Portugueses na Venezuela: “A situação é muito grave” mas “a grande maioria não exprime vontade de sair”

07-07-2017
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José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que está numa visita de quatro dias à Venezuela, diz que a “situação no país é muito grave”. Cerca de três a quatro mil portugueses já terão regressado à Madeira

Quantos portugueses vivem na Venezuela?

Estão inscritos nos serviços consulares 180 mil portugueses.

É uma comunidade grande…

Não há lugar para pânico, temos de garantir proximidade aos portugueses. A situação é grave, muito grave. Os portugueses dizem-nos que não se querem meter na vida política, nem nas opções políticas do país, querem é condições para continuar a trabalhar porque veem na Venezuela um sítio de grandes oportunidades.

Quantos regressaram à Madeira?

Não é possível ter números exatos. Sabemos que cerca de mil pessoas se inscreveram na Segurança Social madeirense.

Mas nem todos terão feito essa inscrição…

O Secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, Sérgio Marques, que está comigo nesta visita, estima que terão regressado três a quatro mil portugueses à Madeira, mas é uma estimativa. Mas muitos dos que regressaram têm vontade de voltar à Venezuela assim que as condições estabilizem.

Estes números vão aumentar?

A nossa convicção é que estes números vão crescer nos próximos tempos.

A Madeira está preparada para integrar estas pessoas?

Isso é um exercício especulativo. O Governo da República e o Governo Regional da Madeira estabeleceram um quadro de cooperação, temos total abertura para apoiar os esforços do Governo Regional e vamos continuar a acompanhar a situação.

E quantos regressaram para o Continente?

Sabemos que há milhares de saídas para a Colômbia, Peru, Panamá França, EUA, Espanha e Portugal, mas não sabemos os números exatos. Mas há muitos que saem e depois regressam.

Caso a situação se agrave ainda mais, equacionam fazer uma ponte aérea entre a Venezuela e Portugal?

Qualquer declaração sobre uma pergunta desta natureza tem efeitos negativos na proteção e salvaguarda dos portugueses.

Porquê?

Tudo o que é dito e perguntado em Portugal é lido e interpretado com muita atenção por todos os setores políticos da Venezuela e essa interpretação política nem sempre auxilia aquela que é a vontade dos portugueses de contribuírem para o clima de estabilidade e que garante esperança.

Como está a situação na Venezuela?

Muito difícil. Já estive com várias centenas de portugueses, entre eles empresários da panificação, da distribuição, do pequeno comércio, do ramo automóvel e combustíveis e o mais impressionante é a grande maioria destas pessoas, assim como as que trabalham nestes serviços, não exprime vontade de sair do país, porque é aqui que têm a sua vida organizada. Mesmo o grupo de 32 empresários das padarias que foram atacados por grupos organizados que lhes destruíram os estabelecimentos já está, na sua grande maioria, de novo a trabalhar. Apesar de alguns ainda estarem em situações precárias reabriram os seus negócios. O que eles temem são as questões de segurança, receiam ser vítimas de novos assaltos. Muito embora haja escassez de matérias primas para fazer o pão…

Mas falta quase tudo…

Não, do que tenho visto, não. Fui a vários estabelecimentos comerciais e estavam repletos de produtos, o problema é que a desvalorização cambial e, consequentemente, os rendimentos das famílias não lhes permitem comprar. A inflação está acima de 1 000%, um quilo de arroz ou de maçãs pode representar 5% ou 10% de um salário.

O que está o Governo português a fazer?

Estamos a trabalhar com as autoridades venezuelanas, que continuam a reiterar o apreço que têm pelos portugueses. Reconhecem a sua função social e económica – das 17 mil padarias existentes no país, 95% são de portugueses – e querem garantir segurança aos negócios de portugueses. Temos falado com as associações portugueses de apoio social, como lares, ou que ajudam pessoas com deficiência e idosos, outras ligadas ao desporto e à cultura para que continuem a fazer o seu trabalho de apoio, por exemplo, às pessoas mais carenciadas. Também reuni com o cônsul e com os funcionários do consulado no sentido de reforçar a capacidade de resposta dos 10 consulados honorários que estão nos pontos mais afastados do país.

Vai reunir-se com o presidente Nicolas Maduro?

Não. Vou reunir-me hoje com a ministra das Relações Exteriores.

Esta visita à Venezuela foi antecipada?

Há cerca de um mês tomámos a decisão de fazer uma visita à Venezuela, mas os últimos acontecimentos, nomeadamente os assaltos aos estabelecimentos portugueses e o clima de instabilidade, aceleraram esta visita.

José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que está numa visita de quatro dias à Venezuela, diz que a “situação no país é muito grave”. Cerca de três a quatro mil portugueses já terão regressado à Madeira

Quantos portugueses vivem na Venezuela?

Estão inscritos nos serviços consulares 180 mil portugueses.

É uma comunidade grande…

Não há lugar para pânico, temos de garantir proximidade aos portugueses. A situação é grave, muito grave. Os portugueses dizem-nos que não se querem meter na vida política, nem nas opções políticas do país, querem é condições para continuar a trabalhar porque veem na Venezuela um sítio de grandes oportunidades.

Quantos regressaram à Madeira?

Não é possível ter números exatos. Sabemos que cerca de mil pessoas se inscreveram na Segurança Social madeirense.

Mas nem todos terão feito essa inscrição…

O Secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, Sérgio Marques, que está comigo nesta visita, estima que terão regressado três a quatro mil portugueses à Madeira, mas é uma estimativa. Mas muitos dos que regressaram têm vontade de voltar à Venezuela assim que as condições estabilizem.

Estes números vão aumentar?

A nossa convicção é que estes números vão crescer nos próximos tempos.

A Madeira está preparada para integrar estas pessoas?

Isso é um exercício especulativo. O Governo da República e o Governo Regional da Madeira estabeleceram um quadro de cooperação, temos total abertura para apoiar os esforços do Governo Regional e vamos continuar a acompanhar a situação.

E quantos regressaram para o Continente?

Sabemos que há milhares de saídas para a Colômbia, Peru, Panamá França, EUA, Espanha e Portugal, mas não sabemos os números exatos. Mas há muitos que saem e depois regressam.

Caso a situação se agrave ainda mais, equacionam fazer uma ponte aérea entre a Venezuela e Portugal?

Qualquer declaração sobre uma pergunta desta natureza tem efeitos negativos na proteção e salvaguarda dos portugueses.

Porquê?

Tudo o que é dito e perguntado em Portugal é lido e interpretado com muita atenção por todos os setores políticos da Venezuela e essa interpretação política nem sempre auxilia aquela que é a vontade dos portugueses de contribuírem para o clima de estabilidade e que garante esperança.

Como está a situação na Venezuela?

Muito difícil. Já estive com várias centenas de portugueses, entre eles empresários da panificação, da distribuição, do pequeno comércio, do ramo automóvel e combustíveis e o mais impressionante é a grande maioria destas pessoas, assim como as que trabalham nestes serviços, não exprime vontade de sair do país, porque é aqui que têm a sua vida organizada. Mesmo o grupo de 32 empresários das padarias que foram atacados por grupos organizados que lhes destruíram os estabelecimentos já está, na sua grande maioria, de novo a trabalhar. Apesar de alguns ainda estarem em situações precárias reabriram os seus negócios. O que eles temem são as questões de segurança, receiam ser vítimas de novos assaltos. Muito embora haja escassez de matérias primas para fazer o pão…

Mas falta quase tudo…

Não, do que tenho visto, não. Fui a vários estabelecimentos comerciais e estavam repletos de produtos, o problema é que a desvalorização cambial e, consequentemente, os rendimentos das famílias não lhes permitem comprar. A inflação está acima de 1 000%, um quilo de arroz ou de maçãs pode representar 5% ou 10% de um salário.

O que está o Governo português a fazer?

Estamos a trabalhar com as autoridades venezuelanas, que continuam a reiterar o apreço que têm pelos portugueses. Reconhecem a sua função social e económica – das 17 mil padarias existentes no país, 95% são de portugueses – e querem garantir segurança aos negócios de portugueses. Temos falado com as associações portugueses de apoio social, como lares, ou que ajudam pessoas com deficiência e idosos, outras ligadas ao desporto e à cultura para que continuem a fazer o seu trabalho de apoio, por exemplo, às pessoas mais carenciadas. Também reuni com o cônsul e com os funcionários do consulado no sentido de reforçar a capacidade de resposta dos 10 consulados honorários que estão nos pontos mais afastados do país.

Vai reunir-se com o presidente Nicolas Maduro?

Não. Vou reunir-me hoje com a ministra das Relações Exteriores.

Esta visita à Venezuela foi antecipada?

Há cerca de um mês tomámos a decisão de fazer uma visita à Venezuela, mas os últimos acontecimentos, nomeadamente os assaltos aos estabelecimentos portugueses e o clima de instabilidade, aceleraram esta visita.

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