ULTRAPERIFERIAS: PSD: Rio prepara ‘call center’ para chegar aos militantes

25-12-2019
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Com as estruturas do partido descontentes, o PSD está a estudar
a criação de um call center para mobilizar militantes de todo o país. E está à
procura de colaboradores: 25 euros/dia mais almoço. A direção do PSD está a estudar a criação de um call center
durante a campanha eleitoral, a funcionar na sede distrital do Porto, para
mobilizar os militantes-base do país durante a campanha. A ideia, apurou o
Observador, foi lançada numa reunião preparatória realizada na passada
segunda-feira, no Porto, com um grupo restrito de militantes do distrito, a
quem foi pedido que angariassem eventuais colaboradores para este sistema de
chamadas. No total, seriam precisos cerca de 20 colaboradores, para trabalharem
num regime de turnos, e a troco de um montante de 25 euros/dia (mais refeição).
O propósito: chegar diretamente aos militantes-base de todo o país sem ser
preciso recorrer às estruturas locais organizadas do partido (concelhias e
distritais).

Na reunião, como representante da direção nacional, estava
Emília Galego, ex-diretora de Recursos Humanos da Câmara Municipal do Porto que
este ano, depois das eleições Europeias, foi contratada pelo PSD para exercer
funções de assessoria da direção operacional da campanha social-democrata — ou
seja, para assessorar António Maló de Abreu, diretor operacional da campanha do
PSD para as legislativas, na parte correspondente ao distrito do Porto. Em
abril, contudo, a página do PSD dava conta da sua nomeação como secretária
executiva da então recém-criada Comissão Executiva do Conselho Estratégico
Nacional (órgão criado por Rui Rio para colaborar na elaboração do programa
eleitoral). E, de acordo com o que foi publicado em Diário da República a 6 de
maio de 2019, Emília Galego foi mesmo nomeada para “exercer funções no grupo
parlamentar do PSD”. Ou seja, Emília Galego é paga pelo orçamento da Assembleia
da República para o grupo parlamentar.

Assim que enterrou o machado de guerra das Europeias, onde o PSD
saiu derrotado com 21,9% dos votos, Rui Rio disse desde logo que era preciso
mudar a forma de fazer campanhas eleitorais, e imprimir mais “criatividade”
para fugir aos moldes tradicionais, que já estão gastos. Mas a verdade é que,
depois de um processo conturbado de elaboração das listas de candidatos a
deputados, onde foi acusado de “ingerência” e de impor a sua vontade à vontade
das estruturas locais, Rui Rio poderá deparar-se com o obstáculo de ter de
percorrer o país de norte a sul sem ter a máquina partidária do seu lado.

Esta quinta-feira, no rescaldo do Conselho Nacional de
terça-feira, o líder da distrital de Leiria foi dos primeiros a bater com a
porta: Rui Rocha, que era apoiante de Rio desde a primeira hora, demitiu-se da
distrital por considerar “injusto” que a direção nacional tenha escolhido 40%
da lista e por considerar uma “desconsideração” o facto de o “único
paraquedista” das listas ter ido “aterrar em Leiria” por “imposição” da direção
do partido. Mas não é caso único: há pessoas a pedir para saírem das listas nos
vários distritos, o que vai obrigar a que sejam feitas alterações, como é o
caso do deputado Virgílio Macedo, que ocupava o 27.º lugar pelo distrito do
Porto e que já pediu para ser substituído na lista. O descontentamento no Porto
é generalizado, e, em Aveiro, a distrital encabeçada pelo vice de Rio Salvador
Malheiro, há também demissões por considerarem, como avançou o Público, que a
lista “é constituída por um grupo de amigos de jantares de Salvador Malheiro”.

É neste contexto que surge a ideia de criar um callcenter, a
funcionar já a partir do dia 1 de setembro na sede distrital do partido no
Porto, para contactar diretamente os militantes dos vários distritos e
sensibilizá-los para as ações de campanha que vão ser realizadas pelo partido.
A ideia ainda está em fase de preparação, mas deverão ser precisos “cerca de 20
colaboradores” para funcionarem num regime de dois turnos por dia. A
responsável operacional será a própria Emília Galego. Um nome bastante próximo
da diretora de comunicação e assessora de Rui Rio, Florbela Guedes, já dos
tempos em que, com Rio na presidência da câmara do Porto, uma era diretora
municipal de Recursos Humanos e a outra diretora municipal do Gabinete de
Comunicação e Promoção.

Questionado pelo Observador sobre a ideia da criação de um call
center para fazer as vezes das estruturas locais do partido, o secretário-geral
do PSD, José Silvano, não confirmou nem desmentiu: “Está a ser preparado um
conjunto integrado de ações adequados à personalidade de Rui Rio”, disse
apenas, apontando o dia 17 de agosto como o dia de arranque das ações de
campanha para as legislativas. Contactada pelo Observador, também Emília Galego
recusou comentar.

Há duas semanas, entrevistado pelo Observador, Rui Rio foi
questionado sobre se não temia que o processo doloroso de elaboração das listas
fosse dificultar a mobilização das estruturas no terreno, e se não precisava
dessa mobilização. O líder do PSD respondeu que “precisa das estruturas” mas
“as coisas têm de ter prioridades”. “Na situação em que os partidos políticos
estão, os partidos políticos têm de se abrir, eu até gostaria de abrir muito
mais. Conseguir abrir o partido à sociedade é o que mais desejo, porque senão
os partidos vão continuar a definhar. A própria estrutura partidária tem de
perceber isto. Se não percebe, posso-me esforçar por explicar, mas não irei
explicar 20 vezes” (Observador)

Com as estruturas do partido descontentes, o PSD está a estudar
a criação de um call center para mobilizar militantes de todo o país. E está à
procura de colaboradores: 25 euros/dia mais almoço. A direção do PSD está a estudar a criação de um call center
durante a campanha eleitoral, a funcionar na sede distrital do Porto, para
mobilizar os militantes-base do país durante a campanha. A ideia, apurou o
Observador, foi lançada numa reunião preparatória realizada na passada
segunda-feira, no Porto, com um grupo restrito de militantes do distrito, a
quem foi pedido que angariassem eventuais colaboradores para este sistema de
chamadas. No total, seriam precisos cerca de 20 colaboradores, para trabalharem
num regime de turnos, e a troco de um montante de 25 euros/dia (mais refeição).
O propósito: chegar diretamente aos militantes-base de todo o país sem ser
preciso recorrer às estruturas locais organizadas do partido (concelhias e
distritais).

Na reunião, como representante da direção nacional, estava
Emília Galego, ex-diretora de Recursos Humanos da Câmara Municipal do Porto que
este ano, depois das eleições Europeias, foi contratada pelo PSD para exercer
funções de assessoria da direção operacional da campanha social-democrata — ou
seja, para assessorar António Maló de Abreu, diretor operacional da campanha do
PSD para as legislativas, na parte correspondente ao distrito do Porto. Em
abril, contudo, a página do PSD dava conta da sua nomeação como secretária
executiva da então recém-criada Comissão Executiva do Conselho Estratégico
Nacional (órgão criado por Rui Rio para colaborar na elaboração do programa
eleitoral). E, de acordo com o que foi publicado em Diário da República a 6 de
maio de 2019, Emília Galego foi mesmo nomeada para “exercer funções no grupo
parlamentar do PSD”. Ou seja, Emília Galego é paga pelo orçamento da Assembleia
da República para o grupo parlamentar.

Assim que enterrou o machado de guerra das Europeias, onde o PSD
saiu derrotado com 21,9% dos votos, Rui Rio disse desde logo que era preciso
mudar a forma de fazer campanhas eleitorais, e imprimir mais “criatividade”
para fugir aos moldes tradicionais, que já estão gastos. Mas a verdade é que,
depois de um processo conturbado de elaboração das listas de candidatos a
deputados, onde foi acusado de “ingerência” e de impor a sua vontade à vontade
das estruturas locais, Rui Rio poderá deparar-se com o obstáculo de ter de
percorrer o país de norte a sul sem ter a máquina partidária do seu lado.

Esta quinta-feira, no rescaldo do Conselho Nacional de
terça-feira, o líder da distrital de Leiria foi dos primeiros a bater com a
porta: Rui Rocha, que era apoiante de Rio desde a primeira hora, demitiu-se da
distrital por considerar “injusto” que a direção nacional tenha escolhido 40%
da lista e por considerar uma “desconsideração” o facto de o “único
paraquedista” das listas ter ido “aterrar em Leiria” por “imposição” da direção
do partido. Mas não é caso único: há pessoas a pedir para saírem das listas nos
vários distritos, o que vai obrigar a que sejam feitas alterações, como é o
caso do deputado Virgílio Macedo, que ocupava o 27.º lugar pelo distrito do
Porto e que já pediu para ser substituído na lista. O descontentamento no Porto
é generalizado, e, em Aveiro, a distrital encabeçada pelo vice de Rio Salvador
Malheiro, há também demissões por considerarem, como avançou o Público, que a
lista “é constituída por um grupo de amigos de jantares de Salvador Malheiro”.

É neste contexto que surge a ideia de criar um callcenter, a
funcionar já a partir do dia 1 de setembro na sede distrital do partido no
Porto, para contactar diretamente os militantes dos vários distritos e
sensibilizá-los para as ações de campanha que vão ser realizadas pelo partido.
A ideia ainda está em fase de preparação, mas deverão ser precisos “cerca de 20
colaboradores” para funcionarem num regime de dois turnos por dia. A
responsável operacional será a própria Emília Galego. Um nome bastante próximo
da diretora de comunicação e assessora de Rui Rio, Florbela Guedes, já dos
tempos em que, com Rio na presidência da câmara do Porto, uma era diretora
municipal de Recursos Humanos e a outra diretora municipal do Gabinete de
Comunicação e Promoção.

Questionado pelo Observador sobre a ideia da criação de um call
center para fazer as vezes das estruturas locais do partido, o secretário-geral
do PSD, José Silvano, não confirmou nem desmentiu: “Está a ser preparado um
conjunto integrado de ações adequados à personalidade de Rui Rio”, disse
apenas, apontando o dia 17 de agosto como o dia de arranque das ações de
campanha para as legislativas. Contactada pelo Observador, também Emília Galego
recusou comentar.

Há duas semanas, entrevistado pelo Observador, Rui Rio foi
questionado sobre se não temia que o processo doloroso de elaboração das listas
fosse dificultar a mobilização das estruturas no terreno, e se não precisava
dessa mobilização. O líder do PSD respondeu que “precisa das estruturas” mas
“as coisas têm de ter prioridades”. “Na situação em que os partidos políticos
estão, os partidos políticos têm de se abrir, eu até gostaria de abrir muito
mais. Conseguir abrir o partido à sociedade é o que mais desejo, porque senão
os partidos vão continuar a definhar. A própria estrutura partidária tem de
perceber isto. Se não percebe, posso-me esforçar por explicar, mas não irei
explicar 20 vezes” (Observador)

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