Afinal, quem é que mentiu a Bruxelas?

06-02-2016
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Afinal, quem é que mentiu a Bruxelas?

Posted on Janeiro 31, 2016 by Carlos Guimarães Pinto

João Galamba diz na sua página de Facebook (algo que Jerónimo de Sousa, António Costa e o representante do PS no Expresso já repetiram) que o governo anterior andou a “enganar Bruxelas”, dizendo que cortes temporários eram definitivos, porque se fossem temporários não poderiam contar para o défice estrutural.
Mas voltemos 5 anos atrás, quando o PS preparou o Orçamento de Estado para o fatídico ano de 2011. Nesse orçamento, o PS apresentou a Bruxelas uma descida de 4,1 pontos percentuais no défice estrutural como podem ver em baixo.

Como é que o PS conseguiria baixar o défice estrutural neste valor? Qual a medida que, segundo o governo da altura, mais iria contribuir para a queda do défice estrutural? Adivinharam: o corte extraordinário de salários na função pública (aliás, o único ainda em vigor). Vejamos o que dizia o orçamento de estado para 2011 em relação a estes cortes:
Uma medida como a da redução remuneratória só é adoptada quando estão em causa condições excepcionais e extremamente adversas para a manutenção e sustentabilidade do Estado Social. Não se pretende instituir qualquer tipo de padrão ou retrocesso social, mas sim assegurar a assumpção das responsabilidades e dos compromissos do Estado português, quer internamente, continuando a prestar um serviço público de qualidade, quer internacionalmente, desde logo na esfera da União Europeia, no quadro do Pacto de Estabilidade e Crescimento.
(…)
Neste âmbito, o esforço de assegurar a sustentabilidade, (…), sobre os trabalhadores abrangidos pela medida da redução remuneratória, que se traduzirá na diminuição de 5% da massa salarial global do sector Estado.
Ou seja, se alguém tivesse, de facto, mentido a Bruxelas teria sido, em primeiro lugar, o PS. Ou, nas palavras mil vezes repetidas na imprensa, ou o PS enganou Bruxelas ou enganou os portugueses. Convinha olhar para a história antes de aldrabar os portugueses com narrativas manhosas deste tipo.
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Sobre Carlos Guimarães Pinto
Economista, consultor de gestão e comentador de coisas.

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João Galamba diz na sua página de Facebook (algo que Jerónimo de Sousa, António Costa e o representante do PS no Expresso já repetiram) que o governo anterior andou a “enganar Bruxelas”, dizendo que cortes temporários eram definitivos, porque se fossem temporários não poderiam contar para o défice estrutural.
Mas voltemos 5 anos atrás, quando o PS preparou o Orçamento de Estado para o fatídico ano de 2011. Nesse orçamento, o PS apresentou a Bruxelas uma descida de 4,1 pontos percentuais no défice estrutural como podem ver em baixo.

Como é que o PS conseguiria baixar o défice estrutural neste valor? Qual a medida que, segundo o governo da altura, mais iria contribuir para a queda do défice estrutural? Adivinharam: o corte extraordinário de salários na função pública (aliás, o único ainda em vigor). Vejamos o que dizia o orçamento de estado para 2011 em relação a estes cortes:
Uma medida como a da redução remuneratória só é adoptada quando estão em causa condições excepcionais e extremamente adversas para a manutenção e sustentabilidade do Estado Social. Não se pretende instituir qualquer tipo de padrão ou retrocesso social, mas sim assegurar a assumpção das responsabilidades e dos compromissos do Estado português, quer internamente, continuando a prestar um serviço público de qualidade, quer internacionalmente, desde logo na esfera da União Europeia, no quadro do Pacto de Estabilidade e Crescimento.
(…)
Neste âmbito, o esforço de assegurar a sustentabilidade, (…), sobre os trabalhadores abrangidos pela medida da redução remuneratória, que se traduzirá na diminuição de 5% da massa salarial global do sector Estado.
Ou seja, se alguém tivesse, de facto, mentido a Bruxelas teria sido, em primeiro lugar, o PS. Ou, nas palavras mil vezes repetidas na imprensa, ou o PS enganou Bruxelas ou enganou os portugueses. Convinha olhar para a história antes de aldrabar os portugueses com narrativas manhosas deste tipo.
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