Há longos meses em afadigada campanha

31-05-2016
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O país assiste, há mais de meio ano, à campanha eleitoral para a Assembleia da República, ainda que disfarçada por outras roupagens político-partidárias.

A lei eleitoral portuguesa é, no que aos diversos prazos eleitorais diz respeito, notoriamente obsoleta face aos novos tempos e meios. Nisto ninguém mexe. Um mistério.

Noutros países tudo é bem mais eficiente, quanto a convocação de eleições, prazos de campanha, declaração oficial de resultados e tomada de posse parlamentar e governamental. Veja-se, por exemplo, o caso da própria e tão menosprezada Grécia: no dia 29 de Agosto o presidente helénico convocou eleições gerais para 20 de Setembro, ou seja 23 dias depois. Aqui continuamos nos 55 ou 60 dias, fora os tomados por uma espécie de usucapião consentida.

Com tanto tempo pela frente, apresentam-se projectos de programas, programas em estudo e programas finais que, na campanha são esquecidos e, quase sempre, atraiçoados na governação. E, claro está, mais tarde ou mais cedo, sucedem-se as gafes e situações no mínimo politicamente indesejáveis ou comprometedoras.

Apenas dois exemplos da última semana. No PS, chegou-se ao caricato de, perante a decisão de inconstitucionalidade da nova “lei das secretas”, aprovada pela maioria e pelo PS, o (novo) director de campanha de António Costa logo ter aproveitado o “chumbo” do TC para bater na coligação, certamente amnésico de que o seu partido também a havia aprovado. Será preciso mais alguma prova do amadorismo com que se faz política? Felizmente, pela voz de Jorge Lacão, a verdade foi reposta com sentido de responsabilidade e bom senso.

No PSD, no meio das sempre excitantes universidades de verão, e entusiasmado com a audiência, Paulo Rangel foi de uma absoluta infelicidade, deixando que as suas palavras fossem vistas como insinuando uma fragilização da separação do poder judicial face ao executivo, ou – mais maquiavelicamente – oferecidas como “isco para outros andamentos”. Homem inteligente, ponderado e culto como é, não foi capaz de resistir à sedução da demagogia e acabou por cair numa armadilha de que dificilmente a coligação se sairá bem. Ou melhor, saiu-se com o tipo de resposta que o porta-voz do PSD deu: “Não há nenhuma matéria de natureza de justiça que nos mereça comentário”. Sim, aquelas declarações de um importante militante do partido não são “matéria de natureza jurídica”. Foram apenas um exercício académico num contexto igualmente escolar…

O país assiste, há mais de meio ano, à campanha eleitoral para a Assembleia da República, ainda que disfarçada por outras roupagens político-partidárias.

A lei eleitoral portuguesa é, no que aos diversos prazos eleitorais diz respeito, notoriamente obsoleta face aos novos tempos e meios. Nisto ninguém mexe. Um mistério.

Noutros países tudo é bem mais eficiente, quanto a convocação de eleições, prazos de campanha, declaração oficial de resultados e tomada de posse parlamentar e governamental. Veja-se, por exemplo, o caso da própria e tão menosprezada Grécia: no dia 29 de Agosto o presidente helénico convocou eleições gerais para 20 de Setembro, ou seja 23 dias depois. Aqui continuamos nos 55 ou 60 dias, fora os tomados por uma espécie de usucapião consentida.

Com tanto tempo pela frente, apresentam-se projectos de programas, programas em estudo e programas finais que, na campanha são esquecidos e, quase sempre, atraiçoados na governação. E, claro está, mais tarde ou mais cedo, sucedem-se as gafes e situações no mínimo politicamente indesejáveis ou comprometedoras.

Apenas dois exemplos da última semana. No PS, chegou-se ao caricato de, perante a decisão de inconstitucionalidade da nova “lei das secretas”, aprovada pela maioria e pelo PS, o (novo) director de campanha de António Costa logo ter aproveitado o “chumbo” do TC para bater na coligação, certamente amnésico de que o seu partido também a havia aprovado. Será preciso mais alguma prova do amadorismo com que se faz política? Felizmente, pela voz de Jorge Lacão, a verdade foi reposta com sentido de responsabilidade e bom senso.

No PSD, no meio das sempre excitantes universidades de verão, e entusiasmado com a audiência, Paulo Rangel foi de uma absoluta infelicidade, deixando que as suas palavras fossem vistas como insinuando uma fragilização da separação do poder judicial face ao executivo, ou – mais maquiavelicamente – oferecidas como “isco para outros andamentos”. Homem inteligente, ponderado e culto como é, não foi capaz de resistir à sedução da demagogia e acabou por cair numa armadilha de que dificilmente a coligação se sairá bem. Ou melhor, saiu-se com o tipo de resposta que o porta-voz do PSD deu: “Não há nenhuma matéria de natureza de justiça que nos mereça comentário”. Sim, aquelas declarações de um importante militante do partido não são “matéria de natureza jurídica”. Foram apenas um exercício académico num contexto igualmente escolar…

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