Voto por correspondência para as Legislativas com vários problemas no primeiro teste global

09-10-2019
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Ana Soares, advogada em Macau e candidata do PS pelo círculo eleitoral Fora da Europa, fala de situações em que os boletins de voto não foram entregues em vários pontos do mundo. A candidata diz que isso torna os resultados mais difíceis de prever, mas acredita num bom resultado dos socialistas. José Cesário, nº1 do PSD neste círculo, fala de uma recuperação notável dos sociais-democratas, que não sabe até onde poderá ir.

João Carlos Malta

joaomalta.pontofinal@gmail.com

A passagem de pouco mais de 300 mil eleitores para 1,4 milhões de eleitores entre as comunidades portuguesas que votam nas eleições nacionais, em resultado do recenseamento automático, já seria um factor de imprevisibilidade adicional para os resultados das Legislativas de 6 de Outubro. Mas este acto eleitoral é também aquele em que o voto por correspondência se tornou, pela primeira vez, massificado, e segundo a candidata do PS pelo círculo Fora da Europa, Ana Soares, está a ter vários problemas em alguns pontos do globo, e isso é um factor que aumenta ainda mais a incerteza em relação à votação dos portugueses espalhados pelo mundo no próximo domingo.

“No processo do voto por correspondência, como é a primeira vez que de uma forma generalizada está a ser usado, têm surgido alguns problemas”, anuncia a advogada de Macau. A mesma fonte diz que houve problemas na Austrália, mas também na Venezuela, em que os correios se recusaram a enviar os votos, ou na África do Sul, onde os boletins ainda não tinham chegado na semana passada. A candidata socialista diz que estas questões fazem com que só se consiga fazer um balanço desta campanha depois de se saber qual foi a participação eleitoral.

Já José Cesário, ex-secretário de Estado das Comunidades e cabeça de lista do PSD neste círculo, faz ao PONTO FINAL um balanço da campanha que cataloga de “difícil”, e que ocorreu “num contexto político delicado”. Muito se falou do enfraquecimento do partido da São Caetano à Lapa, que chegou a correr o risco de ter uma votação que ficasse pelos mínimos históricos. Mas durante o último mês, a situação inverteu-se e os sociais democratas estiveram em franca recuperação. Ainda assim, estão longe do PS em todas as sondagens. A distância cifra-se quase sempre nos sete pontos percentuais.

“Correu muito bem, e o partido recuperou muito do terreno que tinha perdido nestes últimos meses ou até anos. A campanha está a terminar num plano de grande ascendente”, defende Cesário. “As expectativas são de um bom resultado, mas não sabemos até onde iremos”, confessa.

Ana Soares não quer falar de maioria absoluta do PS, afirmando que aquele partido “nunca a pediu”. “O PS pediu uma maioria significativa para governar”, concretizou. Depois estabelece um paralelismo entre as eleições e um jogo de futebol em que prognósticos dos resultados “só no final do jogo”.

Em relação a Tancos, e ao efeito que o caso judicial possa ter nos resultados, a candidata diz não falar do assunto porque “vocês fazem essas coisas armadilhadas”. “Nem sequer falo dessa questão. Não faz parte da campanha do PS”, rematou. Nota ainda para a RAEM, em que a campanha ficou marcada pela queixa de alegadas praticas ilegais da ATFPM que mereceram uma queixa do PS à Comissão Nacional de Eleições. Segundo a queixa, aquela associação enviou mensagens aos eleitores para se deslocarem às instalações da ATFPM porque ali seriam ajudados a tratar de todos os problemas relacionados com o voto.

Sondagens com PAN em grande

Nenhuma sondagem põe em causa a vitória do Partido Socialista, mas o cenário de maioria absoluta está cada vez mais longe. Os dados da sondagem da Intercampus para o Jornal de Negócios e Correio da Manhã, divulgados ontem, mostram o partido que liderou o Governo a cair três pontos percentuais para os 35%. Aos socialistas basta o apoio do Bloco ou da CDU. O PAN não chega para fazer maioria. Em sentido contrário, o PSD avança 2,5 pontos percentuais nas intenções de voto (26,1%) e o PAN — que ultrapassa um CDS em queda — cresce para 5,6%.

O Bloco de Esquerda continua em queda. O partido de Catarina Martins recua um ponto percentual, para 8,7%. A CDU surge logo atrás, com 8%, e o CDS de Assunção Cristas tem uma queda de quase 2 pontos — o que representa 4,5% das intenções de voto dos eleitores.

De acordo com os dados desta sondagem, o PS ficaria com 104 deputados — mais 18 do que em 2015. O PSD perderia 12 lugares no parlamento, ficando com 77.

O destaque vai inteiro para o partido de André Silva, que nesta sondagem passaria de um para nove deputados no parlamento — mais dois que o CDS-PP. O Bloco teria 17 lugares e a CDU 16. Mas nenhuma outra sondagem é tão favorável ao PAN.

Nos números da Universidade Católica, lidera o PS com 37%, o PSD surge em segundo lugar, a sete pontos, com 30% (intervalo 28% a 32%). O Bloco de Esquerda surge como a terceira força política mais votada, com 10%, tal como nas eleições de 2015. Para a CDU, a estimativa de resultados eleitorais é de 6%. O CDS-PP chega aos 5% e o PAN 3% (intervalo de 2% a 4%).

Ana Soares, advogada em Macau e candidata do PS pelo círculo eleitoral Fora da Europa, fala de situações em que os boletins de voto não foram entregues em vários pontos do mundo. A candidata diz que isso torna os resultados mais difíceis de prever, mas acredita num bom resultado dos socialistas. José Cesário, nº1 do PSD neste círculo, fala de uma recuperação notável dos sociais-democratas, que não sabe até onde poderá ir.

João Carlos Malta

joaomalta.pontofinal@gmail.com

A passagem de pouco mais de 300 mil eleitores para 1,4 milhões de eleitores entre as comunidades portuguesas que votam nas eleições nacionais, em resultado do recenseamento automático, já seria um factor de imprevisibilidade adicional para os resultados das Legislativas de 6 de Outubro. Mas este acto eleitoral é também aquele em que o voto por correspondência se tornou, pela primeira vez, massificado, e segundo a candidata do PS pelo círculo Fora da Europa, Ana Soares, está a ter vários problemas em alguns pontos do globo, e isso é um factor que aumenta ainda mais a incerteza em relação à votação dos portugueses espalhados pelo mundo no próximo domingo.

“No processo do voto por correspondência, como é a primeira vez que de uma forma generalizada está a ser usado, têm surgido alguns problemas”, anuncia a advogada de Macau. A mesma fonte diz que houve problemas na Austrália, mas também na Venezuela, em que os correios se recusaram a enviar os votos, ou na África do Sul, onde os boletins ainda não tinham chegado na semana passada. A candidata socialista diz que estas questões fazem com que só se consiga fazer um balanço desta campanha depois de se saber qual foi a participação eleitoral.

Já José Cesário, ex-secretário de Estado das Comunidades e cabeça de lista do PSD neste círculo, faz ao PONTO FINAL um balanço da campanha que cataloga de “difícil”, e que ocorreu “num contexto político delicado”. Muito se falou do enfraquecimento do partido da São Caetano à Lapa, que chegou a correr o risco de ter uma votação que ficasse pelos mínimos históricos. Mas durante o último mês, a situação inverteu-se e os sociais democratas estiveram em franca recuperação. Ainda assim, estão longe do PS em todas as sondagens. A distância cifra-se quase sempre nos sete pontos percentuais.

“Correu muito bem, e o partido recuperou muito do terreno que tinha perdido nestes últimos meses ou até anos. A campanha está a terminar num plano de grande ascendente”, defende Cesário. “As expectativas são de um bom resultado, mas não sabemos até onde iremos”, confessa.

Ana Soares não quer falar de maioria absoluta do PS, afirmando que aquele partido “nunca a pediu”. “O PS pediu uma maioria significativa para governar”, concretizou. Depois estabelece um paralelismo entre as eleições e um jogo de futebol em que prognósticos dos resultados “só no final do jogo”.

Em relação a Tancos, e ao efeito que o caso judicial possa ter nos resultados, a candidata diz não falar do assunto porque “vocês fazem essas coisas armadilhadas”. “Nem sequer falo dessa questão. Não faz parte da campanha do PS”, rematou. Nota ainda para a RAEM, em que a campanha ficou marcada pela queixa de alegadas praticas ilegais da ATFPM que mereceram uma queixa do PS à Comissão Nacional de Eleições. Segundo a queixa, aquela associação enviou mensagens aos eleitores para se deslocarem às instalações da ATFPM porque ali seriam ajudados a tratar de todos os problemas relacionados com o voto.

Sondagens com PAN em grande

Nenhuma sondagem põe em causa a vitória do Partido Socialista, mas o cenário de maioria absoluta está cada vez mais longe. Os dados da sondagem da Intercampus para o Jornal de Negócios e Correio da Manhã, divulgados ontem, mostram o partido que liderou o Governo a cair três pontos percentuais para os 35%. Aos socialistas basta o apoio do Bloco ou da CDU. O PAN não chega para fazer maioria. Em sentido contrário, o PSD avança 2,5 pontos percentuais nas intenções de voto (26,1%) e o PAN — que ultrapassa um CDS em queda — cresce para 5,6%.

O Bloco de Esquerda continua em queda. O partido de Catarina Martins recua um ponto percentual, para 8,7%. A CDU surge logo atrás, com 8%, e o CDS de Assunção Cristas tem uma queda de quase 2 pontos — o que representa 4,5% das intenções de voto dos eleitores.

De acordo com os dados desta sondagem, o PS ficaria com 104 deputados — mais 18 do que em 2015. O PSD perderia 12 lugares no parlamento, ficando com 77.

O destaque vai inteiro para o partido de André Silva, que nesta sondagem passaria de um para nove deputados no parlamento — mais dois que o CDS-PP. O Bloco teria 17 lugares e a CDU 16. Mas nenhuma outra sondagem é tão favorável ao PAN.

Nos números da Universidade Católica, lidera o PS com 37%, o PSD surge em segundo lugar, a sete pontos, com 30% (intervalo 28% a 32%). O Bloco de Esquerda surge como a terceira força política mais votada, com 10%, tal como nas eleições de 2015. Para a CDU, a estimativa de resultados eleitorais é de 6%. O CDS-PP chega aos 5% e o PAN 3% (intervalo de 2% a 4%).

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