Espaço de Crítica Artística: A Chave Perdida

18-03-2019
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“Há muitas maravilhas neste mundo, mas a maior de todas é o homem.”Sófocles, em AntigonaSaberemos cada vez menos como olhar para o mundo que nos rodeia, como perceber as pessoas, as relações, os motivos. Para contrariar isto, vão surgindo cada vez mais temáticas artísticas, cujo leitmotif será não tanto dar-nos a comer uma filosofia de vida pré-comprada, mas tão somente obrigar-nos a pensar, a ter a certeza de que não estamos sós, que há outros, como nós ou não, mas há outros. Não será necessariamente uma corrente artística, talvez seja apenas um modus operandi, esta vontade de fazer pensar, de mostrar outras vidas, apenas que a realidade está lá fora. Acontece-o em Gus van Sant, acontece em Crash – Colisão, acontece em Há dias felizes, de Beckett, acontece em Saramago, acontece em Pulp Fiction. Acontece em A Chave Perdida.Saberemos cada vez menos como apreciar a Arte, num mundo onde a informação é cada vez mais, mas cada vez menos precisa e onde o preconceito reina. Para contrariar isso, há apenas uma saída. A opinião própria. É assim, que nos cabe o papel de procurar a Arte como única saída possível para a condição actual. É ela que nos salva, e somos nós que salvamos ao procurá-la. Este é o sentido salutar e conveniente da existência artística. É por isso que vão surgindo bandas pequenas com qualidade, é por isso que actores novos se afirmam, é por isso que os concursos literário têm tanta afluência e crescem em número e é por isso que vale cada vez mais a pena assistir a Teatro Amador. De qualidade.Saberemos cada vez menos quem é Álvaro Cordeiro, o autor de A Chave Perdida. Não será o mais puro e denso Álvaro Cordeiro que aqui se apresenta. Pela parte que me toca, ainda bem, tão somente porque aqui nos traz é uma peça de Teatro em jeito de contador de histórias. É o melhor de Álvaro Cordeiro que fica desta peça. As realidades que se cruzam, as personas que se criam, a verdade de não haver verdade senão a do quotidiano. Uma história de amor disfuncional, simplesmente existências amorosas com problemáticas concretas. Uma história simples, como gostaria David Lynch. A concentração do texto sobre o Homem, mais do que sobre a palavra, como gostaria Sófocles.Saberemos cada vez menos o que fazer do tempo. Não será uma peça que traga público novo ao Teatro, porque lhe faltam nomes sonantes, porque não tem um texto pipoqueiro e de fácil acesso. Com as falhas que qualquer grupo amador terá de ter devido às poucas condições, com um texto não demasiadamente pesado, e uma encenação cada vez mais cinematográfica, ainda que presa ao Teatro do gesto, ao Simbolismo. Por vezes em demasia, por vezes não. Ficam as boas interpretações de Paulo Vaz e Andreia Alexandre e a certeza de haver teatro amador em Portugal. De qualidade.A Chave Perdida esteve em cena até hoje no Auditório de Alfornelos, pelo Grupo de Teatro ExCena, com possível reposição no mesmo espaço.Título: A Chave PerdidaElenco: Paulo Martins, Andreia Alexandre, Ana Cabral, Sónia Ferreira e Paulo Vaz.Encenação: Paulo Vaz

“Há muitas maravilhas neste mundo, mas a maior de todas é o homem.”Sófocles, em AntigonaSaberemos cada vez menos como olhar para o mundo que nos rodeia, como perceber as pessoas, as relações, os motivos. Para contrariar isto, vão surgindo cada vez mais temáticas artísticas, cujo leitmotif será não tanto dar-nos a comer uma filosofia de vida pré-comprada, mas tão somente obrigar-nos a pensar, a ter a certeza de que não estamos sós, que há outros, como nós ou não, mas há outros. Não será necessariamente uma corrente artística, talvez seja apenas um modus operandi, esta vontade de fazer pensar, de mostrar outras vidas, apenas que a realidade está lá fora. Acontece-o em Gus van Sant, acontece em Crash – Colisão, acontece em Há dias felizes, de Beckett, acontece em Saramago, acontece em Pulp Fiction. Acontece em A Chave Perdida.Saberemos cada vez menos como apreciar a Arte, num mundo onde a informação é cada vez mais, mas cada vez menos precisa e onde o preconceito reina. Para contrariar isso, há apenas uma saída. A opinião própria. É assim, que nos cabe o papel de procurar a Arte como única saída possível para a condição actual. É ela que nos salva, e somos nós que salvamos ao procurá-la. Este é o sentido salutar e conveniente da existência artística. É por isso que vão surgindo bandas pequenas com qualidade, é por isso que actores novos se afirmam, é por isso que os concursos literário têm tanta afluência e crescem em número e é por isso que vale cada vez mais a pena assistir a Teatro Amador. De qualidade.Saberemos cada vez menos quem é Álvaro Cordeiro, o autor de A Chave Perdida. Não será o mais puro e denso Álvaro Cordeiro que aqui se apresenta. Pela parte que me toca, ainda bem, tão somente porque aqui nos traz é uma peça de Teatro em jeito de contador de histórias. É o melhor de Álvaro Cordeiro que fica desta peça. As realidades que se cruzam, as personas que se criam, a verdade de não haver verdade senão a do quotidiano. Uma história de amor disfuncional, simplesmente existências amorosas com problemáticas concretas. Uma história simples, como gostaria David Lynch. A concentração do texto sobre o Homem, mais do que sobre a palavra, como gostaria Sófocles.Saberemos cada vez menos o que fazer do tempo. Não será uma peça que traga público novo ao Teatro, porque lhe faltam nomes sonantes, porque não tem um texto pipoqueiro e de fácil acesso. Com as falhas que qualquer grupo amador terá de ter devido às poucas condições, com um texto não demasiadamente pesado, e uma encenação cada vez mais cinematográfica, ainda que presa ao Teatro do gesto, ao Simbolismo. Por vezes em demasia, por vezes não. Ficam as boas interpretações de Paulo Vaz e Andreia Alexandre e a certeza de haver teatro amador em Portugal. De qualidade.A Chave Perdida esteve em cena até hoje no Auditório de Alfornelos, pelo Grupo de Teatro ExCena, com possível reposição no mesmo espaço.Título: A Chave PerdidaElenco: Paulo Martins, Andreia Alexandre, Ana Cabral, Sónia Ferreira e Paulo Vaz.Encenação: Paulo Vaz

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