Incêndio. MAI e Justiça recusaram divulgar informações sobre as vítimas de Pedrógão

05-08-2017
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A lista com as 64 vítimas mortais do incêndio de Pedrógão Grande esteve em segredo de justiça durante oito dias úteis – entre os dias 14 e 25 de julho – de acordo com o primeiro-ministro. E, segundo as palavras de António Costa, a lista de vítimas só ontem foi conhecida porque “ninguém a pediu”. Ora, antes de dia 14 de julho – quando a lista entrou em segredo de justiça – foram várias as tentativas feitas pelo i para obter informação sobre as vítimas mortais.

Ao Ministério da Administração Interna, entre os dias 19 e 21 de junho, foram enviados três emails a pedir informações sobre as vítimas, nomeadamente quantas tinham sido identificadas, a idade, onde residiam ou a nacionalidade. Durante esses três dias, apesar da insistência, não recebemos qualquer informação da parte do gabinete de Constança Urbano de Sousa, além do número de vítimas mortais e de que não havia estrangeiros. A mesma informação foi, aliás, disponibilizada aos restantes órgãos de comunicação social.

Foi ainda questionado o Ministério da Justiça sobre o mesmo assunto no dia 20 de junho. Ao gabinete de Francisca Van Dunem foram pedidas informações sobre as idades das vítimas que à data tinham sido autopsiadas e as causas das mortes.

Por telefone, a resposta das duas tutelas foi a mesma: “Não vamos divulgar informações das vítimas, porque se trata de um assunto sensível”. Depois desta data, não foi prestada qualquer informação adicional. Aliás, os esclarecimentos mais detalhados chegaram apenas esta semana, quando o Ministério da Justiça emitiu uma nota detalhada onde dizia concretamente quantos corpos tinham sido levantados e quando. Também a comissão independente de peritos criada pelo parlamento a 11 de julho estava até ontem sem acesso a uma lista oficial de vítimas, assim como a equipa coordenada pelo perito Domingos Xavier Viegas, que foi chamada pelo MAI logo no fim de semana da tragédia.

Apesar desta ausência de informação, ontem, no final do briefing da Proteção Civil onde foi feito um ponto de situação sobre os incêndios ativos, António Costa disse que até ao dia 14 de julho “não havia segredo de justiça” e que “ninguém solicitou nenhuma lista”.

O primeiro-ministro não se coibiu de tecer críticas à comunicação social. “A polémica só surgiu quando decidem especular e acusar o governo de estar a esconder o número de vítimas”, disse o primeiro-ministro. Costa aproveitou ainda o momento para recordar as declarações do Presidente da República, feitas na véspera, que disse que “só em ditadura é possível esconder o número de vítimas”.

a gafe

No início da sua comunicação, que sucedeu ao ponto de situação feito por Patrícia Gaspar – em que a adjunta de operações da Proteção Civil tornou claro que o país vivia com os fogos dos últimos dias uma situação de “exceção” – António Costa começou por assinalar que a fase Charlie, o período crítico de combate aos fogos, estava a decorrer desde o passado dia 1 de julho. Ora depois da tragédia de Pedrógão Grande, no fim de semana de 17 e 18 de junho, a antecipação da fase Charlie em oito dias acabou por ser uma das primeiras decisões do governo. A fase Charlie começou assim a 22 de junho. Um diploma publicado neste mesmo dia em Diário da República e assinado pelo secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Amândio José de Oliveira Torres apresentava como justificação o facto de estarem previstas condições meteorológicas adversas de temperatura, que incrementam o nível de risco de ocorrência de incêndios florestais. Antes desta decisão, e depois da tragédia, o i tinha questionado o MAI sobre por que motivo, havendo alertas de risco de incêndio naquele fim de semana, não tinha sido antecipada a fase Charlie, o que a tutela disse sempre que não valia a pena pois estavam todos os meios necessários no terreno. Recorde-se que o fogo de Pedrógão Grande só viria a ser declarado extinto a 24 de junho.

Ontem, no briefing da Proteção Civil, Patrícia Gaspar garantiu que o dispositivo do combate ao fogo na Sertã foi o adequado desde as primeiras horas, isto quando confrontada sobre o facto de o incêndio ter alastrado e se não deviam ter estado mais meios no local. Gaspar informou que está em curso neste fogo uma “mobilização absolutamente extraordinária”. O fogo está a ser combatido “com tudo o que é possível”. Gaspar explicou que não podiam enviar mais meios para este fogo pois diminuir-se ia a capacidade para atacar outros fogos que surjam no país numa fase nascente.

Na sua comunicação, Costa deixou uma palavra de alento aos bombeiros e apelou à responsabilidade de todos, dada as condições propícias a fogos que se verificam no país. Salientou ainda que, desde 1 de julho, houve 2007 incêndios florestais e 81% foram controlados nos primeiros 90 minutos, o que significa que o “dispositivo responde de forma positiva na generalidade das situações”

A lista com as 64 vítimas mortais do incêndio de Pedrógão Grande esteve em segredo de justiça durante oito dias úteis – entre os dias 14 e 25 de julho – de acordo com o primeiro-ministro. E, segundo as palavras de António Costa, a lista de vítimas só ontem foi conhecida porque “ninguém a pediu”. Ora, antes de dia 14 de julho – quando a lista entrou em segredo de justiça – foram várias as tentativas feitas pelo i para obter informação sobre as vítimas mortais.

Ao Ministério da Administração Interna, entre os dias 19 e 21 de junho, foram enviados três emails a pedir informações sobre as vítimas, nomeadamente quantas tinham sido identificadas, a idade, onde residiam ou a nacionalidade. Durante esses três dias, apesar da insistência, não recebemos qualquer informação da parte do gabinete de Constança Urbano de Sousa, além do número de vítimas mortais e de que não havia estrangeiros. A mesma informação foi, aliás, disponibilizada aos restantes órgãos de comunicação social.

Foi ainda questionado o Ministério da Justiça sobre o mesmo assunto no dia 20 de junho. Ao gabinete de Francisca Van Dunem foram pedidas informações sobre as idades das vítimas que à data tinham sido autopsiadas e as causas das mortes.

Por telefone, a resposta das duas tutelas foi a mesma: “Não vamos divulgar informações das vítimas, porque se trata de um assunto sensível”. Depois desta data, não foi prestada qualquer informação adicional. Aliás, os esclarecimentos mais detalhados chegaram apenas esta semana, quando o Ministério da Justiça emitiu uma nota detalhada onde dizia concretamente quantos corpos tinham sido levantados e quando. Também a comissão independente de peritos criada pelo parlamento a 11 de julho estava até ontem sem acesso a uma lista oficial de vítimas, assim como a equipa coordenada pelo perito Domingos Xavier Viegas, que foi chamada pelo MAI logo no fim de semana da tragédia.

Apesar desta ausência de informação, ontem, no final do briefing da Proteção Civil onde foi feito um ponto de situação sobre os incêndios ativos, António Costa disse que até ao dia 14 de julho “não havia segredo de justiça” e que “ninguém solicitou nenhuma lista”.

O primeiro-ministro não se coibiu de tecer críticas à comunicação social. “A polémica só surgiu quando decidem especular e acusar o governo de estar a esconder o número de vítimas”, disse o primeiro-ministro. Costa aproveitou ainda o momento para recordar as declarações do Presidente da República, feitas na véspera, que disse que “só em ditadura é possível esconder o número de vítimas”.

a gafe

No início da sua comunicação, que sucedeu ao ponto de situação feito por Patrícia Gaspar – em que a adjunta de operações da Proteção Civil tornou claro que o país vivia com os fogos dos últimos dias uma situação de “exceção” – António Costa começou por assinalar que a fase Charlie, o período crítico de combate aos fogos, estava a decorrer desde o passado dia 1 de julho. Ora depois da tragédia de Pedrógão Grande, no fim de semana de 17 e 18 de junho, a antecipação da fase Charlie em oito dias acabou por ser uma das primeiras decisões do governo. A fase Charlie começou assim a 22 de junho. Um diploma publicado neste mesmo dia em Diário da República e assinado pelo secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Amândio José de Oliveira Torres apresentava como justificação o facto de estarem previstas condições meteorológicas adversas de temperatura, que incrementam o nível de risco de ocorrência de incêndios florestais. Antes desta decisão, e depois da tragédia, o i tinha questionado o MAI sobre por que motivo, havendo alertas de risco de incêndio naquele fim de semana, não tinha sido antecipada a fase Charlie, o que a tutela disse sempre que não valia a pena pois estavam todos os meios necessários no terreno. Recorde-se que o fogo de Pedrógão Grande só viria a ser declarado extinto a 24 de junho.

Ontem, no briefing da Proteção Civil, Patrícia Gaspar garantiu que o dispositivo do combate ao fogo na Sertã foi o adequado desde as primeiras horas, isto quando confrontada sobre o facto de o incêndio ter alastrado e se não deviam ter estado mais meios no local. Gaspar informou que está em curso neste fogo uma “mobilização absolutamente extraordinária”. O fogo está a ser combatido “com tudo o que é possível”. Gaspar explicou que não podiam enviar mais meios para este fogo pois diminuir-se ia a capacidade para atacar outros fogos que surjam no país numa fase nascente.

Na sua comunicação, Costa deixou uma palavra de alento aos bombeiros e apelou à responsabilidade de todos, dada as condições propícias a fogos que se verificam no país. Salientou ainda que, desde 1 de julho, houve 2007 incêndios florestais e 81% foram controlados nos primeiros 90 minutos, o que significa que o “dispositivo responde de forma positiva na generalidade das situações”

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