O Presidente da República não tem poder executivo, não pode tomar medidas sobre a governação, não pode legislar. Mas há uma coisa que pode fazer: enviar recados. E é o que Marcelo Rebelo de Sousa anda a fazer por estes dias, enquanto distribui selfies e autógrafos pelos caminhos pouco sinuosos do Alentejo. Sem tirar os olhos de Lisboa, onde o Governo acabou de aprovar o Programa de Estabilidade com novas metas orçamentais, o chefe de Estado usa a sua primeira viagem de fundo ao interior do país para ir servindo de auxiliar de memória a António Costa.
Esta quinta-feira à noite, após um jantar na Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre, tirou da manga um dos recados dirigidos a São Bento: “Espero que aquilo que foi prometido em relação à preocupação de incentivar investimentos no interior venha a corresponder à realidade”, disse, lembrando que a aposta no interior “foi um dos compromissos do primeiro-ministro numa das suas primeiras deslocações” enquanto chefe do Governo. Na mesma sala, a ouvir o Presidente, estava o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que tomou nota.
Depois de um dia a visitar o Alto Alentejo, a chamar a atenção para os problemas das desigualdades entre litoral e interior, do envelhecimento, despovoamento e desemprego naquela região do país, Marcelo lembrou várias vezes que estava de pés firmes no interior do país para cumprir a sua velha promessa de estar próximo dos portugueses, e pediu ao Governo que fizesse o mesmo. “Atenção ao interior. Especial atenção aos problemas do interior porque eles continuam aqui e muitos têm de ser resolvidos”, sublinhou.
Antes, Marcelo já tinha comentado o Programa de Estabilidade aprovado pelo governo, com as metas económico-financeiras para os próximos quatro anos, elogiando, por um lado, o pragmatismo do Executivo de António Costa, mas pondo pressão, por outro, na execução orçamental. Para Marcelo, o Governo escolheu o “caminho certo” ao não ter ido contra o “sistema” de Bruxelas, mas agora resta saber se as previsões são aceites e, acima de tudo, se são cumpridas.
É que as metas orçamentais previstas para os próximos anos são “muito, muito exigentes” e implicam “uma descida muito considerável do défice” (para 1,4%, “mais do que se esperava”), assim como um “esforço de corte muito drástico de despesa, porventura até de cativação de despesa já no próximo ano”. Por isso, Marcelo avisa o Governo de que é preciso saber se isto é mesmo exequível, se as metas são ou não possíveis de cumprir.
Mas mesmo com os recados dados, e os alertas feitos, Marcelo continua a querer ser o Presidente da união e da estabilidade. E isso não vai mudar. “Quando me perguntam por que é que insisto tanto em ter esperança naquilo que existe e naqueles que são responsáveis pela governação eu respondo: Porque eu quero que eles tenham sucesso, porque o sucesso da governação de Portugal é o sucesso de Portugal”.
“E o Presidente da República fica feliz quando corre bem ao país”, disse em Portalegre, numa rima e num piscar de olho.
Esta sexta-feira de manhã, Marcelo começa o dia com uma reunião atípica com o primeiro-ministro António Costa, que se vai deslocar de propósito a Évora para não falhar o habitual encontro semanal com o Presidente. Será a primeira conversa formal entre os dois pós-PEC e será também a primeira feita fora das paredes do Palácio de Belém.
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O Presidente da República não tem poder executivo, não pode tomar medidas sobre a governação, não pode legislar. Mas há uma coisa que pode fazer: enviar recados. E é o que Marcelo Rebelo de Sousa anda a fazer por estes dias, enquanto distribui selfies e autógrafos pelos caminhos pouco sinuosos do Alentejo. Sem tirar os olhos de Lisboa, onde o Governo acabou de aprovar o Programa de Estabilidade com novas metas orçamentais, o chefe de Estado usa a sua primeira viagem de fundo ao interior do país para ir servindo de auxiliar de memória a António Costa.
Esta quinta-feira à noite, após um jantar na Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre, tirou da manga um dos recados dirigidos a São Bento: “Espero que aquilo que foi prometido em relação à preocupação de incentivar investimentos no interior venha a corresponder à realidade”, disse, lembrando que a aposta no interior “foi um dos compromissos do primeiro-ministro numa das suas primeiras deslocações” enquanto chefe do Governo. Na mesma sala, a ouvir o Presidente, estava o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que tomou nota.
Depois de um dia a visitar o Alto Alentejo, a chamar a atenção para os problemas das desigualdades entre litoral e interior, do envelhecimento, despovoamento e desemprego naquela região do país, Marcelo lembrou várias vezes que estava de pés firmes no interior do país para cumprir a sua velha promessa de estar próximo dos portugueses, e pediu ao Governo que fizesse o mesmo. “Atenção ao interior. Especial atenção aos problemas do interior porque eles continuam aqui e muitos têm de ser resolvidos”, sublinhou.
Antes, Marcelo já tinha comentado o Programa de Estabilidade aprovado pelo governo, com as metas económico-financeiras para os próximos quatro anos, elogiando, por um lado, o pragmatismo do Executivo de António Costa, mas pondo pressão, por outro, na execução orçamental. Para Marcelo, o Governo escolheu o “caminho certo” ao não ter ido contra o “sistema” de Bruxelas, mas agora resta saber se as previsões são aceites e, acima de tudo, se são cumpridas.
É que as metas orçamentais previstas para os próximos anos são “muito, muito exigentes” e implicam “uma descida muito considerável do défice” (para 1,4%, “mais do que se esperava”), assim como um “esforço de corte muito drástico de despesa, porventura até de cativação de despesa já no próximo ano”. Por isso, Marcelo avisa o Governo de que é preciso saber se isto é mesmo exequível, se as metas são ou não possíveis de cumprir.
Mas mesmo com os recados dados, e os alertas feitos, Marcelo continua a querer ser o Presidente da união e da estabilidade. E isso não vai mudar. “Quando me perguntam por que é que insisto tanto em ter esperança naquilo que existe e naqueles que são responsáveis pela governação eu respondo: Porque eu quero que eles tenham sucesso, porque o sucesso da governação de Portugal é o sucesso de Portugal”.
“E o Presidente da República fica feliz quando corre bem ao país”, disse em Portalegre, numa rima e num piscar de olho.
Esta sexta-feira de manhã, Marcelo começa o dia com uma reunião atípica com o primeiro-ministro António Costa, que se vai deslocar de propósito a Évora para não falhar o habitual encontro semanal com o Presidente. Será a primeira conversa formal entre os dois pós-PEC e será também a primeira feita fora das paredes do Palácio de Belém.
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