Câmara Corporativa: No plano estritamente político…

21-08-2018
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Desde o inefável Paulo Rangel até ao moralista José Manuel Pureza, os críticos do Governo (e em especial de Sócrates) têm afirmado que não discutem o processo Face Oculta ou as escutas no plano judicial.Após esta afirmação piedosa de princípio, passam imediatamente ao que (lhes) interessa: a dita relevância política das escutas, que na sua opinião fará cair Sócrates e o Governo e fazer regressar ao poder aqueles que perderam nas urnas, há menos de seis meses, de acordo com a vontade expressa do povo português.Em tudo isto, há uma contradição em que estes pequenos políticos nem reparam.As escutas só são admitidas na medida em que têm relevância para a perseguição de crimes. É isso que as torna admissíveis, no processo penal, e que justifica uma autorização do juiz que põe em causa a privacidade e a reserva da vida privada. Fora deste contexto, a recolha ou a utilização de escutas constitui, pura e simplesmente, um método pidesco de obter vantagens num divórcio, numa luta empresarial ou na disputa político-partidária.A única atitude coerente e compatível com a Democracia (com d maiúsculo) é separar a esfera judicial da luta política. À escala portuguesa, é mais ou menos como se no caso Watergate o tópico de discussão fossem as escutas ilegais feitas na sede do Partido Democrata e não a responsabilidade de quem as mandou fazer.Se os Rangéis e os Purezas deste país têm algum apego à democracia e o mínimo sentido de decência, devem intervir na luta política com armas políticas e não com aquelas q1ue são ilicitamente fornecidas por algumas pessoas que, a título de excepção, desonram o mundo judicial.


Desde o inefável Paulo Rangel até ao moralista José Manuel Pureza, os críticos do Governo (e em especial de Sócrates) têm afirmado que não discutem o processo Face Oculta ou as escutas no plano judicial.Após esta afirmação piedosa de princípio, passam imediatamente ao que (lhes) interessa: a dita relevância política das escutas, que na sua opinião fará cair Sócrates e o Governo e fazer regressar ao poder aqueles que perderam nas urnas, há menos de seis meses, de acordo com a vontade expressa do povo português.Em tudo isto, há uma contradição em que estes pequenos políticos nem reparam.As escutas só são admitidas na medida em que têm relevância para a perseguição de crimes. É isso que as torna admissíveis, no processo penal, e que justifica uma autorização do juiz que põe em causa a privacidade e a reserva da vida privada. Fora deste contexto, a recolha ou a utilização de escutas constitui, pura e simplesmente, um método pidesco de obter vantagens num divórcio, numa luta empresarial ou na disputa político-partidária.A única atitude coerente e compatível com a Democracia (com d maiúsculo) é separar a esfera judicial da luta política. À escala portuguesa, é mais ou menos como se no caso Watergate o tópico de discussão fossem as escutas ilegais feitas na sede do Partido Democrata e não a responsabilidade de quem as mandou fazer.Se os Rangéis e os Purezas deste país têm algum apego à democracia e o mínimo sentido de decência, devem intervir na luta política com armas políticas e não com aquelas q1ue são ilicitamente fornecidas por algumas pessoas que, a título de excepção, desonram o mundo judicial.

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