Ria abaixo com pressa para chegar a domingo (e a Centeno)

14-10-2019
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O momento do dia:

A viagem de moliceiro. Rio pareceu embarcar a contragosto, durante 15 minutos. Ribau Esteves, autarca de Aveiro nas vestes de cicerone, não permitiu qualquer silêncio que fosse considerado constrangedor. Rio é que não estava para grandes conversas. “Isto não pode andar mais depressa para a gente snifar menos [monóxido de carbono]?”, chegou a pedir o líder social-democrata ao mestre da embarcação, aí algures a meio da viagem.

A frase do dia:

“A minha intuição é que Mário Centeno não faz o debate porque sabe que o que trouxe para a praça pública não corresponde à verdade e, neste momento, perder um debate desses é terrível para o PS. Já perderam muita coisa nas últimas semanas e por isso não querem mais.”

Rui Rio, líder do PSD

O personagem:

Ângelo Correia. O ex-ministro da Administração Interna fez uma grande intervenção de fundo para explicar o que deve distinguir o PSD do PS e da esquerda parlamentar. Foi o grande momento político do dia

A fotografia:

rui duarte silva

Mais um dia na estrada com Rui Rio, o nono. Depois de um par de dias em que Tancos dominou e galvinazou a corrida do líder social-democrata, depois de um grande comício no Minho em que bateu a bom bater no principal adversário, depois de um comício em Viseu em que pouco ou nada acrescentou em relação ao dia anterior, Rio parece ter entrado em velocidade de cruzeiro. Os estilhaços de Tancos fizeram o seu papel, o social-democrata marcou os seus pontos e agora é esperar pelas eleições.

Depois de Tancos, aliás, Rio voltou à casa de partida e à luta pelo título de ‘quem tem o melhor Centeno’ - que já tinha animado os primeiros dias de campanha. Decorria a sessão de esclarecimento organizada pelo partido quando uma notícia da Agência Lusa anunciava mais uma recusa do ministro das Finanças para debater com alguém do PSD. “Já me tinham pedido para tirar Tancos da campanha, só falta agora dizer que não sou eu quem por parte do PSD diz quem vai debater com Mário Centeno. Então vou mandar uma carta ao líder do PS para ele dizer quem do lado do PSD vai debater com o Mário Centeno”, provocou o líder social-democrata.

A frase de Rio surgiu já depois de o presidente do PSD ter acusado Centeno de ter medo de ir a debate porque sabe que, se o perder, será “terrível para o PS”. “Já perderam muita coisa nas últimas semanas e por isso não querem mais”, reforçou o líder.

Foi o momento alto de Rio nesta quarta-feira. A coreografia dos últimos dias, porém, manteve-se. De manhã, Rio cumpriu os mínimos olímpicos. Nas ruas de Santa Maria da Feira, com o aparelho em peso e bem oleado, o líder social-democrata caminhou, os jotas gritaram e a caravana passou. Em termos cénicos a coisa funciona: as imagens que chegam pelas televisões são as de uma “onda laranja” e de uma grande mobilização; espremido, não havia alma viva que estivesse ali a não ser a convite do partido.

rui duarte silva

O almoço foi passado numa cantina, em Águeda. Aos jornalistas, Rio aproveitou para esvaziar a polémica de Tancos (em contra-corrente em relação a tudo o que tinha feito até então) e deu uma bicada ligeira à ‘geringonça’. À tarde a coisa prometia: Rio ia passear de moliceiro. Errado. As únicas interações dignas de registo foram 1) quando perguntou se as gaivotas eram patos; 2) quando pediu ao mestre que andasse mais depressa porque estava a “snifar” demasiado monóxido de carbono.

Ainda havia a sessão de esclarecimento na Praça do Peixe, centro de Aveiro. A última desta campanha. O tema “Conversas no Feminino” prometia. Os protagonistas foram mulheres? Não. Rui Rio e Joaquim Miranda Sarmento, o porta-voz do PSD para as Finanças, que elaborou o quadro macroeconómico e as propostas de redução dos impostos. Os temas foram sobre igualdade de género ou valorização do papel da mulher na sociedade? Não. Quase sempre sobre finanças e economia. Às mulheres coube a difícil tarefa de fazerem perguntas - todas elas simpáticas, previsíveis e controladas.

Como técnico, Joaquim Miranda Sarmento cumpriu o seu papel e explicou em enconomês que a principal proposta do PSD é reduzir impostos e garantir um Estado mais eficaz, e que o “maior erro do Governo socialista” foi ter desaproveitado uma oportunidade única, aumentando desmesuradamente o peso da Administração Pública. “Aumentar a máquina do Estado é a opção deles. O Estado deixa de ser forte para passar a ser obeso. E as pessoas obesas mais cedo ou mais tarde têm problemas de saúde”, sublinhou. Seguiram-se a defesa do realismo das propostas do PSD e a crítica à falta de transparência nas contas do PS. E muitos conceitos técnicos. Muitos mesmo. “Os economistas são as pessoas mais enfadonhas do mundo”, chegou a assumir, com alguma graça. Louve-se a sinceridade. Rio, por sua vez, aproveitou para repetir a sua principal mensagem nestas eleições: fazer reformas na Justiça e no Sistema Político e ter “a coragem de ser forte com os fortes”. A sessão de esclarecimento acabou com Rio e Miranda Sarmento a revelarem os quatro objetos indispensáveis na mala de viagem.

Mas além disto houve uma intervenção de fundo de Ângelo Correia, ex-ministro da Administração Interna, coordenador do programa para a área da Defesa,e mandatário distrital do PSD. Em poucas ideias explicou, no seu entender, a diferença entre sociais-democratas e socialistas. “Nós acreditamos nas pessoas. A esquerda acredita no Estado. O Estado faz-se porque há pessoas. Não o contrário. Queremos um Estado que protega, não um Estado que queira mais dinheiro, com piores serviços públicos. Temos de servir os portugueses e não os nossos amigos. Não somos contra o Estado forte. Nós somos é contra um Estado tão forte que esmague os serviços. O Estado do PS desconfia dos portugueses. O Estado do PSD acredita nos portugueses”, disse.

Nota também para o quinto talk e o quinto sketch protagonizado pelos atores Mário Bomba e Carla Vasconcelos, desta vez com uma rábula sobre corrupção, cheia de referências implícitas a José Sócrates. Atente-se ao diálogo:

O momento do dia:

A viagem de moliceiro. Rio pareceu embarcar a contragosto, durante 15 minutos. Ribau Esteves, autarca de Aveiro nas vestes de cicerone, não permitiu qualquer silêncio que fosse considerado constrangedor. Rio é que não estava para grandes conversas. “Isto não pode andar mais depressa para a gente snifar menos [monóxido de carbono]?”, chegou a pedir o líder social-democrata ao mestre da embarcação, aí algures a meio da viagem.

A frase do dia:

“A minha intuição é que Mário Centeno não faz o debate porque sabe que o que trouxe para a praça pública não corresponde à verdade e, neste momento, perder um debate desses é terrível para o PS. Já perderam muita coisa nas últimas semanas e por isso não querem mais.”

Rui Rio, líder do PSD

O personagem:

Ângelo Correia. O ex-ministro da Administração Interna fez uma grande intervenção de fundo para explicar o que deve distinguir o PSD do PS e da esquerda parlamentar. Foi o grande momento político do dia

A fotografia:

rui duarte silva

Mais um dia na estrada com Rui Rio, o nono. Depois de um par de dias em que Tancos dominou e galvinazou a corrida do líder social-democrata, depois de um grande comício no Minho em que bateu a bom bater no principal adversário, depois de um comício em Viseu em que pouco ou nada acrescentou em relação ao dia anterior, Rio parece ter entrado em velocidade de cruzeiro. Os estilhaços de Tancos fizeram o seu papel, o social-democrata marcou os seus pontos e agora é esperar pelas eleições.

Depois de Tancos, aliás, Rio voltou à casa de partida e à luta pelo título de ‘quem tem o melhor Centeno’ - que já tinha animado os primeiros dias de campanha. Decorria a sessão de esclarecimento organizada pelo partido quando uma notícia da Agência Lusa anunciava mais uma recusa do ministro das Finanças para debater com alguém do PSD. “Já me tinham pedido para tirar Tancos da campanha, só falta agora dizer que não sou eu quem por parte do PSD diz quem vai debater com Mário Centeno. Então vou mandar uma carta ao líder do PS para ele dizer quem do lado do PSD vai debater com o Mário Centeno”, provocou o líder social-democrata.

A frase de Rio surgiu já depois de o presidente do PSD ter acusado Centeno de ter medo de ir a debate porque sabe que, se o perder, será “terrível para o PS”. “Já perderam muita coisa nas últimas semanas e por isso não querem mais”, reforçou o líder.

Foi o momento alto de Rio nesta quarta-feira. A coreografia dos últimos dias, porém, manteve-se. De manhã, Rio cumpriu os mínimos olímpicos. Nas ruas de Santa Maria da Feira, com o aparelho em peso e bem oleado, o líder social-democrata caminhou, os jotas gritaram e a caravana passou. Em termos cénicos a coisa funciona: as imagens que chegam pelas televisões são as de uma “onda laranja” e de uma grande mobilização; espremido, não havia alma viva que estivesse ali a não ser a convite do partido.

rui duarte silva

O almoço foi passado numa cantina, em Águeda. Aos jornalistas, Rio aproveitou para esvaziar a polémica de Tancos (em contra-corrente em relação a tudo o que tinha feito até então) e deu uma bicada ligeira à ‘geringonça’. À tarde a coisa prometia: Rio ia passear de moliceiro. Errado. As únicas interações dignas de registo foram 1) quando perguntou se as gaivotas eram patos; 2) quando pediu ao mestre que andasse mais depressa porque estava a “snifar” demasiado monóxido de carbono.

Ainda havia a sessão de esclarecimento na Praça do Peixe, centro de Aveiro. A última desta campanha. O tema “Conversas no Feminino” prometia. Os protagonistas foram mulheres? Não. Rui Rio e Joaquim Miranda Sarmento, o porta-voz do PSD para as Finanças, que elaborou o quadro macroeconómico e as propostas de redução dos impostos. Os temas foram sobre igualdade de género ou valorização do papel da mulher na sociedade? Não. Quase sempre sobre finanças e economia. Às mulheres coube a difícil tarefa de fazerem perguntas - todas elas simpáticas, previsíveis e controladas.

Como técnico, Joaquim Miranda Sarmento cumpriu o seu papel e explicou em enconomês que a principal proposta do PSD é reduzir impostos e garantir um Estado mais eficaz, e que o “maior erro do Governo socialista” foi ter desaproveitado uma oportunidade única, aumentando desmesuradamente o peso da Administração Pública. “Aumentar a máquina do Estado é a opção deles. O Estado deixa de ser forte para passar a ser obeso. E as pessoas obesas mais cedo ou mais tarde têm problemas de saúde”, sublinhou. Seguiram-se a defesa do realismo das propostas do PSD e a crítica à falta de transparência nas contas do PS. E muitos conceitos técnicos. Muitos mesmo. “Os economistas são as pessoas mais enfadonhas do mundo”, chegou a assumir, com alguma graça. Louve-se a sinceridade. Rio, por sua vez, aproveitou para repetir a sua principal mensagem nestas eleições: fazer reformas na Justiça e no Sistema Político e ter “a coragem de ser forte com os fortes”. A sessão de esclarecimento acabou com Rio e Miranda Sarmento a revelarem os quatro objetos indispensáveis na mala de viagem.

Mas além disto houve uma intervenção de fundo de Ângelo Correia, ex-ministro da Administração Interna, coordenador do programa para a área da Defesa,e mandatário distrital do PSD. Em poucas ideias explicou, no seu entender, a diferença entre sociais-democratas e socialistas. “Nós acreditamos nas pessoas. A esquerda acredita no Estado. O Estado faz-se porque há pessoas. Não o contrário. Queremos um Estado que protega, não um Estado que queira mais dinheiro, com piores serviços públicos. Temos de servir os portugueses e não os nossos amigos. Não somos contra o Estado forte. Nós somos é contra um Estado tão forte que esmague os serviços. O Estado do PS desconfia dos portugueses. O Estado do PSD acredita nos portugueses”, disse.

Nota também para o quinto talk e o quinto sketch protagonizado pelos atores Mário Bomba e Carla Vasconcelos, desta vez com uma rábula sobre corrupção, cheia de referências implícitas a José Sócrates. Atente-se ao diálogo:

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