Cinco estrelas num hotel à beira do Cais do Sodré

08-06-2019
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Corpo Santo, o hotel de cinco estrelas com entrada principal no largo com o mesmo nome está num edifício pombalino recuperado pelo arquiteto Nuno Leonidas. (Fotografia D.R.)

Com 79 quartos, dos quais oito são suites. (Fotografia D.R.)

A maioria das suites estão instaladas no último piso com vista para o Tejo e para a rua do Arsenal.(Fotografia D.R.)

O restaurante Porter tem porta aberta para a rua e muitos dos seus clientes não são hóspedes do hotel. (Fotografia D.R.)

O Porter tem capacidade para 70 pessoas e tem um bar e área para eventos. (Fotografia D.R.)

O nome deriva de uma cerveja inglesa que era fabricada naquele lugar no século XVIII. (Fotografia D.R.)

Em pouco mais de um ano, o hotel cinco estrelas Corpo Santo foi aconselhado pelo New York Times e com isso viu a atenção do mercado norte-americano crescer. Com parte da Muralha Fernandina no piso subterrâneo, o Corpo Santo dá ao turista (nacional ou estrangeiro) um dose honesta de portugalidade. Sem encenações.

Texto de Filipe Gil

O turismo trouxe mudanças a Lisboa. Para além da maior oferta na hotelaria outra das alterações foi ver o edificado a ser recuperado. É o que vemos acontecer, sobretudo no centro histórico e suas zonas limítrofes. Por exemplo, no Cais do Sodré. Local em plena transformação, agora de moda entre portugueses e estrangeiros, e onde ainda vão resistindo – embora por pouco tempo – bares e discotecas bas found.

Por isso não é de estranhar que ali perto, na rua do Arsenal, exista há pouco mais de um ano um hotel de cinco estrelas. É o Corpo Santo assim nomeado pela entrada principal acontecer no largo do mesmo nome.

Recuperado pelo arquiteto Nuno Leónidas e decorado pela dupla de designers Branco sobre Branco o hotel tem cinco pisos – cada um com uma temática diferente aliada à expansão portuguesa. Com 79 quartos, dos quais oito são suites instaladas no último piso com vista para o Tejo e para a rua do Arsenal.

As obras de recuperação do edifício deram a descoberto 32 metros da Muralha Fernandina e ainda muitos artefactos que se julga terem ficado soterrados no terramoto de 1755. No piso –1 é possível ver parte da muralha e ainda o que restou da torre de João Bretão, situada no extremo ocidental da construção. O espaço pode ser visitado pelos hóspedes gratuitamente.

O hotel é serviço, serviço e mais serviço. Quando falámos com o diretor do hotel, Pedro Pinto, – antes da estadia – foi esse o tema principal da conversa. Uns dias mais tarde comprovamos a preocupação que nada falhe aos hóspedes.

Os pisos estão divididos por “temáticas”. Num dos pisos dedicado ao Brasil os cheiros e a música tentam levar-nos para o imaginário do país. É mais um statement do que realidade. A arquitetura do edifício é familiar aos lisboetas, mas para outros portugueses de outros locais (e para os estrangeiros) deve ser uma experiência diferenciadora pernoitar num típico prédio pombalino a poucos metros a pé do centro histórico.

E foi por lá que andámos, juntamente com um casal inglês de Liverpool na City tour gratuita que o hotel disponibiliza. Apesar de passagens obrigatórias para compra souvenirs, o tour de cerca de hora e meia dá uma boa ideia do centro de Lisboa e a informação e simpatia que o guia – que também é rececionista do hotel – é um bom serviço para fazerem os turistas voltarem à cidade.

Hotel com restaurante, ou vice-versa?

A outra surpresa, para além do serviço irrepreensível é o restaurante Porter, cujo nome deriva do tipo de cerveja inglesa que era produzido no Largo de Corpo Santo no século XVIII. O restaurante está aberto para a rua (até à 01:00) e a maioria dos clientes nem sequer é hóspede do hotel. A comida vale a pena a visita. É honesta e dá uma ideia de que uma cozinha razoavelmente bem feita pode fazer pela memória gastronómica dos clientes. Há ainda uma nova versão da tal cerveja Porter, agora artesanal, que merece ser provada – e até pode ser comprada para levar.

Em suma, mesmo no meio do centro da cidade é possível construir um serviço cinco estrelas honesto, cheio de referências sobretudo lisboetas mas sem ficar com a ideia de encenação de que muito do turismo de Lisboa começa a padecer.

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Corpo Santo, o hotel de cinco estrelas com entrada principal no largo com o mesmo nome está num edifício pombalino recuperado pelo arquiteto Nuno Leonidas. (Fotografia D.R.)

Com 79 quartos, dos quais oito são suites. (Fotografia D.R.)

A maioria das suites estão instaladas no último piso com vista para o Tejo e para a rua do Arsenal.(Fotografia D.R.)

O restaurante Porter tem porta aberta para a rua e muitos dos seus clientes não são hóspedes do hotel. (Fotografia D.R.)

O Porter tem capacidade para 70 pessoas e tem um bar e área para eventos. (Fotografia D.R.)

O nome deriva de uma cerveja inglesa que era fabricada naquele lugar no século XVIII. (Fotografia D.R.)

Em pouco mais de um ano, o hotel cinco estrelas Corpo Santo foi aconselhado pelo New York Times e com isso viu a atenção do mercado norte-americano crescer. Com parte da Muralha Fernandina no piso subterrâneo, o Corpo Santo dá ao turista (nacional ou estrangeiro) um dose honesta de portugalidade. Sem encenações.

Texto de Filipe Gil

O turismo trouxe mudanças a Lisboa. Para além da maior oferta na hotelaria outra das alterações foi ver o edificado a ser recuperado. É o que vemos acontecer, sobretudo no centro histórico e suas zonas limítrofes. Por exemplo, no Cais do Sodré. Local em plena transformação, agora de moda entre portugueses e estrangeiros, e onde ainda vão resistindo – embora por pouco tempo – bares e discotecas bas found.

Por isso não é de estranhar que ali perto, na rua do Arsenal, exista há pouco mais de um ano um hotel de cinco estrelas. É o Corpo Santo assim nomeado pela entrada principal acontecer no largo do mesmo nome.

Recuperado pelo arquiteto Nuno Leónidas e decorado pela dupla de designers Branco sobre Branco o hotel tem cinco pisos – cada um com uma temática diferente aliada à expansão portuguesa. Com 79 quartos, dos quais oito são suites instaladas no último piso com vista para o Tejo e para a rua do Arsenal.

As obras de recuperação do edifício deram a descoberto 32 metros da Muralha Fernandina e ainda muitos artefactos que se julga terem ficado soterrados no terramoto de 1755. No piso –1 é possível ver parte da muralha e ainda o que restou da torre de João Bretão, situada no extremo ocidental da construção. O espaço pode ser visitado pelos hóspedes gratuitamente.

O hotel é serviço, serviço e mais serviço. Quando falámos com o diretor do hotel, Pedro Pinto, – antes da estadia – foi esse o tema principal da conversa. Uns dias mais tarde comprovamos a preocupação que nada falhe aos hóspedes.

Os pisos estão divididos por “temáticas”. Num dos pisos dedicado ao Brasil os cheiros e a música tentam levar-nos para o imaginário do país. É mais um statement do que realidade. A arquitetura do edifício é familiar aos lisboetas, mas para outros portugueses de outros locais (e para os estrangeiros) deve ser uma experiência diferenciadora pernoitar num típico prédio pombalino a poucos metros a pé do centro histórico.

E foi por lá que andámos, juntamente com um casal inglês de Liverpool na City tour gratuita que o hotel disponibiliza. Apesar de passagens obrigatórias para compra souvenirs, o tour de cerca de hora e meia dá uma boa ideia do centro de Lisboa e a informação e simpatia que o guia – que também é rececionista do hotel – é um bom serviço para fazerem os turistas voltarem à cidade.

Hotel com restaurante, ou vice-versa?

A outra surpresa, para além do serviço irrepreensível é o restaurante Porter, cujo nome deriva do tipo de cerveja inglesa que era produzido no Largo de Corpo Santo no século XVIII. O restaurante está aberto para a rua (até à 01:00) e a maioria dos clientes nem sequer é hóspede do hotel. A comida vale a pena a visita. É honesta e dá uma ideia de que uma cozinha razoavelmente bem feita pode fazer pela memória gastronómica dos clientes. Há ainda uma nova versão da tal cerveja Porter, agora artesanal, que merece ser provada – e até pode ser comprada para levar.

Em suma, mesmo no meio do centro da cidade é possível construir um serviço cinco estrelas honesto, cheio de referências sobretudo lisboetas mas sem ficar com a ideia de encenação de que muito do turismo de Lisboa começa a padecer.

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