É para isto que servem as juventudes partidárias?

25-10-2018
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Pequenina não é, que quase nem idade tem para estar na JS. Maria Begonha apresentou a candidatura à liderança anteontem, mas já está debaixo de fogo por uma inflamação curricular que provocou um inchaço nos feitos mas, estranhamente, uma falta de rubor aquando da sua deteção. Tal é a falta de responsabilização que um eleito espera, que achou aceitável desligar a chamada do Público quando percebeu que não seriam boas notícias, tendo apenas tempo para se desculpar dizendo que a gestão do site não está a cargo dela. No século XXI, líder que se preze aprende a delegar tarefas, e também a delegar responsabilidades.

A JSD viu uma oportunidade e não perdeu tempo: mostrou imediatamente a seriedade que traz à cena política. Construiu uma gracinha mediática para, dizem eles, alertar para um problema no arrendamento. Ainda bem, ninguém tinha ouvido falar disso, pois não? Propostas e soluções, quantas divulgaram? Por acaso até sei que as têm, graças a um alerta de um amigo da JSD (e como, ao contrário deles, estou interessado em soluções, deixo aqui link e o aviso de que vão ter de fazer algum scroll). Para o caso, importa pouco que as tenham, porque não foi nelas que apostaram.

A imprensa, claro, ávida desta política espetáculo, logo se apressou a dar atenção às jotas, a atenção que não teria para apresentar caso elas estivessem interessadas numa política construtiva, de debate e problematização.

São estas as jotas que se queixam de falta de participação jovem na política? São estas as jotas que querem fazer política de forma diferente? Lá que a forma é diferente, é, que nunca antes tinha visto política a ser feita através do OLX. Já os hábitos, ao que parece, são os mesmos. Agora foi a JS a ver as suas lideranças em escândalos, mas não precisamos de recuar muito tempo para ler coisas parecidas na JSD. Os media vão ajudando, garantindo às jotas que não terão qualquer pingo de atenção se não houver cartazes ou escândalos para mostrar — cartazes com escândalos ainda melhor.

De like em like, até ao vazio final. Diria que não estamos longe, mas conhecendo a Lei de Murphy sei que poderá sempre ser pior. Mas também pode ser melhor, se cada um dos agentes nestas histórias decidir tomar as rédeas. As jotas, que hoje festejam com as desgraças uma da outra, deviam antes aproveitar para refletir internamente. Os media deviam parar de aproveitar os muitos clicks que certamente terão, e pensar quando foi que foram realmente auscultar as jotas, procurar as suas propostas, ajudar a levar a sua comunicação aos mais novos (e aos mais velhos também, que a política não tem campeonatos diferentes para cada escalão, jogamos todos juntos). Também os jovens, quando confrontados com esta realidade, devem pensar no impacto que tem a sua constante desvalorização da política – quem lá fica? A que medidas recorre para conseguir ter a atenção que diariamente não lhe dão?

Este é um dia triste para a política nacional e para a juventude. Que não seja mais um de muitos, e que aproveitemos para fazer a reflexão que pode evitar dias tristes no futuro. Não é pedir muito, não?

Pequenina não é, que quase nem idade tem para estar na JS. Maria Begonha apresentou a candidatura à liderança anteontem, mas já está debaixo de fogo por uma inflamação curricular que provocou um inchaço nos feitos mas, estranhamente, uma falta de rubor aquando da sua deteção. Tal é a falta de responsabilização que um eleito espera, que achou aceitável desligar a chamada do Público quando percebeu que não seriam boas notícias, tendo apenas tempo para se desculpar dizendo que a gestão do site não está a cargo dela. No século XXI, líder que se preze aprende a delegar tarefas, e também a delegar responsabilidades.

A JSD viu uma oportunidade e não perdeu tempo: mostrou imediatamente a seriedade que traz à cena política. Construiu uma gracinha mediática para, dizem eles, alertar para um problema no arrendamento. Ainda bem, ninguém tinha ouvido falar disso, pois não? Propostas e soluções, quantas divulgaram? Por acaso até sei que as têm, graças a um alerta de um amigo da JSD (e como, ao contrário deles, estou interessado em soluções, deixo aqui link e o aviso de que vão ter de fazer algum scroll). Para o caso, importa pouco que as tenham, porque não foi nelas que apostaram.

A imprensa, claro, ávida desta política espetáculo, logo se apressou a dar atenção às jotas, a atenção que não teria para apresentar caso elas estivessem interessadas numa política construtiva, de debate e problematização.

São estas as jotas que se queixam de falta de participação jovem na política? São estas as jotas que querem fazer política de forma diferente? Lá que a forma é diferente, é, que nunca antes tinha visto política a ser feita através do OLX. Já os hábitos, ao que parece, são os mesmos. Agora foi a JS a ver as suas lideranças em escândalos, mas não precisamos de recuar muito tempo para ler coisas parecidas na JSD. Os media vão ajudando, garantindo às jotas que não terão qualquer pingo de atenção se não houver cartazes ou escândalos para mostrar — cartazes com escândalos ainda melhor.

De like em like, até ao vazio final. Diria que não estamos longe, mas conhecendo a Lei de Murphy sei que poderá sempre ser pior. Mas também pode ser melhor, se cada um dos agentes nestas histórias decidir tomar as rédeas. As jotas, que hoje festejam com as desgraças uma da outra, deviam antes aproveitar para refletir internamente. Os media deviam parar de aproveitar os muitos clicks que certamente terão, e pensar quando foi que foram realmente auscultar as jotas, procurar as suas propostas, ajudar a levar a sua comunicação aos mais novos (e aos mais velhos também, que a política não tem campeonatos diferentes para cada escalão, jogamos todos juntos). Também os jovens, quando confrontados com esta realidade, devem pensar no impacto que tem a sua constante desvalorização da política – quem lá fica? A que medidas recorre para conseguir ter a atenção que diariamente não lhe dão?

Este é um dia triste para a política nacional e para a juventude. Que não seja mais um de muitos, e que aproveitemos para fazer a reflexão que pode evitar dias tristes no futuro. Não é pedir muito, não?

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