Ufa, descobri que a Europa é aqui e que #SomosEuropa

23-02-2019
marcar artigo

Vamos ser sinceros, com tanto dinheiro que os partidos derretem em carne assada, palcos gigantes, assessores e comícios com quase tanto “led” como Times Square, não sobra um bocadinho de budget para contratarem uma agência de publicidade que faça algo um bocadinho melhor do que aquilo?

Não percebo os outdoors do CDS e do PS para as eleições europeias. Como dizia a Margarida Balseiro Lopes do PSD no Twitter, no primeiro ficámos a saber que “A Europa é aqui”, no segundo que “Somos Europa”. Ufa, nunca pensei que fosse verdade.

Obrigadinho Pedro Marques e Nuno Melo, não fosse o GPS avariar e corria o risco de pensar que vivia no norte de África ou na América Latina – o que na verdade é o que sinto quando vejo as nossas cidades poluídas com tanto ruído visual causado pelos outdoors partidários. Aliás, sabendo que este ano temos dois importantes atos eleitorais nacionais e que a Madeira ainda tem um terceiro, chego até a ter medo que a ilha afunde com tanto ferro enterrado nas rotundas.

Agora falando a sério. Todos os partidos usam os outdoors como forma de campanha política, eu próprio, como publicitário, assumo a minha quota parte de responsabilidade por isso. No entanto, quando se gasta dinheiro a produzir um outdoor, devíamos querer que o mesmo transmitisse ao eleitor uma ideia qualquer. Por exemplo, quando eu vejo um outdoor do André Ventura, fico a conhecer as ideias dele, quando vejo um outdoor do Santana Lopes sei que ele quer posicionar o partido no espetro da direita, quando vejo os novos outdoors do Rui Rio sei que ele quer que lhe enviemos ideias por WathsApp e quando vejo um outdoor do Bloco de Esquerda fico por norma a conhecer mais uma das ideias que defendem para o país. Posso concordar ou discordar, mas fico a pensar naquilo que o partido A ou B me quer transmitir.

No entanto, quando olho para estas campanhas europeias do CDS e do PS, a única coisa que me ocorre é: mas que raio é que eles queriam dizer com isto? Por exemplo, no caso do CDS ao menos ainda fico a saber que o cabeça de lista é o Nuno Melo – algo que acho que toda gente já sabia, em especial o público feminino com mais de 40 anos. Mas no caso do PS nem percebo o porquê do cartaz ser só uma hashtag gigante. Já agora, porquê uma hashtag? É só para parecer modernaço, cool e trendy? É que se a ideia era essa, talvez o Pedro Marques não tenha sido à partida a melhor escolha.

Vamos ser sinceros, com tanto dinheiro que os partidos derretem em carne assada, palcos gigantes, assessores e comícios com quase tanto “led” como Times Square, não sobra um bocadinho de budget para contratarem uma agência de publicidade que faça algo um bocadinho melhor do que aquilo?

Inspirem-se no passado. Vão rever o “Patriotas Sim, Pataratas Não” do Miguel Esteves Cardoso nas Europeias de 87, ou o “Um homem às direitas” do Basílio Horta nas Presidências de 91, ou o “Vota Fumando Brocas” do Bloco de Esquerda nas presidências de 2001, ou o incrível “Razão e Coração” feito pelo Edson Athayde em 1995 para o António Guterres, ou o “Deixem-me nascer antes que venha a JS” da JP, então liderada pelo João Almeida, na campanha do primeiro referendo à IVG, ou o “MP3, não há duas sem três” para o Mário Soares nas presidenciais de 2006, ou ainda mais icónico “Soares é fixe!” de 1986.

Se têm a mania que são modernos e viajados estudem então a importância que o “Yes We Can” teve na eleição de Obama em 2008, ou o porquê dele ter escolhido apenas a palavra “Foward” na reeleição de 2012. Tentem perceber o porquê de Trump ter resgatado o mesmo “Make America great again” que o Reagan já tinha utilizado em 1980. Ou vejam aquela que para mim é a melhor campanha política de sempre, feita pela Saatchi&Saatchi para o Partido Conservador inglês em 1978, onde vemos apenas uma incrível fila para um centro de emprego e o slogan: “Labour isn’t Working”. Simplesmente brilhante.

Façam tudo, contratem quem quiserem, mas por favor não poluam mais as cidades com outdoors que não dizem nada sobre coisa nenhuma.

Publicitário

Vamos ser sinceros, com tanto dinheiro que os partidos derretem em carne assada, palcos gigantes, assessores e comícios com quase tanto “led” como Times Square, não sobra um bocadinho de budget para contratarem uma agência de publicidade que faça algo um bocadinho melhor do que aquilo?

Não percebo os outdoors do CDS e do PS para as eleições europeias. Como dizia a Margarida Balseiro Lopes do PSD no Twitter, no primeiro ficámos a saber que “A Europa é aqui”, no segundo que “Somos Europa”. Ufa, nunca pensei que fosse verdade.

Obrigadinho Pedro Marques e Nuno Melo, não fosse o GPS avariar e corria o risco de pensar que vivia no norte de África ou na América Latina – o que na verdade é o que sinto quando vejo as nossas cidades poluídas com tanto ruído visual causado pelos outdoors partidários. Aliás, sabendo que este ano temos dois importantes atos eleitorais nacionais e que a Madeira ainda tem um terceiro, chego até a ter medo que a ilha afunde com tanto ferro enterrado nas rotundas.

Agora falando a sério. Todos os partidos usam os outdoors como forma de campanha política, eu próprio, como publicitário, assumo a minha quota parte de responsabilidade por isso. No entanto, quando se gasta dinheiro a produzir um outdoor, devíamos querer que o mesmo transmitisse ao eleitor uma ideia qualquer. Por exemplo, quando eu vejo um outdoor do André Ventura, fico a conhecer as ideias dele, quando vejo um outdoor do Santana Lopes sei que ele quer posicionar o partido no espetro da direita, quando vejo os novos outdoors do Rui Rio sei que ele quer que lhe enviemos ideias por WathsApp e quando vejo um outdoor do Bloco de Esquerda fico por norma a conhecer mais uma das ideias que defendem para o país. Posso concordar ou discordar, mas fico a pensar naquilo que o partido A ou B me quer transmitir.

No entanto, quando olho para estas campanhas europeias do CDS e do PS, a única coisa que me ocorre é: mas que raio é que eles queriam dizer com isto? Por exemplo, no caso do CDS ao menos ainda fico a saber que o cabeça de lista é o Nuno Melo – algo que acho que toda gente já sabia, em especial o público feminino com mais de 40 anos. Mas no caso do PS nem percebo o porquê do cartaz ser só uma hashtag gigante. Já agora, porquê uma hashtag? É só para parecer modernaço, cool e trendy? É que se a ideia era essa, talvez o Pedro Marques não tenha sido à partida a melhor escolha.

Vamos ser sinceros, com tanto dinheiro que os partidos derretem em carne assada, palcos gigantes, assessores e comícios com quase tanto “led” como Times Square, não sobra um bocadinho de budget para contratarem uma agência de publicidade que faça algo um bocadinho melhor do que aquilo?

Inspirem-se no passado. Vão rever o “Patriotas Sim, Pataratas Não” do Miguel Esteves Cardoso nas Europeias de 87, ou o “Um homem às direitas” do Basílio Horta nas Presidências de 91, ou o “Vota Fumando Brocas” do Bloco de Esquerda nas presidências de 2001, ou o incrível “Razão e Coração” feito pelo Edson Athayde em 1995 para o António Guterres, ou o “Deixem-me nascer antes que venha a JS” da JP, então liderada pelo João Almeida, na campanha do primeiro referendo à IVG, ou o “MP3, não há duas sem três” para o Mário Soares nas presidenciais de 2006, ou ainda mais icónico “Soares é fixe!” de 1986.

Se têm a mania que são modernos e viajados estudem então a importância que o “Yes We Can” teve na eleição de Obama em 2008, ou o porquê dele ter escolhido apenas a palavra “Foward” na reeleição de 2012. Tentem perceber o porquê de Trump ter resgatado o mesmo “Make America great again” que o Reagan já tinha utilizado em 1980. Ou vejam aquela que para mim é a melhor campanha política de sempre, feita pela Saatchi&Saatchi para o Partido Conservador inglês em 1978, onde vemos apenas uma incrível fila para um centro de emprego e o slogan: “Labour isn’t Working”. Simplesmente brilhante.

Façam tudo, contratem quem quiserem, mas por favor não poluam mais as cidades com outdoors que não dizem nada sobre coisa nenhuma.

Publicitário

marcar artigo