Tempo caminhado: BLOCO DE ESQUERDA

19-11-2018
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Há BURROS que riem do POVO!

 

Helena Matos - OBSERVADOR

“Os empresários
portugueses são burros”, afirmou uma delegada à convenção do Bloco de Esquerda.
Está a senhora cheia de razão: só num país de burros a subserviência para com o
Bloco se tornaria lei

Como é que um grupo de
pessoas sem curriculum que as habilite a desempenhar as mais básicas funções
numa empresa e sem qualquer experiência profissional relevante além da
actividade política, pode ser apresentado como capacitado para governar o país?
Obviamente porque, como afirmou a delegada à convenção do BE, este é um país de
empresários burros. Mas não são apenas os empresários que são burros. Este é
mesmo um país de trabalhadores burros, de desempregados burros, de
contribuintes burros… de burros, enfim.

No que aos empresários
respeita é óbvio que só criaturas destituídas de qualquer traço de inteligência
escolheriam ser empresários num país em que boa parte da classe política
entende por governar o acto de cobrar mais impostos e impor medidas de
engenharia social às empresas. (Aliás qualquer pessoas com dois dedos de testa
percebeu que só há dois modos de vida sossegados em Portugal: ser funcionário
público ou enveredar pelo estato-empresariado, um sector de actividade em que
os prejuízos correm por conta dos contribuintes e os lucros por conta dos
estato-empresários, essa casta que usa os seus conhecimentos da máquina estatal
para conseguir fazer com assinalável lucro aquilo que aos demais é proibido.)

Mas voltemos ao nosso
espírito asinino. Não fosse esse “todo o burro come palha, a questão é
saber-lha dar” e o BE seria tratado como aquilo que de facto é: um grupo de
gente esperta, frequentemente mal preparada, que na juventude se
profissionalizou na política e que fora da política não tem curricula para
mostrar.

Pegue-se, por exemplo,
na lista de ministeriáveis do BE apresentada pelo Observador e pela demais
comunicação social e verificar-se-á que estamos diante de dirigentes que
passaram de estudantes universitários a deputados, sem no meio terem feito algo
de profissionalmente relevante.

Comecemos por Mariana e
Joana Mortágua. Ambas estudaram. Antes dos 30 anos tornaram-se deputadas.
Mariana Mortágua é licenciada em Economia pelo ISCTE e estava a fazer o
doutoramento em economia quando se tornou deputada. Tinha 27 anos. É
apresentada como podendo vir a ocupar a pasta das Finanças. Que outra
experiência tem Mariana Mortágua? Alguma vez trabalhou numa empresa pública ou
privada? Na administração pública? Em algum gabinete de estudos? Alguma vez
desempenhou uma tarefa que a confrontasse com as consequências práticas na vida
das empresas da legislação que defende?…

O caso de Joana
Mortágua apresentada como possível ministra da Educação é ainda mais assombroso
porque não se lhe conhece conhecimento relevante sobre nada: Joana Mortágua é
licenciada em Relações Internacionais com especialização em América Latina. Mas
provavelmente porque a América Latina nunca se interessou por Joana Mortágua
esta tornou-se deputada em Portugal. Tinha à data 25 anos. Na sua página do parlamento
não consta profissão. As suas habilitações para ser ministra da Educação
resumem-se ao facto de no parlamento se dedicar a tal assunto. Digamos que é
uma habilitação por frequência: vai-se para o parlamento, frequentam-se umas
comissões e fica-se apto a ser-se ministro da respectiva pasta. Ou de todas
elas.

Se de Joana Mortágua
passarmos para Luís Monteiro então estamos diante do curriculum zero: Luís
Monteiro foi eleito com apenas 22 anos. No grupo parlamentar, e por ser
estudante, foi-lhe atribuída a área do ensino superior. Que o BE dê Luís
Monteiro como especialista em ensino superior não admira. O que realmente nem a
um jumento lembra é o país aceitar placidamente que Luís Monteiro possa ser
ministro do ensino superior porque frequenta ou frequentou o ensino superior!
(Esta espécie de formação de ministros na óptica do utilizador abre, como dirão
os espanhóis, um “abanico de posibilidades”: usa o multibanco? Está então
preparado para ser senão ministro das Finanças ou pelo menos secretário de Estado
do Tesouro! Foi à urgência hospitalar? Acautele-se que sai de lá ministro da
Saúde… e também sem ser consultado mas esse é outro assunto.)

Mas continuemos. Vamos
ao caso de José Soeiro. Tem um doutoramento em Sociologia. É dado como
ministeriável na área do trabalho. Do mundo do trabalho fora da Assembleia da
República, José Soeiro tem, segundo se lê na sua página do parlamento, a
experiência de animar “oficinas de expressão e de Teatro do Oprimido”. Terá
sido aliás nessa actividade que, segundo o 
Observador,  José Soeiro se
confrontou com a precaridade e as questões dos recibos verdes que no parlamento
o transformaram em especialista em questões de trabalho. Seja como for,
enquanto deputado José Soeiro venceu a precaridade: José Soeiro tornou-se
deputado aos 23 anos. Hoje tem 34. Continua deputado. E que dizer do curriculum
do hipotético ministro da Saúde, Moisés Ferreira? Licenciado em Psicologia
tornou-se deputado aos 29 anos. Antes de ser eleito deputado já era assistente
parlamentar nas áreas da Economia e das Finanças. Um profissional da política,
portanto.

Que esta agremiação de
gente que aos vinte e alguns anos saltou dos bancos das universidades (e dos
palcos, pois o factor encenação não é irrelevante no caso) para as cadeiras de
deputados seja apresentada como ministeriável, sem que o país se interrogue
sobre as suas competências e experiências, é a prova – se alguma faltasse – do
jumentismo agudo de que padecemos. Dirão que nos outros partidos encontramos
casos similares. É verdade. Mas em nenhum deles com este peso e com tanta
prosápia.

Longe de me indignar
com as afirmações da delegada à convenção do BE sobre o gosto dos empresários
portugueses em serem burros quero agradecer-lhe por ter colocado a questão em
termos tão claros: de facto somos um país de burros. Isso nada tem de novo.
Aquilo que vamos ter de discutir é como os indiscutivelmente espertos
dirigentes do BE estão a transformar, usando a força bruta da legislação e dos
fisco, os burros que somos  nos seus
particulares burros de carga.

Há BURROS que riem do POVO!

 

Helena Matos - OBSERVADOR

“Os empresários
portugueses são burros”, afirmou uma delegada à convenção do Bloco de Esquerda.
Está a senhora cheia de razão: só num país de burros a subserviência para com o
Bloco se tornaria lei

Como é que um grupo de
pessoas sem curriculum que as habilite a desempenhar as mais básicas funções
numa empresa e sem qualquer experiência profissional relevante além da
actividade política, pode ser apresentado como capacitado para governar o país?
Obviamente porque, como afirmou a delegada à convenção do BE, este é um país de
empresários burros. Mas não são apenas os empresários que são burros. Este é
mesmo um país de trabalhadores burros, de desempregados burros, de
contribuintes burros… de burros, enfim.

No que aos empresários
respeita é óbvio que só criaturas destituídas de qualquer traço de inteligência
escolheriam ser empresários num país em que boa parte da classe política
entende por governar o acto de cobrar mais impostos e impor medidas de
engenharia social às empresas. (Aliás qualquer pessoas com dois dedos de testa
percebeu que só há dois modos de vida sossegados em Portugal: ser funcionário
público ou enveredar pelo estato-empresariado, um sector de actividade em que
os prejuízos correm por conta dos contribuintes e os lucros por conta dos
estato-empresários, essa casta que usa os seus conhecimentos da máquina estatal
para conseguir fazer com assinalável lucro aquilo que aos demais é proibido.)

Mas voltemos ao nosso
espírito asinino. Não fosse esse “todo o burro come palha, a questão é
saber-lha dar” e o BE seria tratado como aquilo que de facto é: um grupo de
gente esperta, frequentemente mal preparada, que na juventude se
profissionalizou na política e que fora da política não tem curricula para
mostrar.

Pegue-se, por exemplo,
na lista de ministeriáveis do BE apresentada pelo Observador e pela demais
comunicação social e verificar-se-á que estamos diante de dirigentes que
passaram de estudantes universitários a deputados, sem no meio terem feito algo
de profissionalmente relevante.

Comecemos por Mariana e
Joana Mortágua. Ambas estudaram. Antes dos 30 anos tornaram-se deputadas.
Mariana Mortágua é licenciada em Economia pelo ISCTE e estava a fazer o
doutoramento em economia quando se tornou deputada. Tinha 27 anos. É
apresentada como podendo vir a ocupar a pasta das Finanças. Que outra
experiência tem Mariana Mortágua? Alguma vez trabalhou numa empresa pública ou
privada? Na administração pública? Em algum gabinete de estudos? Alguma vez
desempenhou uma tarefa que a confrontasse com as consequências práticas na vida
das empresas da legislação que defende?…

O caso de Joana
Mortágua apresentada como possível ministra da Educação é ainda mais assombroso
porque não se lhe conhece conhecimento relevante sobre nada: Joana Mortágua é
licenciada em Relações Internacionais com especialização em América Latina. Mas
provavelmente porque a América Latina nunca se interessou por Joana Mortágua
esta tornou-se deputada em Portugal. Tinha à data 25 anos. Na sua página do parlamento
não consta profissão. As suas habilitações para ser ministra da Educação
resumem-se ao facto de no parlamento se dedicar a tal assunto. Digamos que é
uma habilitação por frequência: vai-se para o parlamento, frequentam-se umas
comissões e fica-se apto a ser-se ministro da respectiva pasta. Ou de todas
elas.

Se de Joana Mortágua
passarmos para Luís Monteiro então estamos diante do curriculum zero: Luís
Monteiro foi eleito com apenas 22 anos. No grupo parlamentar, e por ser
estudante, foi-lhe atribuída a área do ensino superior. Que o BE dê Luís
Monteiro como especialista em ensino superior não admira. O que realmente nem a
um jumento lembra é o país aceitar placidamente que Luís Monteiro possa ser
ministro do ensino superior porque frequenta ou frequentou o ensino superior!
(Esta espécie de formação de ministros na óptica do utilizador abre, como dirão
os espanhóis, um “abanico de posibilidades”: usa o multibanco? Está então
preparado para ser senão ministro das Finanças ou pelo menos secretário de Estado
do Tesouro! Foi à urgência hospitalar? Acautele-se que sai de lá ministro da
Saúde… e também sem ser consultado mas esse é outro assunto.)

Mas continuemos. Vamos
ao caso de José Soeiro. Tem um doutoramento em Sociologia. É dado como
ministeriável na área do trabalho. Do mundo do trabalho fora da Assembleia da
República, José Soeiro tem, segundo se lê na sua página do parlamento, a
experiência de animar “oficinas de expressão e de Teatro do Oprimido”. Terá
sido aliás nessa actividade que, segundo o 
Observador,  José Soeiro se
confrontou com a precaridade e as questões dos recibos verdes que no parlamento
o transformaram em especialista em questões de trabalho. Seja como for,
enquanto deputado José Soeiro venceu a precaridade: José Soeiro tornou-se
deputado aos 23 anos. Hoje tem 34. Continua deputado. E que dizer do curriculum
do hipotético ministro da Saúde, Moisés Ferreira? Licenciado em Psicologia
tornou-se deputado aos 29 anos. Antes de ser eleito deputado já era assistente
parlamentar nas áreas da Economia e das Finanças. Um profissional da política,
portanto.

Que esta agremiação de
gente que aos vinte e alguns anos saltou dos bancos das universidades (e dos
palcos, pois o factor encenação não é irrelevante no caso) para as cadeiras de
deputados seja apresentada como ministeriável, sem que o país se interrogue
sobre as suas competências e experiências, é a prova – se alguma faltasse – do
jumentismo agudo de que padecemos. Dirão que nos outros partidos encontramos
casos similares. É verdade. Mas em nenhum deles com este peso e com tanta
prosápia.

Longe de me indignar
com as afirmações da delegada à convenção do BE sobre o gosto dos empresários
portugueses em serem burros quero agradecer-lhe por ter colocado a questão em
termos tão claros: de facto somos um país de burros. Isso nada tem de novo.
Aquilo que vamos ter de discutir é como os indiscutivelmente espertos
dirigentes do BE estão a transformar, usando a força bruta da legislação e dos
fisco, os burros que somos  nos seus
particulares burros de carga.

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