Artur: «Saí do FC Porto porque stressei com o Fernando Santos»

10-01-2019
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Destinos  |  13 dez 2018, 09:43
Artur: «Saí do FC Porto porque stressei com o Fernando Santos»

Pedro Jorge da Cunha
Editor@pedrojscunha

DESTINO: 90's é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 90's.ARTUR: Boavista (1992 a 1996) e FC Porto (1996 a 1999) PUBFC Porto na Liga dos Campeões, 16 pontos, recorde igualado. Já não se via tal coisa desde a temporada de 1996/1997. 22 anos passam a correr à velocidade de Artur, Rei Artur.Quem? Nada mais, nada menos do que o autor do primeiro golo do FC Porto nessa Champions. Onde? No mítico San Siro e numa vitória extraordinária dos dragões no templo do Milan, 3-2.Coincidência das coincidências: onde anda Artur? Tchan-tchan-tchan-tchaaaan! Na cidade do Porto, a visitar o filho Arturzinho e a matar saudades. Pois bem, após dois telefonemas, o Maisfutebol marca encontro com Artur numa unidade hoteleira da Invicta, minutos depois do jogo do Oliveira do Douro.«É, o meu filho joga no clube que tem o João Pinto como presidente honorário».Artur mantém o porte elegante, o sorriso contagiante e o discurso carregado de boas histórias. Altura perfeita, pois, para voltar a esse icónico AC Milan-FC Porto, mas também para recordar as proezas do antigo avançado, agora treinador, com a camisola do Boavista. PUBNo inverno da cidade do Porto, que tão bem conhece, Artur faz uma viagem no tempo e confessa ter enorme vontade de voltar a viver no nosso país. «Realizei-me aqui como avançado, acho que também o posso fazer como treinador.»Artur Duarte de Oliveira, 48 anos, o menino de Rio Branco, no Estado do Acre. Treinador de futebol e proprietário da arena Artur Soccer. Se o leitor passar por aquelas bandas, já sabe onde pode jogar uma futebolada com amigos.VÍDEO: o golo de Artur no AC Milan-FC Porto (1m20s)

Maisfutebol – O FC Porto fez agora 16 pontos na Champions. Igual só na época 1996/97, com o Artur na equipa. E uma vitória épica em San Siro a abrir.Artur – Não me esqueço do dia: 11 de setembro de 1996, a minha estreia na Liga dos Campeões. Vencemos um poderoso Milan, o papa-tudo da Europa. Esse jogo deu-nos uma força maravilhosa, provou-nos que podíamos ganhar a qualquer equipa em qualquer lugar. Percebemos em Milão que tínhamos tudo para chegar ao ‘tri’. Depois desse jogo fomos jogar à Luz e demos cinco ao Benfica. Fiz um jogo quase perfeito e no final da partida recebi os parabéns de um homem muito especial. PUBMF – De quem, Artur?A – Do senhor Eusébio. Essa noite foi mágica também. Aliás, acho que os meus três jogos mais marcantes são esses de Milão, 5-0 na Luz e a final do Jamor em que marquei de pontapé de bicicleta ao Sp. Braga.

Os jogadores utilizados no Benfica-FC Porto: 0-5

MF – Como é que o António Oliveira preparou esse jogo no San Siro?A – O António sabia que o Milan era nessa altura, talvez, a melhor equipa da Europa. Se vencêssemos ali… bem, a equipa ia ter uma força emocional enorme. Jogámos com três centrais [Aloísio, Jorge Costa e Lula], dois médios muito fortes [Paulinho e Barroso] e depois gente com velocidade e técnica. Fomos muito fortes trás e talentosos na frente. A minha melhor memória desse jogo é a camisola que tenho em casa. Pertencia ao senhor Paolo Maldini. PUBMF – O Artur sentou esse senhor no golo que marcou.A – É verdade, sim. No final do jogo estávamos a sair e o Maldini olhou para mim. Pedi-lhe para trocar de camisola e ele foi um cavalheiro, mesmo depois de perder.MF – Há outra imagem forte do Artur nesse jogo.A – A vomitar? (risos) Foi depois do meu golo. Acho que bebi muito Isostar ao intervalo. E, claro, a sensação e a emoção do golo... tudo mexeu comigo. Ah, lembrei-me de outro jogo fantástico ao serviço do FC Porto.MF – Fale-nos dele. Contra quem?A – Benfica: saltei do banco, joguei 30 minutos, ganhámos 2-0 e eu marquei os dois golos. Esse jogo tem uma história engraçada.MF – Vamos ouvi-la.A – O Paulo Autuori estava no Flamengo e desafiou-me a ir para lá. Disse-me até que se eu fosse para o Flamengo ele tinha a indicação de que o Mário Zagallo me levaria à seleção do Brasil. Bem, expus a situação ao presidente, ao treinador Oliveira… era uma oportunidade única, mas o FC Porto não me deixou sair. O presidente do Flamengo veio às Antas ver-me nesse jogo e por isso o Oliveira colocou-me no banco. Para me esconder (risos). PUBMF – Ficou chateado?A – Sim, fiquei, mas depois tive uma conversa com o mister e ficou tudo certo. Foi uma conversa boa, longa. Eu expliquei-lhe de onde vinha, como tinha chegado ao Porto e sublinhei a importância de jogar no Flamengo e pelo Brasil. Mas o Oliveira queria o tetra e não me libertou. Principalmente depois do que eu fiz nesse jogo contra o Benfica.MF – Lembra-se do jogo?A – Claro. Estava 0-0, o Benfica estava a jogar melhor, o Porto estava mal. E eu consegui mudar tudo. Tudo o que o mister me mandou fazer, eu fiz ao contrário (risos). Na primeira bola saí da direita para o meio e na segunda também foi um lance individual, fintei o PreudHomme. O Oliveira tinha-me pedido outras coisas, mais posse de bola, mas eu senti que aquela defesa do Benfica era frágil e lenta.VÍDEO: os dois golos de Artur ao Benfica em 1998
PUBMF – O Artur fez 82 jogos em dois anos no FC Porto, mas saiu a meio da terceira época. Porquê?A – Tive um convite do Vitória da Bahia, do Ricardo Gomes. E nessa terceira época no FC Porto estava a jogar menos vezes. Sempre a sair do banco de suplentes. E houve um jogo em que stressei com o Fernando Santos. Eu queria estar sempre em campo e reagi impulsivamente contra ele. Achei que era bom voltar ao Brasil. Se fosse hoje, provavelmente, decidiria de forma diferente.MF – É verdade que recusou representar a seleção de Portugal?A – Sim, confirmo isso. O selecionador Artur Jorge chegou a reunir comigo. Mas eu não achava justo ocupar a vaga de um português e tinha a esperança de jogar pelo Brasil. Fiquei no meio das duas seleções e não joguei por nenhuma (risos). Mas, se pudesse voltar atrás, teria jogado por Portugal.MF – Chegou a Portugal e ao Boavista em 1992. Há 26 anos. PUBA – E eu lembro-me de tudo. Digo sempre aos meus atletas que um jogo pode mudar uma vida e esse foi o meu caso.MF – Como assim?A – Vim para o Boavista à experiência. Alguém me observou numa cassete VHS, quando eu jogava no Remo, e o presidente Pinto da Costa mostrou logo interesse em mim.  

Artur com a famosa camisola axadrezada do Boavista

MF – Pinto da Costa? Mas não veio para o FC Porto.A – Calma, eu explico (risos). O Pinto da Costa viu a cassete e pediu ao saudoso Carlos Alberto Silva para me observar ao vivo no Brasil. Mas o CAS disse que já tinha escolhido outro avançado, o Paulinho César, e que o plantel do FC Porto já estava bem servido de atacantes. É aí que aparece o Boavista. PUBMF – Numa conversa entre o Pinto da Costa e o major Valentim?A – Presumo que sim. As imagens chegaram ao major e ele pediu ao Remo se eu podia vir treinar à experiência alguns dias. Queriam ver se eu era o mesmo jogador da cassete. Eu aceitei de imediato, claro. Sem problema. Se eu jogava bem lá, também podia jogar bem cá. Cheguei ao Boavista e fui logo lançado num jogo do Torneio Internacional da Cidade do Porto.MF – Contra quem?A – FC Porto (risos). Marquei um golão, ganhámos a final e as pessoas do Boavista já não me deixaram voltar ao Brasil. A minha esposa estava grávida, mas o major disse que a minha filha tinha de nascer no Porto. E nasceu. Foi uma estreia abençoada num jogo com os dois clubes que representei em Portugal. O Boavista abriu-me as portas, preparou-me para jogar no Porto e ser campeão de Portugal. Ganhei uma taça, disputei uma Liga dos Campeões, enfim, fui muito feliz nos dois lados. Amo os dois clubes.VÍDEO: a estreia de Artur com um golaço ao FC Porto (57s) PUB
MF – Já falou do major. E o Manuel José, como era a sua ligação a esse treinador?A – Tive dois presidentes extraordinários, no Boavista e no Porto, e dois grandes treinadores, Manuel José e António Oliveira. Os dois eram exigentes, adoravam bom futebol, nunca estavam satisfeitos, davam broncas todos os dias, mas faziam tudo por nós. Souberam tirar o melhor de mim. Cheguei ao Boavista como um bom jogador, o Manuel José lapidou-me e no FC Porto já era um avançado de topo.MF – Esse Boavista já ameaçava os três grandes.A – Era muito difícil alguém vencer o Boavista no Bessa. Podíamos perfeitamente ter sido campeões nacionais antes de 2001. O problema é o peso que os três grandes têm no país: adeptos, comunicação social… agora vejo o Boavista a lutar, a reerguer-se, tem um treinador [Jorge Simão] muito competitivo. Aproveitei estes dias em Portugal para ver o Boavista, o FC Porto e também fui ver o Paços de Ferreira do Vítor Oliveira. PUBMF – Quem eram as grandes figuras desse seu Boavista?A – Marlon Brandão, o meu amigo Marlon. Ele dizia sempre ‘Artur, quando eu tiver a bola fica atento, porque a bola vai ter contigo’. Enfim, as coisas no Boavista começaram a correr-me bem desde o início e o Marlon teve grande responsabilidade nisso. O ambiente no Boavista era fantástico e no FC Porto também fui muito bem recebido. Mal cheguei lá o João Pinto agarrou-me no braço e disse: ‘queremos o Artur que jogava contra nós e nos marcava golos, ouviste’? (risos)MF – Brincadeiras no balneário do Bessa, muitas?A – Muitas, muitas, principalmente com o Bobó. Nos dias de banhos e massagens, ou quando íamos para a sauna, atirávamos sempre um balde de água gelada ao Bobó. Ele detestava água fria e vinha sempre atrás de nós, a dizer palavrões. Uma figuraça.MF – O Artur chegou a ser o terceiro melhor goleador do campeonato ainda no Boavista: 18 golos em 94/95. PUBA – E nessa época estive dois meses sem jogar. Tive um grave acidente de viação, num cruzamento na Senhora da Hora, e apanhei o maior susto da minha vida. Só me lembro de acordar no hospital com três costelas partidas, o baço perfurado, a clavícula fraturada. Foi sério. O meu primeiro jogo depois dessa paragem foi em Espinho.

FC Porto 1996/97: Rui Correia, Lula, Kenedy, João M. Pinto, Capucho e Chippo (em cima); Doriva, ARTUR, Sérgio Conceição, Paulinho e Rui Barros (em baixo) 

MF – O Artur levava muita pancada. Era um avançado franzino, rápido e que procurava os duelos individuais.A – Quanto mais me batiam, mais eu ia para cima deles. Eu não tinha medo. Pegava na bola e só tinha olhos na baliza. Aprendi isso com o meu ídolo Marecildo, que eu via jogar na minha cidade. Era um ‘10’ extraordinário. O meu pai era torcedor do Rio Branco e levava-me aos jogos e treinos. O Marecildo foi sempre a minha inspiração. Eu era muito rápido com bola e sem bola, o que é diferente. PUBMF – Qual foi o defesa mais agressivo que apanhou na vida?A – Tantos, tantos… enfrentei defesas fantásticos. Ricardo Gomes e Mozer, Fernando Couto, Aloísio e Jorge Costa, Bermudez e Gamarra, Marco Aurélio e Valckx. Só grandes nomes. Depois Maldini, Baresi e Hierro na Champions. Agora é mais fácil jogar.MF – Ficou quatro anos no Boavista e em 1996 chegou ao FC Porto. Consequência lógica de tudo o que fez no Bessa?A – Sim, sem dúvida. Tanto é assim que antes de assinar pelo FC Porto eu cheguei a ter tudo apalavrado com o Benfica.MF – O que falhou para não ter ido para a Luz?A – Reuni-me com o Paulo Autuori e o Toni, os técnicos. Aceitei o que eles me ofereceram, mas os clubes não chegaram a acordo e acho que houve uma discussão entre o Gaspar Ramos e o major. Entretanto, o senhor Pinto da Costa soube que eu andava a falar com o Benfica e disse ao major que eu não ia para lado nenhum, ia era para o Porto (risos). PUBMF – E assim foi.A – Eu não queria sair de Portugal sem ser campeão nacional. E cheguei a entendimento com o Porto. Continuei na cidade e fui para o clube mais forte do país. Era um namoro antigo, até foi o senhor Bobby Robson a fazer o primeiro contacto.

Boavista 1992/1993: Alfredo, Bobó, Nogueira, Barny, Nelo e Rui Bento (em cima); Paulo Sousa, Ricky, Marlon Brandão, ARTUR e Tavares (em baixo)

MF – E no FC Porto, muitas memórias de brincadeiras também?A – No FC Porto ganhei tudo, treinei como nunca, vi o que era de facto um clube conquistador. Mas havia tempo para brincar e no balneário tínhamos dois reis: o João Pinto e o Paulinho Santos. Praxavam sempre os jogadores novos. O rapaz chegava, sentava-se numa poltrona e começavam a falar com ele, muito sérios. De repente aparecia o João ou o Paulinho com um balde. Era cada banho! PUBMF – Como vai a carreira de treinador do Artur no Brasil?A – Bem, fiz agora um excelente trabalho no Bragantino. O clube estava há 11 anos na segunda divisão estadual e conseguimos finalmente subir. Em 2019 o clube terá o privilégio de disputar a Copa do Brasil.MF – O Artur vai continuar por lá?A – Não, não vou. Vou trabalhar noutro clube, tenho alguns convites e estou a decidir.MF – Algum convite é aqui de Portugal?A – Infelizmente não (risos). Gostaria de triunfar em Portugal como técnico, depois de ter triunfado como avançado. Tudo depende de uma oportunidade. Tenho-me preparado para isso e gostaria muito, claro.MF – O Artur era um avançado que ‘ia para cima’ do defesa, sem medo. Como são as suas equipas agora?A – São a minha cara (risos). Gosto de treinar equipas ambiciosas, ofensivas, sempre com a preocupação de jogar bom futebol. Detesto equipas encolhidas. Claro que tem de haver equilíbrio, mas com bola exijo um futebol atraente e muito ofensivo. PUBMF – Tem prazer na sua vida como treinador ou preferia ser futebolista?A – Ser avançado era muito mais fácil. O importante agora é ser respeitado pelo grupo de trabalho. Sinto que tive sempre os meus grupos na mão. E é fundamental ser justo com os atletas. Se isso não acontecer, o treinador perde o balneário.MF – Chegou a ter um cargo político no Estado do Acre. Isso está colocado de parte?A – Foi uma experiência fugaz. Um amigo meu pediu-me uma ajuda, mas a política não faz parte da minha vida. Ainda bem que isso está ultrapassado.MF – Tem um filho, o Artur Júnior, a jogar no Oliveira do Douro. Faz questão de seguir de perto a carreira dele?A – Venho a Portugal duas ou três vezes por ano. Tenho três filhos. Uma menina de 6 anos e outra de 25. O Artur tem 23 e nasceu cá no Porto. Morei oito anos em Portugal, fui muito feliz, fiz vários amigos e Portugal vai estar sempre ligado à minha vida. Acima de tudo quero que os meus filhos sejam felizes também e sigam os exemplos de simplicidade dos pais. O Arturzinho fez um ano na formação do FC Porto, nos Sub19, e depois voltou ao Brasil. Mas agora já está cá pelo terceiro ano seguido. Jogou no Coimbrões e está no Oliveira de Douro, um clube que tem como presidente de honra o grande João Pinto. Nesta visita não estive com o meu capitão, mas dei um abração ao Rui Barros, ao Tulipa, ao Semedo, ao Fernando Gomes, a essa gente maravilhosa. PUBMF – E esteve com o Mário Jardel.A – Os nossos filhos foram colegas de equipa na Ovarense. Estamos velhos (risos)! Com o Jardel nós sabíamos que o golo andava sempre por perto. A jogar de cabeça, sinceramente, nunca vi ninguém como o Mário. Ele ajudou muito o Porto, acho que os mais jovens não têm a noção de quem foi ele. É um rapaz bom, meio infantil, brincalhão. E mortífero na área. Eu, o Drulovic e o Edmilson aproveitávamos bem.OUTROS DESTINOS:1. Adbel Ghany, as memórias do Faraó de Aveiro2. Careca, meio Eusébio meio Pelé3. Kiki, o rapaz das tranças que o FC Porto raptou PUB4. Abazaj, o albanês que não aceita jantares5. Eskilsson, o rei leão de 88 é um ás no poker6. Baltazar, o «pichichi» desviado do Atl. Madrid7. Emerson, nem ele acreditava que jogava aquilo tudo8. Mapuata, o Renault 9 e «o maior escândalo de 1987»9. Cacioli, o Lombardo que adbicou da carreira para casar por amor PUB10. Lula, da desconhecida Famalicão às portas da seleção portuguesa11. Samuel, a eterna esperança do Benfica12. Lars Eriksson, o guarda-redes que sabe que não deu alegrias13. Wando, um incompreendido14. Doriva, as memórias do pontapé canhão das Antas15. Elói, fotos em Faro e jantares em casa de Pinto da Costa PUB16. Dinis, o Sandokan de Aveiro17. Pedro Barny, do Boavistão e das camisolas esquisitas18. Pingo, o pedido de ajuda de um campeão do FC Porto19. Taira, da persistência no Restelo à glória em Salamanca20. Latapy, os penáltis com a Sampdória e as desculpas a Jokanovic PUB21. Marco Aurélio, memórias de quando Sousa Cintra se ria do FC Porto22. Jorge Soares e um célebre golo de Jardel23. Ivica Kralj e uma questão oftalmológica24. N'Kama, o bombista zairense25. Karoglan, em Portugal por causa da guerra PUB26. Ronaldo e o Benfica dos vinte reforços por época27. Tuck, um coração entre dois emblemas28. Tueba, ia para o Sporting, jogou no Benfica e está muito gordo29. Krpan, o croata que não fazia amigos no FC Porto30. Walter Paz, zero minutos no FC Porto PUB31. Radi, dos duelos com Maradona à pacatez de Chaves32. Nelson Bertollazzi eliminou a Fiorentina e arrasou o dragão33. Mangonga matou o Benfica sem saber como34. Dino Furacão tirou um título ao Benfica e foi insultado por um taxista35. António Carlos, o único a pôr Paulinho Santos no lugar PUB36. Valckx e o 3-6 que o «matou»37. Ademir Alcântara: e a paz entre Benfica e FC Porto acabou38. Chiquinho Conde, impedido de jogar no Benfica por Samora Machel39. Bambo, das seleções jovens a designer de moda em Leeds40. Iliev, sonhos na Luz desfeitos por Manuel José PUB41. Panduru, num Benfica onde era impossível jogar bem42. Missé Missé, transformado em egoísta no Sporting43. Edmilson: Amunike e Dani taparam-lhe entrada num grande44. Jamir: «Gostava de ter dado mais ao Benfica»45. Donizete continua um «benfiquista da porra» PUB46. Leandro Machado: «Se fosse mais profissional...»47. Bobó, a última aposta de Pedroto48. Rufai, o Príncipe que não quis ser Rei49. Mandla Zwane, a pérola de Bobby Robson50. Vítor Paneira e os trintões que quiseram ser como ele PUB51. Jorge Andrade, o FC Porto foi a maior deceção da carreira52. Amunike e uma faca apontada a Sousa Cintra53. Caio Júnior, ás em Guimarães54. Luisinho: «Quem sabe jogar não precisa bater»55. Marcelo: «Autuori preferiu Pringle, mas não ficou a ganhar»56. Zé Carlos, o homem que Artur Jorge dizia ter «bunda grande» PUB57. Douglas: «Sousa Cintra entrou no balneário a pedir para eu jogar»58. Ricky, nem Eusébio lhe valeu a titularidade no Benfica59. Geraldão: «No FC Porto era obrigatório odiar Benfica e Sporting»60. Paulo Nunes: «No Benfica não recebia e ainda queriam multar-me»61. King e o sonho que morreu na marginal de Carcavelos PUB62. Lipcsei, num FC Porto que só teve rival em 200463. Alex, lenda do Marítimo: «Até Baggio me pediu a camisola»64. Amaral: «Abaixo de Deus, o Benfica!»65. Paulo Pereira e o polémico processo de naturalização no Benfica66.Silas e o 'chapéu' ao Ajax: «Ate esgotámos o stock de marisco» PUB67. Magnusson: 87 golos no Benfica e nem um ao FC Porto68. Zahovic e um coração dividido entre FC Porto e Benfica69.Edmilson: «Nos 5-0, até os adeptos do Benfica bateram palmas» 70. Scott Minto: «Benfica era um gigante a dormir num manicómio»71. Paulinho Cascavel e o Moët & Chandon de Guimarães PUB72.Paulinho César: «Falhei de baliza aberta no Bessa e morri no Porto»73. Pesaresi: «Eu e o Porfírio eramos os bons malucos do Benfica»74. Butorovic, feliz quando o FC Porto ganha75. Paredão, que em Inglaterra esteve para ser The Wall76. Lemajic: «Nos 6-3 ainda defendi mais quatro ou cinco»78.Esquerdinha: «Estava a mudar de roupa e entraram aos gritos: Penta!» PUB79.Alessandro Cambalhota: «Para Fernando Santos eu não levava nada a sério»80. Gary Charles: «Saí do Benfica, estive preso e agora salvo vidas»81. Vujacic: «Para haver tantos sportinguistas, tem de ser amor»82. Rafael: «Queriam o quê, que tirasse o lugar ao Deco?»83. Basaúla: «Qual é o mal de uma cerveja?» PUB84. Everton: «Um guarda-redes ou é louco ou é gay»85. «Já disse aos amigos benfiquistas, penta é o Quinzinho»86. Timofte: «O meu pé esquerdo era melhor do que o do Hagi»87. Victor Quintana: «Era tosco, mas posso dizer que joguei no Porto»88. Kostadinov: «O Domingos adorava chá, foi o tipo mais inteligente que vi»89.Glenn Helder: «Perdi tudo no casino e no divórcio, mas a bateria salvou-me»90. Tony Sealy: «O Vítor Damas era o Sean Connery, o 007 do Sporting»

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Destinos  |  13 dez 2018, 09:43
Artur: «Saí do FC Porto porque stressei com o Fernando Santos»

Pedro Jorge da Cunha
Editor@pedrojscunha

DESTINO: 90's é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 90's.ARTUR: Boavista (1992 a 1996) e FC Porto (1996 a 1999) PUBFC Porto na Liga dos Campeões, 16 pontos, recorde igualado. Já não se via tal coisa desde a temporada de 1996/1997. 22 anos passam a correr à velocidade de Artur, Rei Artur.Quem? Nada mais, nada menos do que o autor do primeiro golo do FC Porto nessa Champions. Onde? No mítico San Siro e numa vitória extraordinária dos dragões no templo do Milan, 3-2.Coincidência das coincidências: onde anda Artur? Tchan-tchan-tchan-tchaaaan! Na cidade do Porto, a visitar o filho Arturzinho e a matar saudades. Pois bem, após dois telefonemas, o Maisfutebol marca encontro com Artur numa unidade hoteleira da Invicta, minutos depois do jogo do Oliveira do Douro.«É, o meu filho joga no clube que tem o João Pinto como presidente honorário».Artur mantém o porte elegante, o sorriso contagiante e o discurso carregado de boas histórias. Altura perfeita, pois, para voltar a esse icónico AC Milan-FC Porto, mas também para recordar as proezas do antigo avançado, agora treinador, com a camisola do Boavista. PUBNo inverno da cidade do Porto, que tão bem conhece, Artur faz uma viagem no tempo e confessa ter enorme vontade de voltar a viver no nosso país. «Realizei-me aqui como avançado, acho que também o posso fazer como treinador.»Artur Duarte de Oliveira, 48 anos, o menino de Rio Branco, no Estado do Acre. Treinador de futebol e proprietário da arena Artur Soccer. Se o leitor passar por aquelas bandas, já sabe onde pode jogar uma futebolada com amigos.VÍDEO: o golo de Artur no AC Milan-FC Porto (1m20s)

Maisfutebol – O FC Porto fez agora 16 pontos na Champions. Igual só na época 1996/97, com o Artur na equipa. E uma vitória épica em San Siro a abrir.Artur – Não me esqueço do dia: 11 de setembro de 1996, a minha estreia na Liga dos Campeões. Vencemos um poderoso Milan, o papa-tudo da Europa. Esse jogo deu-nos uma força maravilhosa, provou-nos que podíamos ganhar a qualquer equipa em qualquer lugar. Percebemos em Milão que tínhamos tudo para chegar ao ‘tri’. Depois desse jogo fomos jogar à Luz e demos cinco ao Benfica. Fiz um jogo quase perfeito e no final da partida recebi os parabéns de um homem muito especial. PUBMF – De quem, Artur?A – Do senhor Eusébio. Essa noite foi mágica também. Aliás, acho que os meus três jogos mais marcantes são esses de Milão, 5-0 na Luz e a final do Jamor em que marquei de pontapé de bicicleta ao Sp. Braga.

Os jogadores utilizados no Benfica-FC Porto: 0-5

MF – Como é que o António Oliveira preparou esse jogo no San Siro?A – O António sabia que o Milan era nessa altura, talvez, a melhor equipa da Europa. Se vencêssemos ali… bem, a equipa ia ter uma força emocional enorme. Jogámos com três centrais [Aloísio, Jorge Costa e Lula], dois médios muito fortes [Paulinho e Barroso] e depois gente com velocidade e técnica. Fomos muito fortes trás e talentosos na frente. A minha melhor memória desse jogo é a camisola que tenho em casa. Pertencia ao senhor Paolo Maldini. PUBMF – O Artur sentou esse senhor no golo que marcou.A – É verdade, sim. No final do jogo estávamos a sair e o Maldini olhou para mim. Pedi-lhe para trocar de camisola e ele foi um cavalheiro, mesmo depois de perder.MF – Há outra imagem forte do Artur nesse jogo.A – A vomitar? (risos) Foi depois do meu golo. Acho que bebi muito Isostar ao intervalo. E, claro, a sensação e a emoção do golo... tudo mexeu comigo. Ah, lembrei-me de outro jogo fantástico ao serviço do FC Porto.MF – Fale-nos dele. Contra quem?A – Benfica: saltei do banco, joguei 30 minutos, ganhámos 2-0 e eu marquei os dois golos. Esse jogo tem uma história engraçada.MF – Vamos ouvi-la.A – O Paulo Autuori estava no Flamengo e desafiou-me a ir para lá. Disse-me até que se eu fosse para o Flamengo ele tinha a indicação de que o Mário Zagallo me levaria à seleção do Brasil. Bem, expus a situação ao presidente, ao treinador Oliveira… era uma oportunidade única, mas o FC Porto não me deixou sair. O presidente do Flamengo veio às Antas ver-me nesse jogo e por isso o Oliveira colocou-me no banco. Para me esconder (risos). PUBMF – Ficou chateado?A – Sim, fiquei, mas depois tive uma conversa com o mister e ficou tudo certo. Foi uma conversa boa, longa. Eu expliquei-lhe de onde vinha, como tinha chegado ao Porto e sublinhei a importância de jogar no Flamengo e pelo Brasil. Mas o Oliveira queria o tetra e não me libertou. Principalmente depois do que eu fiz nesse jogo contra o Benfica.MF – Lembra-se do jogo?A – Claro. Estava 0-0, o Benfica estava a jogar melhor, o Porto estava mal. E eu consegui mudar tudo. Tudo o que o mister me mandou fazer, eu fiz ao contrário (risos). Na primeira bola saí da direita para o meio e na segunda também foi um lance individual, fintei o PreudHomme. O Oliveira tinha-me pedido outras coisas, mais posse de bola, mas eu senti que aquela defesa do Benfica era frágil e lenta.VÍDEO: os dois golos de Artur ao Benfica em 1998
PUBMF – O Artur fez 82 jogos em dois anos no FC Porto, mas saiu a meio da terceira época. Porquê?A – Tive um convite do Vitória da Bahia, do Ricardo Gomes. E nessa terceira época no FC Porto estava a jogar menos vezes. Sempre a sair do banco de suplentes. E houve um jogo em que stressei com o Fernando Santos. Eu queria estar sempre em campo e reagi impulsivamente contra ele. Achei que era bom voltar ao Brasil. Se fosse hoje, provavelmente, decidiria de forma diferente.MF – É verdade que recusou representar a seleção de Portugal?A – Sim, confirmo isso. O selecionador Artur Jorge chegou a reunir comigo. Mas eu não achava justo ocupar a vaga de um português e tinha a esperança de jogar pelo Brasil. Fiquei no meio das duas seleções e não joguei por nenhuma (risos). Mas, se pudesse voltar atrás, teria jogado por Portugal.MF – Chegou a Portugal e ao Boavista em 1992. Há 26 anos. PUBA – E eu lembro-me de tudo. Digo sempre aos meus atletas que um jogo pode mudar uma vida e esse foi o meu caso.MF – Como assim?A – Vim para o Boavista à experiência. Alguém me observou numa cassete VHS, quando eu jogava no Remo, e o presidente Pinto da Costa mostrou logo interesse em mim.  

Artur com a famosa camisola axadrezada do Boavista

MF – Pinto da Costa? Mas não veio para o FC Porto.A – Calma, eu explico (risos). O Pinto da Costa viu a cassete e pediu ao saudoso Carlos Alberto Silva para me observar ao vivo no Brasil. Mas o CAS disse que já tinha escolhido outro avançado, o Paulinho César, e que o plantel do FC Porto já estava bem servido de atacantes. É aí que aparece o Boavista. PUBMF – Numa conversa entre o Pinto da Costa e o major Valentim?A – Presumo que sim. As imagens chegaram ao major e ele pediu ao Remo se eu podia vir treinar à experiência alguns dias. Queriam ver se eu era o mesmo jogador da cassete. Eu aceitei de imediato, claro. Sem problema. Se eu jogava bem lá, também podia jogar bem cá. Cheguei ao Boavista e fui logo lançado num jogo do Torneio Internacional da Cidade do Porto.MF – Contra quem?A – FC Porto (risos). Marquei um golão, ganhámos a final e as pessoas do Boavista já não me deixaram voltar ao Brasil. A minha esposa estava grávida, mas o major disse que a minha filha tinha de nascer no Porto. E nasceu. Foi uma estreia abençoada num jogo com os dois clubes que representei em Portugal. O Boavista abriu-me as portas, preparou-me para jogar no Porto e ser campeão de Portugal. Ganhei uma taça, disputei uma Liga dos Campeões, enfim, fui muito feliz nos dois lados. Amo os dois clubes.VÍDEO: a estreia de Artur com um golaço ao FC Porto (57s) PUB
MF – Já falou do major. E o Manuel José, como era a sua ligação a esse treinador?A – Tive dois presidentes extraordinários, no Boavista e no Porto, e dois grandes treinadores, Manuel José e António Oliveira. Os dois eram exigentes, adoravam bom futebol, nunca estavam satisfeitos, davam broncas todos os dias, mas faziam tudo por nós. Souberam tirar o melhor de mim. Cheguei ao Boavista como um bom jogador, o Manuel José lapidou-me e no FC Porto já era um avançado de topo.MF – Esse Boavista já ameaçava os três grandes.A – Era muito difícil alguém vencer o Boavista no Bessa. Podíamos perfeitamente ter sido campeões nacionais antes de 2001. O problema é o peso que os três grandes têm no país: adeptos, comunicação social… agora vejo o Boavista a lutar, a reerguer-se, tem um treinador [Jorge Simão] muito competitivo. Aproveitei estes dias em Portugal para ver o Boavista, o FC Porto e também fui ver o Paços de Ferreira do Vítor Oliveira. PUBMF – Quem eram as grandes figuras desse seu Boavista?A – Marlon Brandão, o meu amigo Marlon. Ele dizia sempre ‘Artur, quando eu tiver a bola fica atento, porque a bola vai ter contigo’. Enfim, as coisas no Boavista começaram a correr-me bem desde o início e o Marlon teve grande responsabilidade nisso. O ambiente no Boavista era fantástico e no FC Porto também fui muito bem recebido. Mal cheguei lá o João Pinto agarrou-me no braço e disse: ‘queremos o Artur que jogava contra nós e nos marcava golos, ouviste’? (risos)MF – Brincadeiras no balneário do Bessa, muitas?A – Muitas, muitas, principalmente com o Bobó. Nos dias de banhos e massagens, ou quando íamos para a sauna, atirávamos sempre um balde de água gelada ao Bobó. Ele detestava água fria e vinha sempre atrás de nós, a dizer palavrões. Uma figuraça.MF – O Artur chegou a ser o terceiro melhor goleador do campeonato ainda no Boavista: 18 golos em 94/95. PUBA – E nessa época estive dois meses sem jogar. Tive um grave acidente de viação, num cruzamento na Senhora da Hora, e apanhei o maior susto da minha vida. Só me lembro de acordar no hospital com três costelas partidas, o baço perfurado, a clavícula fraturada. Foi sério. O meu primeiro jogo depois dessa paragem foi em Espinho.

FC Porto 1996/97: Rui Correia, Lula, Kenedy, João M. Pinto, Capucho e Chippo (em cima); Doriva, ARTUR, Sérgio Conceição, Paulinho e Rui Barros (em baixo) 

MF – O Artur levava muita pancada. Era um avançado franzino, rápido e que procurava os duelos individuais.A – Quanto mais me batiam, mais eu ia para cima deles. Eu não tinha medo. Pegava na bola e só tinha olhos na baliza. Aprendi isso com o meu ídolo Marecildo, que eu via jogar na minha cidade. Era um ‘10’ extraordinário. O meu pai era torcedor do Rio Branco e levava-me aos jogos e treinos. O Marecildo foi sempre a minha inspiração. Eu era muito rápido com bola e sem bola, o que é diferente. PUBMF – Qual foi o defesa mais agressivo que apanhou na vida?A – Tantos, tantos… enfrentei defesas fantásticos. Ricardo Gomes e Mozer, Fernando Couto, Aloísio e Jorge Costa, Bermudez e Gamarra, Marco Aurélio e Valckx. Só grandes nomes. Depois Maldini, Baresi e Hierro na Champions. Agora é mais fácil jogar.MF – Ficou quatro anos no Boavista e em 1996 chegou ao FC Porto. Consequência lógica de tudo o que fez no Bessa?A – Sim, sem dúvida. Tanto é assim que antes de assinar pelo FC Porto eu cheguei a ter tudo apalavrado com o Benfica.MF – O que falhou para não ter ido para a Luz?A – Reuni-me com o Paulo Autuori e o Toni, os técnicos. Aceitei o que eles me ofereceram, mas os clubes não chegaram a acordo e acho que houve uma discussão entre o Gaspar Ramos e o major. Entretanto, o senhor Pinto da Costa soube que eu andava a falar com o Benfica e disse ao major que eu não ia para lado nenhum, ia era para o Porto (risos). PUBMF – E assim foi.A – Eu não queria sair de Portugal sem ser campeão nacional. E cheguei a entendimento com o Porto. Continuei na cidade e fui para o clube mais forte do país. Era um namoro antigo, até foi o senhor Bobby Robson a fazer o primeiro contacto.

Boavista 1992/1993: Alfredo, Bobó, Nogueira, Barny, Nelo e Rui Bento (em cima); Paulo Sousa, Ricky, Marlon Brandão, ARTUR e Tavares (em baixo)

MF – E no FC Porto, muitas memórias de brincadeiras também?A – No FC Porto ganhei tudo, treinei como nunca, vi o que era de facto um clube conquistador. Mas havia tempo para brincar e no balneário tínhamos dois reis: o João Pinto e o Paulinho Santos. Praxavam sempre os jogadores novos. O rapaz chegava, sentava-se numa poltrona e começavam a falar com ele, muito sérios. De repente aparecia o João ou o Paulinho com um balde. Era cada banho! PUBMF – Como vai a carreira de treinador do Artur no Brasil?A – Bem, fiz agora um excelente trabalho no Bragantino. O clube estava há 11 anos na segunda divisão estadual e conseguimos finalmente subir. Em 2019 o clube terá o privilégio de disputar a Copa do Brasil.MF – O Artur vai continuar por lá?A – Não, não vou. Vou trabalhar noutro clube, tenho alguns convites e estou a decidir.MF – Algum convite é aqui de Portugal?A – Infelizmente não (risos). Gostaria de triunfar em Portugal como técnico, depois de ter triunfado como avançado. Tudo depende de uma oportunidade. Tenho-me preparado para isso e gostaria muito, claro.MF – O Artur era um avançado que ‘ia para cima’ do defesa, sem medo. Como são as suas equipas agora?A – São a minha cara (risos). Gosto de treinar equipas ambiciosas, ofensivas, sempre com a preocupação de jogar bom futebol. Detesto equipas encolhidas. Claro que tem de haver equilíbrio, mas com bola exijo um futebol atraente e muito ofensivo. PUBMF – Tem prazer na sua vida como treinador ou preferia ser futebolista?A – Ser avançado era muito mais fácil. O importante agora é ser respeitado pelo grupo de trabalho. Sinto que tive sempre os meus grupos na mão. E é fundamental ser justo com os atletas. Se isso não acontecer, o treinador perde o balneário.MF – Chegou a ter um cargo político no Estado do Acre. Isso está colocado de parte?A – Foi uma experiência fugaz. Um amigo meu pediu-me uma ajuda, mas a política não faz parte da minha vida. Ainda bem que isso está ultrapassado.MF – Tem um filho, o Artur Júnior, a jogar no Oliveira do Douro. Faz questão de seguir de perto a carreira dele?A – Venho a Portugal duas ou três vezes por ano. Tenho três filhos. Uma menina de 6 anos e outra de 25. O Artur tem 23 e nasceu cá no Porto. Morei oito anos em Portugal, fui muito feliz, fiz vários amigos e Portugal vai estar sempre ligado à minha vida. Acima de tudo quero que os meus filhos sejam felizes também e sigam os exemplos de simplicidade dos pais. O Arturzinho fez um ano na formação do FC Porto, nos Sub19, e depois voltou ao Brasil. Mas agora já está cá pelo terceiro ano seguido. Jogou no Coimbrões e está no Oliveira de Douro, um clube que tem como presidente de honra o grande João Pinto. Nesta visita não estive com o meu capitão, mas dei um abração ao Rui Barros, ao Tulipa, ao Semedo, ao Fernando Gomes, a essa gente maravilhosa. PUBMF – E esteve com o Mário Jardel.A – Os nossos filhos foram colegas de equipa na Ovarense. Estamos velhos (risos)! Com o Jardel nós sabíamos que o golo andava sempre por perto. A jogar de cabeça, sinceramente, nunca vi ninguém como o Mário. Ele ajudou muito o Porto, acho que os mais jovens não têm a noção de quem foi ele. É um rapaz bom, meio infantil, brincalhão. E mortífero na área. Eu, o Drulovic e o Edmilson aproveitávamos bem.OUTROS DESTINOS:1. Adbel Ghany, as memórias do Faraó de Aveiro2. Careca, meio Eusébio meio Pelé3. Kiki, o rapaz das tranças que o FC Porto raptou PUB4. Abazaj, o albanês que não aceita jantares5. Eskilsson, o rei leão de 88 é um ás no poker6. Baltazar, o «pichichi» desviado do Atl. Madrid7. Emerson, nem ele acreditava que jogava aquilo tudo8. Mapuata, o Renault 9 e «o maior escândalo de 1987»9. Cacioli, o Lombardo que adbicou da carreira para casar por amor PUB10. Lula, da desconhecida Famalicão às portas da seleção portuguesa11. Samuel, a eterna esperança do Benfica12. Lars Eriksson, o guarda-redes que sabe que não deu alegrias13. Wando, um incompreendido14. Doriva, as memórias do pontapé canhão das Antas15. Elói, fotos em Faro e jantares em casa de Pinto da Costa PUB16. Dinis, o Sandokan de Aveiro17. Pedro Barny, do Boavistão e das camisolas esquisitas18. Pingo, o pedido de ajuda de um campeão do FC Porto19. Taira, da persistência no Restelo à glória em Salamanca20. Latapy, os penáltis com a Sampdória e as desculpas a Jokanovic PUB21. Marco Aurélio, memórias de quando Sousa Cintra se ria do FC Porto22. Jorge Soares e um célebre golo de Jardel23. Ivica Kralj e uma questão oftalmológica24. N'Kama, o bombista zairense25. Karoglan, em Portugal por causa da guerra PUB26. Ronaldo e o Benfica dos vinte reforços por época27. Tuck, um coração entre dois emblemas28. Tueba, ia para o Sporting, jogou no Benfica e está muito gordo29. Krpan, o croata que não fazia amigos no FC Porto30. Walter Paz, zero minutos no FC Porto PUB31. Radi, dos duelos com Maradona à pacatez de Chaves32. Nelson Bertollazzi eliminou a Fiorentina e arrasou o dragão33. Mangonga matou o Benfica sem saber como34. Dino Furacão tirou um título ao Benfica e foi insultado por um taxista35. António Carlos, o único a pôr Paulinho Santos no lugar PUB36. Valckx e o 3-6 que o «matou»37. Ademir Alcântara: e a paz entre Benfica e FC Porto acabou38. Chiquinho Conde, impedido de jogar no Benfica por Samora Machel39. Bambo, das seleções jovens a designer de moda em Leeds40. Iliev, sonhos na Luz desfeitos por Manuel José PUB41. Panduru, num Benfica onde era impossível jogar bem42. Missé Missé, transformado em egoísta no Sporting43. Edmilson: Amunike e Dani taparam-lhe entrada num grande44. Jamir: «Gostava de ter dado mais ao Benfica»45. Donizete continua um «benfiquista da porra» PUB46. Leandro Machado: «Se fosse mais profissional...»47. Bobó, a última aposta de Pedroto48. Rufai, o Príncipe que não quis ser Rei49. Mandla Zwane, a pérola de Bobby Robson50. Vítor Paneira e os trintões que quiseram ser como ele PUB51. Jorge Andrade, o FC Porto foi a maior deceção da carreira52. Amunike e uma faca apontada a Sousa Cintra53. Caio Júnior, ás em Guimarães54. Luisinho: «Quem sabe jogar não precisa bater»55. Marcelo: «Autuori preferiu Pringle, mas não ficou a ganhar»56. Zé Carlos, o homem que Artur Jorge dizia ter «bunda grande» PUB57. Douglas: «Sousa Cintra entrou no balneário a pedir para eu jogar»58. Ricky, nem Eusébio lhe valeu a titularidade no Benfica59. Geraldão: «No FC Porto era obrigatório odiar Benfica e Sporting»60. Paulo Nunes: «No Benfica não recebia e ainda queriam multar-me»61. King e o sonho que morreu na marginal de Carcavelos PUB62. Lipcsei, num FC Porto que só teve rival em 200463. Alex, lenda do Marítimo: «Até Baggio me pediu a camisola»64. Amaral: «Abaixo de Deus, o Benfica!»65. Paulo Pereira e o polémico processo de naturalização no Benfica66.Silas e o 'chapéu' ao Ajax: «Ate esgotámos o stock de marisco» PUB67. Magnusson: 87 golos no Benfica e nem um ao FC Porto68. Zahovic e um coração dividido entre FC Porto e Benfica69.Edmilson: «Nos 5-0, até os adeptos do Benfica bateram palmas» 70. Scott Minto: «Benfica era um gigante a dormir num manicómio»71. Paulinho Cascavel e o Moët & Chandon de Guimarães PUB72.Paulinho César: «Falhei de baliza aberta no Bessa e morri no Porto»73. Pesaresi: «Eu e o Porfírio eramos os bons malucos do Benfica»74. Butorovic, feliz quando o FC Porto ganha75. Paredão, que em Inglaterra esteve para ser The Wall76. Lemajic: «Nos 6-3 ainda defendi mais quatro ou cinco»78.Esquerdinha: «Estava a mudar de roupa e entraram aos gritos: Penta!» PUB79.Alessandro Cambalhota: «Para Fernando Santos eu não levava nada a sério»80. Gary Charles: «Saí do Benfica, estive preso e agora salvo vidas»81. Vujacic: «Para haver tantos sportinguistas, tem de ser amor»82. Rafael: «Queriam o quê, que tirasse o lugar ao Deco?»83. Basaúla: «Qual é o mal de uma cerveja?» PUB84. Everton: «Um guarda-redes ou é louco ou é gay»85. «Já disse aos amigos benfiquistas, penta é o Quinzinho»86. Timofte: «O meu pé esquerdo era melhor do que o do Hagi»87. Victor Quintana: «Era tosco, mas posso dizer que joguei no Porto»88. Kostadinov: «O Domingos adorava chá, foi o tipo mais inteligente que vi»89.Glenn Helder: «Perdi tudo no casino e no divórcio, mas a bateria salvou-me»90. Tony Sealy: «O Vítor Damas era o Sean Connery, o 007 do Sporting»

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