Rodrigo Gonçalves como Rui Rio alegam desconhecer qualquer prática imprópria. O PS, por seu lado, espera que o Ministério Público investigue este caso.

O protagonista desta história é uma figura bem conhecida do submundo social-democrata, onde continuaria se Rui Rio não o tivesse catapultado para funções de primeira linha na sede nacional do partido em outubro passado, conforme o Expresso noticiou então. Rodrigo Gonçalves, que em pouco tempo saltou do apoio a Passos Coelho para o apoio a Rui Rio, acompanhou desde o início o lançamento da candidatura deste à liderança do PSD. Com a vitória de Rio, manteve-se no círculo próximo do líder laranja, até ser chamado para a São Caetano à Lapa. Uma decisão surpreendente, e que a investigação do DN pode ajudar a explicar.

Apesar do pouco relevo público destes casos, não são novas as notícias sobre a existência de perfis falsos nas redes sociais lançando acusações contra adversários de Rio. Em novembro, a cara de um deputado do PSD crítico de Rio foi amplamente divulgada por essas contas, acusando-o de ter sido a fonte de uma notícia que incomodou o líder laranja. Em dezembro, em entrevista ao Expresso, o ex-deputado Luís Campos Ferreira falou da forma como as campanhas negras nas redes sociais estavam a envenenar o clima no PSD: “Não acontece só no meu partido, mas está a acontecer muito no meu partido. Há colegas meus e jornalistas que são vítimas disso, há pessoas que não se manifestam porque têm medo disso. A má utilização das redes sociais por parte de algumas elites políticas que sabem que elas estão a ser utilizadas dessa forma é um péssimo serviço que prestam à liberdade e à democracia.”

(Numa nota pessoal, e por lealdade com o leitor, devo acrescentar que sei o que a casa gasta. Fui alvo de ataques de perfis falsos deste círculo, incluindo pelo menos um dos perfis denunciados na reportagem do DN.)

Quero recomendar outro belíssimo trabalho jornalístico deste fim de semana. O The Guardian esteve nos Açores para contar a incrível história de meia tonelada de cocaína que, há quase vinte anos, desestruturou inúmeras vidas na ilha de São Miguel. Já não tinha qualquer memória deste caso, e seguramente nunca o tinha lido tão bem contado. É um trabalho exemplar na forma como pega numa história esmagadora e a entrega com os ingredientes todos bem medidos. Espero que por cá alguém queira pegar no filão. Este caso dava uma temporada de Narcos. Ou outra bela reportagem, desta vez escrita em português.

Fico por aqui.

Tenha uma excelente segunda-feira.

Não se deixe enganar com o verão antecipado de hoje - as temperaturas voltam a descer amanhã.

Bom dia.

Bem-vindo à campanha das europeias. Pela frente temos duas semanas em que pode contar com ataques políticos sortidos, críticas abundantes ao atual Governo, e igualmente abundantes ao anterior, e ao Governo antes desse, bate-bocas infinitos, e apelos a que sejam mostrados cartões amarelos, verdes e vermelhos à esquerda e à direita, ao poder e à oposição. O que não é assim tão provável é que se discuta a União Europeia ou os temas que vão moldar e definir o seu futuro - sobretudo por parte dos maiores partidos. Mas como a esperança é a última a morrer e ainda faltam duas semanas de campanha, talvez ainda se oiça falar do que é mesmo importante para o futuro da Europa.

Ontem, último dia de pré-campanha, foi dia de fazer contas sobre o que ganham os eurodeputados: recebem entre 15 mil e 20 mil euros, e só os eleitos do BE e do PCP assumem com todas as letras que é um valor “imoral” ou demasiado “elevado”, como conta a Susana Frexes, a partir de Bruxelas. Por junto, a máquina europeia custa 1€ por dia a cada europeu.

Com as caravanas de campanha já na estrada, foi isto que ficou do último dia de pré-campanha:

No PS, apela-se ao eleitorado para “punir” e “sancionar” a direita. António Costa discursou sem mencionar Pedro Marques (para quem não saiba, é o cabeça de lista do PS), e Frans Timmerman, o candidato socialista à presidência da Comissão Europeia, classificou Paulo Rangel como “candidato fake”. Entre um beirão, um holandês e um “amazing man”, o cabeça de lista socialista continuou igual a si próprio: apagado.

No PSD, Paulo Rangel pediu um “cartão amarelo” para o Governo (lá está…) e desafiou o primeiro-ministro a "pensar seriamente" na manutenção de Carlos Moedas como comissário europeu. Moedas, por seu lado, apesar de ser mandatário de Rangel, deu uma entrevista ao DN e à TSF em que fez rasgados elogios ao atual governo, nomeadamente por ter “mantido o rumo” da coligação PSD-CDS. Já Rui Rio não vê nada elogiável no Governo, a quem acusou, pelo meio de um ataque de tosse, de ser “a ponte para a extrema-esquerda”.

No CDS, Assunção Cristas acha que os seus candidatos são “engraçadinhos”, ao contrário do cabeça de lista do PS, que tem “má cara”.

No BE, Catarina Martins confessou que “não é fácil lutar pelos de baixo” quando há maiorias absolutas.

Na CDU, Jerónimo de Sousa juntou-se a João Ferreira para acusar o PS de estar “a fazer cálculos eleitorais [e] a tentar libertar-se” dos partidos que compõem a geringonça.

No Livre, o primeiro da lista, Rui Tavares, diz-se “cada vez mais” convencido de que desta vez será eleito.

Esta segunda-feira, Pedro Marques anda por Braganca, João Ferreira faz campanha no distrito de Setúbal e Nuno Melo em Viana do Castelo. Por Lisboa estarão Marisa Matias e Paulo Sande (Aliança).

Paulo Rangel passa o dia no distrito de Aveiro, incluindo uma visita à Feira de Espinho - é na terra de Luís Montenegro e este lá estará, no arranque oficial da campanha, para o tradicional número do PSD-unido-em-tempo-de-eleições.

OUTRAS NOTÍCIAS

Fica tudo adiado para a última jornada. Benfica e Porto cumpriram a sua obrigação, venceram, e continuam separados por dois pontos quando só falta uma jornada para acabar o campeonato. Ao Benfica basta um ponto para fazer a festa no Marquês de Pombal. Pode ler aqui a crónica da Tribuna Expresso sobre a vitória sofrida dos encarnados, e aqui sobre o triunfo tranquilo do Porto.

Segundo a Sport TV, a última jornada de Benfica e Porto será no sábado às 18h30.

Em Inglaterra também foi assim: só ontem, na reta da meta, se ficou a conhecer o campeão. O Manchester City ganhou e levantou a taça. O Liverpool também venceu, mas os rapazes de Jürgen Klopp precisavam de um deslize, que não aconteceu, da equipa de Guardiola. Assim, o treinador catalão continua a puxar o brilho ao currículo: depois de três campeonatos espanhóis e três títulos na Bundesliga, conquistou a Premier pela segunda vez.

Quarenta e dois anos depois, o Sporting sagrou-se ontem campeão europeu de hóquei em patins. A vítima foi o FC Porto.

As coisas estão a aquecer: Lisboa, Leiria e Setúbal estão sob aviso amarelo por causa do calor, com temperaturas que esta segunda-feira podem chegar aos 36º. Duas patrulhas de fuzileiros já foram destacadas para vigilância e prevenção de incêndios.

Ontem à noite, na SIC, Luís Marques Mendes avançou com a informação de que o Governo está a negociar a compra do SIRESP, o sistema de comunicações de emergência. Os partidos à esquerda têm defendido a nacionalização, Mendes assegura que o Executivo ponderou essa possibilidade, mas optou por procurar “um acordo amigável”.

No Burkina Fasso, um grupo terrorista matou seis pessoas à saída da missa. Foi o segundo ataque contra uma igreja cristã em duas semanas.

O cardeal Konrad Krajewski, um colaborador do Papa Francisco, desafiou as autoridades italianas e arrancou um selo policial para poder restabelecer o fornecimento de eletricidade a um edifício de Roma onde vivem mais de 450 sem-abrigo, entre eles cerca de cem crianças. O grupo estava sem água nem eletricidade desde 6 de maio, e no sábado Krajewski dirigiu-se ao local e resolveu num “gesto de desespero”, segundo o próprio. O The Guardian conta que Matteo Salvini, o líder da extrema-direita italiana e ministro da Administração Interna, já prometeu mandara a conta da luz para o colaborador do Papa.

Segundo o mesmo jornal britânico, Steve Bannon, o guru de Donald Trump que decidiu vir pregar para a Europa, já aconselhou Salvini a eleger o Papa Francisco como seu principal inimigo.

Para se perceber o papel de Bannon na nova vaga de extremismos que está a corroer o projeto europeu, vale a pena ler este ensaio do Ricardo Costa que fez a capa da revista do Expresso no sábado passado.

Na Venezuela, a oposição denunciou o desaparecimento do vice-presidente do Parlamento, Edgar Zambrano. Há mais de oitenta horas que ninguém sabe do paradeiro do braço-direito de Juan Guaidó, e a sua filha divulgou um vídeo exigindo ao Governo provas de que o seu pai esteja vivo.

A crise política em torno das carreiras dos professores foi a enterrar na sexta-feira passada, mas pode ter deixado marcas. As sondagens são o primeiro indicador disso: de acordo com um estudo da Aximage que faz a manchete de hoje do Jornal de Negócios, o PS subiu ligeiramente nas intenções de voto, mas a grande diferença está na avaliação dos líderes partidários: António Costa foi o único a capitalizar simpatias, e é escolhido pela maioria dos inquiridos como melhor primeiro-ministro. Ao invés, Rui Rio e sobretudo Assunção Cristas viram a sua popularidade cair.

Em linha com estes dados, Marques Mendes dizia ontem à noite na SIC que “Costa é claramente o ganhador [desta crise], embora não a 100%, porque queria eleições antecipadas”.

“Pulp Fiction”, o filme-cometa de Tarantino, estreou-se em Cannes há 25 anos, celebrados ontem. O João Bonifácio recorda o filme que mudou o cinema. E convém não esquecer que esta semana Tarantino volta a Cannes, para a estreia mundial de “Once Upon a Time... in Hollywood”.

AS MANCHETES DE HOJE

Público: “Todos os dias são detidas cinco pessoas pelo crime de violência doméstica”

Jornal de Notícias: “Preço das comunicações desce na União Europeia e aumenta em Portugal”

i: “Rixa entre grupos rivais no Tamaris”

Diário de Notícias: “Marcações para renovar cartão de cidadão já só em agosto”

Negócios: “Crise política ajuda Costa e castiga Cristas e Rui Rio”

Correio da Manhã: “Condenado por morte de filha em acidente”

A Bola: “Está quase”

Record: “Falta 1 ponto”

O Jogo: “Luz e sombras”

O QUE ANDO A LER

O Diário de Notícias tem prestado um excelente serviço à democracia, à transparência e ao jornalismo com as investigações do Paulo Pena sobre fake news e campanhas negras nas redes sociais.

Este sábado, pela primeira vez neste conjunto de investigações, Paulo Pena liga um dos partidos estruturantes da democracia portuguesa a estas práticas. A reportagem que pode ler aqui, e que fazia a manchete da edição em papel do DN, estabelece e demonstra a relação entre um colaborador de Rui Rio e uma série de perfis falsos que alimentam campanhas de ódio contra adversários políticos do líder do PSD e outros alvos entendidos como incómodos ou hostis a Rio. São os casos, por exemplo, de Marques Mendes, por conta dos seus comentários semanais na SIC, e de Francisco Pinto Balsemão, presidente do conselho de administração do grupo Impresa, proprietário do Expresso e da SIC, dois órgãos de comunicação social que Rio vê como seus adversários.

Tanto Rodrigo Gonçalves como Rui Rio alegam desconhecer qualquer prática imprópria. O PS, por seu lado, espera que o Ministério Público investigue este caso.

O protagonista desta história é uma figura bem conhecida do submundo social-democrata, onde continuaria se Rui Rio não o tivesse catapultado para funções de primeira linha na sede nacional do partido em outubro passado, conforme o Expresso noticiou então. Rodrigo Gonçalves, que em pouco tempo saltou do apoio a Passos Coelho para o apoio a Rui Rio, acompanhou desde o início o lançamento da candidatura deste à liderança do PSD. Com a vitória de Rio, manteve-se no círculo próximo do líder laranja, até ser chamado para a São Caetano à Lapa. Uma decisão surpreendente, e que a investigação do DN pode ajudar a explicar.

Apesar do pouco relevo público destes casos, não são novas as notícias sobre a existência de perfis falsos nas redes sociais lançando acusações contra adversários de Rio. Em novembro, a cara de um deputado do PSD crítico de Rio foi amplamente divulgada por essas contas, acusando-o de ter sido a fonte de uma notícia que incomodou o líder laranja. Em dezembro, em entrevista ao Expresso, o ex-deputado Luís Campos Ferreira falou da forma como as campanhas negras nas redes sociais estavam a envenenar o clima no PSD: “Não acontece só no meu partido, mas está a acontecer muito no meu partido. Há colegas meus e jornalistas que são vítimas disso, há pessoas que não se manifestam porque têm medo disso. A má utilização das redes sociais por parte de algumas elites políticas que sabem que elas estão a ser utilizadas dessa forma é um péssimo serviço que prestam à liberdade e à democracia.”

(Numa nota pessoal, e por lealdade com o leitor, devo acrescentar que sei o que a casa gasta. Fui alvo de ataques de perfis falsos deste círculo, incluindo pelo menos um dos perfis denunciados na reportagem do DN.)

Quero recomendar outro belíssimo trabalho jornalístico deste fim de semana. O The Guardian esteve nos Açores para contar a incrível história de meia tonelada de cocaína que, há quase vinte anos, desestruturou inúmeras vidas na ilha de São Miguel. Já não tinha qualquer memória deste caso, e seguramente nunca o tinha lido tão bem contado. É um trabalho exemplar na forma como pega numa história esmagadora e a entrega com os ingredientes todos bem medidos. Espero que por cá alguém queira pegar no filão. Este caso dava uma temporada de Narcos. Ou outra bela reportagem, desta vez escrita em português.

Fico por aqui.

Tenha uma excelente segunda-feira.

Não se deixe enganar com o verão antecipado de hoje - as temperaturas voltam a descer amanhã.

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