Mafuá do HPA: CENA BAURUENSE (116)

14-10-2019
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A XIII
MOSTRA DE TEATRO PAULO NEVES E O MOTIVO DELE CONTINUAR RESISTINDO

Ontem à
noite foi um dia mais do que especial. Dia todo carregado, fluidos bons e
outros negativos circulando pelo ar e quando o expediente se deu por findado, o
que fazer, ei a questão. Ana dando aula até 23h, a opção entre ficar em casa
espiando a novela ou ir bebericar algo num botequim qualquer, fiz uma terceira
escolha, começando de forma atrasada minha participação na XIII MOSTRA DE
TEATRO PAULO NEVES. Ontem foi dia 21 e a mostra havia começado dia 18, três
dias de atraso, algo imperdoável para quem nos anos anteriores esteve bem por
dentro do evento, que embala o começo de ano cultural em Bauru. Logo cedo recebo
via email um convite para ir assistir “A SEDE QUE MATA”, de um grupo convidado
de Garça, monólogo sobre o algo mais de uma pessoa diante da sede. Susy May
Truzzi, uma agitadora cultural da vizinha cidade (que um dia já foi daqui), deu
a dica, comprei a idéia e a ficha caiu. PÔ, o festival do Paulo Neves já
começou. Parei de ficar brigando pela internet e cai de boca no que Paulo sabe
mais fazer na vida, teatro.

O evento
desse ano tem uma cara mais do que inovadora. Vai de 18/01 a 02/02 e dessa vez
está mais do que nunca sabendo explorar outros espaços além do batido e sempre
grandioso Teatro Municipal. Os organizadores, Paulo, seus filhos Thiago,
Talita, Silvio Selva, entre outros captaram que espetáculos menores não podiam
mesmo ser encenados num espaço para 450 lugares e daí a opção mais lógica, a
utilização em grande intensidade da casa deles, a Casa de Cultura Celina Alves
Neves, ali na Gerson França, antiga morada de dona Celina, a matriarca disso
tudo. O quintal da casa com arquibancadas de tijolos comporta umas 40 pessoas e
é ali que tudo tem acontecido de forma radiante. Além desse palco, outro, o
Espaço Protótipo (que ainda não conheço) também abriu para um espetáculo. O
Teatro Municipal será usado para os espetáculos maiores. Paulo e sua trupe são
mais que doidos, pois são dezoito espetáculos, divididos nesses lugares e
alguns deles sendo apresentados mais de uma vez.

Acontece
tudo tão rápido, que é inevitável perder algo de bom, deixar de assistir uma
peça pela qual todo mundo depois vai comentar, mas você acabou perdendo. Todo
ano me acontece isso, mas nesse se perder num dia, ainda tem outra
oportunidade. O Paulo envolve muita gente nisso tudo, busca apoio em lugares
nunca dante navegados, cava patrocínios por todo o canto, reclama pra dedéu,
mas não verga, continua como Aldir diz num dos seus sambas: “Envelheci, mas
continuo em exposição, como sardinha de balcão”. Ele é o cara e quando escrevo
dele, os demais lá não devem ficar chateados, pois sei do baita trabalho
coletivo para colocar tudo isso pé e funcionando. Mas deixa eu paparicar o
nosso mestre de cabelos brancos, pois ele nos últimos tempos está com uma
aparência de muito cansaço e necessita de uns reparadores elogios. Gosto do
Paulo assim de graça, só por saber da forma como ele dá sua suas aulas de
História, como trata nossa história e de como segue em frente os ensinamentos
recebidos de sua mãe, também repassados aos dois filhos.

Dito isso
tudo, fui espiar a peça de Garça e na entrada recebo um pito. Victoria Galvão,
uma menina, hoje moça, que vi nascer, filha dos queridos Norma e Alex me questiona de ter
perdido a sua apresentação. Perdi uma, mas fico sabendo que haverá outra e essa
não poderei perder. Assisto a peça e rimos da ausência do presidente do DAE,
num tema sobre a secura da pessoa diante de uma água não encontrada de jeito
nenhum. Peguei a programação e me encantei com os autores consagrados, desde
Plínio Marcos a Ariano Suassuna, muita gente conhecida na direção, amigos de
longa e de curta data. Não perco por nada desse mundo a "A Sarsa do advogado Pathelin", do Silvio Selva lá no parque Vitória Régia. E ainda tem uma festa lá no Jack Pub da Duque, com um
musical dia 01/02. Toda a programação está devidamente explicitada no site www.cursospauloneves.com.br e
desde já separo várias das próximas noites para o desgarrego necessário dos
problemas diários, com a energização recebida nos palcos bauruenses.

Por fim,
escrevo um algo mais do Paulo. Ele está cansado, demonstra isso nos movimentos e aos 65 anos busca forças num
renovado namoro, com uma mineira do interior daquele estado. Encontros esporádicos, mais
de trinta dias longe um do outro, mas quando ocorrem, escolhem a cidade de São
Paulo, ele indo de Bauru para lá e ela de Minas. Alugam um barato hotel, quase
sempre o Íbis e dali partem para um revigorante roteiro cultural, com muitas
peças de teatro e livrarias. Juntos, esquecem da vida e o tempo passa rápido
demais. Paulo, no retorno a Bauru cai de boca nas aulas de Histórias do D’incao
e nos ensaios teatrais na Casa de Cultura. Terminado a Mostra está desde já
envolvido com a Semana Latinoamericana do Colégio, sempre trazendo novidades de
resistência dentre os povos latinos (estarei nessa). Paulo tem pouco descanso, mas disso tudo
me confessou algo no final do papo, algo sobre como a vida vai sendo prolongada além do tempo: “Se não fosse essa Casa de Cultura e esses
ensaios aqui, isso tudo que ocorre nesse espaço, acredito que não mais estaria por aqui. É isso que me mantém vivo”. 

A XIII
MOSTRA DE TEATRO PAULO NEVES E O MOTIVO DELE CONTINUAR RESISTINDO

Ontem à
noite foi um dia mais do que especial. Dia todo carregado, fluidos bons e
outros negativos circulando pelo ar e quando o expediente se deu por findado, o
que fazer, ei a questão. Ana dando aula até 23h, a opção entre ficar em casa
espiando a novela ou ir bebericar algo num botequim qualquer, fiz uma terceira
escolha, começando de forma atrasada minha participação na XIII MOSTRA DE
TEATRO PAULO NEVES. Ontem foi dia 21 e a mostra havia começado dia 18, três
dias de atraso, algo imperdoável para quem nos anos anteriores esteve bem por
dentro do evento, que embala o começo de ano cultural em Bauru. Logo cedo recebo
via email um convite para ir assistir “A SEDE QUE MATA”, de um grupo convidado
de Garça, monólogo sobre o algo mais de uma pessoa diante da sede. Susy May
Truzzi, uma agitadora cultural da vizinha cidade (que um dia já foi daqui), deu
a dica, comprei a idéia e a ficha caiu. PÔ, o festival do Paulo Neves já
começou. Parei de ficar brigando pela internet e cai de boca no que Paulo sabe
mais fazer na vida, teatro.

O evento
desse ano tem uma cara mais do que inovadora. Vai de 18/01 a 02/02 e dessa vez
está mais do que nunca sabendo explorar outros espaços além do batido e sempre
grandioso Teatro Municipal. Os organizadores, Paulo, seus filhos Thiago,
Talita, Silvio Selva, entre outros captaram que espetáculos menores não podiam
mesmo ser encenados num espaço para 450 lugares e daí a opção mais lógica, a
utilização em grande intensidade da casa deles, a Casa de Cultura Celina Alves
Neves, ali na Gerson França, antiga morada de dona Celina, a matriarca disso
tudo. O quintal da casa com arquibancadas de tijolos comporta umas 40 pessoas e
é ali que tudo tem acontecido de forma radiante. Além desse palco, outro, o
Espaço Protótipo (que ainda não conheço) também abriu para um espetáculo. O
Teatro Municipal será usado para os espetáculos maiores. Paulo e sua trupe são
mais que doidos, pois são dezoito espetáculos, divididos nesses lugares e
alguns deles sendo apresentados mais de uma vez.

Acontece
tudo tão rápido, que é inevitável perder algo de bom, deixar de assistir uma
peça pela qual todo mundo depois vai comentar, mas você acabou perdendo. Todo
ano me acontece isso, mas nesse se perder num dia, ainda tem outra
oportunidade. O Paulo envolve muita gente nisso tudo, busca apoio em lugares
nunca dante navegados, cava patrocínios por todo o canto, reclama pra dedéu,
mas não verga, continua como Aldir diz num dos seus sambas: “Envelheci, mas
continuo em exposição, como sardinha de balcão”. Ele é o cara e quando escrevo
dele, os demais lá não devem ficar chateados, pois sei do baita trabalho
coletivo para colocar tudo isso pé e funcionando. Mas deixa eu paparicar o
nosso mestre de cabelos brancos, pois ele nos últimos tempos está com uma
aparência de muito cansaço e necessita de uns reparadores elogios. Gosto do
Paulo assim de graça, só por saber da forma como ele dá sua suas aulas de
História, como trata nossa história e de como segue em frente os ensinamentos
recebidos de sua mãe, também repassados aos dois filhos.

Dito isso
tudo, fui espiar a peça de Garça e na entrada recebo um pito. Victoria Galvão,
uma menina, hoje moça, que vi nascer, filha dos queridos Norma e Alex me questiona de ter
perdido a sua apresentação. Perdi uma, mas fico sabendo que haverá outra e essa
não poderei perder. Assisto a peça e rimos da ausência do presidente do DAE,
num tema sobre a secura da pessoa diante de uma água não encontrada de jeito
nenhum. Peguei a programação e me encantei com os autores consagrados, desde
Plínio Marcos a Ariano Suassuna, muita gente conhecida na direção, amigos de
longa e de curta data. Não perco por nada desse mundo a "A Sarsa do advogado Pathelin", do Silvio Selva lá no parque Vitória Régia. E ainda tem uma festa lá no Jack Pub da Duque, com um
musical dia 01/02. Toda a programação está devidamente explicitada no site www.cursospauloneves.com.br e
desde já separo várias das próximas noites para o desgarrego necessário dos
problemas diários, com a energização recebida nos palcos bauruenses.

Por fim,
escrevo um algo mais do Paulo. Ele está cansado, demonstra isso nos movimentos e aos 65 anos busca forças num
renovado namoro, com uma mineira do interior daquele estado. Encontros esporádicos, mais
de trinta dias longe um do outro, mas quando ocorrem, escolhem a cidade de São
Paulo, ele indo de Bauru para lá e ela de Minas. Alugam um barato hotel, quase
sempre o Íbis e dali partem para um revigorante roteiro cultural, com muitas
peças de teatro e livrarias. Juntos, esquecem da vida e o tempo passa rápido
demais. Paulo, no retorno a Bauru cai de boca nas aulas de Histórias do D’incao
e nos ensaios teatrais na Casa de Cultura. Terminado a Mostra está desde já
envolvido com a Semana Latinoamericana do Colégio, sempre trazendo novidades de
resistência dentre os povos latinos (estarei nessa). Paulo tem pouco descanso, mas disso tudo
me confessou algo no final do papo, algo sobre como a vida vai sendo prolongada além do tempo: “Se não fosse essa Casa de Cultura e esses
ensaios aqui, isso tudo que ocorre nesse espaço, acredito que não mais estaria por aqui. É isso que me mantém vivo”. 

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