16/10/2017, €85 por pessoa: empresa pública também já tinha realizado jantar no Panteão (e há outro em 2013)

17-11-2017
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NAV - Navegação Aérea de Portugal partilhou inclusivamente no Facebook fotos do seu jantar de outubro. Na internet é ainda possível encontrar fotos de um jantar em 2013, antes da entrada em vigor da lei que estabeleceu nova regulamentação para o aluguer de monumentos

A controvérsia estalou com o jantar de encerramento da Web Summit, mas a utilização da nave central do Panteão Nacional para jantares de empresas não se resume ao caso do evento de tecnologia.

A NAV - Navegação Aérea de Portugal confirmou ao Observador ter organizado a 16 de outubro no Panteão o seu jantar de gala. E não fez segredo da escolha. O momento está registado em vários fotografias disponíveis na página de Facebook da empresa. E o contrato foi publicado no portal de contratação pública Base, como a lei determina. A NAV pagou 17.220 euros (acrescido de IVA) à empresa de catering José Bangaló Unipessoal, de Cascais. A adjudicação foi por ajuste direto.

O preço (3 mil euros) do aluguer do corpo central do Panteão é um dos atrativos e rivaliza com outras alternativas, sem a carga de monumentalidade que o espaço confere. Em todos os casos, a opção surge através da empresa de catering. Foi o que sucedeu no caso do jantar do Web Summit.

Os convidados da Web Summit (pouco mais de cem) nem teriam a ideia do peso histórico e monumental do espaço. Uma parte dos participantes deslocou-se propositadamente para este jantar, uma outra parte é composta pelos oradores internacionais que participaram na conferência.

O ex-secretario de Estado da Indústria João Vasconcelos terá sido um dos raros portugueses presentes, pela ligação passada que cultivou com Paddy Cosgrave, CEO do Web Summit. Contactado pelo Expresso, João Vasconcelos respondeu que sobre o assunto não falava.

85 euros por pessoa

Voltando ao caso da NAV. A diretora de comunicação, Sofia Azevedo, esclareceu ao Observador que a empresa escolheu uma das propostas apresentadas por uma de várias empresas de catering que foram consultadas A escolha do local "teve como motivação a originalidade do espaço". O facto de os restos mortais de Humberto Delgado, figura relevante da aviação portuguesa, estarem sepultados no Panteão terá ajudado à opção.

Na nave principal existem monumentos evocativos das personalidades, mas os túmulos "encontram-se em zonas fechadas e não acessíveis aos convidados", segundo Sofia Azevedo. O jantar de gala serviu para homenagear os trabalhadores da empresa e terá contado com cerca de 200 participantes.

Segundo a informação que consta do porta Base, o preço final foi inferior à proposta aprovada "porque compareceram menos pessoas das que estavam previstas". O preço unitário terá rondado os 85 euros.

Jantar da Dynamic & Partner para 190 pessoas em 2013

Neste site é possível encontrar imagens de um jantar da empresa Dynamic & Partner realizado no Panteão em 2013. Segundo o que é indicado, reuniram-se 190 pessoas no espaço.

No ano seguinte, o Governo de Passos Coelho estabeleceu novas normas para o aluguer de monumentos privados. O Regulamento de Utilização de Espaços nos Serviços Dependentes e nos imóveis afetos à Direção-Geral do Património Cultural foi aprovado em junho de 2014 pelo então secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier e que está em vigor desde 1 de julho desse ano.

O documento inventaria 23 espaços – quatro conventos/mosteiros, uma casa-museu, 14 museus nacionais, dois palácios e ainda a Torre de Belém e o Panteão Nacional e define os preços a praticar pela cedência dos espaços. Por exemplo, os jantares nos claustros dos Jerónimos custam 40 mil euros, no refeitório ficam por metade e nos jardins interiores são proibidos. Mas há preços mais baixos se se tratar de “cocktails”, com um aluguer de 15.000 euros nos claustros, 10.000, no jardim interior, e 7.500, no refeitório. Na Torre de Belém, os preços variam entre os 1.500 e os 7.500 euros.

No Panteão Nacional, os diferentes espaços, desde o adro ao terraço, podem ser utilizados a preços que variam entre os 750 e os 5.000 euros.

Entre os monumentos classificados pela UNESCO, aquele que pratica preços mais elevados é o mosteiro dos Jerónimos; o da Batalha, os mais baixos. O documento inclui também os preçários de utilização dos museus da Música, de Arte Popular, do Chiado, de Arqueologia, de Arte Antiga, de Etnologia, Azulejo, Teatro, Coches, Machado de Castro, em Coimbra, e Soares dos Reis, no Porto.

NAV - Navegação Aérea de Portugal partilhou inclusivamente no Facebook fotos do seu jantar de outubro. Na internet é ainda possível encontrar fotos de um jantar em 2013, antes da entrada em vigor da lei que estabeleceu nova regulamentação para o aluguer de monumentos

A controvérsia estalou com o jantar de encerramento da Web Summit, mas a utilização da nave central do Panteão Nacional para jantares de empresas não se resume ao caso do evento de tecnologia.

A NAV - Navegação Aérea de Portugal confirmou ao Observador ter organizado a 16 de outubro no Panteão o seu jantar de gala. E não fez segredo da escolha. O momento está registado em vários fotografias disponíveis na página de Facebook da empresa. E o contrato foi publicado no portal de contratação pública Base, como a lei determina. A NAV pagou 17.220 euros (acrescido de IVA) à empresa de catering José Bangaló Unipessoal, de Cascais. A adjudicação foi por ajuste direto.

O preço (3 mil euros) do aluguer do corpo central do Panteão é um dos atrativos e rivaliza com outras alternativas, sem a carga de monumentalidade que o espaço confere. Em todos os casos, a opção surge através da empresa de catering. Foi o que sucedeu no caso do jantar do Web Summit.

Os convidados da Web Summit (pouco mais de cem) nem teriam a ideia do peso histórico e monumental do espaço. Uma parte dos participantes deslocou-se propositadamente para este jantar, uma outra parte é composta pelos oradores internacionais que participaram na conferência.

O ex-secretario de Estado da Indústria João Vasconcelos terá sido um dos raros portugueses presentes, pela ligação passada que cultivou com Paddy Cosgrave, CEO do Web Summit. Contactado pelo Expresso, João Vasconcelos respondeu que sobre o assunto não falava.

85 euros por pessoa

Voltando ao caso da NAV. A diretora de comunicação, Sofia Azevedo, esclareceu ao Observador que a empresa escolheu uma das propostas apresentadas por uma de várias empresas de catering que foram consultadas A escolha do local "teve como motivação a originalidade do espaço". O facto de os restos mortais de Humberto Delgado, figura relevante da aviação portuguesa, estarem sepultados no Panteão terá ajudado à opção.

Na nave principal existem monumentos evocativos das personalidades, mas os túmulos "encontram-se em zonas fechadas e não acessíveis aos convidados", segundo Sofia Azevedo. O jantar de gala serviu para homenagear os trabalhadores da empresa e terá contado com cerca de 200 participantes.

Segundo a informação que consta do porta Base, o preço final foi inferior à proposta aprovada "porque compareceram menos pessoas das que estavam previstas". O preço unitário terá rondado os 85 euros.

Jantar da Dynamic & Partner para 190 pessoas em 2013

Neste site é possível encontrar imagens de um jantar da empresa Dynamic & Partner realizado no Panteão em 2013. Segundo o que é indicado, reuniram-se 190 pessoas no espaço.

No ano seguinte, o Governo de Passos Coelho estabeleceu novas normas para o aluguer de monumentos privados. O Regulamento de Utilização de Espaços nos Serviços Dependentes e nos imóveis afetos à Direção-Geral do Património Cultural foi aprovado em junho de 2014 pelo então secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier e que está em vigor desde 1 de julho desse ano.

O documento inventaria 23 espaços – quatro conventos/mosteiros, uma casa-museu, 14 museus nacionais, dois palácios e ainda a Torre de Belém e o Panteão Nacional e define os preços a praticar pela cedência dos espaços. Por exemplo, os jantares nos claustros dos Jerónimos custam 40 mil euros, no refeitório ficam por metade e nos jardins interiores são proibidos. Mas há preços mais baixos se se tratar de “cocktails”, com um aluguer de 15.000 euros nos claustros, 10.000, no jardim interior, e 7.500, no refeitório. Na Torre de Belém, os preços variam entre os 1.500 e os 7.500 euros.

No Panteão Nacional, os diferentes espaços, desde o adro ao terraço, podem ser utilizados a preços que variam entre os 750 e os 5.000 euros.

Entre os monumentos classificados pela UNESCO, aquele que pratica preços mais elevados é o mosteiro dos Jerónimos; o da Batalha, os mais baixos. O documento inclui também os preçários de utilização dos museus da Música, de Arte Popular, do Chiado, de Arqueologia, de Arte Antiga, de Etnologia, Azulejo, Teatro, Coches, Machado de Castro, em Coimbra, e Soares dos Reis, no Porto.

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