“Os Facilitadores”, de Gustavo Sampaio

22-05-2019
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Na sequência do seu “Os Privilegiados”, o jornalista de investigação Gustavo Sampaio publicou agora “Os Facilitadores”, dedicado aos grandes escritórios de advogados. Num livro anterior que escrevi com João Teixeira Lopes e Jorge Costa, “Os Burgueses” (2014, Bertrand), incluímos um capítulo sobre a ligação entre ex-governantes e esses escritórios, mas Sampaio vai muito mais longe, porque procura identificar as carreiras dos principais advogados e suas ligações, tivessem ou não sido governantes.

O retrato é impressionante e a galeria de personagens não é menos: Passos Coelho (que na Tecnoforma “abria as portas todas”, pgs.94-97), Marques Mendes (que criticou os contratos swap, mas é parte de uma sociedade de advogados especializada nos mesmos contratos swap, pg.85), António Vitorino (de que é lembrado o seu papel nas negociações com os italianos da ENI sobre GALP, quando da venda por iniciativa de Pina Moura, pg.147), Paulo Rangel (pg.142) e tantos outros.

A tese do livro é esta: estes escritórios são peças fundamentais da engrenagem das privatizações, das parcerias público-privado, dos grandes concursos, da produção legislativa e, portanto, do poder de facto.

Para o demonstrar, Sampaio percorre as listas de responsáveis dos principais escritórios e verifica o seu trabalho e os seus clientes. Encontra ligações saborosas, como a de Sérvulo Correia e Associados que, sendo recordista em ajustes directos do Estado, preparou o Código dos Contratos Públicos, que define as regras dos ajustes directos (pg.277). Ou personalidades fascinantes, como a de Proença de Carvalho (pg.290), advogado de Champalimaud, ministro da comunicação social, director de campanha de Freitas do Amaral, mandatário de Cavaco Silva, advogado de José Sócrates, homem providencial que procurou restabelecer as pontes entre Ricardo Salgado e José Eduardo dos Santos, advogado da Camargo Correa na compra da Cimpor, intermediário de António Mosquito na compra da Controlinveste (DN, JN, TSF, etc.) e agora conselheiro da Altice para a compra da PT.

A história da nossa República é incompreensível sem se conhecer o papel destes senadores, “facilitadores” e grandes advogados, que determinam a viabilidade de negócios que decidem o futuro. Este livro é por isso um roteiro para perceber o presente desse futuro.

Na sequência do seu “Os Privilegiados”, o jornalista de investigação Gustavo Sampaio publicou agora “Os Facilitadores”, dedicado aos grandes escritórios de advogados. Num livro anterior que escrevi com João Teixeira Lopes e Jorge Costa, “Os Burgueses” (2014, Bertrand), incluímos um capítulo sobre a ligação entre ex-governantes e esses escritórios, mas Sampaio vai muito mais longe, porque procura identificar as carreiras dos principais advogados e suas ligações, tivessem ou não sido governantes.

O retrato é impressionante e a galeria de personagens não é menos: Passos Coelho (que na Tecnoforma “abria as portas todas”, pgs.94-97), Marques Mendes (que criticou os contratos swap, mas é parte de uma sociedade de advogados especializada nos mesmos contratos swap, pg.85), António Vitorino (de que é lembrado o seu papel nas negociações com os italianos da ENI sobre GALP, quando da venda por iniciativa de Pina Moura, pg.147), Paulo Rangel (pg.142) e tantos outros.

A tese do livro é esta: estes escritórios são peças fundamentais da engrenagem das privatizações, das parcerias público-privado, dos grandes concursos, da produção legislativa e, portanto, do poder de facto.

Para o demonstrar, Sampaio percorre as listas de responsáveis dos principais escritórios e verifica o seu trabalho e os seus clientes. Encontra ligações saborosas, como a de Sérvulo Correia e Associados que, sendo recordista em ajustes directos do Estado, preparou o Código dos Contratos Públicos, que define as regras dos ajustes directos (pg.277). Ou personalidades fascinantes, como a de Proença de Carvalho (pg.290), advogado de Champalimaud, ministro da comunicação social, director de campanha de Freitas do Amaral, mandatário de Cavaco Silva, advogado de José Sócrates, homem providencial que procurou restabelecer as pontes entre Ricardo Salgado e José Eduardo dos Santos, advogado da Camargo Correa na compra da Cimpor, intermediário de António Mosquito na compra da Controlinveste (DN, JN, TSF, etc.) e agora conselheiro da Altice para a compra da PT.

A história da nossa República é incompreensível sem se conhecer o papel destes senadores, “facilitadores” e grandes advogados, que determinam a viabilidade de negócios que decidem o futuro. Este livro é por isso um roteiro para perceber o presente desse futuro.

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