"O diabo chegou e está na Saúde"

17-01-2019
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Joana Petiz 16 Janeiro, 2019 • 19:38

"O diabo chegou e está no Serviço Nacional de Saúde" (SNS). A frase, do deputado do PSD Ricardo Baptista Leite, marcou nesta tarde o debate parlamentar, com acusações ao governo pela "situação dramática" da saúde em Portugal.

No período reservado a declarações políticas no plenário da Assembleia da República, o PSD e o CDS focaram-se na "situação de falência" do Serviço Nacional da Saúde, com críticas ao governo socialista e aos partidos de esquerda que o apoiam parlamentarmente. "É caso para dizer que o diabo não está para chegar. O diabo chegou e está no Serviço Nacional de Saúde", afirmou Baptista Leite. "Quebrou-se a confiança, deixando a gestão da saúde sem rei nem roque e, no final, quem paga são os portugueses. É impossível confiar neste governo e a degradação do serviço público prossegue, empurrando quem tem recursos para o setor privado, deixando quem não tem recursos à mercê do seu destino", criticou o social-democrata.

A exigência do PSD é de que o "governo reconheça que falhou e ative um Plano de Intervenção de Emergência no Serviço Nacional de Saúde". Nos pedidos de esclarecimento, a referência ao diabo - imagem utilizada pelo antigo líder do PSD e primeiro-ministro Pedro Passos Coelho - não escapou ao BE e ao PS. "Quase que tínhamos saudades sobre a tese do diabo. Nós sabemos que algo está mal dentro do PSD quando vai sacar a tese do diabo", respondeu o deputado bloquista Moisés Ferreira.

Para o BE, "O PSD não tem credibilidade para falar do SNS", apesar de ser "inegável que há muita coisa a fazer". Mas deixa uma pergunta ao deputado do PSD: como é que justifica a proposta de uma Lei de Bases da Saúde que "continua a querer drenar os recursos do SNS para privado".

De acordo com o Tribunal de Contas, a dívida do SNS aumentou mil milhões entre 2014 e 2017, um agravamento superior a 50%. Os custos com pessoal têm aqui um peso particularmente elevado (40%) desde 2016, apesar de as unidades de saúde estarem a sofrer uma grave falta de pessoal (médicos, enfermeiros e técnicos), que tem mesmo levado esta classe às ruas e a greves sucessivas.

Notícias recentes deram conta de que faltavam mais de 500 anestesistas nos hospitais do SNS - situação que obrigou a Maternidade Alfredo da Costa a desviar urgências no período do Natal, por exemplo -, e já este ano o Ministério de Marta Temido anunciou luz verde para a contratação imediata de 450 enfermeiros e 400 assistentes, mas os sindicatos reclamam que esse número está muito aquém das reais necessidades. Os supostos cortes na ADSE também têm sido uma preocupação, ainda que o governo insista que não há modificações.

Há três anos "a saúde dos portugueses está pior" e que o "SNS tem a sua sustentabilidade ameaçada", sublinhou ontem a deputada do CDS-PP, Isabel Galriça Neto. E questionou o governo: "Concorda ou não que a saúde não tem sido uma prioridade? Os três anos de ação governativa socialista com o apoio das esquerdas unidas fizeram agravar e muito a situação do SNS."

Sem responder ao tema saúde, o socialista António Sales também optou por falar no diabo. "O PSD, ao chamar o diabo, precisa de uma sessão de exorcismo. Eu prevejo que seja amanhã ao fim do dia", ironizou. Já Carla Cruz, deputada do PCP, classificou a declaração política do PSD como "mais um episodio de ofensiva violenta contra o SNS". "Aquilo que o senhor deputado aqui fez foi uma tentativa de descredibilizar o SNS."

Nas respostas finais, Ricardo Baptista Leite aproveitou para atirar diretamente ao PCP e ao BE, considerando que estes partidos "têm prestado serviço aos privados" ao empurram as pessoas para esses mesmos privados ao aprovar Orçamentos do Estado que não apostam no SNS.

Com Lusa

Joana Petiz 16 Janeiro, 2019 • 19:38

"O diabo chegou e está no Serviço Nacional de Saúde" (SNS). A frase, do deputado do PSD Ricardo Baptista Leite, marcou nesta tarde o debate parlamentar, com acusações ao governo pela "situação dramática" da saúde em Portugal.

No período reservado a declarações políticas no plenário da Assembleia da República, o PSD e o CDS focaram-se na "situação de falência" do Serviço Nacional da Saúde, com críticas ao governo socialista e aos partidos de esquerda que o apoiam parlamentarmente. "É caso para dizer que o diabo não está para chegar. O diabo chegou e está no Serviço Nacional de Saúde", afirmou Baptista Leite. "Quebrou-se a confiança, deixando a gestão da saúde sem rei nem roque e, no final, quem paga são os portugueses. É impossível confiar neste governo e a degradação do serviço público prossegue, empurrando quem tem recursos para o setor privado, deixando quem não tem recursos à mercê do seu destino", criticou o social-democrata.

A exigência do PSD é de que o "governo reconheça que falhou e ative um Plano de Intervenção de Emergência no Serviço Nacional de Saúde". Nos pedidos de esclarecimento, a referência ao diabo - imagem utilizada pelo antigo líder do PSD e primeiro-ministro Pedro Passos Coelho - não escapou ao BE e ao PS. "Quase que tínhamos saudades sobre a tese do diabo. Nós sabemos que algo está mal dentro do PSD quando vai sacar a tese do diabo", respondeu o deputado bloquista Moisés Ferreira.

Para o BE, "O PSD não tem credibilidade para falar do SNS", apesar de ser "inegável que há muita coisa a fazer". Mas deixa uma pergunta ao deputado do PSD: como é que justifica a proposta de uma Lei de Bases da Saúde que "continua a querer drenar os recursos do SNS para privado".

De acordo com o Tribunal de Contas, a dívida do SNS aumentou mil milhões entre 2014 e 2017, um agravamento superior a 50%. Os custos com pessoal têm aqui um peso particularmente elevado (40%) desde 2016, apesar de as unidades de saúde estarem a sofrer uma grave falta de pessoal (médicos, enfermeiros e técnicos), que tem mesmo levado esta classe às ruas e a greves sucessivas.

Notícias recentes deram conta de que faltavam mais de 500 anestesistas nos hospitais do SNS - situação que obrigou a Maternidade Alfredo da Costa a desviar urgências no período do Natal, por exemplo -, e já este ano o Ministério de Marta Temido anunciou luz verde para a contratação imediata de 450 enfermeiros e 400 assistentes, mas os sindicatos reclamam que esse número está muito aquém das reais necessidades. Os supostos cortes na ADSE também têm sido uma preocupação, ainda que o governo insista que não há modificações.

Há três anos "a saúde dos portugueses está pior" e que o "SNS tem a sua sustentabilidade ameaçada", sublinhou ontem a deputada do CDS-PP, Isabel Galriça Neto. E questionou o governo: "Concorda ou não que a saúde não tem sido uma prioridade? Os três anos de ação governativa socialista com o apoio das esquerdas unidas fizeram agravar e muito a situação do SNS."

Sem responder ao tema saúde, o socialista António Sales também optou por falar no diabo. "O PSD, ao chamar o diabo, precisa de uma sessão de exorcismo. Eu prevejo que seja amanhã ao fim do dia", ironizou. Já Carla Cruz, deputada do PCP, classificou a declaração política do PSD como "mais um episodio de ofensiva violenta contra o SNS". "Aquilo que o senhor deputado aqui fez foi uma tentativa de descredibilizar o SNS."

Nas respostas finais, Ricardo Baptista Leite aproveitou para atirar diretamente ao PCP e ao BE, considerando que estes partidos "têm prestado serviço aos privados" ao empurram as pessoas para esses mesmos privados ao aprovar Orçamentos do Estado que não apostam no SNS.

Com Lusa

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