Três em um. As vidas cruzadas dos candidatos à liderança do PSD

14-01-2020
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Era o pré-anúncio da candidatura à liderança do partido (que se seguiu ao pré-pré-anúncio que já tinha feito no congresso de 2018). O anúncio mesmo só se viria a consumar nove meses depois, em outubro, quando Rui Rio perdeu as legislativas com 27,8% dos votos. Mas foi no CCB que o destino se traçou. Depois disso, já não havia volta a dar. Foi ali que Montenegro teve o que lhe faltou um ano antes, quando disse que ‘não’ a quem lhe pediu para preencher o vazio deixado pela queda de Pedro Passos Coelho.

O fim do passismo e um avanço em “qualquer circunstância”

Não se perspetivavam umas autárquicas famosas para o PSD. Cinco dias antes da ida às urnas já o Observador noticiava que Rui Rio ia avançar para a liderança do partido “em qualquer circunstância”. Desta vez, já não seria a história do Pedro e do Lobo: mesmo que as autárquicas não fossem um desastre e Passos Coelho se recandidatasse, Rio seria mesmo candidato às próximas diretas. Por essa altura, como noticiava o Observador, Rio já andava pelo país à procura de apoiantes. Na segunda e na terça-feira que antecederam as eleições de 1 de outubro de 2017, andou por Lisboa e encontrou-se com figuras como José Eduardo Martins, Feliciano Barreiras Duarte, Nuno Morais Sarmento ou mesmo Rodrigo Gonçalves. Miguel Relvas tinha deixado a provocação, duas semanas antes, em entrevista ao Expresso: “Pago para ver [se Rio avança]”. Se pagou, perdeu dinheiro.

As eleições autárquicas correram mal ao PSD. Passos Coelho surpreendeu todos quando na noite eleitoral disse que ia ponderar a saída num tom de quem já tinha tudo ponderado. E saiu mesmo. No dia seguinte, o Expresso noticiava um encontro numa quinta em Azeitão entre Rui Rio e alguns “barões” como Ângelo Correia, Morais Sarmento ou Ferreira Leite. Foi nas vésperas do Conselho Nacional que marcou a saída de Passos. Rio só anunciaria a candidatura (“É hora de agir”, era o slogan) alguns dias depois, a 11 de outubro, deixando o palco do Conselho Nacional ser dominado pelos avanços e recuos de outros. Mais recuos do que avanços, diga-se.

Montenegro não avançou para líder da oposição. Mas foi oposição a Rio

Luís Montenegro e Hugo Soares almoçam no dia 3 de outubro de 2017, num local que costumam frequentar: o restaurante Último Porto, em Lisboa. Era dia de Conselho Nacional, Passos estava de saída, mas para o espinhense a liderança não estava, para já, no menu. Foi, por isso, um almoço tranquilo. Meses antes, quando abandonara a liderança parlamentar, ali perto, no restaurante Café In, reiterava aos jornalistas aquilo que repetira nos últimos anos. Que um dia, quando quisesse avançar para a liderança, não pediria autorização a ninguém.

No Conselho Nacional dessa noite, contudo, Luís Montenegro não se retira logo do jogo, embora Paulo Rangel apareça ali como o candidato que ganha gás para suceder a Passos Coelho. Só dois dias depois, no feriado de 5 de outubro já ao final da noite, é que Luís Montenegro anuncia que não será candidato: “Após a reflexão que fiz entendo que, por razões pessoais e políticas, não estão reunidas as condições para, neste momento, exercer esse direito”. Em entrevista ao Observador, a 12 de dezembro, relembra que entendeu que estava demasiado colado ao passismo e “que era útil que o PSD também tivesse essa mudança, essa possibilidade, com alguém que não tivesse uma ligação tão íntima com esse período, para que pudesse criar um novo ciclo no PSD”.

Era o pré-anúncio da candidatura à liderança do partido (que se seguiu ao pré-pré-anúncio que já tinha feito no congresso de 2018). O anúncio mesmo só se viria a consumar nove meses depois, em outubro, quando Rui Rio perdeu as legislativas com 27,8% dos votos. Mas foi no CCB que o destino se traçou. Depois disso, já não havia volta a dar. Foi ali que Montenegro teve o que lhe faltou um ano antes, quando disse que ‘não’ a quem lhe pediu para preencher o vazio deixado pela queda de Pedro Passos Coelho.

O fim do passismo e um avanço em “qualquer circunstância”

Não se perspetivavam umas autárquicas famosas para o PSD. Cinco dias antes da ida às urnas já o Observador noticiava que Rui Rio ia avançar para a liderança do partido “em qualquer circunstância”. Desta vez, já não seria a história do Pedro e do Lobo: mesmo que as autárquicas não fossem um desastre e Passos Coelho se recandidatasse, Rio seria mesmo candidato às próximas diretas. Por essa altura, como noticiava o Observador, Rio já andava pelo país à procura de apoiantes. Na segunda e na terça-feira que antecederam as eleições de 1 de outubro de 2017, andou por Lisboa e encontrou-se com figuras como José Eduardo Martins, Feliciano Barreiras Duarte, Nuno Morais Sarmento ou mesmo Rodrigo Gonçalves. Miguel Relvas tinha deixado a provocação, duas semanas antes, em entrevista ao Expresso: “Pago para ver [se Rio avança]”. Se pagou, perdeu dinheiro.

As eleições autárquicas correram mal ao PSD. Passos Coelho surpreendeu todos quando na noite eleitoral disse que ia ponderar a saída num tom de quem já tinha tudo ponderado. E saiu mesmo. No dia seguinte, o Expresso noticiava um encontro numa quinta em Azeitão entre Rui Rio e alguns “barões” como Ângelo Correia, Morais Sarmento ou Ferreira Leite. Foi nas vésperas do Conselho Nacional que marcou a saída de Passos. Rio só anunciaria a candidatura (“É hora de agir”, era o slogan) alguns dias depois, a 11 de outubro, deixando o palco do Conselho Nacional ser dominado pelos avanços e recuos de outros. Mais recuos do que avanços, diga-se.

Montenegro não avançou para líder da oposição. Mas foi oposição a Rio

Luís Montenegro e Hugo Soares almoçam no dia 3 de outubro de 2017, num local que costumam frequentar: o restaurante Último Porto, em Lisboa. Era dia de Conselho Nacional, Passos estava de saída, mas para o espinhense a liderança não estava, para já, no menu. Foi, por isso, um almoço tranquilo. Meses antes, quando abandonara a liderança parlamentar, ali perto, no restaurante Café In, reiterava aos jornalistas aquilo que repetira nos últimos anos. Que um dia, quando quisesse avançar para a liderança, não pediria autorização a ninguém.

No Conselho Nacional dessa noite, contudo, Luís Montenegro não se retira logo do jogo, embora Paulo Rangel apareça ali como o candidato que ganha gás para suceder a Passos Coelho. Só dois dias depois, no feriado de 5 de outubro já ao final da noite, é que Luís Montenegro anuncia que não será candidato: “Após a reflexão que fiz entendo que, por razões pessoais e políticas, não estão reunidas as condições para, neste momento, exercer esse direito”. Em entrevista ao Observador, a 12 de dezembro, relembra que entendeu que estava demasiado colado ao passismo e “que era útil que o PSD também tivesse essa mudança, essa possibilidade, com alguém que não tivesse uma ligação tão íntima com esse período, para que pudesse criar um novo ciclo no PSD”.

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