25 de Abril. Esquerda em choque, direita ao ataque e socialistas sem espelho retrovisor

26-04-2019
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Não foi só o 25 de Abril que marcou a sessão solene na Assembleia da República. Longe disso. As ligações familiares no Governo ou o pedido de ajuda externa nos tempos de José Sócrates estiveram presentes nos discursos do PSD e CDS. À esquerda acentua-se o mal-estar por causa da lei de bases da saúde. Pelo meio, a fila da frente da bancada do PS preferiu ficar sentada ao mesmo tempo que todos os restantes deputados aplaudiam de pé o discurso de Ferro Rodrigues.

A primeira intervenção coube ao partido mais novo da democracia com representação parlamentar. “A elite política está de costas voltadas para o futuro das pessoas”, disse André Silva, do PAN, alertando que os jovens não se sentem representados e “têm-se manifestado na rua e à rua vão voltar”.

Com as eleições à porta, a direita aproveitou as comemorações do 25 de Abril para retomar a polémica com as ligações familiares no Governo socialista. Pedro Roque, do PSD, contestou que “critérios ‘clubístico--partidários’ ou de nepotismo se sobreponham ao mérito e ao interesse coletivo”. O deputado centrista Filipe Anacoreta Correia defendeu que “a promiscuidade com o poder , seja de âmbito económico, partidário ou familiar, é incompatível com a dignidade democrática”.

O PSD começou por celebrar o 25 de Abril por “libertar Portugal de um regime autoritário e anacrónico”, com a garantia de que “hoje (ontem) é dia de união”, mas não deixou de fazer duras críticas à geringonça. “Não gostaríamos de voltar a ver Portugal sujeito a ajuda financeira externa, tal como aconteceu em 2011”.

Pedro Roque fez um balanço dos três anos da governação socialista e garantiu que “a justiça não deixou de ser morosa”, “as queixas no Serviço Nacional de Saúde amplificaram-se”, “os salários são baixos e insatisfatórios”, “a descentralização não saiu do papel e da oratória”, “a sustentabilidade da segurança social continua ameaçada de morte a prazo” e “a carga fiscal também não deu sinais de baixar”.

BE chocado com socialistas O dia era de festa, mas a esquerda não apareceu unida. A proposta dos socialistas para a nova lei de bases da saúde levou Catarina Martins a admitir que está “chocada com o caminho do PS, que apresentou propostas que contrariam o acordo alcançado entre o Governo e o BE”. A líder dos bloquistas afirmou que as propostas do PS “agradam com certeza ao grupo Mello, mas não honram o legado de António Arnaut e João Semedo”.

Antes de Catarina Martins disparar contra o PS, o deputado bloquista Jorge Falcato já tinha abordado o assunto durante a intervenção na sessão solene dos 45 anos do 25 de Abril. “O Serviço Nacional de Saúde pode voltar a andar de cravo ao peito, como Arnaut o sonhou, ou manterá a porta aberta para o negócio dos privados em cedência à pressão presidencial?”, questionou.

O recuo do PS surgiu depois de o Presidente da República ter ameaçado vetar uma lei que acabasse com as parcerias público-privadas na saúde. António Costa admitiu que teve em conta “as opiniões do Presidente da República”. Ao contrário do Bloco de Esquerda, que chegou a anunciar um acordo com o Governo, António Costa garantiu que “não houve, até agora, nenhum acordo fechado com nenhuma força política”. A intenção do primeiro-ministro era aprovar a lei com o apoio da esquerda, mas isso parece cada vez mais difícil. O recuo do Governo levou mesmo Rui Rio a admitir que a lei de bases da saúde possa ser aprovada com o apoio dos sociais-democratas. “Se o PS se aproximar do PSD, votaremos favoravelmente”, afirmou ontem o líder do PS.

Espelho retrovisor As cerimónias do 25 de Abril ficaram também marcadas por um incidente na bancada do PS. O discurso de Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, foi aplaudido de pé pela maioria dos deputados socialistas, mas a direção da bancada não se levantou. “Peço desculpa, mas não tenho nenhum espelho retrovisor”, disse Carlos César, líder do grupo parlamentar.

Há quem relacione este episódio com a disputa pelo cargo de presidente da Assembleia da República. É conhecida a possibilidade de Carlos César vir a ocupar o cargo se o PS vencer as eleições, mas Ferro Rodrigues também não descarta a hipótese de fazer mais um mandato. “O secretário-geral do PS levará em conta o que pensa o partido, disse, em entrevista ao Público, Ferro Rodrigues.

Não foi só o 25 de Abril que marcou a sessão solene na Assembleia da República. Longe disso. As ligações familiares no Governo ou o pedido de ajuda externa nos tempos de José Sócrates estiveram presentes nos discursos do PSD e CDS. À esquerda acentua-se o mal-estar por causa da lei de bases da saúde. Pelo meio, a fila da frente da bancada do PS preferiu ficar sentada ao mesmo tempo que todos os restantes deputados aplaudiam de pé o discurso de Ferro Rodrigues.

A primeira intervenção coube ao partido mais novo da democracia com representação parlamentar. “A elite política está de costas voltadas para o futuro das pessoas”, disse André Silva, do PAN, alertando que os jovens não se sentem representados e “têm-se manifestado na rua e à rua vão voltar”.

Com as eleições à porta, a direita aproveitou as comemorações do 25 de Abril para retomar a polémica com as ligações familiares no Governo socialista. Pedro Roque, do PSD, contestou que “critérios ‘clubístico--partidários’ ou de nepotismo se sobreponham ao mérito e ao interesse coletivo”. O deputado centrista Filipe Anacoreta Correia defendeu que “a promiscuidade com o poder , seja de âmbito económico, partidário ou familiar, é incompatível com a dignidade democrática”.

O PSD começou por celebrar o 25 de Abril por “libertar Portugal de um regime autoritário e anacrónico”, com a garantia de que “hoje (ontem) é dia de união”, mas não deixou de fazer duras críticas à geringonça. “Não gostaríamos de voltar a ver Portugal sujeito a ajuda financeira externa, tal como aconteceu em 2011”.

Pedro Roque fez um balanço dos três anos da governação socialista e garantiu que “a justiça não deixou de ser morosa”, “as queixas no Serviço Nacional de Saúde amplificaram-se”, “os salários são baixos e insatisfatórios”, “a descentralização não saiu do papel e da oratória”, “a sustentabilidade da segurança social continua ameaçada de morte a prazo” e “a carga fiscal também não deu sinais de baixar”.

BE chocado com socialistas O dia era de festa, mas a esquerda não apareceu unida. A proposta dos socialistas para a nova lei de bases da saúde levou Catarina Martins a admitir que está “chocada com o caminho do PS, que apresentou propostas que contrariam o acordo alcançado entre o Governo e o BE”. A líder dos bloquistas afirmou que as propostas do PS “agradam com certeza ao grupo Mello, mas não honram o legado de António Arnaut e João Semedo”.

Antes de Catarina Martins disparar contra o PS, o deputado bloquista Jorge Falcato já tinha abordado o assunto durante a intervenção na sessão solene dos 45 anos do 25 de Abril. “O Serviço Nacional de Saúde pode voltar a andar de cravo ao peito, como Arnaut o sonhou, ou manterá a porta aberta para o negócio dos privados em cedência à pressão presidencial?”, questionou.

O recuo do PS surgiu depois de o Presidente da República ter ameaçado vetar uma lei que acabasse com as parcerias público-privadas na saúde. António Costa admitiu que teve em conta “as opiniões do Presidente da República”. Ao contrário do Bloco de Esquerda, que chegou a anunciar um acordo com o Governo, António Costa garantiu que “não houve, até agora, nenhum acordo fechado com nenhuma força política”. A intenção do primeiro-ministro era aprovar a lei com o apoio da esquerda, mas isso parece cada vez mais difícil. O recuo do Governo levou mesmo Rui Rio a admitir que a lei de bases da saúde possa ser aprovada com o apoio dos sociais-democratas. “Se o PS se aproximar do PSD, votaremos favoravelmente”, afirmou ontem o líder do PS.

Espelho retrovisor As cerimónias do 25 de Abril ficaram também marcadas por um incidente na bancada do PS. O discurso de Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, foi aplaudido de pé pela maioria dos deputados socialistas, mas a direção da bancada não se levantou. “Peço desculpa, mas não tenho nenhum espelho retrovisor”, disse Carlos César, líder do grupo parlamentar.

Há quem relacione este episódio com a disputa pelo cargo de presidente da Assembleia da República. É conhecida a possibilidade de Carlos César vir a ocupar o cargo se o PS vencer as eleições, mas Ferro Rodrigues também não descarta a hipótese de fazer mais um mandato. “O secretário-geral do PS levará em conta o que pensa o partido, disse, em entrevista ao Público, Ferro Rodrigues.

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