Recebera um sms. Um convite para espreitar o Casino de Lisboa. Li a mensagem como alguma admiração. Casino? – Pensei lentamente. Depois daquilo que tinha para fazer encontrámo-nos e fomos até lá. À porta dois senhores vestidos a rigor, mãos atrás das costas, com olhares cirúrgicos e intercomunicadores. Lá dentro, música alta, uma exposição de pirilampos à direita, o “arena lounge” à esquerda com acrobacias. Despertou-me curiosidade a sala dos jogos do fundo. Entrámos. Luzes incandescentes, máquinas automáticas, slot machines, roletas. E lá estavam, sem qualquer exagero, centenas de pessoas a jogar. Por alguns segundos observei o jogo e a pessoa. O que é que esta pessoa ‘tá a sentir? – Pensei cheio de curiosidade. Na mão esquerda um cigarro comido, na mão direita a velocidade nos botões. Andei mais adiante e encontrei um velhinho de gravata sentado com um cotovelo defunto apoiado na máquina. Atrás de mim uma senhora a jogar e a jantar ao mesmo tempo. Nuno, queres subir? Subimos ao piso um. Espaço de maior requinte e de maiores apostas. Mesas de jogo de pano verde. Parecia que entráramos num filme. Fichas, dinheiro, bloco de notas. Aproximara-se um rapaz. Vinte euros para casa número cinco. A roleta ditara outro número e ele lá se foi embora sem nada. Que confusão é esta? O que é que esta gente anda à procura? Do dinheiro? Da felicidade? Sim, da felicidade não duvido, nem eles próprios duvidam. Caramba, mas é por esta sala que eles lá chegam? Já à saída, reparei nas apostas perdidas que se fizeram. Cá fora, com o vazio da música nos ouvidos, pensei. O que se passa no coração de Deus? O que é que ele sente ao ver este isto?Mas de facto, no meio do barulho do casino, ouve-se o arrepiante silêncio de Deus.Nuno Branco, sj(retirado do blog : http://www.toquesdedeus.blogspot.com/)
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Recebera um sms. Um convite para espreitar o Casino de Lisboa. Li a mensagem como alguma admiração. Casino? – Pensei lentamente. Depois daquilo que tinha para fazer encontrámo-nos e fomos até lá. À porta dois senhores vestidos a rigor, mãos atrás das costas, com olhares cirúrgicos e intercomunicadores. Lá dentro, música alta, uma exposição de pirilampos à direita, o “arena lounge” à esquerda com acrobacias. Despertou-me curiosidade a sala dos jogos do fundo. Entrámos. Luzes incandescentes, máquinas automáticas, slot machines, roletas. E lá estavam, sem qualquer exagero, centenas de pessoas a jogar. Por alguns segundos observei o jogo e a pessoa. O que é que esta pessoa ‘tá a sentir? – Pensei cheio de curiosidade. Na mão esquerda um cigarro comido, na mão direita a velocidade nos botões. Andei mais adiante e encontrei um velhinho de gravata sentado com um cotovelo defunto apoiado na máquina. Atrás de mim uma senhora a jogar e a jantar ao mesmo tempo. Nuno, queres subir? Subimos ao piso um. Espaço de maior requinte e de maiores apostas. Mesas de jogo de pano verde. Parecia que entráramos num filme. Fichas, dinheiro, bloco de notas. Aproximara-se um rapaz. Vinte euros para casa número cinco. A roleta ditara outro número e ele lá se foi embora sem nada. Que confusão é esta? O que é que esta gente anda à procura? Do dinheiro? Da felicidade? Sim, da felicidade não duvido, nem eles próprios duvidam. Caramba, mas é por esta sala que eles lá chegam? Já à saída, reparei nas apostas perdidas que se fizeram. Cá fora, com o vazio da música nos ouvidos, pensei. O que se passa no coração de Deus? O que é que ele sente ao ver este isto?Mas de facto, no meio do barulho do casino, ouve-se o arrepiante silêncio de Deus.Nuno Branco, sj(retirado do blog : http://www.toquesdedeus.blogspot.com/)