Costa não estava de férias durante os fogos (mas Rio já o tinha acusado do mesmo)

14-10-2019
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O homem que irritou António Costa no último dia de campanha eleitoral, acusando-o de estar em "merecidas férias" quando ocorreram os fogos em Pedrógão Grande e a tragédia que vitimou 66 pessoas, não tinha razão. Os fogos ocorreram entre 17 e 24 de junho de 2017, enquanto o primeiro-ministro estava em funções. Mas entrou de férias em julho poucos dias depois do fim da tragédia, e foi sim apanhado nessa circunstância quando se soube do assalto a Tancos. Esta questão, aliás, já tinha sido alvo de um fact-check do Polígrafo, por causa das informações sobre o assunto que circulavam nas redes sociais.

António Costa reagiu dizendo que o homem era um "provocador" a repetir "uma mentira" que se disseminou nas redes sociais e que considerou "repugnante" ser usada pelos adversários para o atacar: "É vergonhoso como a direita recorre a golpes tão baixos como foi aquele a que assistimos agora". E acrescentou: "Marca negativamente quem plantou este senhor". E acusou PSD e CDS de serem "especialistas em fake news".

O líder do PS explicou que, "no dia 17 de junho estava cá [em Lisboa], e no 18 de junho estava na Câmara Municipal de Pedrógão", a reunir-se "com todos os membros menos com o presidente da câmara de Castanheira de Pêra", que estava incontactável. "Eu próprio fui à procura do presidente da câmara para lhe dar um telemóvel", afirmou pouco depois da altercação.

Rui Rio acusou Costa do mesmo

O assunto das alegadas férias de António Costa durante os fogos tinha voltado a ser assunto durante a greve dos camionistas, em agosto. Quando o primeiro-ministro disse que "o interesse nacional nunca tira férias", para atacar Rui Rio (que estava de férias e levou dias a tomar posição), teve dois tipos de reações. Uma nas redes sociais, que motivou o fact-check do Polígrafo. E uma reação de Rui Rio.

Na verdade, como António Costa sugeriu, este assunto já tinha sido verbalizado pelo líder do PSD que em reação ao primeiro-ministro usou exatamente a mesma informação do homem que abordou o socialista na arruada:

"O que está aqui em causa neste caso era eu entrar ou não num circo mediático durante quatro ou cinco dias. Mas o que esteve em causa quando ele, pura e simplesmente, não interrompeu as férias foi a morte de mais de 60 pessoas", criticou Rio, numa referência ao incêndio em Pedrógão Grande, em 2017.

Nesse dia, a 17 de agosto, o gabinete do PM fez saber aquilo que Costa agora repetiu depois da confusão na arruada: "Em 17 de junho, o PM não estava de férias e no dia 18 estava reunido com os presidentes de câmara dos concelhos mais atingidos. Os da Sertã ou da Pampilhosa podem confirmá-lo".

Segundo esta cronologia do Expresso sobre a tragédia dos fogos em 2017, António Costa estava presente em acção: no domingo, 18 de junho, às 00h35, António Costa disse que esta era “seguramente a maior tragédia” em Portugal nos últimos anos, à chegada à Autoridade Nacional da Proteção Civil em Lisboa. Às 2h40, o PM anunciava o aumento do número de vítimas mortais para 24. Ainda durante esse dia, chefiou uma delegação do Governo ao terreno, e realizou as reuniões com os autarcas, a que aludiu. Nessa terça-feira, 19, o PM assinava um despacho a pedir um esclarecimento urgente sobre o funcionamento da rede SIRESP no incêndio de Pedrógão Grande e sobre os motivos da ausência de encerramento da Estrada Nacional 236-1, onde ocorreu um elevado número de mortes. Na quarta-feira, 21 de junho, António Costa participava com outras altas entidades do Estado no funeral do bombeiro Gonçalo Conceição, em Castanheira de Pera. Foi quando esteve mais perto da população.

Onde aparece então a polémica das férias?

Na fase do rescaldo da tragédia, com o país em choque e sob uma alta pressão política, no início de julho de 2017 António Costa foi de facto de férias. A folga do primeiro-ministro foi de tal forma polémica que o seu gabinete em São Bento foi obrigado a fazer um comunicado seco a confirmar que o PM se encontrava no gozo de "uma semana de férias" - informando que o PM seria substituído pelo MNE. E rematava com uma justificação: "O primeiro-ministro está sempre contactável e disponível em caso de necessidade."

Nesta fase dos acontecimentos, o Governo não estava apenas pressionado por causa dos fogos - as notícias sobre alegadas falhas eram diárias - mas também por causa do assalto a Tancos. As férias de Costa que contribuíram para o comunicado do gabinete de São Bento também teve como base declarações de Assunção Cristas à saída de uma audiência em Belém, que pediu a Costa que regressasse das suas férias em Palma de Maiorca para demitir os ministros da Defesa e da Administração Interna.

O próprio Presidente da República se pronunciou sobre o tema, quando disse: “Tudo o que tenho a tratar, tenho tratado com o substituto do primeiro-ministro, o ministro dos Negócios Estrangeiros”.

Concluindo, o homem que abordou António Costa na arruada não tinha razão porque o primeiro-ministro não tirou férias durante os fogos de Pedrógão, mas só depois. E é verdade que Rui Rio, como líder do PSD, já tinha feito declarações a acusar António Costa da mesma coisa.

O homem que irritou António Costa no último dia de campanha eleitoral, acusando-o de estar em "merecidas férias" quando ocorreram os fogos em Pedrógão Grande e a tragédia que vitimou 66 pessoas, não tinha razão. Os fogos ocorreram entre 17 e 24 de junho de 2017, enquanto o primeiro-ministro estava em funções. Mas entrou de férias em julho poucos dias depois do fim da tragédia, e foi sim apanhado nessa circunstância quando se soube do assalto a Tancos. Esta questão, aliás, já tinha sido alvo de um fact-check do Polígrafo, por causa das informações sobre o assunto que circulavam nas redes sociais.

António Costa reagiu dizendo que o homem era um "provocador" a repetir "uma mentira" que se disseminou nas redes sociais e que considerou "repugnante" ser usada pelos adversários para o atacar: "É vergonhoso como a direita recorre a golpes tão baixos como foi aquele a que assistimos agora". E acrescentou: "Marca negativamente quem plantou este senhor". E acusou PSD e CDS de serem "especialistas em fake news".

O líder do PS explicou que, "no dia 17 de junho estava cá [em Lisboa], e no 18 de junho estava na Câmara Municipal de Pedrógão", a reunir-se "com todos os membros menos com o presidente da câmara de Castanheira de Pêra", que estava incontactável. "Eu próprio fui à procura do presidente da câmara para lhe dar um telemóvel", afirmou pouco depois da altercação.

Rui Rio acusou Costa do mesmo

O assunto das alegadas férias de António Costa durante os fogos tinha voltado a ser assunto durante a greve dos camionistas, em agosto. Quando o primeiro-ministro disse que "o interesse nacional nunca tira férias", para atacar Rui Rio (que estava de férias e levou dias a tomar posição), teve dois tipos de reações. Uma nas redes sociais, que motivou o fact-check do Polígrafo. E uma reação de Rui Rio.

Na verdade, como António Costa sugeriu, este assunto já tinha sido verbalizado pelo líder do PSD que em reação ao primeiro-ministro usou exatamente a mesma informação do homem que abordou o socialista na arruada:

"O que está aqui em causa neste caso era eu entrar ou não num circo mediático durante quatro ou cinco dias. Mas o que esteve em causa quando ele, pura e simplesmente, não interrompeu as férias foi a morte de mais de 60 pessoas", criticou Rio, numa referência ao incêndio em Pedrógão Grande, em 2017.

Nesse dia, a 17 de agosto, o gabinete do PM fez saber aquilo que Costa agora repetiu depois da confusão na arruada: "Em 17 de junho, o PM não estava de férias e no dia 18 estava reunido com os presidentes de câmara dos concelhos mais atingidos. Os da Sertã ou da Pampilhosa podem confirmá-lo".

Segundo esta cronologia do Expresso sobre a tragédia dos fogos em 2017, António Costa estava presente em acção: no domingo, 18 de junho, às 00h35, António Costa disse que esta era “seguramente a maior tragédia” em Portugal nos últimos anos, à chegada à Autoridade Nacional da Proteção Civil em Lisboa. Às 2h40, o PM anunciava o aumento do número de vítimas mortais para 24. Ainda durante esse dia, chefiou uma delegação do Governo ao terreno, e realizou as reuniões com os autarcas, a que aludiu. Nessa terça-feira, 19, o PM assinava um despacho a pedir um esclarecimento urgente sobre o funcionamento da rede SIRESP no incêndio de Pedrógão Grande e sobre os motivos da ausência de encerramento da Estrada Nacional 236-1, onde ocorreu um elevado número de mortes. Na quarta-feira, 21 de junho, António Costa participava com outras altas entidades do Estado no funeral do bombeiro Gonçalo Conceição, em Castanheira de Pera. Foi quando esteve mais perto da população.

Onde aparece então a polémica das férias?

Na fase do rescaldo da tragédia, com o país em choque e sob uma alta pressão política, no início de julho de 2017 António Costa foi de facto de férias. A folga do primeiro-ministro foi de tal forma polémica que o seu gabinete em São Bento foi obrigado a fazer um comunicado seco a confirmar que o PM se encontrava no gozo de "uma semana de férias" - informando que o PM seria substituído pelo MNE. E rematava com uma justificação: "O primeiro-ministro está sempre contactável e disponível em caso de necessidade."

Nesta fase dos acontecimentos, o Governo não estava apenas pressionado por causa dos fogos - as notícias sobre alegadas falhas eram diárias - mas também por causa do assalto a Tancos. As férias de Costa que contribuíram para o comunicado do gabinete de São Bento também teve como base declarações de Assunção Cristas à saída de uma audiência em Belém, que pediu a Costa que regressasse das suas férias em Palma de Maiorca para demitir os ministros da Defesa e da Administração Interna.

O próprio Presidente da República se pronunciou sobre o tema, quando disse: “Tudo o que tenho a tratar, tenho tratado com o substituto do primeiro-ministro, o ministro dos Negócios Estrangeiros”.

Concluindo, o homem que abordou António Costa na arruada não tinha razão porque o primeiro-ministro não tirou férias durante os fogos de Pedrógão, mas só depois. E é verdade que Rui Rio, como líder do PSD, já tinha feito declarações a acusar António Costa da mesma coisa.

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