Azeredo sabia que Judiciária Militar agiu contra as regras da PGR e assume que não fez nada

22-05-2019
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Ex-ministro da Defesa garantiu no parlamento só ter lido o memorando da PJM já após a sua demissão do Governo e que não informou António Costa sobre o conteúdo daquele documento

Texto Hugo Franco e Rui Gustavo

O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes esteve na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) esta terça-feira à tarde a responder aos deputados sobre o caso do roubo e posterior descoberta das armas de Tancos. Apesar de garantir que desconhecia a operação paralela da Polícia Judiciária Militar para achar o arsenal de guerra, admitiu que esta polícia agiu à margem das orientações estabelecidas pela então Procuradora-Geral da República Joana Marques Vidal, que tinha passado o caso à PJ e DCIAP, colocando a Judiciária Militar de parte.

“A PJM não seguiu as regras”, frisou Azeredo Lopes no Parlamento. O ex-ministro revela ter sentido “descontentamento” por parte dos investigadores da PJM por terem sido afastados da investigação por Joana Marques Vidal.

Sobre o memorando recebido pelo seu chefe de gabinete, o general Martins Pereira, no Ministério da Defesa, já depois da descoberta do material de guerra na Chamusca, Azeredo Lopes explica: “O que me foi transmitido pelo meu chefe de gabinete é que havia um informador que não podia ser identificado e que era preciso que alguém estivesse na margem sul para receber a informação sobre o paradeiro do material”. E acrescenta: “O senhor general disse-me o que era essencial do documento. Antes da minha demissão. Foi num telefonema, ou dois. Havia um informador, que também era informador da PJ, que não queria ser identificado e tinha de haver um modus operandi específico para que ele dissesse onde estava o material”.

Questionado sobre se tinha tido acesso ao documento escrito pela PJM, o ex-ministro é categórico: “Não tenho memória de ver o documento [o memorando]. Só o vi depois da minha demissão e fiquei confortado. Porque o meu chefe de gabinete me transmitiu o que era essencial que eu conhecesse”. Ou seja, Martins Pereira não lhe transmitiu “todo o documento”, nem tudo o que lá estava escrito, assegura.

Sobre esse informador, admite que teve “conhecimento” mas que não deu “conta ao primeiro-ministro da existência de um informador”. Salienta também que António Costa não teve conhecimento do memorando da PJM sobre a recuperação do armamento. Até porque no dia seguinte a ter conhecimento da informação participou num Conselho de Ministros especial por causa dos incêndios florestais que assolavam o país na altura.

E relata os tempos conturbados no auge do processo. “Fui acusado de mentir, de ter conhecimento do acordo com os ladrões e a partir desse momento percebo que chega, estava a prejudicar a função. Pedi ao primeiro-ministro se me podia receber e definimos o momento da nossa saída. Nessa altura deu-me a conhecer o documento que tinha recusado ver. Depois fui com aquela calma escrever a minha carta de demissão.”

Azeredo Lopes, que chamou ao memorando da PJM “documento apócrifo”, avança também que o chefe de gabinete não lhe transmitiu em direto o teor da conversa que teve com os dois interlocutores da PJM no Ministério da Defesa. “Em momento posterior, no decurso do dia ou no dia seguinte, o general [Martins Pereira] transmitiu a existência de um informador que não podia ser identificado.” Terá sido pedido ao seu chefe de gabinete que fotografasse o memorando e depois o destruísse. “Ainda bem que fotografou.”

Ex-ministro da Defesa garantiu no parlamento só ter lido o memorando da PJM já após a sua demissão do Governo e que não informou António Costa sobre o conteúdo daquele documento

Texto Hugo Franco e Rui Gustavo

O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes esteve na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) esta terça-feira à tarde a responder aos deputados sobre o caso do roubo e posterior descoberta das armas de Tancos. Apesar de garantir que desconhecia a operação paralela da Polícia Judiciária Militar para achar o arsenal de guerra, admitiu que esta polícia agiu à margem das orientações estabelecidas pela então Procuradora-Geral da República Joana Marques Vidal, que tinha passado o caso à PJ e DCIAP, colocando a Judiciária Militar de parte.

“A PJM não seguiu as regras”, frisou Azeredo Lopes no Parlamento. O ex-ministro revela ter sentido “descontentamento” por parte dos investigadores da PJM por terem sido afastados da investigação por Joana Marques Vidal.

Sobre o memorando recebido pelo seu chefe de gabinete, o general Martins Pereira, no Ministério da Defesa, já depois da descoberta do material de guerra na Chamusca, Azeredo Lopes explica: “O que me foi transmitido pelo meu chefe de gabinete é que havia um informador que não podia ser identificado e que era preciso que alguém estivesse na margem sul para receber a informação sobre o paradeiro do material”. E acrescenta: “O senhor general disse-me o que era essencial do documento. Antes da minha demissão. Foi num telefonema, ou dois. Havia um informador, que também era informador da PJ, que não queria ser identificado e tinha de haver um modus operandi específico para que ele dissesse onde estava o material”.

Questionado sobre se tinha tido acesso ao documento escrito pela PJM, o ex-ministro é categórico: “Não tenho memória de ver o documento [o memorando]. Só o vi depois da minha demissão e fiquei confortado. Porque o meu chefe de gabinete me transmitiu o que era essencial que eu conhecesse”. Ou seja, Martins Pereira não lhe transmitiu “todo o documento”, nem tudo o que lá estava escrito, assegura.

Sobre esse informador, admite que teve “conhecimento” mas que não deu “conta ao primeiro-ministro da existência de um informador”. Salienta também que António Costa não teve conhecimento do memorando da PJM sobre a recuperação do armamento. Até porque no dia seguinte a ter conhecimento da informação participou num Conselho de Ministros especial por causa dos incêndios florestais que assolavam o país na altura.

E relata os tempos conturbados no auge do processo. “Fui acusado de mentir, de ter conhecimento do acordo com os ladrões e a partir desse momento percebo que chega, estava a prejudicar a função. Pedi ao primeiro-ministro se me podia receber e definimos o momento da nossa saída. Nessa altura deu-me a conhecer o documento que tinha recusado ver. Depois fui com aquela calma escrever a minha carta de demissão.”

Azeredo Lopes, que chamou ao memorando da PJM “documento apócrifo”, avança também que o chefe de gabinete não lhe transmitiu em direto o teor da conversa que teve com os dois interlocutores da PJM no Ministério da Defesa. “Em momento posterior, no decurso do dia ou no dia seguinte, o general [Martins Pereira] transmitiu a existência de um informador que não podia ser identificado.” Terá sido pedido ao seu chefe de gabinete que fotografasse o memorando e depois o destruísse. “Ainda bem que fotografou.”

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