BE reúne as tropas, dá alfinetada ao PCP, demarca-se do PS e mantém guerra total a PSD e CDS

01-12-2015
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Com duas mil pessoas no almoço-comício da Meo Arena, em Lisboa, os bloquistas dispararam em todas as direções, da direita à esquerda, tentando assim delimitar melhor o seu espaço no arranque da última semana de campanha

“O PS é desilusão destas eleições”, disse Catarina Martins. “Levámos tampa do PS e do PCP (quando o Bloco precisava de assinaturas de outros deputados para pedir a inconstucionalidade de medidas do Governo sobre cortes de pensões e de subsídios de férias)”, afirmou antes Pedro Filipe Soares. “PSD e PS aceitam que vão governar dentro da margem que lhes dá o ministro das Finanças alemão”, dissera pelo meio Mariana Mortágua.

Três exemplos dos discursos no maior comício do Bloco de Esquerda na corrida para estas legislativas, na Meo Arena, em Lisboa, este domingo, onde estiveram cerca de duas mil pessoas (entre elas, Francisco Louçã, na sua primeira aparição ao lado de Catarina Martins durante o período oficial de campanha).

É um clássico, quando a contagem decrescente para a votação fica perto do fim: os diversos partidos desdobram as frentes de atuação, tentando chegar a todos os nichos do eleitorado.

O Bloco elegeu o comício deste domingo em Lisboa para tais apelos e demarcações, mesmo em relação à força política com a qual mantivera um pacto de não agressão.

Era o caso do PCP, mas deixou de ser nesta tarde. Pedro Filipe Soares, o líder parlamentar do Bloco, lembrou o momento, no início da legislatura cessante, em que a reduzida bancada do BE na Assembleia da República (AR) precisou da assinatura de mais deputados para submeter ao Tribunal Constitucional a apreciação de um diploma sobre cortes de pensões e subsídios de férias. “Levámos a tampa do PS e levámos a tampa do PCP”, afirmou Pedro Filipe Soares.

“Contra as lideranças parlamentares, arranjámos os deputados suficientes”, disse o nº 1 da bancada do BE na AR - agora nº 2 por Lisboa, depois de ter sido em 2011 o cabeça de lista por Aveiro -, que quis assim colocar o Bloco no papel de pioneiro da sujeição das medidas do Governo ao Tribunal Constitucional.

Nuno Botelho

Catarina Martins fez o até agora mais mais longo discurso desta campanha, cerca de 40 minutos, quando por regra só falara até 20 minutos. Foi uma sessão de fogo cerrado sobre Passos Coelho e Paulo Portas, e um Governo que “aproveitou a crise para impôr o seu programa de décadas”.

“As políticas sociais foram dizimadas por preconceito ideológico”, afirmou a porta-voz do Bloco.

Portugal, acrescentou Catarina Martins, é hoje um “país a duas velocidades”, em que a “desigualdade social” e o “abuso laboral” foram as “duas matizes” do atual Governo, “o mais extremista ideologicamente em 40 anos”. “Fizeram tudo ao avesso do que prometeram”, afirmou.

Quanto ao PS, afirmou Catarina Martins, “é a desilusão destas eleições”. A líder bloquista apontou para contradições socialistas: “Tanta gente que se entusiasmou quando ouviu António Costa prometer o fim da austeridade”.

Catarina Martins fala de um PS “aflito”, a “pedir a maioria absoluta para um programa que não é capaz de explicar" e que "não se distingue da austeridade da direita”.

O ataque aos socialistas foi feito com várias nuances e comprimentos de onda. “O PS escolhe o compromisso do despedimento e de cortar pensões em vez do compromisso com a esquerda para cortar a austeridade”, afirmou a líder do Bloco.

Antes, Mariana Mortágua, a cabeça de lista por Lisboa, também colocara PS e PSD como faces da mesma moeda. Num tom muito coloquial, e em diversas vezes a apelar expressamente ao eleitorado jovem, perguntou: “Como preferes as tuas pensões? Cortadas ou congeladas? Como preferes a leitura do Tratado Orçamental? Literal ou criativa?”

De disparo em disparo sobre PS e PSD, Catarina Martins tinha ainda mais um cartucho, com chumbo grosso, para tentar derrubar a tentação do voto útil: “Tanto a direita como o PS dirão: nós ou caos”. Depois das eleições, “dirão: nós e o caos seremos amigos para sempre”.

“Amigos para sempre” não é bem a expressão que se aplica ao ambiente vivido no comício do Bloco no Meo Arena. Foi “amigos desde sempre”, tal a presença e a confraternização de dirigentes e militantes bloquistas de várias gerações e sensibilidades.

Nuno Botelho

No final dos discursos, empolgados pela campanha de Catarina Martins e de outras cabeças de cartaz do Bloco, como Mariana Mortágua e Marisa Matias, a maioria dos presentes no almoço saiu da Meo Arena e foi desfilar no Parque das Nações, para “a maior arruada de sempre” do Bloco, como lhe chamou o speaker.

Os bloquistas estão galvanizados. Há menos de um ano, em plena crise interna, com as tropas divididas, até o bloquista mais otimista precisaria de acreditar em milagres para imaginar uma embalagem assim à beira das legislativas.

Após a romaria pelo Parque das Nações, o Bloco abre amanhã uma nova via de campanha: vai a Fátima, para uma visita à Escola Profissional de Hotelaria.

Com duas mil pessoas no almoço-comício da Meo Arena, em Lisboa, os bloquistas dispararam em todas as direções, da direita à esquerda, tentando assim delimitar melhor o seu espaço no arranque da última semana de campanha

“O PS é desilusão destas eleições”, disse Catarina Martins. “Levámos tampa do PS e do PCP (quando o Bloco precisava de assinaturas de outros deputados para pedir a inconstucionalidade de medidas do Governo sobre cortes de pensões e de subsídios de férias)”, afirmou antes Pedro Filipe Soares. “PSD e PS aceitam que vão governar dentro da margem que lhes dá o ministro das Finanças alemão”, dissera pelo meio Mariana Mortágua.

Três exemplos dos discursos no maior comício do Bloco de Esquerda na corrida para estas legislativas, na Meo Arena, em Lisboa, este domingo, onde estiveram cerca de duas mil pessoas (entre elas, Francisco Louçã, na sua primeira aparição ao lado de Catarina Martins durante o período oficial de campanha).

É um clássico, quando a contagem decrescente para a votação fica perto do fim: os diversos partidos desdobram as frentes de atuação, tentando chegar a todos os nichos do eleitorado.

O Bloco elegeu o comício deste domingo em Lisboa para tais apelos e demarcações, mesmo em relação à força política com a qual mantivera um pacto de não agressão.

Era o caso do PCP, mas deixou de ser nesta tarde. Pedro Filipe Soares, o líder parlamentar do Bloco, lembrou o momento, no início da legislatura cessante, em que a reduzida bancada do BE na Assembleia da República (AR) precisou da assinatura de mais deputados para submeter ao Tribunal Constitucional a apreciação de um diploma sobre cortes de pensões e subsídios de férias. “Levámos a tampa do PS e levámos a tampa do PCP”, afirmou Pedro Filipe Soares.

“Contra as lideranças parlamentares, arranjámos os deputados suficientes”, disse o nº 1 da bancada do BE na AR - agora nº 2 por Lisboa, depois de ter sido em 2011 o cabeça de lista por Aveiro -, que quis assim colocar o Bloco no papel de pioneiro da sujeição das medidas do Governo ao Tribunal Constitucional.

Nuno Botelho

Catarina Martins fez o até agora mais mais longo discurso desta campanha, cerca de 40 minutos, quando por regra só falara até 20 minutos. Foi uma sessão de fogo cerrado sobre Passos Coelho e Paulo Portas, e um Governo que “aproveitou a crise para impôr o seu programa de décadas”.

“As políticas sociais foram dizimadas por preconceito ideológico”, afirmou a porta-voz do Bloco.

Portugal, acrescentou Catarina Martins, é hoje um “país a duas velocidades”, em que a “desigualdade social” e o “abuso laboral” foram as “duas matizes” do atual Governo, “o mais extremista ideologicamente em 40 anos”. “Fizeram tudo ao avesso do que prometeram”, afirmou.

Quanto ao PS, afirmou Catarina Martins, “é a desilusão destas eleições”. A líder bloquista apontou para contradições socialistas: “Tanta gente que se entusiasmou quando ouviu António Costa prometer o fim da austeridade”.

Catarina Martins fala de um PS “aflito”, a “pedir a maioria absoluta para um programa que não é capaz de explicar" e que "não se distingue da austeridade da direita”.

O ataque aos socialistas foi feito com várias nuances e comprimentos de onda. “O PS escolhe o compromisso do despedimento e de cortar pensões em vez do compromisso com a esquerda para cortar a austeridade”, afirmou a líder do Bloco.

Antes, Mariana Mortágua, a cabeça de lista por Lisboa, também colocara PS e PSD como faces da mesma moeda. Num tom muito coloquial, e em diversas vezes a apelar expressamente ao eleitorado jovem, perguntou: “Como preferes as tuas pensões? Cortadas ou congeladas? Como preferes a leitura do Tratado Orçamental? Literal ou criativa?”

De disparo em disparo sobre PS e PSD, Catarina Martins tinha ainda mais um cartucho, com chumbo grosso, para tentar derrubar a tentação do voto útil: “Tanto a direita como o PS dirão: nós ou caos”. Depois das eleições, “dirão: nós e o caos seremos amigos para sempre”.

“Amigos para sempre” não é bem a expressão que se aplica ao ambiente vivido no comício do Bloco no Meo Arena. Foi “amigos desde sempre”, tal a presença e a confraternização de dirigentes e militantes bloquistas de várias gerações e sensibilidades.

Nuno Botelho

No final dos discursos, empolgados pela campanha de Catarina Martins e de outras cabeças de cartaz do Bloco, como Mariana Mortágua e Marisa Matias, a maioria dos presentes no almoço saiu da Meo Arena e foi desfilar no Parque das Nações, para “a maior arruada de sempre” do Bloco, como lhe chamou o speaker.

Os bloquistas estão galvanizados. Há menos de um ano, em plena crise interna, com as tropas divididas, até o bloquista mais otimista precisaria de acreditar em milagres para imaginar uma embalagem assim à beira das legislativas.

Após a romaria pelo Parque das Nações, o Bloco abre amanhã uma nova via de campanha: vai a Fátima, para uma visita à Escola Profissional de Hotelaria.

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