PàF: “Quem semeia ventos colhe tempestades”

22-05-2019
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Não se esperava que o PS tivesse tido a coragem para o que está actualmente a fazer de forma hábil: tentar construir passo a passo uma aliança à esquerda para governar procurando os necessários consensos e apoios entre partidos, parceiros europeus, opinião pública europeia, deputados e militantes do PS.

É sabido que esta estratégia de António Costa não teria sido possível se o PCP e o BE, não tivessem revelado uma abertura sem precedentes, deixando cair alguns dos pontos chave dos seus programas eleitorais que os impediam de qualquer entendimento com o PS para a governação do País.

A estratégia de António Costa é ambiciosa mas arriscada: pode ser (e está a ser) “torpedeada” por alguns actores políticos nacionais e europeus, como refere Francisco Louçã nesta análise. É, nesse sentido, uma estratégia não convencional e surpreendente.

Pessoalmente estava à espera da estratégia convencional que levaria o PS (impossibilitado de qualquer diálogo à esquerda) à agonia lenta: viabilizar, apoiar ou aliar-se à coligação PàF associando-se às políticas que iriam ser implementadas por esta. Quando falhassem “convencionalmente”, não estariam sozinhos e poderiam alegar que falharam todos em conjunto e, portanto, parafraseando Keynes, não poderiam ser culpabilizados. Mas seria a um destino trágico que a direcção do PS condenava o País e o próprio PS. Faz lembrar, aliás, o que aconteceu com os dois principais partidos da Monarquia Constitucional, que desapareceram do mapa político em consequência da sua gestão desastrosa do País. E, claro, o que aconteceu ao Pasok e à Nova Democracia na Grécia.

Espero que o fado anunciado, por uma vez, não seja o fado do País e que esta lufada de ar fresco tenha levantado areia suficiente para pôr em causa o funcionamento da engrenagem tal como se encontrava até à data. E, que obrigue a uma mudança de direcção.

Note-se, contudo, que o cenário de um governo liderado pelo PS com uma aliança à esquerda não é nada facto assente e desde logo enfrentaria enormes dificuldades no seu programa económico.

Costa disse ao Financial Times que está a negociar em duas frentes de boa-fé: à esquerda e à direita. Mas que “prefere um governo do PS” (com o Financial Times a acrescentar: suportado por uma ampla coligação de esquerda.).

Passos Coelho recusa-se agora a negociar com o PS, numa estratégia de vitimização, aparentemente porque a coligação PàF está na segunda posição na lista de preferências negociais do PS.

Uma coisa é, porém, certa. Muito poucos esperariam estas duas semanas na política portuguesa!

Caberá ao Presidente da República – já depois de apurados os resultados eleitorais – ouvir (finalmente) os líderes dos partidos com assento na Assembleia da República e se PS, PCP e BE indicarem, como se prevê, que irão rejeitar o programa de Governo da coligação PàF:

– Ou indigitar Passos Coelho esperando que uma minoria de, pelo menos, 9 deputados do PS quebre fileiras e se alie, na prática, à coligação PàF – uma jogada de xadrez muito arriscada, porque cria mais instabilidade política, numa altura em que a transição política deveria ser o mais suave possível e em que o novo Governo tem de rapidamente preparar o Orçamento de Estado para 2016 sempre com a bancarrota à espreita…

– Ou indigitar António Costa como primeiro-ministro do XX Governo Constitucional com o apoio da esquerda parlamentar?

À vigésima é de vez?

Não se esperava que o PS tivesse tido a coragem para o que está actualmente a fazer de forma hábil: tentar construir passo a passo uma aliança à esquerda para governar procurando os necessários consensos e apoios entre partidos, parceiros europeus, opinião pública europeia, deputados e militantes do PS.

É sabido que esta estratégia de António Costa não teria sido possível se o PCP e o BE, não tivessem revelado uma abertura sem precedentes, deixando cair alguns dos pontos chave dos seus programas eleitorais que os impediam de qualquer entendimento com o PS para a governação do País.

A estratégia de António Costa é ambiciosa mas arriscada: pode ser (e está a ser) “torpedeada” por alguns actores políticos nacionais e europeus, como refere Francisco Louçã nesta análise. É, nesse sentido, uma estratégia não convencional e surpreendente.

Pessoalmente estava à espera da estratégia convencional que levaria o PS (impossibilitado de qualquer diálogo à esquerda) à agonia lenta: viabilizar, apoiar ou aliar-se à coligação PàF associando-se às políticas que iriam ser implementadas por esta. Quando falhassem “convencionalmente”, não estariam sozinhos e poderiam alegar que falharam todos em conjunto e, portanto, parafraseando Keynes, não poderiam ser culpabilizados. Mas seria a um destino trágico que a direcção do PS condenava o País e o próprio PS. Faz lembrar, aliás, o que aconteceu com os dois principais partidos da Monarquia Constitucional, que desapareceram do mapa político em consequência da sua gestão desastrosa do País. E, claro, o que aconteceu ao Pasok e à Nova Democracia na Grécia.

Espero que o fado anunciado, por uma vez, não seja o fado do País e que esta lufada de ar fresco tenha levantado areia suficiente para pôr em causa o funcionamento da engrenagem tal como se encontrava até à data. E, que obrigue a uma mudança de direcção.

Note-se, contudo, que o cenário de um governo liderado pelo PS com uma aliança à esquerda não é nada facto assente e desde logo enfrentaria enormes dificuldades no seu programa económico.

Costa disse ao Financial Times que está a negociar em duas frentes de boa-fé: à esquerda e à direita. Mas que “prefere um governo do PS” (com o Financial Times a acrescentar: suportado por uma ampla coligação de esquerda.).

Passos Coelho recusa-se agora a negociar com o PS, numa estratégia de vitimização, aparentemente porque a coligação PàF está na segunda posição na lista de preferências negociais do PS.

Uma coisa é, porém, certa. Muito poucos esperariam estas duas semanas na política portuguesa!

Caberá ao Presidente da República – já depois de apurados os resultados eleitorais – ouvir (finalmente) os líderes dos partidos com assento na Assembleia da República e se PS, PCP e BE indicarem, como se prevê, que irão rejeitar o programa de Governo da coligação PàF:

– Ou indigitar Passos Coelho esperando que uma minoria de, pelo menos, 9 deputados do PS quebre fileiras e se alie, na prática, à coligação PàF – uma jogada de xadrez muito arriscada, porque cria mais instabilidade política, numa altura em que a transição política deveria ser o mais suave possível e em que o novo Governo tem de rapidamente preparar o Orçamento de Estado para 2016 sempre com a bancarrota à espreita…

– Ou indigitar António Costa como primeiro-ministro do XX Governo Constitucional com o apoio da esquerda parlamentar?

À vigésima é de vez?

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