Portugal quer tirar ensino da língua portuguesa do gueto em França

18-02-2017
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Governos de Portugal e a França estão em negociações para a integração do ensino do português nos currículos escolares franceses como língua estrangeira, com estatuto comparável ao alemão e ao espanhol. “O objetivo é fazer sair a língua portuguesa do gueto em que tem estado até agora”, diz o embaixador de Portugal em França

A notícia de que estão a decorrer negociações entre os Governos de Lisboa e de Paris sobre um lugar mais prestigiante da língua portuguesa nos currículos escolares, a todos os níveis do ensino em França, foi dada pelo embaixador Moraes Cabral numa intervenção no “Congresso dos eleitos (autarcas) de origem portuguesa”, que decorreu este domingo em Paris.

Na reunião, organizada pela associação Cívica, dirigida pelo luso-francês Paulo Marques, participaram algumas dezenas dos cerca de quatro mil autarcas de origem portuguesa eleitos nas últimas eleições locais francesas.

O diplomata português falou no assunto depois da deputada Nathalie Kosciusco-Morizet , ex-ministra e antiga porta-voz do ex-Presidente Nicolas Sarkozy, ter dito no Congresso que iria apresentar na Assembleia Municipal de Paris, onde é presidente da bancada de "Os Republicanos" (direita), uma proposta para que o ensino da língua portuguesa passe a figurar no sistema educativo francês com estatuto idêntico ao das outras línguas estrangeiras.

Esta integração do ensino de português na rede escolar francesa é uma muito antiga reivindicação portuguesa porque, na realidade, o português encontra-se num gueto em França, onde continua a ser visto como uma língua de imigrantes, sem beneficiar plenamente do estatuto de “Língua Viva Estrangeira” idêntico ao que têm por exemplo o alemão, o espanhol ou o italiano no sistema escolar francês.

Atualmente, o ensino da língua portuguesa está muito pouco presente nas escolas francesas, onde é visto sobretudo de forma pouco prestigiante como “Língua de Origem” (emigrante), sendo muitas vezes ministrado fora das horas normais do calendário escolar.

A polémica da “língua rara”

Os franceses têm colocado grandes reticencias para desenvolverem o ensino do português em França e, por vezes, referem-se à nossa língua de forma redutora e muito chocante.

Por exemplo, a antiga ministra na Investigação e do Ensino Superior Geneviève Fioraso, que esteve em funções no Governo socialista até março de 2015, declarou numa entrevista, a 31 de agosto de 2012 ( ao jornal online “Mediapart”) que o português é uma “língua rara” e que, por esse motivo, não achava “indispensável” que a França investisse na formação de professores e na sua aprendizagem.

Na altura, esta declaração provocou grande polémica e o deputado socialista Pascal Cherki pediu explicações formais ao governo sobre o assunto, tendo obrigado o então ministro dos Negócios Estrangeiros Laurent Fabius a corrigir a sua colega.

Cherki, que é um dos deputados franceses mais próximos de Portugal (é mesmo sócio do Benfica), considera ser fundamental que a França dignifique o ensino da língua portuguesa em todos os escalões da escola pública, desde o primário, baseado na reciprocidade e no quadro de uma Europa plurilingue e multicultural.

O embaixador Moraes Cabral deu a entender no Congresso da Cívica que está otimista sobre as negociações em curso porque, informou, o governo francês “partilha o objetivo de fazer sair a língua portuguesa do gueto em que tem estado até agora”.

Emigrantes vão votar nas autárquicas portuguesas?

Neste congresso dos eleitos portugueses ou de origem portuguesa, foram feitos apelos a uma maior participação eleitoral dos portugueses e seus descendentes (cerca de um milhão de pessoas) na vida política francesa, mas também nas eleições portuguesas.

Numa intervenção, o presidente da Associação Nacional das Freguesias, Armando Vieira, disse que estão em curso negociações com o Governo de António Costa para que os emigrantes portugueses possam votar nas eleições autárquicas em Portugal (as únicas nas quais não têm direito de voto)

“Esta possibilidade justifica-se porque eles têm investimentos e casas nos concelhos e nas freguesias; estamos a discutir a forma como poderá decorrer essa votação, que será talvez através do voto eletrónico, e a associação vai pedir também uma reunião sobre o assunto ao novo Presidente da República; as coisas estão bem encaminhadas, até ao fim do ano definiremos a modalidades dessa votação”, explicou ao Expresso.

Governos de Portugal e a França estão em negociações para a integração do ensino do português nos currículos escolares franceses como língua estrangeira, com estatuto comparável ao alemão e ao espanhol. “O objetivo é fazer sair a língua portuguesa do gueto em que tem estado até agora”, diz o embaixador de Portugal em França

A notícia de que estão a decorrer negociações entre os Governos de Lisboa e de Paris sobre um lugar mais prestigiante da língua portuguesa nos currículos escolares, a todos os níveis do ensino em França, foi dada pelo embaixador Moraes Cabral numa intervenção no “Congresso dos eleitos (autarcas) de origem portuguesa”, que decorreu este domingo em Paris.

Na reunião, organizada pela associação Cívica, dirigida pelo luso-francês Paulo Marques, participaram algumas dezenas dos cerca de quatro mil autarcas de origem portuguesa eleitos nas últimas eleições locais francesas.

O diplomata português falou no assunto depois da deputada Nathalie Kosciusco-Morizet , ex-ministra e antiga porta-voz do ex-Presidente Nicolas Sarkozy, ter dito no Congresso que iria apresentar na Assembleia Municipal de Paris, onde é presidente da bancada de "Os Republicanos" (direita), uma proposta para que o ensino da língua portuguesa passe a figurar no sistema educativo francês com estatuto idêntico ao das outras línguas estrangeiras.

Esta integração do ensino de português na rede escolar francesa é uma muito antiga reivindicação portuguesa porque, na realidade, o português encontra-se num gueto em França, onde continua a ser visto como uma língua de imigrantes, sem beneficiar plenamente do estatuto de “Língua Viva Estrangeira” idêntico ao que têm por exemplo o alemão, o espanhol ou o italiano no sistema escolar francês.

Atualmente, o ensino da língua portuguesa está muito pouco presente nas escolas francesas, onde é visto sobretudo de forma pouco prestigiante como “Língua de Origem” (emigrante), sendo muitas vezes ministrado fora das horas normais do calendário escolar.

A polémica da “língua rara”

Os franceses têm colocado grandes reticencias para desenvolverem o ensino do português em França e, por vezes, referem-se à nossa língua de forma redutora e muito chocante.

Por exemplo, a antiga ministra na Investigação e do Ensino Superior Geneviève Fioraso, que esteve em funções no Governo socialista até março de 2015, declarou numa entrevista, a 31 de agosto de 2012 ( ao jornal online “Mediapart”) que o português é uma “língua rara” e que, por esse motivo, não achava “indispensável” que a França investisse na formação de professores e na sua aprendizagem.

Na altura, esta declaração provocou grande polémica e o deputado socialista Pascal Cherki pediu explicações formais ao governo sobre o assunto, tendo obrigado o então ministro dos Negócios Estrangeiros Laurent Fabius a corrigir a sua colega.

Cherki, que é um dos deputados franceses mais próximos de Portugal (é mesmo sócio do Benfica), considera ser fundamental que a França dignifique o ensino da língua portuguesa em todos os escalões da escola pública, desde o primário, baseado na reciprocidade e no quadro de uma Europa plurilingue e multicultural.

O embaixador Moraes Cabral deu a entender no Congresso da Cívica que está otimista sobre as negociações em curso porque, informou, o governo francês “partilha o objetivo de fazer sair a língua portuguesa do gueto em que tem estado até agora”.

Emigrantes vão votar nas autárquicas portuguesas?

Neste congresso dos eleitos portugueses ou de origem portuguesa, foram feitos apelos a uma maior participação eleitoral dos portugueses e seus descendentes (cerca de um milhão de pessoas) na vida política francesa, mas também nas eleições portuguesas.

Numa intervenção, o presidente da Associação Nacional das Freguesias, Armando Vieira, disse que estão em curso negociações com o Governo de António Costa para que os emigrantes portugueses possam votar nas eleições autárquicas em Portugal (as únicas nas quais não têm direito de voto)

“Esta possibilidade justifica-se porque eles têm investimentos e casas nos concelhos e nas freguesias; estamos a discutir a forma como poderá decorrer essa votação, que será talvez através do voto eletrónico, e a associação vai pedir também uma reunião sobre o assunto ao novo Presidente da República; as coisas estão bem encaminhadas, até ao fim do ano definiremos a modalidades dessa votação”, explicou ao Expresso.

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