Colaborador de Rio envolvido em campanha de perfis falsos nas redes sociais

22-05-2019
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O caciquismo profissional chegou à era digital e envolve o nome de Rodrigo Gonçalves, considerado há mais de uma década um dos maiores caciques do PSD em Lisboa, contratado em outubro por Rui Rio para trabalhar na sede do partido na área das redes sociais, como então noticiou o Expresso. Este dirigente lisboeta – que tem colecionado polémicas e já foi condenado por agressão a soco e pontapé a um autarca de 71 anos, do mesmo partido – foi apontado pelo "Diário de Notícias", numa investigação publicada este sábado, como um dos elementos de uma rede de perfis falsos que usa o Twitter para divulgar notícias falsas e outras com conteúdos difamatórios – para além de histórias positivas para o PSD e artigos do próprio Gonçalves.

O "DN" identificou uma série de perfis que garante serem falsos. Quem mais interage com estas contas no Twitter é o próprio Rodrigo Gonçalves e o seu pai, Daniel Gonçalves, assim como dois dos seus apoiantes mais próximos. Segundo a investigação, estas são as únicas figuras reais a interagir com Larissa Rossetti, António Candeias, Andressa Bodião, Viviane Azevedo e Renata Hébil, que não falam de outra coisa senão política. E partilham os mesmos conteúdos, artigos e memes. Todos usam a palavra chave "@geringonçanuncamais", mas todos partilham o mesmo erro: em vez de usarem o hashtag #, usam no seu lugar um @.

A contradição entre Rui Rio e Rodrigo Gonçalves

Em resposta ao jornal, Rodrigo Gonçalves nega ter a tutela das redes sociais do partido: "Não tenho nenhuma responsabilidade de gestão das redes sociais do PSD, existindo para esse efeito uma funcionária com essas funções". Rui Rio, que deu uma entrevista por escrito ao "DN", dá uma versão diferente: "O Rodrigo Gonçalves foi contratado para colaborar com o partido na área das redes sociais, com o objetivo de partilhar toda a informação institucional difundida nos meios de comunicação do PSD e ainda notícias ou outro tipo de textos publicados na comunicação social e redes sociais, com os militantes do Partido Social Democrata."

Embora não tenha tomado uma posição sobre as pistas que apontam para Rodrigo Gonçalves como parte desta rede, o líder do PSD manifesta-se ao "DN" contra este tipo de práticas: "Repudio e recrimino a atribuição de ações, referências ou comentários maliciosos em relação a terceiros, sendo que caso eu próprio seja alvo destes mesmos comportamentos agirei, em conformidade, por forma a defender o meu bom nome, imagem e honra."

O próprio Rodrigo Gonçalves afirma ao jornal que o facto de estas contas partilharem os seus textos de opinião não demonstrava nenhuma ligação especial. "Importa esclarecer que entre as duas contas tenho mais de nove mil 'seguidores' e 'amigos'. Informo ainda que muitas das minhas publicações de vídeo, nas redes sociais, chegam a alcançar quase 13 mil pessoas e outras publicações de artigos de opinião chegam a alcançar mais de oito mil. É, portanto, mais do que evidente que não controlo nem fiscalizo as partilhas, ações e 'gostos' de milhares de pessoas e muito menos respondo por esses milhares de pessoas."

A contratação de Rodrigo Gonçalves chegou a ser muito criticada numa reunião de outubro passado na assembleia distrital de Lisboa. O alvo das críticas era Rui Rio. Vítor Reis, presidente da mesa da concelhia atacava a contratação daquele apoiante do líder desde a campanha para as eleições internas: "É um ato de manifesta hostilidade contra a concelhia de Lisboa, para perpetuar a lógica de cacicagem que estamos a tentar combater."

Caciquismo e contratos

Daniel Gonçalves (o pai) foi presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas e afastado pelo próprio partido nas últimas autárquicas por alegadas más práticas. Rodrigo (o filho), tinha liderado a junta de São Domingos de Benfica. Depois de sair da autarquia para um gabinete governamental, enquanto decorriam dois processos em tribunal contra si (seria absolvido num processo de corrupção e condenado pela agressão), uma série de colaboradores e fornecedores de Benfica passaram diretamente para as Avenidas Novas.

Mais: Rodrigo Gonçalves e a família chegaram a ter uma quantidade irrealista de militantes inscritos no partido com moradas das suas casas e, nas últimas eleições para a distital de Lisboa, o atual colaborador de Rio foi apanhado na "noite dos caciques" – uma investigação do "Observador" – que mostrava como os militantes eram transportados e encaminhados para as mesas de voto.

O caciquismo profissional chegou à era digital e envolve o nome de Rodrigo Gonçalves, considerado há mais de uma década um dos maiores caciques do PSD em Lisboa, contratado em outubro por Rui Rio para trabalhar na sede do partido na área das redes sociais, como então noticiou o Expresso. Este dirigente lisboeta – que tem colecionado polémicas e já foi condenado por agressão a soco e pontapé a um autarca de 71 anos, do mesmo partido – foi apontado pelo "Diário de Notícias", numa investigação publicada este sábado, como um dos elementos de uma rede de perfis falsos que usa o Twitter para divulgar notícias falsas e outras com conteúdos difamatórios – para além de histórias positivas para o PSD e artigos do próprio Gonçalves.

O "DN" identificou uma série de perfis que garante serem falsos. Quem mais interage com estas contas no Twitter é o próprio Rodrigo Gonçalves e o seu pai, Daniel Gonçalves, assim como dois dos seus apoiantes mais próximos. Segundo a investigação, estas são as únicas figuras reais a interagir com Larissa Rossetti, António Candeias, Andressa Bodião, Viviane Azevedo e Renata Hébil, que não falam de outra coisa senão política. E partilham os mesmos conteúdos, artigos e memes. Todos usam a palavra chave "@geringonçanuncamais", mas todos partilham o mesmo erro: em vez de usarem o hashtag #, usam no seu lugar um @.

A contradição entre Rui Rio e Rodrigo Gonçalves

Em resposta ao jornal, Rodrigo Gonçalves nega ter a tutela das redes sociais do partido: "Não tenho nenhuma responsabilidade de gestão das redes sociais do PSD, existindo para esse efeito uma funcionária com essas funções". Rui Rio, que deu uma entrevista por escrito ao "DN", dá uma versão diferente: "O Rodrigo Gonçalves foi contratado para colaborar com o partido na área das redes sociais, com o objetivo de partilhar toda a informação institucional difundida nos meios de comunicação do PSD e ainda notícias ou outro tipo de textos publicados na comunicação social e redes sociais, com os militantes do Partido Social Democrata."

Embora não tenha tomado uma posição sobre as pistas que apontam para Rodrigo Gonçalves como parte desta rede, o líder do PSD manifesta-se ao "DN" contra este tipo de práticas: "Repudio e recrimino a atribuição de ações, referências ou comentários maliciosos em relação a terceiros, sendo que caso eu próprio seja alvo destes mesmos comportamentos agirei, em conformidade, por forma a defender o meu bom nome, imagem e honra."

O próprio Rodrigo Gonçalves afirma ao jornal que o facto de estas contas partilharem os seus textos de opinião não demonstrava nenhuma ligação especial. "Importa esclarecer que entre as duas contas tenho mais de nove mil 'seguidores' e 'amigos'. Informo ainda que muitas das minhas publicações de vídeo, nas redes sociais, chegam a alcançar quase 13 mil pessoas e outras publicações de artigos de opinião chegam a alcançar mais de oito mil. É, portanto, mais do que evidente que não controlo nem fiscalizo as partilhas, ações e 'gostos' de milhares de pessoas e muito menos respondo por esses milhares de pessoas."

A contratação de Rodrigo Gonçalves chegou a ser muito criticada numa reunião de outubro passado na assembleia distrital de Lisboa. O alvo das críticas era Rui Rio. Vítor Reis, presidente da mesa da concelhia atacava a contratação daquele apoiante do líder desde a campanha para as eleições internas: "É um ato de manifesta hostilidade contra a concelhia de Lisboa, para perpetuar a lógica de cacicagem que estamos a tentar combater."

Caciquismo e contratos

Daniel Gonçalves (o pai) foi presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas e afastado pelo próprio partido nas últimas autárquicas por alegadas más práticas. Rodrigo (o filho), tinha liderado a junta de São Domingos de Benfica. Depois de sair da autarquia para um gabinete governamental, enquanto decorriam dois processos em tribunal contra si (seria absolvido num processo de corrupção e condenado pela agressão), uma série de colaboradores e fornecedores de Benfica passaram diretamente para as Avenidas Novas.

Mais: Rodrigo Gonçalves e a família chegaram a ter uma quantidade irrealista de militantes inscritos no partido com moradas das suas casas e, nas últimas eleições para a distital de Lisboa, o atual colaborador de Rio foi apanhado na "noite dos caciques" – uma investigação do "Observador" – que mostrava como os militantes eram transportados e encaminhados para as mesas de voto.

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