Portugal volta a sair em defesa do mais antigo aliado. O Governo está disposto a dar a Theresa May o tempo de que a primeira-ministra precisa para resolver as complicações e indefinições internas. O objetivo é permitir que o Reino Unido tome "ele próprio uma decisão sobre o seu futuro", evitando ao mesmo tempo um Brexit desordenado já na próxima sexta-feira.
O ministro dos Negócios Estrangeiros fala numa "posição muito favorável a que o Reino Unido tenha a extensão da data de saída pelo tempo que for necessária, para que o seu processo político de decisão interna seja concluído". Santos Silva vai ainda mais longe e coloca apenas uma condição para aprovar um prolongamento da permanência britânica na UE para além de 23 de maio: a eleição de eurodeputados.
"É evidente que se o Reino Unido quiser uma extensão do prazo que vá além da data das eleições europeias, o Reino Unido tem de realizar eleições europeias, mas pensamos que não devemos acrescentar a essas condições, condições que fossem demasiado penalizadoras da posição britânica", afirmou nesta segunda-feira no Luxemburgo, no final de um encontro da diplomacia europeia.
"Nós não somos muito partidários de condicionalidades muito restritas - já fomos vítimas dessa lógica da condicionalidade muito restrita", justificou ainda. Santos Silva referia-se ao novo pedido de Theresa May para adiar a saída do Reino Unido até 30 de junho. No entanto, não exclui que esse prazo venha a ser "redefinido" pela primeira-ministra britânica, nem esconde que considera que uma "extensão significativa" é mais "favorável a um desenlace positivo deste processo".
Costa e restantes líderes reúnem-se na quarta-feira
Já no último Conselho Europeu, a 21 de março, António Costa foi um dos líderes dispostos a dar a Theresa May a extensão que a líder britânica então pretendia - 30 de junho - e que contrabalançou outras posturas mais rígidas, como a do presidente francês. Emmanuel Macron chegou mesmo a defender um adiamento do Brexit apenas até 7 de maio. No final, a solução encontrada passou por dar ao britânicos até 22 de maio, na condição de aprovarem o acordo até ao final de março. O terceiro chumbo na Câmara dos Comuns ditou que a data do Brexit fosse antecipada para 12 de abril.
Vários líderes, incluindo Macron, entendem que para um novo adiamento do Brexit não deve ser dado como garantido. E que se Londres quer nova extensão tem de dar "bons argumentos" e "apresentar um plano credível" aos 27. De acordo com fonte diplomática, para França isso poderia significar novas eleições nos Reino Unido ou a organização de um referendo.
Contudo, a posição portuguesa mostra-se mais flexível. O objetivo é o de não provocar um cenário caótico por falta de entendimento entre os dois lados do Canal da Mancha. No entender de Santos Silva, é preciso agir com "o melhor espírito" e há que ter em conta que o Reino Unido é "um parceiro essencial da União Europeia" e uma das "melhores e mais antigas democracias do mundo".
Mas o cenário de uma saída caótica continua em cima da mesa e pode até acontecer já na sexta-feira. "É preciso tomar decisões para que a saída do dia 12 de abril não aconteça sem acordo", sublinha Santos Silva, que repete ainda que esse é o pior dos cenários, e que deve ser evitado. "Por isso mesmo somos favoráveis a todas as alternativas", argumenta.
A cimeira extraordinária sobre o Brexit está marcada para arrancar na quarta-feira às 17 horas de Lisboa. Amanhã, terça-feira, Theresa May vai ainda encontrar-se com o presidente francês Emmanuel Macron e com a chanceler alemã, Angela Merkel.
Santos Silva considera que "é muito importante que se façam estes contatos". O próprio ministro português esteve hoje reunido com o homólogo britânico, à margem do Conselho de ministros dos negócios estrangeiros, no Luxemburgo. Um encontro em que comunicou a Jeremy Hunt a posição portuguesa.
Categorias
Entidades
Portugal volta a sair em defesa do mais antigo aliado. O Governo está disposto a dar a Theresa May o tempo de que a primeira-ministra precisa para resolver as complicações e indefinições internas. O objetivo é permitir que o Reino Unido tome "ele próprio uma decisão sobre o seu futuro", evitando ao mesmo tempo um Brexit desordenado já na próxima sexta-feira.
O ministro dos Negócios Estrangeiros fala numa "posição muito favorável a que o Reino Unido tenha a extensão da data de saída pelo tempo que for necessária, para que o seu processo político de decisão interna seja concluído". Santos Silva vai ainda mais longe e coloca apenas uma condição para aprovar um prolongamento da permanência britânica na UE para além de 23 de maio: a eleição de eurodeputados.
"É evidente que se o Reino Unido quiser uma extensão do prazo que vá além da data das eleições europeias, o Reino Unido tem de realizar eleições europeias, mas pensamos que não devemos acrescentar a essas condições, condições que fossem demasiado penalizadoras da posição britânica", afirmou nesta segunda-feira no Luxemburgo, no final de um encontro da diplomacia europeia.
"Nós não somos muito partidários de condicionalidades muito restritas - já fomos vítimas dessa lógica da condicionalidade muito restrita", justificou ainda. Santos Silva referia-se ao novo pedido de Theresa May para adiar a saída do Reino Unido até 30 de junho. No entanto, não exclui que esse prazo venha a ser "redefinido" pela primeira-ministra britânica, nem esconde que considera que uma "extensão significativa" é mais "favorável a um desenlace positivo deste processo".
Costa e restantes líderes reúnem-se na quarta-feira
Já no último Conselho Europeu, a 21 de março, António Costa foi um dos líderes dispostos a dar a Theresa May a extensão que a líder britânica então pretendia - 30 de junho - e que contrabalançou outras posturas mais rígidas, como a do presidente francês. Emmanuel Macron chegou mesmo a defender um adiamento do Brexit apenas até 7 de maio. No final, a solução encontrada passou por dar ao britânicos até 22 de maio, na condição de aprovarem o acordo até ao final de março. O terceiro chumbo na Câmara dos Comuns ditou que a data do Brexit fosse antecipada para 12 de abril.
Vários líderes, incluindo Macron, entendem que para um novo adiamento do Brexit não deve ser dado como garantido. E que se Londres quer nova extensão tem de dar "bons argumentos" e "apresentar um plano credível" aos 27. De acordo com fonte diplomática, para França isso poderia significar novas eleições nos Reino Unido ou a organização de um referendo.
Contudo, a posição portuguesa mostra-se mais flexível. O objetivo é o de não provocar um cenário caótico por falta de entendimento entre os dois lados do Canal da Mancha. No entender de Santos Silva, é preciso agir com "o melhor espírito" e há que ter em conta que o Reino Unido é "um parceiro essencial da União Europeia" e uma das "melhores e mais antigas democracias do mundo".
Mas o cenário de uma saída caótica continua em cima da mesa e pode até acontecer já na sexta-feira. "É preciso tomar decisões para que a saída do dia 12 de abril não aconteça sem acordo", sublinha Santos Silva, que repete ainda que esse é o pior dos cenários, e que deve ser evitado. "Por isso mesmo somos favoráveis a todas as alternativas", argumenta.
A cimeira extraordinária sobre o Brexit está marcada para arrancar na quarta-feira às 17 horas de Lisboa. Amanhã, terça-feira, Theresa May vai ainda encontrar-se com o presidente francês Emmanuel Macron e com a chanceler alemã, Angela Merkel.
Santos Silva considera que "é muito importante que se façam estes contatos". O próprio ministro português esteve hoje reunido com o homólogo britânico, à margem do Conselho de ministros dos negócios estrangeiros, no Luxemburgo. Um encontro em que comunicou a Jeremy Hunt a posição portuguesa.