Marques Mendes: "Angola usou Rui Rio para dar 'bofetada' ao Governo de Costa"

09-10-2018
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Luís Marques Mendes, no seu habitual comentário na SIC ao domingo, comentou o encontro entre o presidente do PSD, Rui Rio, e o presidente angolano João Lourenço (e também com o ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos).

“Angola usou Rui Rio para dar uma bofetada política no Governo de António Costa”, referindo-se ao encontro do líder do PSD com João Lourenço, presidente angolano. O comentador considera que o encontro foi organizado por Angola em jeito de recado ao Governo.

Marques Mendes considera que “nada disto é normal. Não é normal um chefe de Estado receber com pompa e circunstância um líder da oposição de outro país. Não é normal uma visita preparada com rapidez e em segredo, e em antecipação à viagem prevista do Primeiro-Ministro.

Angola continua com o “irritante” com o Governo de Portugal, defende.

Isto significa duas coisas, segundo o comentador. Em primeiro lugar, diz Marques Mendes, significa que o Governo angolano quis reforçar que a relação política preferencial em Portugal é com o PSD e não com o PS. O que já vem de há muitos ano, vem dos tempos de Cavaco Silva e Durão Barroso. Desde sempre que as relações do MPLA e Governo de Angola são muito mais com Governos PSD do que com Governos PS.

Depois, significa que, “mesmo depois de desaparecido o irritante judicial do caso Manuel Vicente, na relação de Angola com o Governo português continua a existir “um irritante” com o Governo português. Ou seja: deixou de haver um irritante com o Estado português mas continua a existir um irritante com o Governo de António Costa”.

O Governo podia ter feito mais pelo caso de Manuel Vicente, interpretou o comentador.

A viagem de António Costa a Angola foi adiada para depois de 7 de setembro, depois do congresso do MPLA. Na próxima semana vem a Lisboa o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola para preparar a visita de Estado.

O primeiro-Ministro vai fazer esta semana uma visita a Moçambique. A viagem de São Tomé foi adiada, depois de Moçambique vai a Cabo Verde e só depois a Angola.

Em Moçambique há cerca de 11 milhões de Moçambicanos não falam português. É mais ou menos um Portugal inteiro que não fala português, revelou o comentador. Não nas cidades, mas nas zonas mais rurais e mais pobres.

“O Governo devia fazer mais do que tem feito para baixar este número”, defendeu Marques Mendes, que citou exemplos: “programas de cooperação no domínio do português”; “mobilizar professores portugueses para ajudarem a formar professores moçambicanos”; “envolver as nossas escolas, os nossos Politécnicos e Universidades nesta tarefa de defesa da Lusofonia”, alertou.

“O investimento na língua é essencial”, num altura em que a África do Sul está a fazer esse investimento em Moçambique, defendeu.

Grandes devedores à banca

Esta semana o Banco de Portugal emitiu um parecer a afirmar que é contra a divulgação dos grandes devedores à Banca, invocando o sigilo bancário.

“Esta posição do Banco de Portugal é lamentável e até censurável”, disse Marques Mendes que considera ser uma reação corporativa.

“É uma posição obsoleta. A prova é que ainda recentemente, no passado mês de Maio, um dos mais modernos e prestigiados banqueiros do mundo, António Horta Osório, veio dizer exactamente o contrário: que divulgar a lista dos grandes devedores era da mais elementar justiça”, diz.

Marques Mendes considera que há uma posição contraditória no Estado.

“Quando há dívidas ao Fisco, ainda que seja pequena, o Estado publica uma lista dos devedores. Nas dívidas à Banca, de milhões, é tudo para esconder”, disse o comentador.

Ainda mais grave, disse, “é que o BdP está objectivamente a beneficiar o infractor”.

“São muitos milhões de euros que alguns grandes devedores ficaram a dever aos Bancos, como o BCP, Novo Banco e a CGD. Ainda esta semana foi divulgado mais um caso – a Ongoing ficou a dever 700 milhões a dois bancos (BCP e Novo Banco). São empresas falidas e por isso não pagam; mas os seus donos não parecem falidos. Têm dinheiro, têm património, nada pagam e até se vangloriam de que nada lhes acontece. Isto é jurídica e moralmente inaceitável”, defendeu o comentador.

“O Banco de Portugal devia censurar estes comportamentos” e a publicação os nomes serve para dissuadir que estes comportamentos não se repitam”, disse.

Europa dividida pelas migrações

Este Conselho Europeu desta semana deu uma péssima imagem da Europa, defendeu Marques Mendes. “As migrações dividiram a Europa de forma profunda”, lembrou.

Sobre o acordo para as migrações obtido na Cimeira Europeia, disse que não era acordo nenhum, mas sim “declarações vagas”.

O retrato do actual estado da União Europeia é o de uma Europa profundamente dividida – “nunca se viu uma União Europeia tão dividida como agora”, referiu. “São divisões muito sérias e profundas”, disse o comentador referindo-se ao facto de em matéria de migrações haver vários grupos dentro da União.

“É uma Europa cada vez com menos liderança”, disse ainda o comentador. Durante muitos anos, a Alemanha liderou efectivamente a UE. “Agora que Merkel está em dificuldades e já não tem a força que tinha e está ‘cercada’ dentro da sua própria coligação de governo, a Europa não tem praticamente liderança nenhuma”, adiantou.

“É uma Europa sem autoridade. Porque no momento em que não tem valores, não tem estratégia, não tem decisões tem adiamentos, é uma Europa que não tem autoridade”.

A CDU e o SPD, parceiros no Governo, dizem que Merkel conseguiu mais do que os mínimos que pretendiam no acordo. Mas a CSU, o parceiro bávaro da CDU, diz que o acordo nas migrações alcançado não é suficiente. Tudo porque a CSU tem eleições à porta na Baviera. “Isto pode dar uma crise na coligação”, disse.

Ao fim da noite soube-se que o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, em conflito com a chanceler Angela Merkel sobre a política migratória, decidiu demitir-se do cargo.

Luís Marques Mendes, no seu habitual comentário na SIC ao domingo, comentou o encontro entre o presidente do PSD, Rui Rio, e o presidente angolano João Lourenço (e também com o ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos).

“Angola usou Rui Rio para dar uma bofetada política no Governo de António Costa”, referindo-se ao encontro do líder do PSD com João Lourenço, presidente angolano. O comentador considera que o encontro foi organizado por Angola em jeito de recado ao Governo.

Marques Mendes considera que “nada disto é normal. Não é normal um chefe de Estado receber com pompa e circunstância um líder da oposição de outro país. Não é normal uma visita preparada com rapidez e em segredo, e em antecipação à viagem prevista do Primeiro-Ministro.

Angola continua com o “irritante” com o Governo de Portugal, defende.

Isto significa duas coisas, segundo o comentador. Em primeiro lugar, diz Marques Mendes, significa que o Governo angolano quis reforçar que a relação política preferencial em Portugal é com o PSD e não com o PS. O que já vem de há muitos ano, vem dos tempos de Cavaco Silva e Durão Barroso. Desde sempre que as relações do MPLA e Governo de Angola são muito mais com Governos PSD do que com Governos PS.

Depois, significa que, “mesmo depois de desaparecido o irritante judicial do caso Manuel Vicente, na relação de Angola com o Governo português continua a existir “um irritante” com o Governo português. Ou seja: deixou de haver um irritante com o Estado português mas continua a existir um irritante com o Governo de António Costa”.

O Governo podia ter feito mais pelo caso de Manuel Vicente, interpretou o comentador.

A viagem de António Costa a Angola foi adiada para depois de 7 de setembro, depois do congresso do MPLA. Na próxima semana vem a Lisboa o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola para preparar a visita de Estado.

O primeiro-Ministro vai fazer esta semana uma visita a Moçambique. A viagem de São Tomé foi adiada, depois de Moçambique vai a Cabo Verde e só depois a Angola.

Em Moçambique há cerca de 11 milhões de Moçambicanos não falam português. É mais ou menos um Portugal inteiro que não fala português, revelou o comentador. Não nas cidades, mas nas zonas mais rurais e mais pobres.

“O Governo devia fazer mais do que tem feito para baixar este número”, defendeu Marques Mendes, que citou exemplos: “programas de cooperação no domínio do português”; “mobilizar professores portugueses para ajudarem a formar professores moçambicanos”; “envolver as nossas escolas, os nossos Politécnicos e Universidades nesta tarefa de defesa da Lusofonia”, alertou.

“O investimento na língua é essencial”, num altura em que a África do Sul está a fazer esse investimento em Moçambique, defendeu.

Grandes devedores à banca

Esta semana o Banco de Portugal emitiu um parecer a afirmar que é contra a divulgação dos grandes devedores à Banca, invocando o sigilo bancário.

“Esta posição do Banco de Portugal é lamentável e até censurável”, disse Marques Mendes que considera ser uma reação corporativa.

“É uma posição obsoleta. A prova é que ainda recentemente, no passado mês de Maio, um dos mais modernos e prestigiados banqueiros do mundo, António Horta Osório, veio dizer exactamente o contrário: que divulgar a lista dos grandes devedores era da mais elementar justiça”, diz.

Marques Mendes considera que há uma posição contraditória no Estado.

“Quando há dívidas ao Fisco, ainda que seja pequena, o Estado publica uma lista dos devedores. Nas dívidas à Banca, de milhões, é tudo para esconder”, disse o comentador.

Ainda mais grave, disse, “é que o BdP está objectivamente a beneficiar o infractor”.

“São muitos milhões de euros que alguns grandes devedores ficaram a dever aos Bancos, como o BCP, Novo Banco e a CGD. Ainda esta semana foi divulgado mais um caso – a Ongoing ficou a dever 700 milhões a dois bancos (BCP e Novo Banco). São empresas falidas e por isso não pagam; mas os seus donos não parecem falidos. Têm dinheiro, têm património, nada pagam e até se vangloriam de que nada lhes acontece. Isto é jurídica e moralmente inaceitável”, defendeu o comentador.

“O Banco de Portugal devia censurar estes comportamentos” e a publicação os nomes serve para dissuadir que estes comportamentos não se repitam”, disse.

Europa dividida pelas migrações

Este Conselho Europeu desta semana deu uma péssima imagem da Europa, defendeu Marques Mendes. “As migrações dividiram a Europa de forma profunda”, lembrou.

Sobre o acordo para as migrações obtido na Cimeira Europeia, disse que não era acordo nenhum, mas sim “declarações vagas”.

O retrato do actual estado da União Europeia é o de uma Europa profundamente dividida – “nunca se viu uma União Europeia tão dividida como agora”, referiu. “São divisões muito sérias e profundas”, disse o comentador referindo-se ao facto de em matéria de migrações haver vários grupos dentro da União.

“É uma Europa cada vez com menos liderança”, disse ainda o comentador. Durante muitos anos, a Alemanha liderou efectivamente a UE. “Agora que Merkel está em dificuldades e já não tem a força que tinha e está ‘cercada’ dentro da sua própria coligação de governo, a Europa não tem praticamente liderança nenhuma”, adiantou.

“É uma Europa sem autoridade. Porque no momento em que não tem valores, não tem estratégia, não tem decisões tem adiamentos, é uma Europa que não tem autoridade”.

A CDU e o SPD, parceiros no Governo, dizem que Merkel conseguiu mais do que os mínimos que pretendiam no acordo. Mas a CSU, o parceiro bávaro da CDU, diz que o acordo nas migrações alcançado não é suficiente. Tudo porque a CSU tem eleições à porta na Baviera. “Isto pode dar uma crise na coligação”, disse.

Ao fim da noite soube-se que o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, em conflito com a chanceler Angela Merkel sobre a política migratória, decidiu demitir-se do cargo.

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