Com samba e autocarros PSD encheu comício de rua em Aveiro

22-05-2019
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O PSD fez esta terça-feira à noite o seu primeiro comício de rua desta campanha eleitoral. Se foi um "ensaio para as legislativas", como dizia umas horas antes o secretário-geral José Silvano, o ensaio de Aveiro correu bem. A Praça da República, apesar da noite fria, encheu o suficiente para garantir um bom boneco televisivo. O povo transportado em oito autocarros organizados pela distrital liderada por Salvador Malheiro emoldurou a chegada de Rui Rio à praça, em ambiente de festa, com o ritmo marcado pela Escola de Samba Costa de Prata - um must do carnaval de Ovar -, mais buzinas, e megafones, e bombos. Não havia nada de espontâneo, mas já ninguém espera espontaneidade em comícios, apenas demonstrações de máquinas de campanha bem oleadas.

Malheiro, na tripla qualidade de líder distrital, vice-presidente do PSD e candidato a patrão da máquina laranja, não se poupou a esforços, nem a telefonemas, para assegurar praça cheia - centenas de pessoas oriundas de várias concelhias aveirenses, sobretudo de Ovar, onde Malheiro é presidente de câmara e de onde saíram três autocarros cheios. Ribau Esteves, o autarca da capital de distrito, também tinha razões para sorrir e falar, no seu estilo inconfundível, num "PSD em festa".

A cinco dias das europeias, e em contagem decrescente para as legislativas (e para o momento decisivo da escolha das listas de candidatos), estes testes são tão importantes para fora, como prova de força do partido, como para dentro, como prova de força dos caciques.

A pouca distância, num auditório fechado com menos de trezentos lugares, o cabeça de lista do PS fazia também o seu comício. Do lado do PSD havia pelo menos o dobro das pessoas. A diferença nos números da assistência e na ousadia da organização deixou os sociais-democratas animados.

Ao ataque contra a RTP

Paulo Rangel falou na emoção de "estar num comício à moda antiga", e Malheiro acusou o PS de ter "medo de ir para a rua". Aveiro, disse o líder distrital, é um "distrito onde não temos medo ir para a rua (...) e não temos medo de sondagens". Por duas vezes Malheiro se referiu às sondagens na sua breve intervenção, sinalizando o incómodo do PSD com o mais recente estudo de opinião, divulgado pela RTP e pelo "Público" - nessa projeção o PSD fica com 23%, dez pontos percentuais atrás do PS. Uma cifra decepcionante para o PSD, que acredita estar já bem acima desse patamar.

rui duarte silva

Rangel já durante a manhã tinha optado por "relativizar" essa sondagem ("Eu sempre me dei bem com más sondagens, não me preocupo com estas"), mas no comício da noite Rio decidiu usar artilharia pesada, atacando diretamente a RTP pela forma como a divulgou os resultados.

"Fiquei chocado quando tive oportunidade ver no canal público de televisão o telejornal da próxima segunda-feira por antecipação. Dizia a notícia: o PS ganha as eleições europeias. Como é possível um canal de televisão dizer, quando as eleições ainda não se realizaram, que o PS ganha, porque uma sondagem diz que o PS vai à frente?”, indignou-se Rio, apontando mais um inimigo na comunicação social, um dos seus alvos preferidos.

Tanto Rangel como Rio recapitularam os argumentos que têm repetido nesta campanha, tanto sobre a excelência da sua lista como sobre a necessidade de "dar um sinal de censura, de reprovação, de castigo às políticas da António Costa".

O Governo continua a ser o principal assunto do argumentário do PSD, com Rangel e Rio a fazerem um retrato calamitoso do estado dos serviços públicos, por causa dos "cortes e cativações" necessários para o Governo apresentar "contas certas".

Cancro como argumento de campanha

O líder do PSD carregou particularmente nas questões relacionadas com o Serviço Nacional de Saúde, chegando ao ponto de fazer uma dicotomia entre a posições do PSD e do Governo... em relação ao cancro. De um lado, colocou o PSD, com “a ambição de juntos com a Europa conseguirmos ter um programa de avanço científico na cura do cancro, que permite num relativo curto espaço de tempo que as pessoas na Europa possam sofrer menos e morrer menos por causa dessa doença”. Do outro lado, “o Serviço Nacional de Saúde, gerido pelo PS, em que as pessoas não usufruem sequer daquilo que é o conhecimento que já hoje existe, porque morrem sem sequer conseguir ir ao primeiro tratamento”.

“Vejam bem a diferença”, sublinhou Rio, colocando o cancro como argumento eleitoral.

Também as alterações climáticas serviram para o líder do PSD traçar uma linha entre o seu partido e o Governo. O PSD quer “que a Europa ajude os estados-membros a combater as intempéries, a combater os incêndios”; pelo contrário, disse Rio, “dispensamos governos como o atual que não conseguiu resolver ainda o problema do SIRESP” e não tem os helicópteros de combate aos fogos prontos para atuar. “Temos é de dar graças a Deus de estar este tempo frio e de estar este vento”...

Da taxa de mortalidade infantil aos problemas com a emissão do cartão do cidadão, não faltaram argumentos a Rio para pedir o castigo ao governo já no domingo. Até os preços reduzidos dos passes sociais foram invocados - porque o governo trata de forma diferente quem vive nas áreas metropolitanas, porque é aí que "há votos", mas também porque nessas áreas metropolitanas a oferta de transportes públicos não está à altura do aumento de procura. Segundo Rui Rio, em Lisboa houve mesmo pessoas que precisavam de ir para a margem sul do Tejo, mas "tiveram de dormir no Terreiro do Paço porque não havia barcos suficientes".

Espumante e bacalhau

O comício marcou o final de um dia longo, passado entre os distritos de Leiria e Aveiro, com visita a um centro de inovação do Politécnico de Leiria, às Caves Messias, à empresa de transformação de bacalhau Rui Costa e Sousa e ainda uma incursão pelo Pinhal de Leiria. Manuela Ferreira Leite foi o reforço convidado para abrilhantar o almoço, mas os brindes à vitória foram feitos ao início da tarde, com o espumante bruto da Mealhada. Um brinde "pelo sucesso de Portugal na Europa", pela vitória do PSD e "contra a abstenção", que continua a ser a assombração desta campanha.

Com uma campanha muito focada no ataque ao Governo, Rangel fez um esforço esta terça-feira para mostrar um Portugal positivo - no Politécnico de Leiria, nas Caves Messias e na empresa de transformação de bacalhau chamou a atenção para PME exportadoras, com valor acrescentado e inovação tecnológica "made in Portugal". Mas a visita às empresas também serviu, sem surpresa, para atacar o Governo, porque "esqueceu completamente as PME e o setor exportador". Mensagem positiva... ma non troppo.

O PSD fez esta terça-feira à noite o seu primeiro comício de rua desta campanha eleitoral. Se foi um "ensaio para as legislativas", como dizia umas horas antes o secretário-geral José Silvano, o ensaio de Aveiro correu bem. A Praça da República, apesar da noite fria, encheu o suficiente para garantir um bom boneco televisivo. O povo transportado em oito autocarros organizados pela distrital liderada por Salvador Malheiro emoldurou a chegada de Rui Rio à praça, em ambiente de festa, com o ritmo marcado pela Escola de Samba Costa de Prata - um must do carnaval de Ovar -, mais buzinas, e megafones, e bombos. Não havia nada de espontâneo, mas já ninguém espera espontaneidade em comícios, apenas demonstrações de máquinas de campanha bem oleadas.

Malheiro, na tripla qualidade de líder distrital, vice-presidente do PSD e candidato a patrão da máquina laranja, não se poupou a esforços, nem a telefonemas, para assegurar praça cheia - centenas de pessoas oriundas de várias concelhias aveirenses, sobretudo de Ovar, onde Malheiro é presidente de câmara e de onde saíram três autocarros cheios. Ribau Esteves, o autarca da capital de distrito, também tinha razões para sorrir e falar, no seu estilo inconfundível, num "PSD em festa".

A cinco dias das europeias, e em contagem decrescente para as legislativas (e para o momento decisivo da escolha das listas de candidatos), estes testes são tão importantes para fora, como prova de força do partido, como para dentro, como prova de força dos caciques.

A pouca distância, num auditório fechado com menos de trezentos lugares, o cabeça de lista do PS fazia também o seu comício. Do lado do PSD havia pelo menos o dobro das pessoas. A diferença nos números da assistência e na ousadia da organização deixou os sociais-democratas animados.

Ao ataque contra a RTP

Paulo Rangel falou na emoção de "estar num comício à moda antiga", e Malheiro acusou o PS de ter "medo de ir para a rua". Aveiro, disse o líder distrital, é um "distrito onde não temos medo ir para a rua (...) e não temos medo de sondagens". Por duas vezes Malheiro se referiu às sondagens na sua breve intervenção, sinalizando o incómodo do PSD com o mais recente estudo de opinião, divulgado pela RTP e pelo "Público" - nessa projeção o PSD fica com 23%, dez pontos percentuais atrás do PS. Uma cifra decepcionante para o PSD, que acredita estar já bem acima desse patamar.

rui duarte silva

Rangel já durante a manhã tinha optado por "relativizar" essa sondagem ("Eu sempre me dei bem com más sondagens, não me preocupo com estas"), mas no comício da noite Rio decidiu usar artilharia pesada, atacando diretamente a RTP pela forma como a divulgou os resultados.

"Fiquei chocado quando tive oportunidade ver no canal público de televisão o telejornal da próxima segunda-feira por antecipação. Dizia a notícia: o PS ganha as eleições europeias. Como é possível um canal de televisão dizer, quando as eleições ainda não se realizaram, que o PS ganha, porque uma sondagem diz que o PS vai à frente?”, indignou-se Rio, apontando mais um inimigo na comunicação social, um dos seus alvos preferidos.

Tanto Rangel como Rio recapitularam os argumentos que têm repetido nesta campanha, tanto sobre a excelência da sua lista como sobre a necessidade de "dar um sinal de censura, de reprovação, de castigo às políticas da António Costa".

O Governo continua a ser o principal assunto do argumentário do PSD, com Rangel e Rio a fazerem um retrato calamitoso do estado dos serviços públicos, por causa dos "cortes e cativações" necessários para o Governo apresentar "contas certas".

Cancro como argumento de campanha

O líder do PSD carregou particularmente nas questões relacionadas com o Serviço Nacional de Saúde, chegando ao ponto de fazer uma dicotomia entre a posições do PSD e do Governo... em relação ao cancro. De um lado, colocou o PSD, com “a ambição de juntos com a Europa conseguirmos ter um programa de avanço científico na cura do cancro, que permite num relativo curto espaço de tempo que as pessoas na Europa possam sofrer menos e morrer menos por causa dessa doença”. Do outro lado, “o Serviço Nacional de Saúde, gerido pelo PS, em que as pessoas não usufruem sequer daquilo que é o conhecimento que já hoje existe, porque morrem sem sequer conseguir ir ao primeiro tratamento”.

“Vejam bem a diferença”, sublinhou Rio, colocando o cancro como argumento eleitoral.

Também as alterações climáticas serviram para o líder do PSD traçar uma linha entre o seu partido e o Governo. O PSD quer “que a Europa ajude os estados-membros a combater as intempéries, a combater os incêndios”; pelo contrário, disse Rio, “dispensamos governos como o atual que não conseguiu resolver ainda o problema do SIRESP” e não tem os helicópteros de combate aos fogos prontos para atuar. “Temos é de dar graças a Deus de estar este tempo frio e de estar este vento”...

Da taxa de mortalidade infantil aos problemas com a emissão do cartão do cidadão, não faltaram argumentos a Rio para pedir o castigo ao governo já no domingo. Até os preços reduzidos dos passes sociais foram invocados - porque o governo trata de forma diferente quem vive nas áreas metropolitanas, porque é aí que "há votos", mas também porque nessas áreas metropolitanas a oferta de transportes públicos não está à altura do aumento de procura. Segundo Rui Rio, em Lisboa houve mesmo pessoas que precisavam de ir para a margem sul do Tejo, mas "tiveram de dormir no Terreiro do Paço porque não havia barcos suficientes".

Espumante e bacalhau

O comício marcou o final de um dia longo, passado entre os distritos de Leiria e Aveiro, com visita a um centro de inovação do Politécnico de Leiria, às Caves Messias, à empresa de transformação de bacalhau Rui Costa e Sousa e ainda uma incursão pelo Pinhal de Leiria. Manuela Ferreira Leite foi o reforço convidado para abrilhantar o almoço, mas os brindes à vitória foram feitos ao início da tarde, com o espumante bruto da Mealhada. Um brinde "pelo sucesso de Portugal na Europa", pela vitória do PSD e "contra a abstenção", que continua a ser a assombração desta campanha.

Com uma campanha muito focada no ataque ao Governo, Rangel fez um esforço esta terça-feira para mostrar um Portugal positivo - no Politécnico de Leiria, nas Caves Messias e na empresa de transformação de bacalhau chamou a atenção para PME exportadoras, com valor acrescentado e inovação tecnológica "made in Portugal". Mas a visita às empresas também serviu, sem surpresa, para atacar o Governo, porque "esqueceu completamente as PME e o setor exportador". Mensagem positiva... ma non troppo.

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