José Manuel Pureza: a eutanásia será “um dos compromissos para as legislativas” em 2019

24-12-2018
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A despenalização da morte assistida voltará a ser tema de discussão na praça pública em 2019, pelo menos no que depender do Bloco de Esquerda. “O desfecho parlamentar [da votação que decorreu este ano] não foi positivo, mas houve uma divisão do Parlamento que não fecha as portas a que voltemos ao assunto. O nosso propósito é fazer deste tema um dos compromissos para as legislativas. As pessoas que votarem no BE terão uma força que se vai bater para que o assunto volte a ser objeto de debate e de deliberação”, revela José Manuel Pureza, deputado do Bloco de Esquerda, em entrevista ao “Público” esta segunda-feira.

O bloquista recusa também o argumento daqueles que disseram que “não houve debate suficiente” sobre a eutanásia para que essa medida recebesse o apoio no Parlamento. “Percorri o país durante cerca de dois anos. (...) Aquilo que motivava um grande número de pessoas a terem uma posição sobre o assunto era a sua experiência pessoal de contacto com alguém próximo, familiar ou amigo, cujo fim de vida tinha sido muito doloroso, degradante do ponto de vista físico e até relacional. Diante das histórias concretas, todo o tipo de rigidez de princípios se desvanecia com muita facilidade. Houve um debate muito intenso, diverso, que creio que propiciaria uma decisão que fosse madura. A decisão foi a que foi e nós voltaremos a esse assunto”, diz.

Apesar de ser católico, Pureza diz que nunca teve dúvidas quanto à legitimidade do mesmo tema. “Há um conjunto de pensadores católicos, teólogos até, que têm discutido este tema com uma grande abertura, com o acolhimento da possibilidade de haver despenalização. Não creio que seja razoável que um católico queira que a sua visão das coisas tenha prevalência através do Código Penal”, afirma.

Mais: não há nenhuma incompatibilidade de ser militante de um partido de esquerda e ser católico. “Jesus Cristo não morreu acamado, nem velhinho. Morreu como morreu, porque o poder político e religioso do seu tempo foram incapazes de aceitar a sua mensagem, que era verdadeiramente revolucionária. Também me pergunto por que é que esta questão da compatibilidade entre ser militante de um partido de esquerda e a condição de católico causa tanta perplexidade e não causa nenhuma perplexidade que um militante de direita seja católico e que defenda a flexibilidade das leis laborais, o liberalismo económico, ou a prevalência do capitalismo”, atira.

Questionado sobre a solução governativa encontrada em 2015 e que deverá findar no próximo ano, José Manuel Pureza diz que há motivos para se fazer uma “avaliação positiva”. A geringonça “permitiu que houvesse deslocação de políticas para a esquerda”, aponta.

A despenalização da morte assistida voltará a ser tema de discussão na praça pública em 2019, pelo menos no que depender do Bloco de Esquerda. “O desfecho parlamentar [da votação que decorreu este ano] não foi positivo, mas houve uma divisão do Parlamento que não fecha as portas a que voltemos ao assunto. O nosso propósito é fazer deste tema um dos compromissos para as legislativas. As pessoas que votarem no BE terão uma força que se vai bater para que o assunto volte a ser objeto de debate e de deliberação”, revela José Manuel Pureza, deputado do Bloco de Esquerda, em entrevista ao “Público” esta segunda-feira.

O bloquista recusa também o argumento daqueles que disseram que “não houve debate suficiente” sobre a eutanásia para que essa medida recebesse o apoio no Parlamento. “Percorri o país durante cerca de dois anos. (...) Aquilo que motivava um grande número de pessoas a terem uma posição sobre o assunto era a sua experiência pessoal de contacto com alguém próximo, familiar ou amigo, cujo fim de vida tinha sido muito doloroso, degradante do ponto de vista físico e até relacional. Diante das histórias concretas, todo o tipo de rigidez de princípios se desvanecia com muita facilidade. Houve um debate muito intenso, diverso, que creio que propiciaria uma decisão que fosse madura. A decisão foi a que foi e nós voltaremos a esse assunto”, diz.

Apesar de ser católico, Pureza diz que nunca teve dúvidas quanto à legitimidade do mesmo tema. “Há um conjunto de pensadores católicos, teólogos até, que têm discutido este tema com uma grande abertura, com o acolhimento da possibilidade de haver despenalização. Não creio que seja razoável que um católico queira que a sua visão das coisas tenha prevalência através do Código Penal”, afirma.

Mais: não há nenhuma incompatibilidade de ser militante de um partido de esquerda e ser católico. “Jesus Cristo não morreu acamado, nem velhinho. Morreu como morreu, porque o poder político e religioso do seu tempo foram incapazes de aceitar a sua mensagem, que era verdadeiramente revolucionária. Também me pergunto por que é que esta questão da compatibilidade entre ser militante de um partido de esquerda e a condição de católico causa tanta perplexidade e não causa nenhuma perplexidade que um militante de direita seja católico e que defenda a flexibilidade das leis laborais, o liberalismo económico, ou a prevalência do capitalismo”, atira.

Questionado sobre a solução governativa encontrada em 2015 e que deverá findar no próximo ano, José Manuel Pureza diz que há motivos para se fazer uma “avaliação positiva”. A geringonça “permitiu que houvesse deslocação de políticas para a esquerda”, aponta.

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