O que é que a liderança de Rui Rio tem que ver com um chinês constipado? Tudo

22-12-2018
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O que é que a liderança de Rui Rio tem que ver com um chinês constipado? Tudo

As vendas a retalho na China tiveram em novembro o valor de crescimento mais baixo dos últimos 15 anos. A produção industrial chinesa também se encontra com o valor de crescimento mais baixo dos últimos três anos. A venda de carros na China está a ter o primeiro arrefecimento desde os anos 90 do século passado. O terceiro trimestre de 2018 foi um período em que a economia viu o seu ritmo de crescimento diminuir na China, com isso arrastando também a Europa, em particular a Alemanha e, por exemplo, o Japão.

O índice mundial dos mercados de ações já caiu 8,7% desde o início do ano (ler AQUI) e as bolsas têm o pior período desde 2011. As projeções do FMI para os próximos cinco anos apontam para a continuação da desaceleração, com o crescimento anual da economia chinesa a descer para menos de 6% a partir de 2022 (AQUI).

Com a China a dar estes sinais, é o mundo que fica com mais nuvens no horizonte. Somos nós que vemos o horizonte toldar-se.

Na Europa, somam-se ainda os problemas em Itália, em conflito com a Comissão Europeia, no Reino Unido, com o Brexit, e na Alemanha e França, com lideranças políticas enfraquecidas.

O arrefecimento do crescimento económico global não é obviamente algo que se deseje. Mas pode no entanto ser a bolsa de oxigénio que a liderança do PSD necessita para o seu futuro político. O que tem isto que ver com a liderança de Rui Rio e o seu futuro enquanto presidente do PSD, pergunta o leitor. Tudo. Ou, pelo menos, pode ter bastante mais que ver do que à primeira vista se possa pensar. A liderança de Rio está a cada dia que passa mais acossada e atacada por todos os lados, dentro do próprio partido. Basta ver (AQUI), a título de exemplo, o que Marques Mendes afirmou no seu comentário semanal de domingo, na SIC. Dizer que não foi simpático para Rui Rio é o mínimo que se pode afirmar.

As dificuldades de Rio não vão diminuir nos próximos meses. Atacado por dentro. Seja por Mendes, por Pedro Duarte, por Luís Montenegro ou por outros. Atacado por fora. Seja pela eficaz máquina dos socialistas, no poder, seja por Cristas e o CDS que veem no enfraquecimento eleitoral do PSD uma forma de eles próprios terem maior peso político. Seja, ainda, pelos sinais de insatisfação com a oposição que Marcelo vai lançando.

Dificilmente no dia 6 de outubro de 2019 o PS não será o vencedor do escrutínio. A questão, verdadeiramente, a grande questão para essa noite é perceber-se se Costa conseguiu ou não a maioria absoluta. Se o PS tem ou não 116 deputados no Parlamento. Com ela, tem caminho aberto para mais quatro anos no poder. Com ela, Rui Rio tem guia de marcha imediato para deixar a liderança do PSD. Sem ela, sem maioria absoluta, Costa pode enfrentar algumas dificuldades. Como não conseguir reeditar a geringonça. Ou não conseguir meter BE e PCP no mesmo barco e não apresentar uma solução estável de viabilidade de um programa de governo.

E tanto mais difícil será Costa conseguir a maioria absoluta quanto maiores forem os sinais de abrandamento da economia. Há quatro anos, Passos conseguiu inverter o que seria mais natural e acabar vencedor das legislativas, muito fruto da inversão do clima económico.

Com as pessoas mais otimistas (ou, pelo menos, menos pessimistas) é mais difícil derrotar o partido e candidato incumbente. Há menos razões para forçar uma mudança política.

Portanto, para perceber melhor o que vai acontecer na política em 2019, e o futuro político de Rui Rio, o caminho mais direto talvez seja mesmo analisar quais os sinais que a economia chinesa vai dando para o mundo.

Não se trata de uma borboleta bater as asas nos antípodas e criar um furacão. Trata-se de como uma constipação chinesa pode ser o seguro de vida político de Rui Rio.

O que é que a liderança de Rui Rio tem que ver com um chinês constipado? Tudo

As vendas a retalho na China tiveram em novembro o valor de crescimento mais baixo dos últimos 15 anos. A produção industrial chinesa também se encontra com o valor de crescimento mais baixo dos últimos três anos. A venda de carros na China está a ter o primeiro arrefecimento desde os anos 90 do século passado. O terceiro trimestre de 2018 foi um período em que a economia viu o seu ritmo de crescimento diminuir na China, com isso arrastando também a Europa, em particular a Alemanha e, por exemplo, o Japão.

O índice mundial dos mercados de ações já caiu 8,7% desde o início do ano (ler AQUI) e as bolsas têm o pior período desde 2011. As projeções do FMI para os próximos cinco anos apontam para a continuação da desaceleração, com o crescimento anual da economia chinesa a descer para menos de 6% a partir de 2022 (AQUI).

Com a China a dar estes sinais, é o mundo que fica com mais nuvens no horizonte. Somos nós que vemos o horizonte toldar-se.

Na Europa, somam-se ainda os problemas em Itália, em conflito com a Comissão Europeia, no Reino Unido, com o Brexit, e na Alemanha e França, com lideranças políticas enfraquecidas.

O arrefecimento do crescimento económico global não é obviamente algo que se deseje. Mas pode no entanto ser a bolsa de oxigénio que a liderança do PSD necessita para o seu futuro político. O que tem isto que ver com a liderança de Rui Rio e o seu futuro enquanto presidente do PSD, pergunta o leitor. Tudo. Ou, pelo menos, pode ter bastante mais que ver do que à primeira vista se possa pensar. A liderança de Rio está a cada dia que passa mais acossada e atacada por todos os lados, dentro do próprio partido. Basta ver (AQUI), a título de exemplo, o que Marques Mendes afirmou no seu comentário semanal de domingo, na SIC. Dizer que não foi simpático para Rui Rio é o mínimo que se pode afirmar.

As dificuldades de Rio não vão diminuir nos próximos meses. Atacado por dentro. Seja por Mendes, por Pedro Duarte, por Luís Montenegro ou por outros. Atacado por fora. Seja pela eficaz máquina dos socialistas, no poder, seja por Cristas e o CDS que veem no enfraquecimento eleitoral do PSD uma forma de eles próprios terem maior peso político. Seja, ainda, pelos sinais de insatisfação com a oposição que Marcelo vai lançando.

Dificilmente no dia 6 de outubro de 2019 o PS não será o vencedor do escrutínio. A questão, verdadeiramente, a grande questão para essa noite é perceber-se se Costa conseguiu ou não a maioria absoluta. Se o PS tem ou não 116 deputados no Parlamento. Com ela, tem caminho aberto para mais quatro anos no poder. Com ela, Rui Rio tem guia de marcha imediato para deixar a liderança do PSD. Sem ela, sem maioria absoluta, Costa pode enfrentar algumas dificuldades. Como não conseguir reeditar a geringonça. Ou não conseguir meter BE e PCP no mesmo barco e não apresentar uma solução estável de viabilidade de um programa de governo.

E tanto mais difícil será Costa conseguir a maioria absoluta quanto maiores forem os sinais de abrandamento da economia. Há quatro anos, Passos conseguiu inverter o que seria mais natural e acabar vencedor das legislativas, muito fruto da inversão do clima económico.

Com as pessoas mais otimistas (ou, pelo menos, menos pessimistas) é mais difícil derrotar o partido e candidato incumbente. Há menos razões para forçar uma mudança política.

Portanto, para perceber melhor o que vai acontecer na política em 2019, e o futuro político de Rui Rio, o caminho mais direto talvez seja mesmo analisar quais os sinais que a economia chinesa vai dando para o mundo.

Não se trata de uma borboleta bater as asas nos antípodas e criar um furacão. Trata-se de como uma constipação chinesa pode ser o seguro de vida político de Rui Rio.

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