Herdeiro de Aécio: PORQUE HOJE É SÁBADO… E PORQUE FORÇARAM O BLOGUE PARLORAMA A FECHAR

14-04-2019
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O que aconteceu recentemente no site http://blog.parlorama.eu/en/ parece ser mais uma demonstração da tradicional falta de transparência que costuma estar associada ao funcionamento dos organismos da União Europeia. Só o saloismo nacional é que nos leva a classificar o defeito como português quando afinal é endémico e comum aos países europeus. A história começou há uns dias com a publicação naquele site de uma avaliação de desempenho abrangendo todos os eurodeputados desde as últimas eleições de 2004 até 31 de Dezembro de 2008. Por causa das substituições entretanto ocorridas, o número de eurodeputados avaliados revelou-se superior (920) ao número de deputados que actualmente compõem o elenco (785). Foi também esse o caso português, onde resultou a avaliação de um total de 27 eurodeputados, quando simultaneamente há 24 eleitos. Os resultados da avaliação baseavam-se apenas em elementos objectivos e mensuráveis como sejam os casos da assiduidade às sessões e a produção de cada eurodeputado avaliada através da contabilização dos relatórios e resoluções elaborados, das questões orais e escritas colocadas à Comissão, do tempo das intervenções orais no plenário, etc. Sabe-se quanto o detalhe (que não a substância…) destas avaliações podem ser contestadas: um dos casos mais clássicos é o da crítica aos factores de ponderação atribuídos a cada um dos parâmetros. Também se sabe quanto os criadores destas grelhas de avaliação são os últimos interessados na rigidez das suas conclusões. E também se sabe que na fase de contestação que se segue, fica-se à espera de sugestões de aperfeiçoamento, que normalmente não vêm – lembremo-nos apenas do caso recente de Mário Nogueira e dos professores entre nós… Só que neste caso, nem tempo houve, nem sequer paciência para essas encenações do faz-de-conta-que-concordo-há-apenas-um-pormenor... O site manteve-se em rede por umas escassas 48 horas, até que as ameaças de procedimento judicial (oriundas, imagina-se, dos eurodeputados mais mal classificados…) terem forçado o seu autor, o eurodeputado italiano Marco Cappato, a encerrá-lo preventivamente. Mais do que a análise detalhada da fórmula de avaliação, que já não tive oportunidade de fazer, os resultados da aplicação da fórmula resultam em tantas conclusões embaraçosas que me parecem apontar na direcção da honestidade com que foi elaborada. Aliás, os embaraços das conclusões parecem atingir de uma forma aleatória todas as famílias políticas e todas as nacionalidades. Além de que os resultados comprovam certas suspeitas enquanto ajudam a desmontar outras.Quanto à avaliação dos eurodeputados portugueses, a sua classificação relativa aparece acima (recolhi-a antes que o site tivesse desaparecido…): temos a ordenação nacional, depois o nome, o partido a que pertence e a ordenação geral entre os 920 eurodeputados da lista. Vale a pena destacar como primeira e principal conclusão, e com orgulho (isto não é só o Cristiano Ronaldo…), que a sua classificação conjunta se situa nitidamente acima da média europeia: há 6 eurodeputados situados entre os 10% melhores e apenas 1 entre os 10% piores (estatisticamente seria de esperar que houvesse 2 ou 3 nos dois grupos). A segunda grande conclusão é que a ordenação está cheia de surpresas, sendo as maiores as que distinguem entre os que trabalham mais e melhor nos parâmetros que foram avaliados e os outros, mais políticos, que trabalham melhor na promoção doméstica da sua imagem…Será o caso de Miguel Portas do Bloco, que ali aparece ligeiramente abaixo da média (479º) ou de José Ribeiro e Castro, tão incensado pelo seu desempenho pelos opositores internos de Paulo Portas, mas que está bem depois (597º) do seu colega de partido Luís Queiró (455º). A excelente prestação dos eurodeputados do PCP (9ª e 40º lugar) acaba apenas por ser ensombrada pela colocação embaraçosa de Sérgio Ribeiro (718º). Mas embaraço maior será para o PSD o facto do seu melhor eurodeputado (Carlos Coelho) aparecer depois de 8 do PS e de 2 do PCP... Nem mesmo o PS, para o qual estes resultados são lisonjeiros, se escaparia ao embaraço de explicar que critérios internos aplica para que não apresente à reeleição um dos melhores eurodeputados do hemiciclo, Paulo Casaca, classificado em 6º lugar, enquanto o faz com o que está classificado em 669º, Joel Hasse Ferreira…


O que aconteceu recentemente no site http://blog.parlorama.eu/en/ parece ser mais uma demonstração da tradicional falta de transparência que costuma estar associada ao funcionamento dos organismos da União Europeia. Só o saloismo nacional é que nos leva a classificar o defeito como português quando afinal é endémico e comum aos países europeus. A história começou há uns dias com a publicação naquele site de uma avaliação de desempenho abrangendo todos os eurodeputados desde as últimas eleições de 2004 até 31 de Dezembro de 2008. Por causa das substituições entretanto ocorridas, o número de eurodeputados avaliados revelou-se superior (920) ao número de deputados que actualmente compõem o elenco (785). Foi também esse o caso português, onde resultou a avaliação de um total de 27 eurodeputados, quando simultaneamente há 24 eleitos. Os resultados da avaliação baseavam-se apenas em elementos objectivos e mensuráveis como sejam os casos da assiduidade às sessões e a produção de cada eurodeputado avaliada através da contabilização dos relatórios e resoluções elaborados, das questões orais e escritas colocadas à Comissão, do tempo das intervenções orais no plenário, etc. Sabe-se quanto o detalhe (que não a substância…) destas avaliações podem ser contestadas: um dos casos mais clássicos é o da crítica aos factores de ponderação atribuídos a cada um dos parâmetros. Também se sabe quanto os criadores destas grelhas de avaliação são os últimos interessados na rigidez das suas conclusões. E também se sabe que na fase de contestação que se segue, fica-se à espera de sugestões de aperfeiçoamento, que normalmente não vêm – lembremo-nos apenas do caso recente de Mário Nogueira e dos professores entre nós… Só que neste caso, nem tempo houve, nem sequer paciência para essas encenações do faz-de-conta-que-concordo-há-apenas-um-pormenor... O site manteve-se em rede por umas escassas 48 horas, até que as ameaças de procedimento judicial (oriundas, imagina-se, dos eurodeputados mais mal classificados…) terem forçado o seu autor, o eurodeputado italiano Marco Cappato, a encerrá-lo preventivamente. Mais do que a análise detalhada da fórmula de avaliação, que já não tive oportunidade de fazer, os resultados da aplicação da fórmula resultam em tantas conclusões embaraçosas que me parecem apontar na direcção da honestidade com que foi elaborada. Aliás, os embaraços das conclusões parecem atingir de uma forma aleatória todas as famílias políticas e todas as nacionalidades. Além de que os resultados comprovam certas suspeitas enquanto ajudam a desmontar outras.Quanto à avaliação dos eurodeputados portugueses, a sua classificação relativa aparece acima (recolhi-a antes que o site tivesse desaparecido…): temos a ordenação nacional, depois o nome, o partido a que pertence e a ordenação geral entre os 920 eurodeputados da lista. Vale a pena destacar como primeira e principal conclusão, e com orgulho (isto não é só o Cristiano Ronaldo…), que a sua classificação conjunta se situa nitidamente acima da média europeia: há 6 eurodeputados situados entre os 10% melhores e apenas 1 entre os 10% piores (estatisticamente seria de esperar que houvesse 2 ou 3 nos dois grupos). A segunda grande conclusão é que a ordenação está cheia de surpresas, sendo as maiores as que distinguem entre os que trabalham mais e melhor nos parâmetros que foram avaliados e os outros, mais políticos, que trabalham melhor na promoção doméstica da sua imagem…Será o caso de Miguel Portas do Bloco, que ali aparece ligeiramente abaixo da média (479º) ou de José Ribeiro e Castro, tão incensado pelo seu desempenho pelos opositores internos de Paulo Portas, mas que está bem depois (597º) do seu colega de partido Luís Queiró (455º). A excelente prestação dos eurodeputados do PCP (9ª e 40º lugar) acaba apenas por ser ensombrada pela colocação embaraçosa de Sérgio Ribeiro (718º). Mas embaraço maior será para o PSD o facto do seu melhor eurodeputado (Carlos Coelho) aparecer depois de 8 do PS e de 2 do PCP... Nem mesmo o PS, para o qual estes resultados são lisonjeiros, se escaparia ao embaraço de explicar que critérios internos aplica para que não apresente à reeleição um dos melhores eurodeputados do hemiciclo, Paulo Casaca, classificado em 6º lugar, enquanto o faz com o que está classificado em 669º, Joel Hasse Ferreira…

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