PS diz sim mas PCP fecha a porta a "geringonças locais"

14-05-2016
marcar artigo

© PEDRO NUNES/LUSA

António Costa quer, Catarina Martins também, mas Jerónimo de Sousa mata a ideia à nascença: replicar nas autarquias o modelo de governação que existe no país está fora de questão para o PCP.

Depois de a porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) ter dito, numa entrevista concedida ao DN, que "se houver resultados e projetos [políticos] para isso, sim, claro" que poderá haver "geringonças locais", o PS escancara a porta a essa possibilidade, mas os comunistas cortam-na rente.

Numa resposta escrita enviada ao DN, o PCP salienta que "impõe-se sublinhar que os pressupostos e condições presentes na solução política nacional não são confundíveis ou mimeticamente extensíveis no plano local".

Na mesma nota, os comunistas dão conta de que mantêm "a sua intenção de trabalhar com todos os outros eleitos interessados numa gestão local ao serviço das populações e do desenvolvimento local", mas garantem não abdicar da "afirmação do seu projeto autárquico e do reforço do espaço próprio que [a CDU, coligação entre PCP e PEV] constitui".

E, em 2017, será assim, "enquanto projeto de poder e força alternativa", que a CDU "se apresentará às eleições locais", reforçam.

Do lado do PS, a moção que António Costa leva ao 21.º Congresso já dá pistas sobre a disponibilidade para formar "geringonças locais" e tanto Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta, como Maria da Luz Rosinha, que tem a pasta das autarquias no Secretariado Nacional socialista, confirmam-na.

Rosinha refere que "é verdade" que o texto do líder socialista demonstra "abertura" para entendimentos, mas destaca que "há autonomia das concelhias e das federações distritais" nesse capítulo. "É uma questão muito territorial e as decisões são diferenciadas também", acrescenta a dirigente do PS.

No entanto, levanta o véu e admite que eventuais plataformas de acordo (pré ou pós-eleitorais) podem ser estabelecidas com outras forças políticas e também com independentes. "Estamos a dar os primeiros passos, não enjeitamos a possibilidade de entendimentos", diz, antes de piscar o olho à esquerda: "Agora, os entendimentos pressupõem sempre parceiros..."

Seja como for, na moção que apresenta ao conclave do PS (3, 4 e 5 de junho) Costa, de forma algo enigmática, escreve: "Esperamos que as eleições locais permitam consolidar uma maioria autárquica em sintonia com o novo tempo político liderado pelo Partido Socialista desde o final de 2015."

A sua número dois no Largo do Rato, Ana Catarina Mendes, decifra (ver páginas 10 e 11) a formulação, embora com muitas cautelas: "O espírito do novo tempo é um espírito de não crispação, de encontrar compromissos e de encontrar diálogo. Isso não desviará o PS nas autárquicas de ter a sua própria autonomia estratégica."

A dirigente socialista não se mostra, de resto, preocupada que PS, BE e PCP se digladiem durante a campanha do próximo ano e recusa antecipar aproximações entre as três forças para a Câmara Municipal de Lisboa. Já Maria da Luz Rosinha eleva a fasquia, mas não exclui nenhuma hipótese para o day after: "O objetivo no qual eu acredito é que Fernando Medina ganhe com maioria absoluta. Qualquer outra solução será avaliada no momento a seguir."

© PEDRO NUNES/LUSA

António Costa quer, Catarina Martins também, mas Jerónimo de Sousa mata a ideia à nascença: replicar nas autarquias o modelo de governação que existe no país está fora de questão para o PCP.

Depois de a porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) ter dito, numa entrevista concedida ao DN, que "se houver resultados e projetos [políticos] para isso, sim, claro" que poderá haver "geringonças locais", o PS escancara a porta a essa possibilidade, mas os comunistas cortam-na rente.

Numa resposta escrita enviada ao DN, o PCP salienta que "impõe-se sublinhar que os pressupostos e condições presentes na solução política nacional não são confundíveis ou mimeticamente extensíveis no plano local".

Na mesma nota, os comunistas dão conta de que mantêm "a sua intenção de trabalhar com todos os outros eleitos interessados numa gestão local ao serviço das populações e do desenvolvimento local", mas garantem não abdicar da "afirmação do seu projeto autárquico e do reforço do espaço próprio que [a CDU, coligação entre PCP e PEV] constitui".

E, em 2017, será assim, "enquanto projeto de poder e força alternativa", que a CDU "se apresentará às eleições locais", reforçam.

Do lado do PS, a moção que António Costa leva ao 21.º Congresso já dá pistas sobre a disponibilidade para formar "geringonças locais" e tanto Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta, como Maria da Luz Rosinha, que tem a pasta das autarquias no Secretariado Nacional socialista, confirmam-na.

Rosinha refere que "é verdade" que o texto do líder socialista demonstra "abertura" para entendimentos, mas destaca que "há autonomia das concelhias e das federações distritais" nesse capítulo. "É uma questão muito territorial e as decisões são diferenciadas também", acrescenta a dirigente do PS.

No entanto, levanta o véu e admite que eventuais plataformas de acordo (pré ou pós-eleitorais) podem ser estabelecidas com outras forças políticas e também com independentes. "Estamos a dar os primeiros passos, não enjeitamos a possibilidade de entendimentos", diz, antes de piscar o olho à esquerda: "Agora, os entendimentos pressupõem sempre parceiros..."

Seja como for, na moção que apresenta ao conclave do PS (3, 4 e 5 de junho) Costa, de forma algo enigmática, escreve: "Esperamos que as eleições locais permitam consolidar uma maioria autárquica em sintonia com o novo tempo político liderado pelo Partido Socialista desde o final de 2015."

A sua número dois no Largo do Rato, Ana Catarina Mendes, decifra (ver páginas 10 e 11) a formulação, embora com muitas cautelas: "O espírito do novo tempo é um espírito de não crispação, de encontrar compromissos e de encontrar diálogo. Isso não desviará o PS nas autárquicas de ter a sua própria autonomia estratégica."

A dirigente socialista não se mostra, de resto, preocupada que PS, BE e PCP se digladiem durante a campanha do próximo ano e recusa antecipar aproximações entre as três forças para a Câmara Municipal de Lisboa. Já Maria da Luz Rosinha eleva a fasquia, mas não exclui nenhuma hipótese para o day after: "O objetivo no qual eu acredito é que Fernando Medina ganhe com maioria absoluta. Qualquer outra solução será avaliada no momento a seguir."

marcar artigo