Lídia Pereira, o (jovem) fator surpresa de Rui Rio

22-05-2019
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Quando Rui Rio apresentou o seu Conselho Estratégico Nacional, que ficaria incumbido da missão de apresentar propostas para o programa do PSD, fizeram-se notícias sobre o perfil demográfico das 32 escolhas: apenas nove eram mulheres, e as idades médias eram de 60 anos (entre coordenadores) e 45 (entre porta-vozes). Agora, Rio decidiu inovar e fazer basicamente o contrário: a sua aposta para número dois às eleições europeias é Lídia Pereira, que conta apenas 27 anos e se seguirá a Paulo Rangel na lista de candidatos.

O convite surgiu numa conversa entre o presidente do PSD e a jovem na Universidade Europa, que decorreu este fim de semana, na Figueira da Foz. Mas só foi oficializado esta segunda-feira, quando Lídia Pereira recebeu, enquanto colocava gasóleo no carro, uma chamada de Rio, conta ao Expresso. Surpreendida? Sim. Assustada? Também. Mas com confiança para enfrentar o desafio novo, assegura.

A surpresa não vem do facto de ter sido incluída nas listas, uma vez que, como recorda, tinha sido indicada tanto pela JSD como pela distrital de Coimbra do PSD. Mas o lugar em que é colocada é o fator novidade: não só é completamente elegível (os sociais-democratas têm, neste momento, seis deputados europeus, e Lídia é colocada em segundo) como é de grande destaque. Para efeitos de comparação, João Duarte Albuquerque, o ‘jota’ socialista que lidera a organização de jovens socialistas na Europa (cargo equivalente ao de Lídia na sua área política, mas já lá vamos), também foi incluído nas listas do PS - mas ficou em 11º lugar, dificilmente elegível.

“Confesso que não esperava o segundo lugar, mas fiquei muito feliz com a confiança do presidente em representar a juventude num lugar de destaque na lista”, confirma Lídia Pereira ao Expresso. “[O desafio] assusta, não pela idade mas pela responsabilidade acrescida que esta etapa exige”, comenta, questionada sobre o facto de ser mais nova do que é habitual nos candidatos europeus dos partidos portugueses. “Temos deputados na Assembleia da República que foram eleitos mais novos do que eu, por exemplo”.

Visibilidade na Europa

Além da juventude e do facto de ser mulher, o outro fator destacado por Rio quando anunciou esta escolha, no Twitter, foi a experiência europeia da ‘jotinha’. Em 2014, Lídia Pereira começou a sua aventura na Europa, com um mestrado em Economia Europeia no Colégio da Europa, na Bélgica. Mas foi o seu primeiro emprego, em 2016, como especialista nas questões do branqueamento fiscal e da investigação forense no Banco Europeu de Investimento que fez com que se estabelecesse definitivamente fora de Portugal, no Luxemburgo.

Graças a esse percurso, Lídia acabaria por se tornar, em 2016, diretora de Relações Internacionais da JSD, onde tinha ingressado aos 20 anos e se tinha tornado cada vez mais ativa por incentivo do atual deputado - e então presidente das JSD - Duarte Marques e do presidente da sua concelhia natal, Dino Alves. Do Luxemburgo, acabou por se mudar há um ano para Bruxelas, onde trabalha como consultora na mesma altura tornou-se vice-presidente do YEPP (juventude do Partido Popular Europeu, a maior organização política juvenil da Europa). E foi no fim do ano passado que voltou a chamar as atenções, ao ser eleita para liderar o YEPP e sendo assim a primeira mulher a ocupar o cargo, um fator também destacado por Rio.

“O facto de ter sido eleita líder do YEPP acabou por me dar mais visibilidade nos assuntos europeus nos últimos meses”, e isso terá despertado a curiosidade do presidente do partido, assume. “Creio que foi isso que fez com que a direção visse aqui uma oportunidade de rejuvenescer o partido na Europa”. E é por isso que concorrerá ao lado de Paulo Rangel, que conhece desde que assumiu a vice-presidência do YEPP: “Falamos bastante e partilhamos muitas opiniões. É uma pessoa com quem gosto de me aconselhar”.

A favor do casamento homossexual, reservas sobre aborto e eutanásia

Resta agora a afinação de detalhes para a campanha de abril, explica a jovem, que atualmente vive em Bruxelas. Indica como principal causa para levar à Europa a Educação - “preparar e capacitar os jovens para a revolução digital em curso”, a aposta no Erasmus, a melhoria do acesso a bolsas, exemplifica. No YEPP, esses temas têm-lhe ocupado o tempo, mas também tem tido em mãos questões mais polémicas como as da permanência do partido de Viktor Orbán, o Fidesz, no PPE e portanto da correspondente juventude partidária no YEPP - as posições políticas da nova candidata são de “centro-direita” e chega a definir-se como uma “pragmática”. Quanto às questões fraturantes: é favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e tem reservas sobre a eutanásia e o aborto por ser “a favor da vida”, embora acredite que nestes dois casos “ninguém toma essas decisões de ânimo leve” e portanto não lhe cabe “julgar”.

Ao Expresso, em dezembro, apontava como principais referências políticas Francisco Sá Carneiro e Marcelo Rebelo de Sousa, mas também Angela Merkel, “uma das poucas estadistas na Europa”. Sobre estar a percorrer um caminho nunca antes feito por uma mulher, respondia assumindo-se feminista sem pudores, apesar da “má conotação” do termo: “Defendo os direitos das mulheres”.

Quando Rui Rio apresentou o seu Conselho Estratégico Nacional, que ficaria incumbido da missão de apresentar propostas para o programa do PSD, fizeram-se notícias sobre o perfil demográfico das 32 escolhas: apenas nove eram mulheres, e as idades médias eram de 60 anos (entre coordenadores) e 45 (entre porta-vozes). Agora, Rio decidiu inovar e fazer basicamente o contrário: a sua aposta para número dois às eleições europeias é Lídia Pereira, que conta apenas 27 anos e se seguirá a Paulo Rangel na lista de candidatos.

O convite surgiu numa conversa entre o presidente do PSD e a jovem na Universidade Europa, que decorreu este fim de semana, na Figueira da Foz. Mas só foi oficializado esta segunda-feira, quando Lídia Pereira recebeu, enquanto colocava gasóleo no carro, uma chamada de Rio, conta ao Expresso. Surpreendida? Sim. Assustada? Também. Mas com confiança para enfrentar o desafio novo, assegura.

A surpresa não vem do facto de ter sido incluída nas listas, uma vez que, como recorda, tinha sido indicada tanto pela JSD como pela distrital de Coimbra do PSD. Mas o lugar em que é colocada é o fator novidade: não só é completamente elegível (os sociais-democratas têm, neste momento, seis deputados europeus, e Lídia é colocada em segundo) como é de grande destaque. Para efeitos de comparação, João Duarte Albuquerque, o ‘jota’ socialista que lidera a organização de jovens socialistas na Europa (cargo equivalente ao de Lídia na sua área política, mas já lá vamos), também foi incluído nas listas do PS - mas ficou em 11º lugar, dificilmente elegível.

“Confesso que não esperava o segundo lugar, mas fiquei muito feliz com a confiança do presidente em representar a juventude num lugar de destaque na lista”, confirma Lídia Pereira ao Expresso. “[O desafio] assusta, não pela idade mas pela responsabilidade acrescida que esta etapa exige”, comenta, questionada sobre o facto de ser mais nova do que é habitual nos candidatos europeus dos partidos portugueses. “Temos deputados na Assembleia da República que foram eleitos mais novos do que eu, por exemplo”.

Visibilidade na Europa

Além da juventude e do facto de ser mulher, o outro fator destacado por Rio quando anunciou esta escolha, no Twitter, foi a experiência europeia da ‘jotinha’. Em 2014, Lídia Pereira começou a sua aventura na Europa, com um mestrado em Economia Europeia no Colégio da Europa, na Bélgica. Mas foi o seu primeiro emprego, em 2016, como especialista nas questões do branqueamento fiscal e da investigação forense no Banco Europeu de Investimento que fez com que se estabelecesse definitivamente fora de Portugal, no Luxemburgo.

Graças a esse percurso, Lídia acabaria por se tornar, em 2016, diretora de Relações Internacionais da JSD, onde tinha ingressado aos 20 anos e se tinha tornado cada vez mais ativa por incentivo do atual deputado - e então presidente das JSD - Duarte Marques e do presidente da sua concelhia natal, Dino Alves. Do Luxemburgo, acabou por se mudar há um ano para Bruxelas, onde trabalha como consultora na mesma altura tornou-se vice-presidente do YEPP (juventude do Partido Popular Europeu, a maior organização política juvenil da Europa). E foi no fim do ano passado que voltou a chamar as atenções, ao ser eleita para liderar o YEPP e sendo assim a primeira mulher a ocupar o cargo, um fator também destacado por Rio.

“O facto de ter sido eleita líder do YEPP acabou por me dar mais visibilidade nos assuntos europeus nos últimos meses”, e isso terá despertado a curiosidade do presidente do partido, assume. “Creio que foi isso que fez com que a direção visse aqui uma oportunidade de rejuvenescer o partido na Europa”. E é por isso que concorrerá ao lado de Paulo Rangel, que conhece desde que assumiu a vice-presidência do YEPP: “Falamos bastante e partilhamos muitas opiniões. É uma pessoa com quem gosto de me aconselhar”.

A favor do casamento homossexual, reservas sobre aborto e eutanásia

Resta agora a afinação de detalhes para a campanha de abril, explica a jovem, que atualmente vive em Bruxelas. Indica como principal causa para levar à Europa a Educação - “preparar e capacitar os jovens para a revolução digital em curso”, a aposta no Erasmus, a melhoria do acesso a bolsas, exemplifica. No YEPP, esses temas têm-lhe ocupado o tempo, mas também tem tido em mãos questões mais polémicas como as da permanência do partido de Viktor Orbán, o Fidesz, no PPE e portanto da correspondente juventude partidária no YEPP - as posições políticas da nova candidata são de “centro-direita” e chega a definir-se como uma “pragmática”. Quanto às questões fraturantes: é favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e tem reservas sobre a eutanásia e o aborto por ser “a favor da vida”, embora acredite que nestes dois casos “ninguém toma essas decisões de ânimo leve” e portanto não lhe cabe “julgar”.

Ao Expresso, em dezembro, apontava como principais referências políticas Francisco Sá Carneiro e Marcelo Rebelo de Sousa, mas também Angela Merkel, “uma das poucas estadistas na Europa”. Sobre estar a percorrer um caminho nunca antes feito por uma mulher, respondia assumindo-se feminista sem pudores, apesar da “má conotação” do termo: “Defendo os direitos das mulheres”.

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